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Furacão Sandy, New Jersey.

Furacão Sandy, New Jersey.

Cientistas apontam perda de 21 centímetros de gelo por ano na região. Dados colhidos por satélite da Nasa não são conclusivos, diz pesquisador.

Um estudo [Contrasting patterns of early twenty-first-century glacier mass change in the Himalayas] publicado na revista “Nature” nesta quarta-feira (22) mostra que o derretimento de gelo no Himalaia pode ser maior do que o estipulado no último levantamento, divulgado em fevereiro deste ano. Do Globo Natureza, em São Paulo, com informações adiconais do EcoDebate.

Na pesquisa anterior, foram analisadas informações do satélite GRACE (“Experimento Climático e Reparação da Gravidade”, na tradução do inglês). Cientistas estimaram, na época, que o Himalaia perdia cerca de cinco gigatoneladas de gelo por ano.

Para o novo estudo, foram usados dados de um satélite da agência espacial americana (Nasa) o ICESat, lançado em 2003 para medir mudanças na cobertura de gelo nas calotas polares.

O novo estudo mostra que o Himalaia perdeu 12 gigatoneladas de gelo por ano entre 2003 e 2008, mais do que o dobro do previsto anteriormente. Como o ICESat é preparado para medições nos polos, seus dados tiveram que ser revisados sistematicamente pelos cientistas, segundo a “Nature”.

As geleiras do Himalaia incluem partes da China, Paquistão, Índia e Nepal, além do famoso Monte Everest e o K2, a segunda montanha mais alta da terra.

Diminuição
O derretimento significou uma diminuição de 21 centímetros de gelo no Himalaia por ano, segundo o cientista que lidera a pesquisa, Andreas Kääb, da Universidade de Oslo (Noruega). O valor “ainda é menor do que a estimativa global para [o derretimento] de geleiras e calotas polares”, segundo a Nature.

Kääb afirma que os dados não são conclusivos, já que há perda de gelo maior ou menor dependendo da região do Himalaia. No noroeste da Índia, por exemplo, as geleiras derreteram 66 centímetros por ano.

O resultado pode ser usado como base para pesquisas futuras, mas uma análise do destino das geleiras exigiria coleta de dados por décadas, afirma Kääb. Para ele, o objetivo maior do estudo é “mostrar uma nova forma de usar os dados do ICESat”.

Em um primeiro estudo usando dados do satélite GRACE, em 2010, cientistas avaliaram que as geleiras do Himalaia e do planalto tibetano enfrentavam perda de cerca de 50 gigatoneladas de gelo por ano, devido ao derretimento. Este resultado, no entanto, foi refutado pela pesquisa de fevereiro deste ano, que avaliou os mesmos números e chegou a outra conclusão.

Contrasting patterns of early twenty-first-century glacier mass change in the Himalayas
Nature 488, 495–498 (23 August 2012) doi:10.1038/nature11324

Galeria de Fotos e Infográficos do estudo ‘Contrasting patterns of early twenty-first-century glacier mass change in the Himalayas’: http://folk.uio.no/kaeaeb/temp/.nature/

EcoDebate

Rio Grande, RS. Foto: Antonio Soler/CEA

Cientistas americanos tentaram medir o impacto da rápida expansão das áreas urbanas sobre as mudanças clímaticas. Os resultados da pesquisa aparecem na atual edição da revista “Nature Climate Change”.

Segundo um documento da Organização das Nações Unidas (ONU) chamado “Revisão de 2011 sobre as Perspectivas Mundiais de Urbanização”, a população das cidades deve ganhar mais de 2,5 bilhões de habitantes até 2050. E essa ampliação acentuada no número de moradores das metrópoles vai transformar muitas paisagens naturais.

Os autores, da Universidade Estadual do Arizona e do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas dos EUA, analisaram o chamado “Sun Corridor” do Arizona, uma megalópole que inclui quatro regiões metropolitanas (Phoenix, Tucson, Prescott e Nogales) e reúne mais de 85% da população do estado, mesmo em um ambiente semi-árido.

Por meio de um modelo climático, os pesquisadores chegaram à conclusão de que essa área – a que mais cresce em todo o país – pode enfrentar uma elevação de até 4° C no verão nos próximos 38 anos, como resultado do desenvolvimento urbano e do aumento dos gases de efeito estufa. Até 2040, a região deve concentrar mais de 9 milhões de pessoas.

No melhor cenário possível, em que foi projetada uma urbanização em menor escala, ainda é esperado um aquecimento de 2° C.

Outro experimento dos cientistas avaliou o que aconteceria se o telhado de todos os prédios fosse pintado de branco, para refletir mais a luz do sol. A medida seria capaz de reduzir o calor pela metade, mas não conseguiria conter os danos às fontes de água, por exemplo.

Segundo o principal autor do trabalho, Matei Georgescu, a adoção de políticas sustentáveis precisa se estender além do controle dos gases estufa, e focar também no impacto sobre a temperatura da Terra e os recursos hídricos.

Fonte: Ambiente Brasil


Estudo mostra que se não forem tomadas medidas para conter a urbanização descontrolada o continente estará mais vulnerável a desastres no futuro.

Um Brasil ainda mais quente, com ondas de calor frequentes e duradouras e frentes frias progressivamente escassas e fracas. As projeções climáticas para até o fim do século não são otimistas, como alerta um relatório especial sobre gerenciamento de eventos extremos e desastres, encomendado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O documento, que será divulgado nesta semana em São Paulo, analisou 68.250 episódios de catástrofes naturais nos últimos 60 anos na América Latina e Caribe. Suas conclusões servem de alerta para os tomadores de decisão. A não ser que se tomem medidas para conter a urbanização descontrolada e a favelização do continente, sua vulnerabilidade a desastres e a expansão de epidemias como a malária devem progredir.

