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A plantação de eucaliptos para a produção de celulose é uma das atividades mais agressivas para o meio-ambiente e para a sociedade. Assoreamento dos rios, dizimação das espécies nativas, concentração de terra, violência no campo, decadência da atividade pesqueira, trabalho semi-escravo, são apenas algumas das consequências desse grande negócio para exportação. Baixe em Torrent ou assista os demais AQUI
Apesar da qualidade de imagem não ser muito boa, trata-se de um dos filmes mais abrangentes sobre o assunto.

Fonte: DocVerdade

Um panorama das plantações industriais  de árvores no Sul global : Conflitos, tendências e lutas de resistência.

Contribuições de  Winfridus Overbeek, Markus Kröger e Julien-François Gerber

A humanidade enfrenta uma crise ambiental, econômica e climática que representa uma ameaça à sua sobrevivência. A destruição dos ecossistemas coloca em risco não apenas comunidades que dependem diretamente deles, mas também o planeta como um todo. Os centros de poder não têm questionado os imperativos de produção e consumo que são responsáveis por essa situação. Em vez disso, estão promovendo falsas soluções que possibilitam que os mesmos atores que criaram a crise continuem acumulando riqueza enquanto a maioria da população mundial vê seu padrão de vida se deteriorar.

Hoje em dia, assistimos à confluência de dois processos: a incorporação de novos aspectos da vida à economia de mercado e a financeirização da própria economia, incluindo a especulação com novas mercadorias “verdes”.

As sociedades capitalistas sempre se apropriaram da natureza, humana e não humana. Atualmente, está sendo desenvolvida uma série de produtos radicalmente novos para a venda: carbono, biodiversidade, água e assim por diante. Ao mesmo tempo, os mercados financeiros especulativos têm adquirido cada vez mais poder sobre o resto da economia e da vida, em resposta à crise capitalista que começou na década de 1970. Surge a Economia Verde, estimulada pela ONU e racionalizada pela alegação de que a única forma de garantir que a natureza seja preservada é lhe atribuir um preço. Como novos objetos de comércio e especulação, as chamadas mercadorias dos “serviços ambientais” são recrutadas como salvadoras de uma economia que continua centrada na pilhagem e na exploração.

Para atores que enriquecem por meio da financeirização da natureza – bancos, fundos de investimento, fundos de pensão, transnacionais – a Economia Verde significa nada mais do que novas oportunidades de negócios. Agindo em sintonia com grandes organizações conservacionistas, apropriam-se de processos da ONU, como as Convenções sobre Mudança Climática e Biodiversidade, usando-os para legitimar suas ações.

Preservar a natureza se torna um negócio, restringindo o acesso de comunidades locais a zonas e bens que são essenciais à sua sobrevivência. Os projetos de REDD e proto-REDD são um exemplo claro, como foi enfatizado em reuniões dos participantes na recente Cúpula Mundial da Rio+20.

Em muitos casos, os mesmos atores estão especulando com o “negócio da natureza” e enriquecendo com sua destruição. Ao mesmo tempo em que explora “serviços ambientais”, o capital financeiro também continua expandindo seus interesses em atividades destrutivas. Por exemplo, é cada vez mais comum que fundos de pensão ou de investimento de países do Norte invistam e especulem em grandes plantações monocultoras de árvores nos países do Sul. Os impactos negativos sobre os ecossistemas, a biodiversidade, as fontes de água e os meios de sobrevivência das comunidades locais têm sido amplamente demonstrados.

Este é um chamamento à unificação de nossas lutas para exigir que os governos deem início a um processo de desmantelamento da especulação e mercantilização da vida, de modo a ajudar a proteger as paisagens e os modos de subsistência da destruição e da desigualdade exacerbadas pela financeirização da vida.

É por isso que, como parte do Dia Internacional de Luta contra os Monocultivos de Árvores, em 21 de setembro, e às vésperas da Décima-Primeira Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, que será realizada na Índia, de 1º a 19 de outubro, estamos lançando esta carta aberta, exigindo que nossos governos interrompam a expansão das plantações de árvores em nossos territórios e assumam uma postura firme na Convenção, contra a crescente financeirização da natureza.

