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Daniel Viglietti canta en concierto homenaje a Salvador Allende . El hombre de la paz la escribió Mario Benedetti para Salvador Allende.

“para matar al hombre que era un pueblo tuvieron que quedarse sin pueblo”

…do teu silêncio nascem violetas, se abrem caminhos e crescem crianças…

14 de setembro fazem dois anos de falecimento do poeta uruguaio Mario Benedetti. Nada como compartilhar uma bela canção-poesia da parceria Daniel Viglietti & Mario Benedetti, apresentando Otra voz canta / Desaparecidos

Veja também: Por que cantamos…

Fonte: http://www.redes.org.uy/wp-content/uploads/2012/07/Banner-Forestales-RIO-OK-.pdf

Foram muitos os sinais que antecederam o golpe contra o presidente Fernando Lugo: a maneira como ocorreu o conflito em Curuguaty que deixou 17 mortos, a presença de franco-atiradores entre os camponeses, a campanha via jornal ABC Color contra os funcionários do governo que se opunham à liberação das sementes de algodão transgênico da Monsanto, a convocação de um tratoraço nacional com bloqueio de estradas para o dia 25. O jornalista paraguaio Idilio Méndez Grimaldi conta essa história e adverte: “os mortos de Curugaty carregam uma mensagem para a região, especialmente para o Brasil”. O artigo foi reproduzido pela Carta Maior, 23-06-2012.

A tradução é de Marco Aurélio Weissheimer.

O artigo de Idilio Méndez Grimaldi foi escrito dias antes da aprovação, no Senado paraguaio, da abertura do processo de impeachment de Fernando Lugo.

Eis o artigo.

Quem está por trás desta trama tão sinistra? Os impulsionadores de uma ideologia que promove o lucro máximo a qualquer preço e quanto mais, melhor, agora e no futuro. No dia 15 de junho de 2012, um grupo de policiais que ia cumprir uma ordem de despejo no departamento de Canindeyú, na fronteira com o Brasil, foi emboscado por franco-atiradores, misturados com camponeses que pediam terras para sobreviver. A ordem de despejo foi dada por um juiz e uma promotora para proteger um latifundiário. Resultado da ação: 17 mortos, 6 policiais e 11 camponeses, além de dezenas de feridos graves. As consequências: o governo frouxo e tímido de Fernando Lugo caiu com debilidade ascendente e extrema, cada vez mais à direita, a ponto de ser levado a julgamento político por um Congresso dominado pela direita.

Trata-se de um duro revés para a esquerda e para as organizações sociais e campesinas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigar os camponeses. Representa ainda um avanço do agronegócio extrativista nas mãos de multinacionais como a Monsanto, mediante a perseguição dos camponeses e a tomada de suas terras. Finalmente, implica a instalação de um cômodo palco para as oligarquias e os partidos de direita para seu retorno triunfal nas eleições de 2013 ao poder Executivo.

No dia 21 de outubro de 2011, o Ministério da Agricultura e Pecuária, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, liberou ilegalmente a semente de algodão transgênico Bollgard BT, da companhia norteamericana de biotecnologia Monsanto, para seu plantio comercial no Paraguai. Os protestos de organizações camponesas e ambientalistas foram imediatos. O gene deste algodão está misturado com o gene do Bacillus thurigensis, uma bactéria tóxica que mata algumas pragas do algodão, como as larvas do bicudo, um coleóptero que deposita seus ovos no botão da flor do algodão.

O Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes (Senave), instituição do Estado paraguaio dirigida por Miguel Lovera, não inscreveu essa semente nos registros de cultivares pela falta de parecer do Ministério da Saúde e da Secretaria do Ambiente, como exige a legislação.

Campanha midiática

Nos meses posteriores, a Monsanto, por meio da União de Grêmios de Produção (UGP), estreitamente ligada ao grupo Zuccolillo, que publica o jornal ABC Color, lançou uma campanha contra o Senave e seu presidente por não liberar o uso comercial em todo o país da semente de algodão transgênico da Monsanto. A contagem regressiva decisiva parece ter iniciado com uma nova denúncia por parte de uma pseudosindicalista do Senave, chamada Silvia Martínez, que, no dia 7 de junho, acusou Lovera de corrupção e nepotismo na instituição que dirige, nas páginas do ABC Color. Martínez é esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de várias empresas agrícolas, entre elas a Agrosan, recentemente adquirida por 120 milhões de dólares pela Syngenta, outra transnacional, todas sócias da UGP.

No dia seguinte, 8 de junho, a UGP publicou no ABC uma nota em seis colunas: “Os 12 argumentos para destituir Lovera”. Estes supostos argumentos foram apresentados ao vice-presidente da República, correligionário do ministro da Agricultura, o liberal Federico Franco, que naquele momento era o presidente interino do Paraguai, em função de uma viagem de Lugo pela Ásia.

No dia 15, por ocasião de uma exposição anual organizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, o ministro Enzo Cardoso deixou escapar um comentário diante da imprensa que um suposto grupo de investidores da Índia, do setor de agroquímicos, cancelou um projeto de investimento no Paraguai por causa da suposta corrupção no Senave. Ele nunca esclareceu que grupo era esse. Aproximadamente na mesma hora daquele dia, ocorriam os trágicos eventos de Curuguaty.