O documento latino-americano é um desmembramento do estudo global, divulgado em novembro passado em Londres. Outras regiões – África, Ásia e Estados insulares, por exemplo – receberam o mesmo tratamento. Os resultados terão peso fundamental no quinto relatório do IPCC, cuja divulgação deve se estender entre o fim do ano que vem e 2015. O relatório do IPCC será dividido em três partes. Uma delas – abordada por este levantamento latino-americano – é especificamente voltada a adaptações para extremos climáticos e desastres.

“O clima pode ser um deflagrador, mas ele não atua sozinho”, pondera o representante do Brasil entre os autores do estudo, José Marengo, do Inpe. “Como não dá para acabar com a chuva ou a enchente, precisamos pensar na possibilidade de que a população se instale em regiões mais protegidas, longe das encostas. Devemos considerar fatores políticos, econômicos e sociais”.

Por reunir 220 pesquisadores, o grupo optou por não divulgar números ou percentuais relacionados em seus prognósticos. Em vez disso, usou os termos “provável” (de 66% a 100% de chances) e “muito provável” (acima de 90% de probabilidade). Os estudos brasileiros, porém, estão mais avançados do que na maioria do continente – o que lhes permite serem mais específicos em seus cálculos.

O País inteiro ficará mais quente, com ondas de calor frequentes e longas. O Centro-Sul registrará mais 2 ou 3 graus Celsius em seus termômetros. Já Nordeste, Norte e, em especial, a Amazônia podem esperar por um acréscimo igual ou superior a 4 graus na temperatura.

A pluviosidade é mais variável conforme a região. A Amazônia Oeste, mais próxima à Cordilheira dos Andes – onde está a nascente de rios como o Amazonas – receberá um aumento de pancadas extremas. Já a fração Leste do bioma, que já sofre estações de seca todos os anos, verá a estiagem se agravar. O Nordeste deve ter a redução mais significativa das chuvas – pode ficar até 40% mais seco -, especialmente em sua porção semiárida, que concentra 10 milhões de habitantes.

No Sul, o problema é com o excesso d’água – e mal dispersa durante o ano. “Haverá um aumento de até 30% nas chuvas, e elas não devem ocorrer de forma regular”, revela Marengo. “Serão precipitações concentradas, daquelas que costumam causar enchentes e derrubar encostas. O Sudeste, por sua vez, é a região mais complicada. Está entre o Sul chuvoso e o Nordeste seco. Por isso, é difícil saber que tendências esperar dali”.

De acordo com o relatório, há uma relação direta, em países de média e baixa renda, entre temperatura diária e mortalidade. O estresse pelo calor provocaria danos mesmo em metrópoles com boa infraestrutura e acostumadas ao clima quente, como a cálida Salvador. “Em março de 2010, uma onda de calor em São Paulo provocou dez mortes”, lembra Marengo. “Estamos acostumados a ler sobre isso quando o fenômeno ocorre em países temperados, mas nossa população também é vulnerável, mesmo vivendo em cidades tropicais”.

As enchentes, “seja por mudanças climáticas, degradação ambiental ou outros fatores sociais, podem levar a mudanças geográficas de regiões de epidemia malárica”, previne o estudo. Surtos da doença foram associados à mudança do habitat de mosquitos vetores em 1991, depois de enchentes na Costa Rica.

No Brasil, o deslocamento dos mosquitos seria da Amazônia para o Sul, região que tende a se tornar mais aquecida e úmida – condições propícias para o acasalamento da espécie.

Pesquisador da Fiocruz e especialista em mudanças climáticas e saúde, Ulisses Confalonieri contesta esta hipótese. “Há muitos fatores a serem considerados em doenças transmissíveis. Devemos lembrar das condições físicas, como a umidade, temperatura e distribuição de chuvas, a evolução da vigilância epidemiológica e os índices de saneamento básico”, explica. “Creio que, com a evolução dos serviços do País, ficará ainda mais difícil que certas doenças se disseminem pelo território nacional, mesmo que as temperaturas aumentem 2 ou 3 graus Celsius”.

O Caribe é, de acordo com Marengo, a região que mais preocupa os climatologistas. Entre os danos previstos para as ilhas estão o aumento dos ciclones tropicais; a morte dos recifes de corais; e a elevação do nível do mar – um tema delicado onde metade da população vive a menos de 1,5 quilômetro da costa. O relatório indica “alta confiança” de que estas fatalidades traguem parcelas enormes do PIB desses países. Um furacão em 1998, por exemplo, custou à Honduras 95% de sua receita daquele ano.

Fonte: EcoDebate

Imagem de satélite mostra derretimento na Groenlândia neste mês de julho; em vermelho, o satélite identifica o gelo derretido e em branco, o gelo sólido.

A principal voz da comunidade científica que contesta o fenômeno do aquecimento global admitiu que esteve errado na sua posição durante os últimos anos. Richard Muller mudou de ideia após analisar os resultados de um estudo conduzido por ele mesmo na Universidade de Berkeley, na Califórnia, onde coordena o projeto BEST (sigla em inglês para Temperatura da Superfície da Terra pela Universidade de Berkeley).

Muller anunciou sua mudança de opinião neste último fim de semana em um artigo para o jornal The New York Times, intitulado “A conversão de um cético às mudanças climáticas”. Nele, Muller afirma que não somente o aquecimento está ocorrendo como também a ação humana pode ser responsabilizada pelo fenômeno.