O que os povos indígenas costumam chamar de “o sagrado” não pode ter preço; deve ser defendido!

Para assinar esta carta, envie uma mensagem a letter-21-09-2012@wrm.org.uy incluindo seu nome, organização e país. A carta com assinaturas (atualizada periodicamente) estará disponível no http://www.wrm.org.uy/plantaciones/21_set/2012/inicio.html

O dia 21 de setembro está chegando! Gostaríamos de compartilhar três ações que requerem apoio internacional.
A primeira vem do Gabão. Como muitos países da África, o Gabão está enfrentando uma alarmante taxa de expansão das plantações de dendê e seringueiras. O governo deu à empresa Olam, sediada em Cingapura, 300.000 hectares de terra para estabelecer plantações monocultoras de árvores.
As comunidades locais não foram consultadas com relação ao processo e têm exigido do governo que respeite seus direitos à terra. As comunidades enviaram uma carta ao governo, na qual levantam suas preocupações. As demandas dessas comunidades precisam de apoio internacional!  A ação pode ser apoiada acessando AQUI
A segunda vem das Filipinas. Os povos indígenas (higaonons) e camponeses de Misamis Oriental, sul da Filipinas, estão lutando atualmente contra a concentração de terras causada pelas plantações industriais monocultoras de árvores, promovidas pela A Brown Company, Inc (ABCI). Desde o início das operações da plantação, os higaonons e outros moradores locais sofreram graves violações de direitos humanos, como expulsões, prisões ilegais, ataques aéreos e assédio.
Eles precisam de apoio internacional. As aldeias afetadas exigem que o governo filipino interrompa a concentração de terras e respeite os direitos humanos.  A ação pode ser apoiada acessando o link .
A terceira vem do Brasil. Organizações da sociedade civil estão denunciando a certificação FSC concedida pelo IMAFLORA, um organismo certificador brasileiro, às plantações monocultoras de árvores da Fibria Celulose SA. As demandas da organização são voltadas a apoiar a batalha social a ambiental levada a cabo pelas populações que sofrem os efeitos de projetos de plantação para produção de celulose, neste caso específico, os da empresa Fibria (ex-Aracruz Celulose).
A ação pode ser apoiada acessando AQUI
Por fim, se você ainda não aderiu à carta denunciando a financeirização da natureza, ainda pode fazê-lo aqui

Da série (des)informadno o leitor

por Cíntia Barenho

Já se vão uns sete anos desde que, o grande projeto para superar as décadas de estagnação econômica da Metade Sul – a plantação de monoculturas de eucaliptos – surgiu para tomar “conta do Pampa”. Projeto esse que não era somente voltado à produção de eucaliptos, mas também à produção de celulose (derivado do mesmo).

Eram três grandes projetos – da Aracruz, da Stora Enzo (Finlândia) e da Votorantim Celulose e Papel (VCP) – que pretendiam investir cerca de US$ 3,5 bilhões de dólares em sete anos, de forma socialmente responsável e ecológica (até áreas degradadas pretendiam recuperar).

Nos jornais gaúchos imperava a (des)informação comemorando os investimentos, nos quais as  manchetes destacavam: “A origem do Ouro Verde”, “O futuro à sombra das florestas”, “A metade sul depois das florestas”, “A polêmica Verde”. Num destes, considerado de maior circulação no RS, uma parágrafo fazia a seguinte menção:

“em tempos idos entre 2003 e 2006 nas discussões sobre o futuro da humanidade no Café Aquário, em Pelotas, ou à boca pequena entre as autoridades do Palácio Piratini, se tornou corriqueiro dizer que a metade sul iria virar floresta. Sabia-se que se tratava de uma metáfora, mas ainda havia dúvida sobre seu tamanho. O quanto os investimentos das gigantes da celulose Aracruz, Stora Enso e Votorantim seriam capazes de transformar em investimento ondulante e ralo do pampa gaúcho? Pois agora se sabe: é 4,5%” (ZH,2008)

Já se passaram esses sete anos, os jornais emudeceram, juntamente com os políticos locais, mas nós,  ecologistas, questionamos os porquês de tal silêncio. Onde está o progresso trazido pelo deserto verde? Onde está o desenvolvimento, os empregos, as mudanças sociais, a recuperação das áreas degradadas, a preservação e conservação da pampa em unidades de conservação?

