Uma cena rara. Setenta guardas municipais (dos 240 na ativa), com veículos (motos e carros), apoiados pela policia montada da Brigada Militar, reunidos numa Praça, com direito a interrupção do transito.
Poderia (deveria) ser para alguma ação de proteção ambiental, como estabelece a Lei Orgânica Municipal (LOM), no seu art. 256: “Compete ao Município, através de seus órgãos administrativos, da divisão ambiental da Guarda Municipal: preservar as áreas verdes do Município.”
Mas não era. Ao contrário, era para dar tranqüilidade ao inicio das obras de um shopping popular, cujo corte de algumas árvores era um procedimento “necessário”.
Era a Guarda Municipal de Pelotas/RS, na Praça do Pavão, também conhecida como dos enforcados e também conhecida como Cipriano Barcellos. Uma área verde importante da zona central da cidade, com árvores robustas e belas. Foi ontem, 12.06.12.
É a força do estado a serviço da desproteção ambiental, como costumeiramente presenciamos, notadamente quando o tema é arborização urbana.
É o governo usando seu Poder de Policia, o mesmo que não usa para livrar as áreas verdes da degradação, da ocupação ilegal e da privatização crescente.
É uma clara demonstração da visão de política ambiental municipal, justamente na Semana do Meio Ambiente e as vésperas da Rio + 20.
O CEA recebeu diversas ligações de pessoas preocupadas com a cena. Ligamos imediatamente para órgãos de fiscalização ambiental, como a 3ª. Cia Ambiental da Brigada Militar, a qual informou não possuir veículo para ocorrência, mas que tentariam atende-la e para a Secretaria Municipal de Qualidade Ambiental (SQA ), a qual informou que havia autorizado o corte.
Quem respeitará e quem fará valer as leis ambientais, mesmo que antropocêntricas, já que árvores na cidade é um benefício quase que exclusivo para os humanos?
Somente a partir das ONGs ambientalista/ecologistas e a sociedade civil não dirigida pelo mercado.
4 comentários
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junho 13, 2012 às 6:01 pm
Luiz Sergio Quintian Costa
É lamentável, que o poder público, que deveria dar o exemplo de proteção e preservação de flora e avifauna, destrói tudo sob quaisquer pretexto do “interesse público”. Ainda vivemos a “burrocracia total” enquanto a vida é tratada como coisa secundária. Há um discurso “blá-blá-blá” que não corresponde com a realidade. Ontem, 12 JUN 2012, na TV Globo, Programa do Jô, foi entrevistada a atual presidenta da Petrobrás. Ela falou bonito, com consciência de preservação do meio ambiente, mas sabemos, que, na real, frequentemente acontecem perfurações que se transformam em vazamentos que prejudicam mar e terra, derramamentos de petróleo no oceano e outras ações danosas durante o transporte do petróleo e distribuição de derivados. Sou terminantemente contra a poda, que mais aleja as árvores que deveriam crescer, livres e exuberar em graça e beleza, nos dando sombra, frutos, sementes, passarinhada cantando. Sou contra o corte das árvores nativas e das adaptadas, que estão entre nós há muitos anos. Os Desertos Verdes, extensas monoculturas de árvores que mais se prestam ao comércio mesquinho da ganancia dos brasileiros sem consciência que não têm cuidado pela terra que lhes deu a vida e os sustenta, são um capítulo à parte das tristezas destes tempos de “RIO + 20”, que só garante aos países ricos a continuação da exploração das terras e do povo pobre deste Brasil amado. É mais uma vez o teatro da enganação. Eram G8, agora são G20! “Eles” fazem de conta que se interessam pelo que nos importa, mas só realizam o que lhes interessa. Na época do descobrimento, chegaram aqui nos oferecendo espelhinhos e contas de vidro para trocar pelas nossas riquezas, depois na época da exploração e colonização continuaram nos engambelando (tolos que sempre fomos). Pois a exploração continua, exatamente por sermos a maior potência mundial em tudo que faz bem à vida. (quintian)
junho 14, 2012 às 6:23 pm
ONG Cea
Lamentavelmente é por ai. Mas precisamos seguir na luta ecológica, organizados e de forma coletiva.
Saudações Ecológicas
junho 16, 2012 às 12:09 pm
João Carlos Wallwitz
O COMPAM tem obrigação de interpelar a SQA sobre o ocorrido. No mínimo há que haver uma rigorosa medida compensatória
junho 17, 2012 às 1:42 am
gilda cozza
é mesmo estão destruindo nosso planeta nãopodemos deixar,não podemos nos calar