“Nossos resultados mostram que as temperaturas médias na superfície terrestre aumentaram em 2,5 graus Fahrenheit (1,5 °C) nos últimos 250 anos, incluindo um aumento de 1,5 graus Fahrenheit  (0,9°C) só nos últimos 50 anos. Além disso, é bem provável que essencialmente todo esse aumento resulta da emissão de gases de efeito estufa”, afirma Muller em seu artigo. Ele ressalta que esses números são mais alarmantes do que os anunciados pelo IPCC (Painel Internacional de Mudança Climática), órgão da ONU.

Essa conclusão foi tirada após sua equipe de pesquisadores em Berkeley ter analisado mais de 14 milhões de medições de temperatura desde 1753, em 44.455 localidades.

“É um dever do cientista ser claramente cético. Continuo achando que muito, se não a maioria dos fenômenos que atribuímos à mudança climática especulativo, exagerado ou simplesmente errado. Analisei a maioria das alegações mais alarmistas, e meu ceticismo sobre elas não mudou”, disse o físico. Ele cita, como exemplo, o furacão Katrina – afirmando que o número de furacões que atingiu os EUA diminuiu – ou o processo de extinção dos ursos polares – que não tem ocorrido por causa do degelo. “As neves do Himalaia não irão derreter após 2035. E é possível que não estejamos em uma era mais quente do que há mil anos”

Os métodos que Muller afirma ter usado para seu estudo são, segundo ele, bem mais abrangentes, detalhados e rigorosos do que os usados por instituições como a Nasa (agência espacial norte-americana) e o Met Office (serviço britânico de meteorologia).

As perspectivas de Muller para uma possível reversão no quadro, no entanto, são pessimistas.

“E quanto ao futuro? A medida em que as emissões de carbono aumentam, a temperatura deve continuar a aumentar. Acredito que a taxa de aquecimento deve prosseguir em seu ritmo estável, entre 1,5 Fahrenheit (0,9ºC) na superfície para os próximos 50 anos, a não ser que os oceanos estejam incluídos. Mas se a China continuar com seu rápido crescimento econômico (…) esse aumento chegará em menos de 20 anos”, previu Muller.

O trabalho de Muller, que pode ser acessado gratuitamente do Best, ainda não foi publicado nem avaliado por outros especialistas em uma revista científica.

Com informações do Opera Mundi

Fonte: http://sul21.com.br/jornal/2012/08/maior-critico-contra-a-tese-do-aquecimento-global-admite-que-estava-errado/

A enorme superfície de gelo da Groenlândia, na costa nordeste da América do Norte, sofreu um descongelamento ”sem precedentes” no mês de julho, segundo a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.

De acordo com os cientistas da Nasa, em apenas quatro dias, medidos a partir do dia 8 de julho, a área da camada de gelo descongelada que era de 40% passou para 97%.

Apesar de cerca de metade da camada de gelo da Groenlândia normalmente derreter nos meses de verão, a velocidade e proporção do derretimento registradas neste mês surpreendeu os cientistas e por ser das mais elevadas desde que o monitoramento satelital da região teve início, há três décadas.

Entre as áreas em que se detectou derretimento estava até o local mais frio e mais alto, a estação Summit.

De acordo com os especialistas da Nasa, quase toda a camada de gelo da Groenlândia, desde suas finas extremidades na costa, até o seu centro, que tem três quilômetros de espessura, enfrentaram algum grau de derretimento em sua superfície.

Indagações

”Quando nós vemos derretimento em locais que não havíamos visto antes, ao menos em muito tempo, isso nos leva a perguntar o que está acontecendo”, afirmou o cientista-sênior da Nasa, Waleed Abdalati.

”É um forte sinal, cujo significado nós iremos desvendar dentro de muitos anos.”

O cientista afirmou ainda que como um forte derretimento similar já foi registrado na Groenlândia, a Nasa ainda não foi capaz de determinar se esse foi um evento natural ou um fenômeno raro. Também não se pode afirmar ainda se ele foi provocado por mudanças climáticas acarretadas pelo homem.

Segundo registros da camada de gelo da Groenlândia, o trecho da estação Summit já havia derretido em 1989.

A notícia surge dias após outra imagem satelital divulgada pela Nasa ter revelado que um grande iceberg, com o dobro do tamanho da ilha de Manhattan, em Nova York, se partiu de uma geleira na Groenlândia.

Apesar do alarde, cientistas afirmaram que boa parte da camada de gelo da nação já voltou a congelar novamente.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/07/120725_nasa_groenlandia_bg.shtml

O ano de 2011 foi um ano de “extremos” nos padrões do clima mundial, em que se registraram severas inundações na Tailândia, houve uma intensa seca na África e uma onda de calor atingiu a Europa, apontou, hoje, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos.
A reportagem está publicada no sítio La Vanguardia, 11-07-2012. A tradução é do Cepat.

No ano passado, as temperaturas globais foram menores na média do que em 2010, em grande parte devido ao fenômeno “La Niña”, durante o qual ficam na superfície as águas profundas mais frias do Pacífico equatorial, segundo o estudo do NOAA, publicado na terça-feira.

No entanto, 2011 foi mais quente do que o esperado e faz parte de um dos 15 anos com as temperaturas mais altas, desde que começaram os registros metereológicos.

“Claramente, as tendências, em longo prazo, continuam mostrando que o mundo será mais quente”, disse Tom Karl, diretor do centro de dados do NOAA.

Ártico continua se aquecendo num ritmo maior do que o resto do mundo e a superfície coberta pelo gelo, durante o verão, nesta região, foi a segunda menor já registrada.