No marco desta exposição preparada pelo citado Ministério, a Monsanto apresentou outra variedade de algodão, duplamente transgênica: BT e RR, ou Resistente ao Roundup, um herbicida fabricado e patenteado pela transnacional. A pretensão da Monsanto é a liberação desta semente transgênica no Paraguai, tal como ocorreu na Argentina e em outros países do mundo.

Antes desses fatos, o diário ABC Color denunciou sistematicamente, por supostos atos de corrupção, a ministra da Saúde, Esperanza Martínez, e o ministro do Ambiente, Oscar Rivas, dois funcionários do governo que não deram parecer favorável a Monsanto.

Em 2001, a Monsanto faturou 30 milhões de dólares, livre de impostos (porque não declara essa parte de sua renda), somente na cobrança de royalties pelo uso de sementes de soja transgênica no Paraguai. Toda a soja cultivada no país é transgênica, numa extensão de aproximadamente 3 milhões de hectares, com uma produção em torno de 7 milhões de toneladas em 2010.

Por outro lado, na Câmara de Deputados já se aprovou o projeto de Lei de Biossegurança, que cria um departamento de biossegurança dentro do Ministério da Agricultura, com amplos poderes para a aprovação para cultivo comercial de todas as sementes transgênicas, sejam de soja, de milho, de arroz, algodão e mesmo algumas hortaliças. O projeto prevê ainda a eliminação da Comissão de Biossegurança atual, que é um ente colegiado forma por funcionários técnicos do Estado paraguaio.

Enquanto transcorriam todos esses acontecimentos, a UGP preparava um ato de protesto nacional contra o governo de Fernando Lugo para o dia 25 de junho. Seria uma manifestação com máquinas agrícolas fechando estradas em distintos pontos do país. Uma das reivindicações do chamado “tratoraço” era a destituição de Miguel Lovera do Senave, assim como a liberalização de todas as sementes transgênicas para cultivo comercial.

As conexões

A UGP é dirigida por Héctor Cristaldo, apoiado por outros apóstolos como Ramón Sánchez – que tem negócios com o setor dos agroquímicos -, entre outros agentes das transnacionais do agronegócio. Cristaldo integra o staff de várias empresas do Grupo Zuccolillo, cujo principal acionista é Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do diário ABC Color, desde sua função sob o regime de Stroessner, em 1967. Zuccolillo é dirigente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).

O grupo Zuccolillo é sócio principal no Paraguai da Cargill, uma das maiores transnacionais do agronegócio no mundo. A sociedade entre os dois grupos construiu um dos portos graneleiros mais importantes do Paraguai, denominado Porto União, a 500 metros da área de captação de água da empresa de abastecimento do Estado paraguaio, no Rio Paraguai, sem nenhuma restrição.

As transnacionais do agronegócio no Paraguai praticamente não pagam impostos, mediante a férrea proteção que tem no Congresso, dominado pela direita. A carga tributária no Paraguai é apenas de 13% sobre o PIB. Cerca de 60% do imposto arrecadado pelo Estado paraguaio é via Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Os latifundiários não pagam impostos. O imposto imobiliário representa apenas 0,04% da carga tributária, cerca de 5 milhões de dólares, segundo estudo do Banco Mundial, embora a renda do agronegócio seja de aproximadamente 30% do PIB, o que representa cerca de 6 bilhões de dólares anuais.

O Paraguai é um dos países mais desiguais do mundo. Cerca de 85% das terras, aproximadamente 30 milhões de hectares, estão nas mãos de 2% de proprietários, que se dedicam à produção meramente para exportação ou, no pior dos casos, à especulação sobre a terra. A maioria desses oligarcas possui mansões em Punta del Este ou em Miami e mantém estreitas relações com transnacionais do setor financeiro, que guardam seus bens mal havidos nos paraísos fiscais ou tem investimentos facilitados no exterior. Todos eles, de uma ou outra maneira, estão ligados ao agronegócio e dominam o espectro político nacional, com amplas influências nos três poderes do Estado. Ali reina a UGP, apoiada pelas transnacionais do setor financeiro e do agronegócio.

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Carlos Walter Porto Gonçalves critica visão eurocêntrica de “modernidade” e “atraso” e indica a importância da resistência indígena e camponesa

Por Joana TavaresBrasil de Fato

O professor Carlos Walter Porto Gonçalves vem dedicando suas análises sobre a Pátria Grande, a América Latina. Um antigo defensor das lutas indígenas e camponesas e ex-assessor de Chico Mendes, ele diz que não faz sentido querer um ambiente sem gente nem um desenvolvimento para as pessoas sem cuidar necessariamente do ambiente. Corrobora com a filosofia do ex-líder sindical e ambientalista, assassinado em 1988: “Não há defesa da floresta sem os povos da floresta”. E também se inclui na filosofia do ecossocialismo, como a união das lutas contra a devastação e o capitalismo. Nesta entrevista, ele fala sobre a América Latina e a posição arrogante do Brasil, critica o projeto e a visão da modernidade e defende a força da luta e das ideias indígenas.

Por que há tanto desconhecimento no Brasil em relação à América Latina?