De 2009 até os atuais dias, uma tal crise do capitalismo, confirmou o pensamento de Karl Marx, no qual afirmava “…tudo o que é sólido desmancha no ar…” . Sendo assim, a toda poderosa Aracruz foi a incorporada pela VCP, na qual transformou-se em Fibria. Logo após a Borregaard, que virou Riocel, que virou Aracruz, que virou Fibria, foi vendida pra um grupo chileno e tornou-se a Celulose Riograndense da Compañía Manufacturera de Papeles y Cartones (CMPC). Na Metade Sul a Fibria anunciou que pode vender Projeto Losango para reduzir dívida, como afirma a notícia “

A Fibria está estudando a venda de dois ativos considerados não-estratégicos: “…estamos tentando verificar se (o projeto) Losango tem atratividade para outros usos, como energia e cavaco para exportação”. A faixa de fronteira até agora não foi mudada, inclusive teve PEC arquivada, para tristeza da empresa finlandesa que buscava cumprir a lei, desde que essa, mudasse a seu favor.

Assim, nesse dia 21 de setembro – de Luta contra as Monoculturas de Árvores Exóticas- a luta ecológica segue, pois esses investimentos predatórios saíram do Pampa, e encontraram condições favoráveis no Mato Grosso do Sul, Maranhão, na Bahia. O Sul da Bahia segue sendo devastado pelo empresa Veracel Celulose no qual já é detentora de vastas áreas sobre comunidades quilombolas e indígenas. Inclusive as entidades locais estão com abaixo-assinado pedindo a anulação do processo de licenciamento da ampliação da Fábrica e da base florestal daquela empresa. E em outras áreas do mundo, povos e comunidades seguem também mobilizados e denunciando a degradação ecológica advindo da expansão das monoculturas de árvores, como o caso de Moçambique

Enfim, lutar contra essas monoculturas de árvores, no Ano Internacional das Florestas pela Organização das Nações Unidas (ONU), significa lutar pela biodiversidade dos ecossistemas, nos quais as florestas são entendidas como um sistema complexo, na qual as árvores são um dos elementos. Infelizmente a definição de “floresta” usada pela Food and Agriculture Organization (FAO) e o debate acerca do Código Florestal, agora no Senado Federal, nos  fazem seguir mobilizados lutando contra um monofuturo.

Cíntia Barenho é Mestre em Educação Ambiental, Bióloga e integrante da coordenação do Centro de Estudos Ambientais (CEA-Pelotas/RioGrande RS)

No Ano Internacional das Florestas
Vamos definir a floresta por seu verdadeiro significado
Este é um urso polar, mas isso não é o Polo Norte
Isso é água e peixes, mas não é o oceano
Estas são muitas árvores, mas não é uma floresta.
Você pode imaginar substituir o Polo Norte  /  com isso?
e substituir os oceanos / com isso?
A definição da FAO de “florestas”
permite que florestas sejam substitituidas / por estas árvores…
Plantações de árvores não são florestas.
Vamos definir florestas segundo seu verdadeiro significado
Diga ao mundo o que florestas significam para você

Convocatória urgente para acabar com o financiamento do estabelecimento de plantações de eucaliptos e pinheiros em Moçambique

A todos os interessados,

Em anos anteriores, a Diocese de Västerás, a Igreja Luterana da Suécia e a Igreja Luterana da Noruega têm estado investindo grandes quantias na expansão das plantações de monoculturas de pinheiros e eucaliptos no centro e no norte de Moçambique a través das empresas Chikweti Forests de Niassa, Tectona Forests de Zambezia, Ntacua Florestas de Zambezia e Florestas de Messangulo

Para financiar tais projetos em grande escala, a Diocese de Västerás na Suécia, a Igreja Luterana da Suécia e a Igreja Luterana da Noruega fundaram o “Global Solidarity Forest Fund – GSFF” (Fundo Florestal de Solidariedade Global). Esse fundo de capital privado com sede na Suécia é supostamente um fundo de investimento ético focalizado no estabelecimento de plantações madeireiras industriais no sul da África. O Fundo de Pensões holandês ABP e outras instituições também investiram nesse Fundo.