“Cada evento climático que ocorre, atualmente, faz parte de um contexto global mutável”, explicou Kathryn Sullivan, vice-diretora do NOAA. “Este relatório anual oferece a cientistas e cidadãos uma análise do que ocorreu, para que nos preparemos para o que virá”.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/511485-o-clima-da-terra-esta-cada-vez-mais-extremo

Telma Monteiro

O Brasil é o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa (GEEs), perdendo apenas da China e dos EUA. O crescimento econômico, para países em desenvolvimento, custa caro e vem acompanhado também do aumento das emissões e acúmulo de GEEs na atmosfera, que geram impactos socioambientais. Clima com oscilações bruscas de temperatura, alteração dos níveis de precipitação são alguns dos desafios que é preciso enfrentar no século XXI.

O setor elétrico brasileiro é responsável por parte das emissões de GEEs, seja pela liberação do metano nos reservatórios das hidrelétricas, seja pela alteração do regime dos rios barrados, seja pelas emissões das termelétricas ou ainda por induzir a atividade humana de migração, ocupação e desmatamento de áreas de floresta. Por outro lado, as alterações do clima interferem nas vazões dos rios, na regulação das cheias dos reservatórios, na segurança das populações no entorno das hidrelétricas e na eficiência da geração.

As mudanças climáticas podem afetar, também, as crianças e a saúde mental das pessoas. Esse alerta foi publicado recentemente pelo Instituto do Clima, uma organização australiana de pesquisas que concluiu: “Os danos causados pelas mudanças climáticas não são só físicos. O passado recente mostra que os eventos climáticos extremos trazem também sérios riscos para a saúde pública, inclusive a saúde mental e o bem-estar das comunidades”.

Telma Monteiro

Eventos extremos, desastres, danos ambientais e sociais, secas, inundações, ondas de calor, tornam vulneráveis adultos e principalmente crianças, diz o estudo.  Os efeitos das mudanças climáticas já são nítidos quando se trata de observar o estresse presente nas relações socioambientais. Populações tradicionais, em alguns casos, já são reconhecidas como verdadeiros refugiados climáticos.

Em uma matéria bastante contundente escrita por Julio Godoy, da Inter Press Service (IPS) –  A Mudança Climática por trás da Fome – registra que uma seca severa pode ter causado a morte de pelo menos 30 mil crianças e atinge um total de 12 milhões de pessoas na Somália.  Esses fenômenos e as variações da temperatura no oceano podem afetar regiões como o Chifre da África. Temporadas de chuvas abundantes alternadas com secas e altas temperaturas já são cada vez mais frequentes nos noticiários internacionais e chamam a atenção para os efeitos nefastos na economia global.

Jean-Cyril Dagorn, encarregado dos programas de meio ambiente e justiça econômica do ramo francês da organização humanitária Oxfam, apontou que a seca é extrema e provoca uma catástrofe humanitária na Somália.  Alertou que “Chuvas torrenciais sobre terra extremamente seca arrasariam os solos mais férteis, tornando ainda mais dramática a crise de alimentos”.

Em 2010 o Fórum Nacional de Secretários de Estado para Assuntos de Energia (FNSE) entregou aos candidatos que concorreram às eleições presidenciais no Brasil o documento intitulado Descentralização e participação – planejamento e gestão do setor energético brasileiro com o objetivo de contribuir com a formulação do planejamento energético nacional no programa do governo que tomou posse em 2011.

O documento conclui que a centralização do planejamento energético não leva em consideração as potencialidades energéticas regionais, daí a necessidade de uma revisão desse processo. A recomendação é que energia deve ser uma política de agências reguladoras de Estado e não de Governo e deve ser fiscalizada de forma independente.  (Fórum Nacional de Secretários de Estado – FNSE, 2010) Por outro lado, mesmo se não destacado no documento, será fundamental democratizar as agências reguladoras, garantindo participação e controle da sociedade, de modo especial dos cidadãos que pagam a conta mais alta pela energia.

Outro relatório, do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (PNUMA), publicado em fevereiro de 2011, considera ser necessário investimento de 2% do PIB mundial a ser aplicado em um novo modelo econômico para combater a pobreza e gerar um crescimento genuinamente limpo e eficiente.  O percentual equivaleria a US$ 1,3 trilhão anuais.   

Esse investimento teria o objetivo de transformar a economia em uma economia  de baixo carbono em setores-chave, para valorizar uma economia natural. O relatório entende que esse seria o caminho para combater a pobreza. O setor energético se beneficiaria com o investimento na redução de CO2 e com a adoção de programas de eficiência energética, além de possibilitar o controle do aumento da demanda global por energia até 2050. (PNUMA, 2011)

Com as mudanças climáticas globais em curso ficam evidentes as oscilações de temperatura e dos índices de precipitação. Já não há mais dúvida de que populações, ecossistemas e biodiversidade sofrerão duramente as conseqüências. É o que diz o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Economia das Mudanças Climáticas.

Como essas mudanças afetarão o Brasil, em especial a Amazônia, e com que intensidade, é o desafio a ser superado para se projetar os modelos de desenvolvimento da economia. Essas questões não discutidas em profundidade concorrem para aumentar os índices de pobreza e desigualdade social, conferindo às populações afetadas maior vulnerabilidade às mudanças climáticas.

A Rio + 20 vai priorizar a Amazônia ou a sua preservação também é fantasiosa?

Fonte: http://telmadmonteiro.blogspot.com.br/

Abordar as questões ecológicas levantadas por Mark Lynas é “o” desafio global da nossa geração. Nenhum outro assunto tem tantas ramificações para a justiça, a paz e um futuro estável que permita o crescimento econômico.