Carlos Walter Porto Gonçalves – A história do processo colonial, o fato de o Brasil ter sido colonizado por Portugal e a maioria dos países pela Espanha, implica certas diferenças. Nosso continente foi marcado por presenças coloniais diversas, como a inglesa, francesa, holandesa, e ainda há países que são colônias mesmo hoje, como a Guiana Francesa. Mas não é só isso. Parece que a nossa dificuldade de nos aproximar do resto da América Latina e do Caribe não é uma questão de língua – com certo esforço a gente acaba se entendendo –, mas o processo de independência diferenciado. O Brasil não seguiu a ideia do “inventar ou errar” – uma expressão de Simón Rodríguez – dos outros países, que tentaram inventar um regime republicano, diferente do regime monárquico que reinava nas metrópoles colonizadoras. O Brasil foi o único que fez a independência e se manteve como império, inclusive com uma monarquia, com uma casa real. E achava que por ser uma monarquia era superior às “repúblicas de caudilho” da América Latina, expressão que continua a ser usada hoje pelas elites brasileiras e pela mídia. E de certa forma os países de colonização hispânica são obrigados a conhecer um pouco mais uma história que lhes é comum, haja visto que muitos países surgiram se emancipando de outros, como a Colômbia da Venezuela. A história deles tem que se remeter uma à outra. A história do Brasil em face de nossos vizinhos é mais desconfortável, por ter se apropriado de territórios que, a rigor, eram de outros países. Cabe também falar que a maior parte das elites formadas na América Latina continuou preocupada em se integrar com as elites europeias e dos países imperialistas para continuar exportando seus diversos produtos.

Qual o sentido político do termo “América Latina”?

O termo “América Latina” foi usado pela primeira vez por um poeta colombiano, José María Caicedo, num poema chamado “As duas Américas”, em 1854. Ele usou essa expressão com clara posição de tensão em relação à América anglo- saxônica. Ele estava muito impactado pelo que havia acontecido, numa data que todos nós deveríamos ter sempre em mente: 1845- 1848, que é o período da guerra dos EUA contra o México. Quando os EUA fizeram a independência eram apenas as 13 colônias situadas a leste. Todas as terras do Texas até a Califórnia – com todos aqueles nomes em espanhol – foram tomadas do México. De certa forma, o Caicedo dá continuidade ao que Simón Bolívar tinha percebido nos anos de 1820 em função da posição norte-americana em relação ao Haiti, o primeiro país do mundo a abolir a escravidão. O que faz os Estados Unidos? Junto com a França, faz pressão para que o Haiti pague por cada escravo que tinha se tornado livre, o que faz com que o país fique sufocado em dívidas. E Simón Bolívar, que recebeu armas dos revolucionários haitianos para fazer os processos de libertação da América Latina, percebe que a doutrina de Monroe, “América para os americanos”, era para os americanos do norte, para os estadunidenses. Percebeu isso em 1823 e denunciou imediatamente, convocando uma integração entre os países, entre iguais, não uma integração subordinada. Ele usava a expressão “Pátria Grande”, a América integrada; ele dizia que tínhamos uma “pátria chica” – Brasil, Venezuela etc. – mas também a Pátria Grande. Então, a expressão “América Latina” tem um significado muito forte, porque abriga o caráter anti-imperialista, antagoniza com a América anglo-saxônica. Mas ao lado do seu caráter emancipatório, Caicedo não estava livre de um certo eurocentrismo. A expressão ‘latina’ ignora todo o patrimônio civilizatório que aqui existe e que não é de origem latina, como os quéchuas, os aimarás, os tupiguarinis, os maias.

Qual o papel dos países latinoamericanos no mercado mundial?

A demanda de matérias-primas em países como a China faz com que o Brasil e outros países da América Latina passem por um processo de reprimarização da sua pauta de exportações. E as pessoas estão vendo isso como uma vantagem! Para os capitalistas com visão de curto prazo é bom, porque estão ganhando dinheiro. Na verdade, isso é uma nova fase de um processo que tem 500 anos. Sempre fomos exportadores de produtos primários ou manufaturas. Há um mito de que estamos vivendo um processo de modernização tecnológica, com o agronegócio e seus equipamentos modernos. É um mito porque o Brasil no século 16 já exportava manufaturados, como o açúcar. Nossa história é muito colonizada, contamos a história como os europeus nos contaram. Inclusive europeus que nos são caros, como Marx. Marx conta a história da revolução industrial a partir da Europa, mas as primeiras manufaturas, os engenhos de açúcar, estavam no Brasil, no Haiti, em Cuba. Nós já éramos modernos tecnologicamente, mas uma tecnologia colocada aqui não para nos servir, mas para nos explorar. A rigor, um trator e computador fazendo plantio direto hoje é o equivalente ao que fazíamos no século 16, com tecnologia de ponta. Que ideologia é essa da “modernidade” que achamos que veio para nos salvar? A modernidade sempre nos fez ser o que somos. A gente não consegue se desprender da ideologia eurocêntrica da modernidade e acabamos propondo como solução o que é parte do problema.

O que são os megaprojetos de infraestrutura colocados para o continente hoje?