Contrariamente às declarações oficiais do GSFF, gostaríamos de chamar sua atenção para o fato de que muitas das plantações de monoculturas de árvores em questão são plantadas em terras agricultáveis férteis em áreas rurais, que é terra usada principalmente pelas comunidades locais -que têm o direito consuetudinário sobre estas terras- para agricultura de subsistência em pequena escala. Portanto, o uso dessa terra para agricultura é vital para a segurança alimentar dessas pessoas.

Além disso, as florestas estão sendo cortadas a uma taxa alarmante para deixar o caminho livre para as plantações de árvores, ocasionando um sério impacto na segurança alimentar e na biodiversidade dessas áreas.

Adicionalmente, os problemas com a água aumentaram após o estabelecimento das plantações de eucaliptos da Ntacua Florestas em 2008 devido ao consumo excessivo de água por parte dessas espécies exóticas- cada eucalipto consome no mínimo 50 litros de água ao dia. A disponibilidade de água na área rural de Moçambique, onde apenas um 42% da população tem acesso a fontes de água potável, é um recurso muito valioso e escasso que está piorando, conforme denunciado por vários membros de uma comunidade da província de Zambezia.

As plantações da Ntacua Florestas de Zambezia, contrariamente às promessas da companhia, não aumentam a segurança de trabalho nas áreas atingidas. Depois de desmatar a terra e plantar as árvores, há pouca necessidade de trabalhadores nas plantações, salvo para uns poucos guardas de segurança.

As poucas pessoas que são empregadas nas plantações- como no caso de Zambezia e Niassa- estão em péssimas condições de trabalho, por exemplo, recebem salários inumanos que estão geralmente por baixo do salário mínimo em Moçambique, carecem de meios de transporte adequados e existem enormes diferenças nas rendas e nas condições trabalhistas entre empregados “brancos” e “negros”. Quando são empregados, não têm tempo disponível para praticar a agricultura para suas famílias, o que afeta a segurança alimentar. É irresponsável que uma instituição religiosa, que deveria colocar especial ênfase em fatores sociais em todas suas operações, explore propositadamente as comunidades empobrecidas para obter lucros.

Com o estabelecimento dessas plantações madeireiras industriais em grande escala, as igrejas destroem a futura possibilidade da agricultura em pequena escala, devido à destruição de campos, os machambas, e à degradação maciça do solo causada pelas plantações de monoculturas. Isso é devastador para as comunidades afetadas, porque 80% da população economicamente ativa trabalha na agricultura e depende diretamente da lavoura de subsistência para sua alimentação e a de suas famílias. A falta de solução para esses problemas tem levado a situações extremas tais como os graves conflitos que ocorreram na província de Niassa onde agricultores irritados e desesperados destruíram as plantações de árvores.

Não houve a devida consulta com as comunidades locais. Na maioria dos casos, o processo de consulta pública tem sido apenas uma simulação. Em vez de informar as comunidades sobre as vantagens e a desvantagens das plantações madeireiras industriais, apenas disseram mentiras para as comunidades a respeito de que sua implementação levaria à segurança alimentar e à mitigação da pobreza. Em alguns casos, nem sequer foi pedida autorização às pessoas antes da plantação de árvores nas terras que elas utilizavam.