A opinião é do jesuíta norte-americano John Coleman, ex-professor da cátedra Charles Casassa de Valores Sociaisda Loyola Marymount University, na Califórnia, em artigo publicado no blog da revista America, dos jesuítas dos EUA, 08-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Eu tenho acompanhado cuidadosamente o trabalho de Mark Lynas sobre as questões ambientais há algum tempo. Lembro-me do seu livro de 2004, High Tide: The Truth About Our Climate Crisis [Maré alta: A verdade sobre a nossa crise climática], uma persuasiva justaposição de fotografias, incluindo uma foto que o pai de Lynas (geólogo) tirou de uma geleira no Peru no início da década de 1930 exibida ao lado de outra foto da mesma geleira em 2000. 40% da massa da geleira havia derretido. 

Seu livro de 2008, Six Degrees: Our Future on a Hotter Planet [Seis graus: nosso futuro em um planeta mais quente] sistematicamente avaliou os impactos ambientais de um aumento de 1 a 6 graus Celsius nas temperaturas mundiais. O que tornou esse trabalho atrativo foi que ele não era apenas sobre especulação futura. No passado, a Terra passou por períodos semelhantes de aquecimento global. Não importa o que façamos, possivelmente veremos, no mínimo, um aumento de dois graus Celsius da temperatura global. Depois de três graus, chegaremos a um ponto de inflexão. Com um aumento de seis graus em um período anterior, 95% de todas as espécies foram extintas.

Em seu recente livro The God Species: Saving the Planet in the Age of Humans [As espécies de Deus: Salvando o planeta na era dos humanos] (Ed. National Geographic, 2011), Lynas segue atentamente o trabalho de um grupo de cientistas que se chamam de Grupo das Fronteiras Planetárias [Planetary Boundaries Group]. Esses cientistas estão tentando calcular as áreas de fronteira do perigo ecológico e – quando e na medida do possível – fazer algumas estimativas precisas sobre o que deve ser feito para enfrentá-las.

Leia mais em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/507389-salvando-o-planeta-na-era-dos-humanos

artigo de Noam Chomsky

Uma tarefa da Conferência sobre a Mudança Climática da ONU, que está sendo realizada em Durban, na África do Sul, é estender decisões políticas anteriores, que eram limitadas em alcance e aplicadas só parcialmente.

Essas decisões remontam à Conferência de 1992 da ONU e ao Protocolo de Kyoto de 1997, ao qual os Estados Unidos se recusaram a aderir. O primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto termina em 2012. O clima mais ou menos geral pré-conferência foi capturado por uma manchete do “New York Times”: “Assuntos Urgentes, Mas Baixas Expectativas”.

Enquanto os representantes se reúnem em Durban, um relatório sobre um novo resumo atualizado de pesquisas realizadas pelo Conselho de Relações Exteriores e pelo Programa sobre Atitudes Políticas Internacionais (PIPA, sigla em inglês) revela que “as populações do mundo inteiro e dos Estados Unidos dizem que seus governos devem dar uma prioridade maior ao aquecimento global e apoiam vigorosamente ações multilaterais para tratar disso”.

A maioria dos cidadãos americanos concorda, embora a PIPA esclareça que a porcentagem “vem caindo nos últimos anos, de forma que a preocupação nos Estados Unidos é significativamente mais baixa que a média mundial – 70%, contra 84%”.

“Os americanos não percebem que há um consenso científico acerca da necessidade de uma ação urgente a respeito da mudança climática… Uma grande maioria pensa que será afetada pessoalmente alguma hora pela mudança climática, mas somente uma minoria crê que está sendo afetada agora, ao contrário da opinião da maioria em outros países. Os americanos tendem a subestimar o nível de preocupação entre outros americanos”.

Essas atitudes não são acidentais. Em 2009, as indústrias de energia, apoiadas pelos lobbies corporativos, lançaram grandes campanhas que levantaram dúvidas sobre o quase unânime consenso de cientistas sobre a gravidade da ameaça de aquecimento global induzido pelos seres humanos.

O consenso só é “quase unânime” porque não inclui os muitos especialistas que sentem que os avisos sobre aquecimento global não são fortes o suficiente, e o grupo secundário que nega por completo a validade da ameaça.

A cobertura padrão sobre a questão, na linha “ele disse/ela disse”, mostrando pontos de vista opostos, procura manter o que se chama de “equilíbrio”: a esmagadora maioria dos cientistas de um lado, e os negacionistas de outro. Os cientistas que emitem as advertências mais sombrias são amplamente ignorados.

Um efeito disso é que nem um terço da população americana acredita que haja um consenso científico a respeito da ameaça do aquecimento global – muito menos que a média mundial, e radicalmente inconsistente com os fatos.

Não é segredo que o governo dos Estados Unidos está ficando para trás no que diz respeito aos assuntos climáticos. “O mundo inteiro tem criticado em grande parte a forma como os Estados Unidos estão lidando com o problema da mudança climática”, de acordo com a PIPA. “Em geral, os Estados Unidos têm sido vistos como o país que teve o efeito mais negativo sobre o ambiente no mundo, seguido pela China. A Alemanha recebeu as melhores classificações”.

Para se ter uma perspectiva sobre o que está acontecendo no mundo, às vezes é útil adotar a posição de observadores extraterrestres inteligentes que contemplam os estranhos acontecimentos na Terra. Observariam, assombrados, que o país mais rico e poderoso na história do planeta agora encabeça os lemingues em sua alegre caminhada para o precipício.

No mês passado, a Agência Internacional de Energia, formada em 1974 por iniciativa do secretário americano de Estado Henry Kissinger, emitiu seu relatório mais recente sobre o acelerado aumento das emissões de carbono provenientes do uso de combustível fóssil.