Há muitos projetos de infraestrutura em curso. Na América Central, há um projeto de integração física, que é o Plano Puebla Panamá, hoje rebatizado como Plano Mesoamérica. E temos a Iirsa, Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, proposta numa reunião convocada pelo Fernando Henrique Cardoso no ano 2000. É um grande projeto de portos, aeroportos, estradas, uma rede de comunicação, que torna o espaço geográfico mais fluido e diminui o tempo socialmente necessário para a produção. Essas obras estão sendo feitas a partir de uma proposta das elites, feita pelo capital. No caso do Brasil, feitas com a presença muito incisiva do BNDES, que tem mais dinheiro que o Banco Mundial para investir. Esses investimentos já estão trazendo problemas, no Equador, na Bolívia, na Argentina.

O Brasil tem uma postura imperialista em relação aos outros países da América Latina?

A estratégia brasileira não é antagônica com a estratégia norte-americana. A burguesia brasileira sabe manejar muito bem o Estado quando lhe é conveniente. Sabe manejar o BNDES para os seus interesses, usar os recursos. As grandes empresas de engenharia civil do Brasil estão presentes em todos os países da América Latina. O complexo de poder envolvido no agrobusiness é um belíssimo exemplo: é um complexo de aliança política entre as burguesias brasileiras articuladíssimas com a burguesia internacional, que estão se beneficiando dessas estruturas. É uma burguesia associada ao imperialismo americano, mas que tem um projeto próprio ao mesmo tempo. A ideia de subimperialismo de Ruy Mauro Marini me parece correta. A diplomacia brasileira não usa o termo “América Latina”, diz “América do Sul”, quer dizer, está preocupada com a integração física para exportar. Estamos fazendo com nossos povos aquilo que sempre fizemos desde o período colonial.

Como esse projeto impacta as populações indígenas e camponesas?

Quem está se revelando os maiores antagonistas desse projeto são as populações indígenas, camponesas e afro-latino- americanas. Elas que estão sendo expulsas de suas terras. A Iirsa diz claramente que os projetos vão se expandir para áreas de vazios demográficos. A Amazônia não é vazia. Não é à toa que o imperialismo diz que os indígenas são os novos comunistas. São áreas cujas populações historicamente sempre viveram com a Pachamama. Os índios sequer têm um nome para a “natureza”, porque significaria pensar o homem como fora da natureza. A Pachamama não é a natureza, é a origem de tudo, de todas as energias, todos nós fazemos parte dela. Eles não são antropocêntricos, não vivem na matriz da racionalidade que vem da Europa, que hoje é parte da crise. Se há 50 anos as forças hegemônicas podiam passar um trator por cima dessas comunidades, hoje essas populações conseguem se mobilizar e encontram eco para suas denúncias. O próprio capitalismo não sabe o que fazer com essas áreas. Tem um setor novo do capitalismo que é o da biotecnologia, que depende de informação do geoplasma. Para esse capitalismo, a diversidade biológica é um valor, ele se confronta com o capitalismo predador que quer derrubar a mata para entrar com gado na Amazônia. Hoje, o capitalismo tem dentro de si um confronto sobre o que fazer com essas regiões. Nessa brecha de dúvida sobre o modelo que vai imperar, abriu-se um espaço para que as populações indígenas encontrassem uma possibilidade maior de falar. Antes havia um consenso, inclusive entre a esquerda, com raríssimas exceções, que achava que tinha que passar o trator. Era uma noção eurocêntrica de “moderno” e “atraso”. Os índios nunca foram atrasados, eles sempre viveram seu próprio tempo. Para nós é fundamental fazer a crítica não só ao capitalismo, mas à mentalidade colonial, à colonialidade do saber e do poder. A discussão dessas populações que estão sendo atingidas é fundamental. A própria ideia de uma Via Campesina só é possível na medida em que essas populações adquirem uma centralidade muito mais importante nos dias de hoje; o campesinato e aquilo que o Darcy Ribeiro chamava de indigenato, um campesinato etnicamente diferenciado. Estamos vivendo uma crise do capitalismo e ao mesmo tempo uma crise de padrão civilizatório. E, nesse sentido, até setores de esquerda, que embarcaram numa visão desenvolvimentista, não perceberam que na verdade existem múltiplas forças produtivas que se desenvolveram por populações outras. Já havia uma sofisticada metalurgia entre as populações originárias de nuestra América, uma sofi sticada agricultura, arquitetura, como Machu Pichu. Os indígenas, sabe-se lá como, conseguiram preservar muitas das coisas desse período, conseguiram manter sua identidade própria. Esses povos têm algo a nos ensinar. Temos que ter a humildade de ver como, depois de 500 anos, eles ainda resistem com essa força. Eles estão mais vivos do que nunca.

Carlos Walter Porto-Gonçalves é doutor em Geografia e professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi presidente da Associação dos Geógrafos Brasileiros (1998-2000). É Membro do Grupo de Assessores do Mestrado em Educação Ambiental da Universidade Autônoma da Cidade do México (Unam). Ganhador do Prêmio Chico Mendes em Ciência e Tecnologia em 2004 e do Prêmio Casa de las Américas (Ensaio Histórico-social) em 2008, é autor de diversos artigos e livros publicados em revistas científicas nacionais e internacionais

Fonte: http://ponto.outraspalavras.net/2011/12/09/os-indios-nunca-foram-atrasados/

“El derecho al delírio” por Eduardo Galeano

O que acham se delirarmos um pouquinho? O que acham se fixamos nossos olhos mais alem da infâmia, para imaginarmos outro mundo possível