Em resumo, o estabelecimento de plantações nessas áreas terá terríveis conseqüências no longo prazo para a população local, tal como já ocorreu em outros países do Sul onde essas plantações foram estabelecidas, e como também ocorreu na vizinha África do Sul -devido à degradação de solo fértil, à seca dos recursos hídricos, à invasão das árvores de eucaliptos e pinheiros em campos adjacentes às plantações e à perda de meios de vida sustentáveis. A destruição em grande escala da vegetação indígena continuará tendo um grande impacto sobre a biodiversidade vital e o ecossistema integrado, e as comunidades já não se beneficiarão dos serviços naturais fornecidos pelas florestas indígenas.

Por essas razões, os objetivos estabelecidos das organizações financiadoras, que incluem reflorestamento, restabelecimento e manejo responsável não serão atingidos! Muito pelo contrário, as pessoas estão sendo privadas de sua terra com promessas vazias de geração de empregos e mitigação da pobreza. Enquanto isso, a frustração, a irritação e o desespero aumentam nas comunidades que já vêm sofrendo muito há décadas.

Não vemos o motivo que leva a instituições religiosas e outros fundos de investimento a investir o dinheiro de seus membros em projetos que exploram os mais pobres entre os pobres.

Portanto, exigimos uma finalização imediata ao apoio de mais estabelecimento e expansão de plantações de monoculturas de árvores em Moçambique. E solicitamos que as instituições responsáveis promovam o restabelecimento e a reabilitação da já afetada terra agricultável.

Atenciosamente,

Meio contraditório: fundos de pensão investindo em degradação?

Petros e Funcef serão sócios de donos do JBS em fábrica de celulose

Fundos de pensão terão 16.4% da empresa resultante da fusão entre a Eldorado Celulose e a empresa de reflorestamento Florestal

Os fundos de pensão Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica Federal) bateram o martelo e vão entrar como sócios na Eldorado, a fábrica de celulose que a família Batista, dona do frigorífico JBS, está construindo em Mato Grosso do Sul. A decisão foi tomada na semana passada, depois de um ano de negociação. Hoje, os parceiros se reúnem em São Paulo para preparar os documentos da nova empresa, como o acordo de acionistas e o estatuto social.

A nova composição acionária da Eldorado passa a ser a seguinte: a participação da J&F, holding da família Batista, cai de 75% para 58,6%; o empresário Mário Celso Lopes, que já era sócio, continua com os mesmos 25%; e Petros e Funcef passam a ter 8,2% da empresa cada um. A entrada dos fundos se dará por meio da fusão das operações da Eldorado com uma empresa de reflorestamento chamada Florestal, da qual já eram sócios.

“Ainda falta assinar os documentos, mas estamos satisfeitos com a maneira como entramos no negócio e o potencial que ele oferece”, diz Geraldo Aparecido da Silva, secretário-geral da presidência da Funcef. J&F e Petros preferiram não se manifestar.

Projetada para ser a maior fábrica de celulose do mundo, a planta da Eldorado está orçada em R$ 5,1 bilhões. Além do apoio dos dois fundos de pensão ligados a estatais, a empresa terá financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco vai emprestar R$ 2,7 bilhões, o equivalente a 53% do investimento total.

O apoio do BNDES à família Batista já é uma tradição. Ao longo dos últimos anos, o banco colocou cerca de R$ 10 bilhões – entre financiamentos e a compra de participações – no frigorífico JBS. Foi uma escolha que já rendeu várias críticas ao banco, que hoje tem uma participação de cerca de 30% na empresa.

Joesley Batista, presidente da holding da família, disse ao Estado no ano passado que as objeções ao apoio que o JBS tem recebido do BNDES são injustas e fruto de preconceito. Argumentou que o grupo recebe tratamento igual ao de outros grandes conglomerados nacionais.

Fusão. Funcef e Petros são parceiras da família Batista há algum tempo. Primeiro tornaram-se pequenos acionistas do frigorífico JBS. Dois anos atrás, compraram 49% da empresa de reflorestamento Florestal, controlada pelos Batista, por R$ 550 milhões. Agora, estão se associando aos donos do JBS também na Eldorado – porque a Eldorado está se fundindo com a Florestal.