A AIE calculou que se o mundo continuar no ritmo atual, o “orçamento de carbono” terá se esgotado em 2017. O orçamento é a quantidade de emissões que pode manter o aquecimento global em um nível de 2 graus Celsius, considerado o limite de segurança.

O economista-chefe da AIE, Fatih Birol, disse: “A porta está se fechando… Se não mudarmos a direção agora em relação a como usamos a energia, acabaremos além do mínimo (para segurança) dado pelos cientistas. A porta se fechará para sempre”.

Também no mês passado, o Departamento de Energia americano informou os números das emissões para 2010. As emissões “aumentaram para a maior quantidade registrada até agora”, relatou a Associated Press, o que significa que “os níveis de gases de efeito estufa estão mais elevados do que a pior situação possível” prevista pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas em 2008.

John Reilly, codiretor do programa sobre mudança climática do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), disse à AP que os cientistas consideram, em geral, que as previsões do IPCC são conservadoras demais – diferentemente do pequeno grupo de “negacionistas” que atraem a atenção do público. Reilly relatou que a pior situação possível prevista pelo IPCC estava mais ou menos na metade dos cálculos feitos pelos cientistas do MIT sobre os possíveis resultados.

Enquanto esses relatórios agourentos eram revelados, o “Financial Times” dedicou uma página inteira às expectativas otimistas de que os Estados Unidos poderiam se tornar independentes em energia por um século, com novas tecnologias para extrair combustíveis fósseis norte-americanos.

Embora as projeções sejam incertas, informa o “Financial Times”, os Estados Unidos podem “passar por cima da Arábia Saudita e da Rússia para se tornar o maior produtor mundial de hidrocarbonetos líquidos, contando tanto o petróleo bruto quanto os líquidos de gás natural”.

Nessa feliz eventualidade, os Estados Unidos poderiam esperar manter sua hegemonia global. Além de alguns comentários sobre o impacto ecológico local, o “Financial Times” nada disse sobre que tipo de mundo surgiria dessas empolgantes perspectivas. A energia é para ser queimada; dane-se o ambiente global.

Praticamente todos os governos estão tomando pelo menos passos hesitantes para fazer algo acerca da catástrofe que se aproxima. Os Estados Unidos estão na liderança – só que no retrocesso. A Câmara dos Representantes dos EUA, dominada pelos republicanos, agora está desmantelando as medida ambientais introduzidas por Richard Nixon, que em muitos aspectos foi o último presidente liberal.

Esse comportamento reacionário é um dos vários sinais da crise da democracia americana na última geração. A distância entre a opinião pública e a política pública cresceu até virar um abismo em assuntos centrais do debate público atual, como o déficit e o desemprego. No entanto, graças à ofensiva propagandística, a distância é menor do que deveria ser no assunto mais sério da agenda internacional hoje em dia – e possivelmente na história.

Pode se perdoar os hipotéticos observadores extraterrestres se estes chegarem à conclusão de que aparentemente estamos infectados por algum tipo de loucura letal.

Artigo de La Vanguardia, no UOL Notícias/EcoDebate

Publicação da Climate Action Network (CAN), na COP-17, em Durban. Fonte: Vitae Civilis

Repetindo o que já vinha ocorrendo desde o primeiro dia da COP-17, em Durban, o projeto de Lei que flexibiliza o Código Florestal brasileiro foi assunto de destaque nos corredores do Centro de Convenções (ICC) onde ocorre a Conferência, ao ser tema de matéria de capa na edição desta quarta-feira (30) de uma das publicações de maior circulação e respeitabilidade na cobertura das negociações internacionais. O ECO é produzido e organizado pela Climate Action Network (CAN).

O texto intitulado “Brazil, protect your forests!” (em português, “Brasil, Proteja suas Florestas”) menciona que a aprovação do Código Florestal no Brasil pode comprometer as metas de redução de emissões e, assim, colocar o Brasil numa situação embaraçosa nas negociações internacionais, já que o país se vale de seus indícies de redução do desmatamento para exercer papel de liderança na defesa de compromissos aos países desenvolvidos e, principalmente, de mecanismos de incentivo financeiro para a preservação de florestas nos países em desenvolvimento.

Além disso, organizações brasileiras presentes aqui na Conferência convocaram uma coletiva de imprensa na para esta quinta, dia 1º de dezembro, para falar sobre o risco que a flexibilização do Código Florestal representa para as florestas brasileiras.

Fonte: http://vitaecivilis.org/

Aquecimento global é a causa de eventos climáticos extremos, diz ONU

Mudança climática causada pelo homem é responsável por calamidades. Novo relatório do IPCC foi publicado nesta sexta-feira.

As mudanças climáticas provocadas pelo homem já causam ondas de calor e chuvas torrenciais que causam inundações, e provavelmente contribuirão para futuros desastres naturais, alertou a ONU em um relatório [Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation (SREX)] publicado esta sexta-feira (18).

Matéria daFrance Presse.

Mas as perdas e danos provocados por estes eventos extremos dependerão muito das medidas tomadas para proteger as populações e a propriedade quando a violência da natureza aflorar, acrescentou.

O relatório, divulgado dez dias antes das negociações climáticas em Durban, na África do Sul, é a primeira revisão abrangente das Nações Unidas sobre o impacto do aquecimento global em eventos climáticos extremos e a melhor forma de lidar com eles.

“Na verdade, podemos atribuir o aumento de dias quentes nos últimos anos a uma concentração maior de gases de efeito estufa”, afirmou Thomas Stocker, co-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que aprovou um resumo do relatório durante reunião em Kampala, capital de Uganda.

“E é virtualmente certo que a intensificação da frequência e da magnitude dos extremos diários de calor e frio ocorram no século XXI”, disse a jornalistas durante entrevista coletiva. “Temporais serão mais frequentes em muitas regiões do planeta”, acrescentou.