– O ar das ruas limpo de todo o veneno que não venha dos medos e das paixões humanas;

– Os carros sendo esmagados pelos cães;

– As pessoas não mais dirigidas pelos carros, nem programadas pelo computador, nem compradas por supermercados, nem também assistidas pela TV;

– A TV deixará de ser o membro mais importante da família e será tratada como um ferro de passar ou máquina de lavar roupa;

– Será incorporado aos códigos penais o crime de estupidez para aqueles que cometem: viver para ter ou para ganhar ao invés de viver para viver simplesmente, assim como canta o pássaro sem saber que canta e como brinca a criança sem saber que brinca;

– Os historiadores não mais acreditarão que os países gostam de ser invadidos;

– Os políticos que os pobres adoram comer promessas;

– Ninguém viverá para trabalhar, todos trabalharão para viver;

– Os economistas não chamarão mais o nível de vida de nível de nível de consumo e nem chamarão de qualidade de vida a quantidade de coisas acumuladas;

– Os cozinheiros não mais acreditarão que as lagostas amam ser fervidas vivas;

– A morte e o dinheiro perderão seus poderes mágicos e nem por falecimento e nem por fortuna um canalha se tornará um virtuoso cavalheiro;

– Ninguém levará a sério alguém que não seja capaz de tirar sarro de si mesmo;

– O mundo não estará em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza, e a indústria militar não terá escolha a não ser declarar falência;

– Em nenhum país ira prender os rapazes que se recusarem a cumprir o serviço militar, mas aqueles que querem servir-lo;

– A comida não será uma mercadoria nem a comunicação um negócio, porque a comida e a comunicação são direito humano;

– Ninguém morrerá de fome;

– As crianças de rua não serão mais tratadas como lixo, porque não haverá mais crianças de rua, as crianças ricas não serão tratadas como se fossem dinheiro, porque não haverá mais crianças ricas;

– A educação não será privilégio daqueles que podem paga-la;

– A polícia não será a maldição de quem não possa comprá-la;

– A justiça e liberdade, irmãs siamesas, condenadas a viver separadas, serão novamente juntas de volta, bem grudadinhas, costas com costas;

– Na Argentina, as “Loucas da Plaza de Mayo” serão um exemplo de saúde mental, porque elas se negaram a esquecer nos tempos de amnésia obrigatória;

– A Santa Madre Igreja corrigirá algumas erratas das escrituras de Moisés, e o sexto mandamento mandará festejar o corpo, a igreja também realizará outro mandamento que Deus havia esquecido: “Amaras a natureza da qual fazes parte”;

– Serão reflorestados os desertos do mundo e os desertos da alma;

– Os desesperados serão esperados e os perdidos serão encontrados, porque eles são os que se desesperaram de esperar muito, muitos e se perderam de tanto procurar;

– Seremos compatriotas e contemporâneos de todos os tenham vontade de beleza e vontade de justiça, tenham nascido quando tenham e tenham vivido quando e onde vivido, sem se importarem nem um pouquinho com as fronteiras do mapa e ou do tempo,

– Seremos imperfeitos e a perfeição continuará sendo um privilégio chato dos Deuses;

– Neste mundo trapalhão, seremos capazes de viver cada dia como se fosse o primeiro e cada noite como se fosse a última.

O presidente da Bolívia promulgou hoje a Lei 180 de proteção do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), antes sancionada na Assembleia Legislativa Plurinacional, que anula a construção de uma estrada na região. O governo boliviano denunciou que a mobilização em defesa do Tipnis esteve contaminada com elementos políticos que buscaram a desestabilização do governo.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, promulgou hoje a Lei 180 de proteção do Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), antes sancionada na Assembleia Legislativa Plurinacional.

Na cerimônia realizada no Palácio Queimado, Morales recordou que a proposta da estrada por essa reserva natural, recusada por uma marcha de nativos e que agora se anula pelo regulamento, era uma histórica reivindicação.

Morales disse no ato, no qual estiveram presentes participantes da caminhada que partiu no dia 15 de agosto da cidade de Trinidad e percorreu mais de 600 quilômetros até chegar a La Paz, que há um pedido clamoroso de dezenas de organizações sociais e habitantes do parque sobre a construção de estradas.

Não se trata de um pedido do Evo Morales, como afirmaram vários meios de comunicação, nem grupos políticos que se aproveitaram dessa reivindicação indígena, afirmou.

Morales denunciou que nos Estados Unidos alguns emigrantes também se aproveitaram do Tipnis e solicitaram a invasão da Bolívia.

Com relação ao período de negociações com os indígenas que se mobilizaram em defesa do parque, Morales afirmou que o trabalho do Governo foi honesto e transparente, em atenção às demandas de organizações como a Confederação de Povos Indígenas do Oriente Boliviano (Cidob).

Na atividade também usaram a palavra dirigentes da marcha como Miriam Yuganore, Fernando Vargas e Adolfo Chávez para ressaltar a solidariedade dos bolivianos com a defesa da natureza e o respeito aos direitos dos povos indígenas.

A atual regulamentação contempla as emendas do próprio Morales a uma lei curta do legislativo, entre as quais destaca-se declarar intangível essa reserva natural e que nenhum projeto de estrada a atravesse.

A medida estabelece o trabalho conjunto entre Estado e indígenas para a elaboração de um regulamento.