A fusão das duas empresas foi uma exigência do BNDES para financiar o projeto. Pelo plano original, a Florestal seria fornecedora de eucalipto para a Eldorado, mas as duas seriam independentes. Só que o corpo técnico do banco entendeu que, para receber financiamento, a Eldorado precisaria ter controle sobre toda a cadeia de produção, do plantio de eucalipto à fabricação da celulose.

A Florestal tem como sócios a Petros, a Funcef, a família Batista e seu amigo Mário Celso – estes dois últimos, por sua vez, são os donos da Eldorado. Na Florestal, cada sócio tem cerca de 25% de participação. Por isso, para juntar as duas empresas, era preciso a aprovação dos fundos de pensão.

Como a Eldorado foi avaliada em cerca de R$ 2,5 bilhões e a Florestal, em R$ 1,1 bilhão, os fundos foram diluídos na empresa resultante da fusão: Petros e Funcef tinham juntos, 49% da empresa de reflorestamento, e agora terão 16,4% da nova empresa.

Durante a negociação, os Batista chegaram a propor que a Eldorado entrasse no negócio por R$ 5 bilhões, o que reduziria ainda mais a participação dos fundos na nova empresa. Eles não aceitaram.

A Eldorado terá capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano e tem previsão de começar a operar no final do próximo ano.

Fonte: O Estado de S.Paulo

Nem sei se a notícia deveria estar aqui, mas por esse extrato abaixo vale a pena…é o público ao bel prazer do privado degradador

“Apesar disso, é importante destacar que o Estado teve um papel decisivo no desenvolvimento do setor por meio de financiamentos e programas governamentais especiais e ainda continua participando ativamente das indústrias como um dos principais acionistas”, lembra Adriana.

As mudanças presenciadas com a reestruturação do setor de celulose e papel no Brasil, nos últimos 50 anos, influenciaram o desempenho das indústrias do setor, bem como seu mercado de trabalho. “Deve-se considerar que, dentro do setor, há segmentos distintos e suas estruturas e desempenhos não necessariamente tiveram evoluções iguais diante das transformações surgidas com o novo cenário marcado pela concorrência em escala global. Diante disso, é necessário analisar em separado os segmentos que compõem o setor e avaliar como eles se inter-relacionam e se comportam de modos distintos”, afirma a economista Adriana Estela Sanjuan Montebello.

Adriana acaba de defender a tese Configuração, reestruturação e mercado de trabalho no setor de celulose e papel no Brasil na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. Orientada pelo professor Carlos José Caetano Bacha, Adriana utilizou dados do Censo Industrial do IBGE, o Relatório Estatístico da Bracelpa, a Pesquisa Industrial Anual do IBGE, a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS e o Sistema ALICE-Web do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

De acordo com a pesquisa, o “Plano de Metas”, executado durante o governo Juscelino Kubstichek (1956 a 1961), foi fundamental no desenvolvimento do setor no país, com ênfase ao atendimento do mercado consumidor doméstico, sem ainda considerar as vantagens competitivas existentes no Brasil para implantar fábricas voltadas para a exportação.

Já nas décadas de 1990 e 2000, o setor de celulose e papel sofreu significativa reestruturação industrial com aumento das fusões e aquisições e mudanças na composição societária das empresas, bem como acusou aumento da entrada de investimentos do capital estrangeiro.

Impactos da reestruturação
A pesquisa também observou de que modo o desempenho dessas indústrias foi afetado pelas variáveis de estrutura de mercado e por variáveis de abertura comercial, considerando o período entre 1986 e 2007 e a partir dos parâmetros de margem preço-custo e lucro bruto. Os resultados indicaram que as indústrias do setor de celulose e papel estão mais vulneráveis à entrada e rivalidade de competidores potenciais, principalmente no caso de alguns segmentos que compõem as indústrias de papel e de artefatos de papel, em que aumentos na taxa de importação inibiram o aumento da lucratividade.

A pesquisa analisou a dinâmica do mercado de trabalho do setor de celulose e papel no período de 1996 a 2008. “Diferentemente dos trabalhos encontrados na literatura, este capítulo estimou uma equação de salário usando dados em painel, a fim de verificar quais variáveis afetaram os salários no período entre 1996 e 2007, considerando a indústria de celulose, a indústria de papéis e a indústria de artefatos de papéis separadamente”, explica Adriana.