Cenários
O relatório revisou extremos de calor e chuva com base em três projeções ou cenários: uma forte redução nas emissões de carbono, uma redução modesta, e níveis inalterados (cenário “business as usual”). Os três cenários demonstraram uma trajetória similar de aumento dos extremos até meados do século.

Mas por volta do fim do século, os caminhos divergem dramaticamente, com ondas de calor e picos de chuva mais intensos e frequentes no pior cenário, que considera um mundo saturado de gases-estufa.

No cenário que prevê emissões elevadas – a caminho do qual estamos agora -, picos de calor que aconteciam a cada 20 anos vão ocorrer a cada cinco anos por volta de 2050, e todo ano ou a cada dois anos ao final do século. A incidência de chuvas intensas aumentará da mesma forma, acrescentou o documento.

Qin Dahe, outro co-presidente do IPCC, afirmou que o painel também está “mais confiante” de que as mudanças climáticas são a causa do recuo das geleiras, uma grande preocupação para países da Ásia e da América do Sul, que dependem das geleiras para ter água.

Há alguns anos, a imagem do painel saiu arranhada após equívocos no Quarto Relatório de Avaliação, publicado em 2007. Entre estes erros estava uma estimativa grosseiramente imprecisa sobre o ritmo de derretimento das geleiras do Himalaia.

Voltando ao documento atual, no que diz respeito aos outros eventos climáticos, como ciclones, os cientistas ainda se disseram incapazes de dimensionar o impacto das mudanças climáticas, devido à falta de dados e a “mutabilidade e variações inerentes ao sistema climático”, explicou Stocker.

“A incerteza aqui vai nas duas direções. Os eventos podem ser mais severos e mais frequentes do que as projeções sugerem ou vice-versa”, acrescentou. Alguns estudos sugeriram que a temperatura do ar e da superfície marítima mais quentes, combinadas com uma maior umidade do ar intensificarão as tempestades tropicais.

O documento de 20 páginas publicado esta sexta-feira resume as conclusões de um relatório de 800 páginas, que levou três anos para ser feito, e que revisa milhares de artigos científicos. Ele foi escrito por cerca de 200 cientistas e aprovado esta semana pelo IPCC, formado por 194 países-membros, e que reúne representantes de governos e especialistas.

Fenômenos
Segundo o documento, eventos extremos climáticos atingirão o globo de forma desigual: a onda de calor que matou 70 mil pessoas na Europa em 2003 pode ser um padrão para futuros picos no sul da Europa e no norte da África. Regiões da África onde milhões já vivem no limite da fome enfrentarão mais secas. Pequenos estados insulares poderão ficar inabitáveis devido a temporais agravados pelos mares com níveis mais elevados.

“A mensagem chave é a forma de interação dos extremos, a exposição e a vulnerabilidade criam um risco de catástrofe”, explicou Chris Field, co-presidente do Grupo de Trabalho II do IPCC, que se concentra na adaptação às mudanças climáticas.

“Não é preciso dizer que este [relatório] é um novo alerta”, afirmou a comissária europeia de ação climática, Connie Hedegaard, em um comunicado em Bruxelas.

“Com todo o conhecimento e argumentos racionais a favor de uma ação climática urgente, é frustrante ver alguns governos não demonstrarem a vontade política para agir”, acrescentou.

“Este relatório deveria acabar com as dúvidas dos governos sobre o que são as mudanças climáticas, sobre seus impactos sobre os eventos climáticos extremos, que já afetam as vidas e o sustento de milhões de pessoas”, criticou Bob Ward, do Instituto de Pesquisas Grantham sobre Mudanças Climáticas e Meio Ambiente da London School of Economics.

Fonte: EcoDebate

Washington Novaes

No mês de outubro caíram sobre a cidade de São Paulo 146,9 milímetros de chuvas, mais que o dobro de outubro do ano passado (69,6 milímetros) ou 19,3% mais que a média histórica do mês. Foram registrados 68 pontos de alagamento, ante 36 em 2010. O Instituto Nacional de Meteorologia prevê (Estado, 2/11) que até dezembro a tendência estará entre 15% e 20% acima da média. E é nesse panorama que este jornal chama a atenção (24/10) para o fato de os poderes estadual e municipal haverem aplicado apenas 23,5% e 8,3% das verbas previstas para combate a enchentes este ano. No Litoral Norte do Estado, pesquisadores da Escola Politécnica da USP já haviam mostrado que a maré baixa tem aumentado sete centímetros por década, desde 1944, e previsto que nos próximos cem anos ela subirá um centímetro por ano (Estado, 24/10). Nesta mesma hora, a Tailândia está com a maior parte de seu território debaixo de água, com a própria capital inundada, centenas de mortos. Quase na mesma situação, Camboja, Laos, Paquistão, Vietnã, com milhões de pessoas atingidas.

Tudo isso sugere que governantes deveriam ler com atenção informações de relatórios científicos recentes como o Keeping Track of Our Changing Environment: From Rio 92 to Rio+20 http://www.unep.org/geo/pdfs/Keeping_Track.pdf , que acaba de ser editado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), após três anos de avaliações de centenas de cientistas. Diz esse documento que “sem ação coordenada e rápida para reduzir a depleção de recursos naturais e a poluição da atmosfera (que acentua mudanças climáticas) o crescimento da economia e outras atividades humanas poderão destruir o próprio ambiente que mantém a economia e sustenta a vida”. O balanço do relatório sobre “eventos extremos” diz que em duas décadas eles dobraram, de 200 para 400 anuais, e exigem dos governos ações preventivas rápidas; em 2010 eles foram a causa de 90% dos deslocamentos de pessoas vitimadas.