A respeito, o vice-presidente da Bolívia e máxima autoridade do parlamento, Alvaro García, alertou que no interior do parque existem empresas madeireiras, pistas de aterrissagem, serralheria e até entidades da Argentina e dos Estados Unidos que fomentam o turismo.

O Tipnis não é o pulmão do mundo que alguns querem apresentar, disse.

Desta maneira ficou anulado o projeto da estrada de 177 quilômetros que ia ser construído com financiamento do Brasil e passaria pelo parque.

As emendas de Morales assinalam também a conformação de uma delegação tripartida entre o Estado, o setor privado e os indígenas, para que em um prazo não maior de 30 dias vá ao parque para adotar as ações pertinentes.

Além disso, a iniciativa presidencial recolhe outras modificações tais como suspender uma consulta prévia sobre a estrada e prever medidas para evitar domínios e ocupações ilegais de terrenos.

Autoridades bolivianas denunciaram também que a mobilização em defesa do Tipnis esteve contaminada com elementos políticos que tensionaram o diálogo e buscaram o confronto e a desestabilização do governo.

Enquanto isso, o Executivo assegurou condições para que os participantes da marcha, instalados em uma vigília na central Praça Murillo, retornem nas próximas horas a seus lugares de origem.

Fotos: Prensa Latina/Carta Maior

Amazônia e queimadas.

“Contudo, as soluções apontadas são reféns da lógica de mercado, gerador da crise ecológica”

Relatório do Pnuma diz que governos devem repensar suas estratégias de desenvolvimento para que o risco de esgotamento de matérias-primas não aflija a América Latina. Brasil acumula bons e maus exemplos.

A América Latina entrou no mapa estratégico de muitas nações ricas – recentemente, a Alemanha lançou uma nova política para estreitar os laços com as nações latino-americanas visando assegurar o abastecimento de matérias-primas. Toda essa abundância de recursos, no entanto, não garante um futuro próspero, como adverte o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O alerta veio com uma análise divulgada nesta terça-feira (20/09) pela organização: a região não considera o desenvolvimento sustentável como tema central – e as análises econômicas dos países da América Latina sequer levantam consequências de um possível colapso dos recursos naturais.

Depois de dois anos investigando o tema, o Pnuma chama a atenção para o perigo da exploração desenfreada de matérias-primas – o crescimento econômico da região nos últimos anos alavancou a extração dos recursos, e os governos precisam repensar suas estratégias de desenvolvimento para que o risco de esgotamento não aflija a América Latina.

A conclusão é que a utilização dos recursos naturais na região não leva em conta nem sustentabilidade nem eficiência. “Uma das descobertas do relatório é que, em alguns casos, o impacto ambiental das atividades econômicas é tão grande que, ainda que se melhore a eficiência na utilização dos recursos, dificilmente se poderá alcançar a sustentabilidade.”

Crescimento x colapso

O Pnuma analisou em profundidade seis países (Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai e Uruguai) em três temáticas: mudanças na utilização do solo, energia e mudança climática e uso da água.

A pujança econômica e o aumento da importância das commodities na pauta de exportação desses países fizeram com que a pressão sobre alguns recursos, como água e solo, aumentasse. No Brasil, por exemplo, com a pressão do setor agrícola é possível detectar uma redução de floresta natural e sua substituição por culturas não originais.

Outra preocupação levantada é o fato de a região estar se transformando, cada vez mais, em exportadora de água virtual – ou seja, volume de água necessário para obter um bem ou um serviço. E o Brasil está no topo da lista: ao exportar soja ou carne, por exemplo, o país também “exporta” parte da água usada no cultivo.

O que também ameaça a sustentabilidade da região, aponta o relatório, é a expansão de setores com alto poder de contaminação. Trata-se, por exemplo, dos setores químicos, de polpa e papel, de madeira e de materiais associados à indústria metalúrgica. No Brasil, dez produtos são responsáveis por 60% da toxicidade total e correspondem a mais de 15% das exportações do país, diz o relatório.

Como uma consequência não desejada do crescimento econômico, as emissões de CO2 também subiram – México e Brasil são os maiores do grupo, influenciados principalmente pelo maior consumo de energia. A análise indica, no entanto, que nos casos brasileiro e paraguaio há um esforço maior em incorporar fontes de energia renováveis. Os demais países ainda enfrentam maiores dificuldades para deixar a matriz energética mais limpa.

Soluções

Apesar do cenário um pouco negativo, o relatório indica que há oportunidades de melhora de uso eficiente dos recursos naturais e de garantir a integração dessas práticas nas estratégias de desenvolvimento dos países da América Latina.

As respostas sugeridas não são complexas e, em alguns países latino-americanos, já estão em curso. “A sustentabilidade global pode depender dessas regiões (América Latina e Ásia-Pacífico) e da capacidade delas de acelerar a transição para uma economia verde”, sugere o Pnuma.

Reportagem da Agência Deutsche Welle, DW, publicada pelo EcoDebate

Para que serve a “Utopia” por Fernando Berri
O Direito ao Delírio escrito por Eduardo Galeano
Entrevista com Eduardo Galeano, este fragmento está destinado aos movimentos populares (#Spanishrevolution_ M15 )

“Lamento que As Veias Abertas ainda não tenha perdido a atualidade”.

por Milton Ribeiro

No dia 18 de abril de 2009, o presidente Hugo Chávez presenteou seu colega americano, Barack Obama, com o livro As Veias Abertas da América Latina, clássico ensaio do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano. O exemplar estaria autografado pelo autor. O livro fala basicamente sobre o saque dos recursos naturais sofrido pelo continente latino-americano do século XV até o fim do século XX e é citado frequentemente por Chávez. Tendo iniciado o dia 18 na 54.295ª posição entre os livros mais vendidos da megavendedora de livros Amazon, o livro amanheceu o dia 19 em 2º lugar. Atualmente, a avaliação dos leitores da Amazon demonstra uma curiosidade. Dos163 leitores que escreveram resenhas a respeito da obra, 86 dão-lhe nota 5, a máxima, enquanto 50 dão-lhe a nota mínima, 1. Dos 163, somente 27 não lhe dão as notas extremas.

Tais avaliações não chegam a ser surpreendentes. Afinal, As Veias Abertas não parece prestar-se a opiniões desapaixonadas. A direita costuma chamá-lo de um “anacrônico clássico da literatura esquerdista do continente”o qual questiona o imperialismo americano e europeu na região. Já a esquerda:

Depois do golpe de 1973 não pude levar muita coisa comigo: algumas roupas, fotos da família, um saquinho com barro do meu jardim e dois livros: uma velha edição de Odes, de Pablo Neruda, e o livro de capa amarela, As Veias Abertas da América Latina.

Isabel Allende, no prefácio da edição chilena

Neste sábado (3), Galeano completa 71 anos, enquanto que sua principal obra — escrita anos antes, mas publicada em 1971 — completa 40.

Escritor foi um dos responsáveis pela fundação de três jornais: Marcha, Crisis e Brecha.

Eduardo Galeano nasceu em Montevidéu em 3 de setembro de 1940. Começou sua carreira de jornalista no início dos anos 60, como editor do “Marcha”, um influente jornal semanal que tinha como colaboradores Mario Benedetti, Mario Vargas Llosa, Manuel Maldonado e Denis Fernández Retamar.

Durante o golpe de 27 de junho de 1973, Galeano foi preso e forçado a deixar o Uruguai. Foi para a Argentina, onde fundou a revista cultural “Crisis”. Em 1976, após seu livro As Veias Abertas da América Latina ser censurado pelos governos militares do Uruguai, Argentina e Chile, teve seu nome colocado na lista dos esquadrões da morte de Videla e, temendo por sua vida, exilou-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo.

No início de 1985, retornou a Montevidéu. Em outubro do mesmo ano, juntamente com Mario Benedetti, Hugo Alfaro e outros jornalistas e escritores que haviam pertencido ao semanário “Marcha”, fundou o semanário “Brecha”, no qual segue até hoje como membro do Conselho Consultivo. Em 2010, a Brecha instituiu o prêmio Memória do Fogo, entregue anualmente a um artista a cujos talentos se somem a luta pelos direitos humanos e sociais. O primeiro vencedor foi o cantor espanhol Joan Manuel Serrat, que o recebeu a 16 de dezembro de 2010 no Teatro Solís em Montevidéu.

Em 2007, recuperou-se satisfatoriamente de uma operação de câncer de pulmão.

Escritos que combinam ficção, jornalismo, análise política e história.

Galeano tem mais de 30 livros publicados e, se pudéssemos caracterizá-los através de uma frase, talvez desta devesse constar o convite que o autor nos faz para olhar simultaneamente o passado e o futuro. Suas obras também buscam estabelecer uma frente comum contra a miséria moral e material do continente. Há um risco demagógico e piegas neste tipo de proposta, mas Galeano salva-se disto com um texto limpo e objetivo, às vezes duro. Com o tempo, amenizou seu estilo, chegando com naturalidade à prosa poética e mesmo à poesia. Seu projeto de refletir o drama da América Latina é abertamente de esquerda e, ao longo dos anos, o autor manteve um compromisso contínuo com suas ideias, rejeitando uma existência sem utopias.

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A organização ambiental Amigos da Terra Brasil em parceria com as Comissões de Direitos Humanos, Saúde e Meio Ambiente e Educação realiza na próxima terça-feira, 21 de setembro, às 16 horas, no Plenarinho da Assembléia Legislativa, o Painel Internacional “Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos na América Latina”.

O evento integra a 4ª edição da Escola de Sustentabilidade dos Amigos da Terra da América Latina e Caribe, promovida pela Amigos da Terra Brasil, entidade com sede em Porto Alegre e membro da Federação Friends of the Earth Internacional (FoEI), presente em mais de 70 países.

Serão painelistas, Fernando Campos Costa, da Amigos da Terra Brasil; Marigsa  Arevalo, da Madre Tierra de Honduras; Eduardo Aguilar, da Asociación Comunidades Ecologistas la Ceiba da Costa Rica; Clara Brun, do Sobrevivência, do Paraguai e Jeremias Filipe do Justiça Ambiental, de Moçambique. Também estarão presentes representantes da FoEI da Argentina, Uruguai, Bolívia, Guatemala, México, Colômbia, El Salvador, Honduras e Haiti.

O evento é aberto ao público e também estão convidados, parlamentares, pesquisadores, autoridades do Poder Judiciário, promotores públicos, movimentos sociais e grupos ligados ao tema.