Algumas das últimas dúvidas sobre o processo de aquecimento da Terra por causa de poluentes (motivo básico dos eventos) estão sendo desfeitas também por estudos como o do físico Richard Muller, da Universidade da Califórnia – um dos chamados “cientistas céticos” em questões do clima. Depois de estudar durante dois anos os prognósticos do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos e da Nasa, concluiu ele que estão corretos, que a temperatura do solo já está 1,6 grau Celsius acima do registrado na década de 1950 (Estado, 1.º/11). Também o Instituto Terra, da Universidade de Columbia, afirma que os eventos extremos deslocarão até 10 milhões de pessoas por ano no futuro próximo. E o Institute for Atmospheric and Climate Science, de Zurique, diz que, no ritmo atual, as emissões de dióxido de carbono (CO2) chegarão a 44 bilhões de toneladas anuais (foram de 30,6 bilhões em 2010), quando a maior parte dos cientistas acredita que, se passarem de 32 bilhões de toneladas/ano, será impossível conter o aumento da temperatura da Terra em 2 graus (já subiu 0,8 grau) e eventos muito fortes.

Segundo o relatório, as emissões de dióxido de carbono aumentaram 36% entre 1992 e 2008 (para 30 bilhões de toneladas anuais). O maior aumento foi nos “países em desenvolvimento”, especialmente Brasil, China e Índia: mais 64% entre 2002 e 2008; o aumento de emissões per capita nesses países foi de 29%. Em 2010 cerca de 80% das emissões ocorreram em 19 países (industrializados e emergentes), por causa de novas indústrias e aumentos da população. Só que nos países emergentes parte das emissões maiores se deve à transferência para eles de indústrias poluidoras dos países industrializados. Geração de energia elétrica, transportes e calefação continuam sendo as principais fontes de emissões de poluentes. Na indústria, o destaque é para a de cimento, com mais 230% de emissões desde 1992. E a notícia boa é de que do final da década de 90 até 2007 as emissões de CO2 por unidade de produto baixaram 23%, graças a novas tecnologias. De qualquer forma, a indústria ainda responde no mundo por 19% das emissões e só perde para a geração de energia (26%). O desmatamento emite 17% do total, ao lado da agricultura (14%) e do transporte (13%). O restante cabe ao consumo de energia em edifícios residenciais e comerciais (8%) e ao lixo e a práticas que levam ao desperdício de água (3%).

Os dez anos mais quentes da história da Terra foram de 1998 para cá. O aumento médio da temperatura tem sido de 0,2 grau por década. No extremo norte do planeta, a elevação é maior (3 graus) por causa do derretimento de gelos polares. O nível das águas oceânicas tem aumentado 2,5 milímetros por ano (1992-2011). A concentração de CO2 tem deixado a água mais ácida – o que pode afetar a biodiversidade, a pesca, o turismo. Outra questão séria está na redução de geleiras nas montanhas, já que um sexto da população mundial depende da água que delas escorre.

E que se vai fazer, lembrando que 1,44 bilhão de pessoas ainda não contam com energia elétrica e o suprimento dependerá (principalmente na Índia e na China) da queima de petróleo e carvão? As energias renováveis ainda são apenas 13% do total, apesar do investimento de US$ 211 bilhões no ano passado.

Mas, com todo esse panorama dramático, já se sabe que não haverá progressos na reunião da Convenção do Clima no final deste mês. Na reunião dos emergentes (Brics) em Pequim, no começo do mês, eles decidiram que não assumirão compromissos obrigatórios de redução de emissões, por entenderem que essa obrigação é dos 37 países industrializados – e estes alegam que sem os emergentes tudo seria inútil, pois estes já são os maiores emissores. E sem consenso não é possível acordo em convenção da ONU. Os Brics deram prioridade a uma prorrogação do Protocolo de Kyoto, mas Japão, Rússia, Austrália e outros países não concordam. E os Estados Unidos já estão fora.

Como se sairá do impasse?

Artigo originalmente publicado em O Estado de S.Paulo.

EcoDebate, 14/11/2011

Recomendamos acessar o Mapa da Emissão Carbono, disponível em http://www.estadao.com.br/especiais/mapa-da-emissao-de-carbono,19078.htm.

Lembramos que 50 % das emissões de carbono são gerados por apenas 13 % da população mundial, o que demosntra uma clara desigualdade na pegada ecológica de cada país e também de cada pessoa.

Cada brasileiro é responsável pela emissão de 10 toneladas de gás carbônico (CO2) por ano, em média. O número é duas vezes maior do que a média mundial. Os dados são da Rede-Clima, ligada ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“Somos o país em desenvolvimento com a maior média mundial”, disse Carlos Nobre, um dos coordenadores da Rede-Clima, num evento realizado pela Câmara dos Deputados, anterior a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), o qual aconteceu em dezembro de 2009, em Copenhague (Dinamarca).

A meta é de que a média mundial de emissão de CO2 seja de 1,2 tonelada por ano até 2050, para que a temperatura global não aumente 2 graus Celsius (°C). “Ela já subiu 0,8°C nos últimos 100 anos. Falta 1,2°C. Já chegamos muito próximo do limite”, disse Carlos Nobre.

A meta brasileira de redução dos gases é de 36,1% a 38,9%, até 2020.

As principais fontes mundiais de emissão de carbono são a queima de combustíveis fosseis, como o petróleo e o carvão.

No Brasil, a contribuição maior é pela degradação de ambientes naturais, como a destruição de florestas.

Fonte: CEA e Agencia Brasil

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“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

Apresentação

O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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