Serviço:
O que: “Painel Internacional Conflitos Socioambientais e Violações de Direitos Humanos na América Latina”
Quando: 21 de setembro, terça-feira
Horário: 16 horas
Onde: Plenarinho da Assembleia Legislativa (3° andar)
Contato: Lucia  Ortiz – (51) 9115.0334  / Clarissa Abreu – (51) 98085755

Acompanhe as noticias da Escola de Sustentabilidade dos Amigos da Terra América Latina e Caribe no blog: http://www.amigosdaterrabrasil.wordpress.com

Madri, 14 a 18 de maio 2010.

Amigos da Terra Internacional participa da Conferência do Povos, com representantes de diversos países, dentre  eles, Brasil, Uruguai, Costa Rica, Colômbia, Inglaterra, El Salvador, Guatemala, e Amigos da Terra Europa, com sede em Bruxelas.

Amigos da Terra participaram do Tribunal Permanente do Povos, este ano abordando temas relacionados à União Européia e as transnacionais na América Latina: políticas, instrumentos e atores cúmplices das violações e dos direitos dos povos. O Tribunal ocorre nos dias 14, 15 e 17 de maio, quando sairá a sentença contra as 28 empresas acusadas por violação de direitos humanos, impactos ambientais, corrupção e associação com políticos locais, obtenção de privilégios, dentro outros.

Três empresas foram denunciadas por Amigos da Terra, sendo estas:

Holcim – empresa produtora de cimento, com sede na Suíça, acusada por causar prejuízos ambientais e sociais, por dua atividade de mineração  na cidade de Bogotá (Colômbia), no município de San Juan de Sacatepequéz (Guatemala) e no município de Atotonilco de Tula (México). Responsáveis pela acusação: Otros Mundos Chiapas – Amigos da Terra México, Censat Água Viva – amigos da Terra Colômbia.

Stora Enso – celulose e papel – com sede na Finlândia, acusada por danos ambientais, deterioração das condições dos trabalhadores, e envolvimentos com políticos de Eunápolis, na Bahia, por conta das atividades da fábrica Veracel Celulose, da qual Stora Enso possui 50%, sendo os outros 50% de propriedade da Fíbria.  No Rio Grande do Sul, enfrentou processos judiciais, relacionados à compra de terras na faixa de fronteira entre 2006 e 2009, e conflitos diretos com movimentos sociais campesinos.  No Uruguai, a empresa hoje é a maior proprietária de terras, tendo comprado o projeto da fábrica de celulose da Ence, e formado uma joint venture com a Arauco, assim nasceu a Montes del Plata. Responsáveis pela acusação: Amigos da Terra Brasil (NAT) e Amigos da Terra Uruguai (REDES), Cepedes (Centro de estudos e pesquisas para o desenvolvimento do extremo sul da Bahia), Via Campesina Brasil, Instituto Biofilia (Brasil), Centro de Estudos ambientais (CEA- Brasil), Sindicato dos empregados em empresas de assessoramento, perícias, informações, pesquisas e fundações etaduais do RS, Sindicatos dos bancários e trabalhadores no sistema financeiro do extremo sul da bahia, CIMI – Conselho indigenista missionário, Centro Agroecológico do extremo sul da bahia e WRM – Movimento Mundial pelos Bosques. E apoio de Amigos da Terra Finlândia e Suécia.

União Fenosa – gás natural – com sede na Espanha, acusada por causar graves impactos na Colômbia, Guatemala, Nicarágua e México. No setor energético obteve privilégios com a privatização neste países. responsáveis pela acusação: Red nacional de usuários de servicios publicos y del centro de estudios para la justicia social “Tierra Digna”(Colômbia), Associación para la promoción y del desarrolo de la comunida Ceiba – (Amigos da Terra Guatemala),  Frente nacional de lucha (Guatemala), Associon dàmistad amb el poble de Guatemala y observatorio de la deuda en la globalización (ODG) Espanha, Sindicato Mexicano de eletricistas (SME), Centro de derechos humanos Tepeyac del Istmo de Tehuantepec (México), Alianza mexicana por la Autodeterminación de los pueblos (AMAP), Unión de comunidades indígenas de la zona norte del istmo (UCIZONI) México e Movimento social nicaraguense Otro mundo es possible.

Para ouvir os testemunhos do tribunal visite AQUI

Referéndum Mundial sobre Cambio Climático

Em Copenhague o presidente boliviano Evo Morales declarou: “Já que temos profundas diferenças entre nós, presidentes, consultemos ao povo e façamos o que ele https://i0.wp.com/upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/53/Evo_Morales_at_COP15.jpg/225px-Evo_Morales_at_COP15.jpgnos disser”.
Por isso, anunciou que assumia convocar um  Referendo Mundial para consultar o população mundial de modo a orientar as tomadas de decisões a respeito das ações para impedir a mudança dos clima.

Para participar deste Referendo, basta entrar AQUI, preencher os dados e votar.

Precisamos ser milhões! O Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS)está empenhado nesta campanha e conta com todas as forças sociais para mobilizar o Brasil a entrar nela.

Faça sua parte: convide a todos que puder para entrarem nesta corrente em favor da vida da Terra e da vida humana na Terra.

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Frase

“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

Apresentação

O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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