Os dados apontam que o processo de globalização e reestruturação industrial trouxeram alterações significativas no mercado de trabalho do setor como um todo. Entretanto, tais mudanças e implicações ocorreram de forma diferenciada dentro do setor de celulose e papel. Enquanto o emprego cresceu na indústria de artefatos de papéis (mais voltada ao mercado doméstico e menos intensiva em capital), diminuiu na indústria de celulose (mais voltada ao mercado externo e mais intensiva em capital). “Essa última indústria, juntamente com a de papéis, é de fluxo contínuo, exigindo maior flexibilidade de horário de trabalho, o que a leva a empregar mais trabalhadores masculinos e menos jovens do que a indústria de artefatos de papéis.

O trabalho também avaliou quais variáveis afetaram os salários no período entre 1996 e 2007, considerando a indústria de celulose, a indústria de papéis e a indústria de artefatos de papéis. Constatou-se que 1% de aumento da escolaridade formal implica 2,3% de aumento de salário. O aumento de 1% na proporção de mulheres em relação aos homens reduz em 0,43% os salários. E o aumento de 1% no grau de abertura da economia reduz em 0,32% os salários.

Competitividade
A tese mostrou que, apesar da saída do Estado do setor de celulose e papel, principalmente, a partir da década de 1990, com a abertura da economia, o setor caminha por meio da articulação entre o capital privado e estrangeiro, o que implicou em movimentos de reestruturação societária e produtiva nos últimos anos.

“Apesar disso, é importante destacar que o Estado teve um papel decisivo no desenvolvimento do setor por meio de financiamentos e programas governamentais especiais e ainda continua participando ativamente das indústrias como um dos principais acionistas”, lembra Adriana.

Mais informações: (19) 3447-8613 ou e-mail acom@esalq.usp.br na Assessoria de Comunicação da Esalq

(Por Caio Albuquerque, Assessoria de Comunicação da Esalq, 18/02/2011)

Por Patricia Grinberg

As audiências públicas sobre a duplicação da fábrica e dos plantios de eucaliptos da corporação Veracel Celulose se realizarão na semana próxima no Extremo Sul  e no Sudoeste da Bahia, uma região que caso o projeto for licenciado pelo governo do Estado corre o risco de sofrer um grande impacto ambiental e social em troca de um insignificante aumento dos empregos permanentes da empresa.

O plano apresentado pela empresa propõe a expansão dos plantios de eucaliptos a outros sete municípios, ademais dos dez atuais, onde já existem 100 mil  hectares plantadas.  Enquanto a produção de celulose, a denominada Veracel II planeja produzir 1.500.000 toneladas por ano, adicionadas ao 1.046.000 toneladas atuais, consolidando-se assim como a maior fabrica de celulose do mundo.

Aumento do preço das terras, diminuição de terras disponíveis para Reforma Agrária e agricultura familiar, aumento do preço dos alimentos básicos, inchaço demográfica pela atração de trabalhadores  na fase de construção da nova fabrica (8000 no total) e sobrecarga dos serviços de saúde, saneamento, segurança, educação e transporte, sobrecarga de caminhões nas estradas do entorno da fabrica, duplicação dos efluentes e captação de água no rio Jequitinhonha, descaracterização das regiões cacaueira do litoral sul e agropecuária e leiteira do sudoeste baiano (Itapetinga), multiplicação do uso de round up(glifosato) nas novas áreas de cultivo, grande crescimento  demográfico e descaracterização dos povoados do entorno da fabrica (Ponto Central, Barrolandia) são alguns dos efeitos sócias da eventual duplicação, segundo  dados do próprio Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) da empresa, realizado pela consultora CEPEMAR.

Isso tudo, sem considerar os impactos especificamente ambientais de pressão sobre a Mata Atlântica no Extremo Sul da BA, área de maiores remanescentes deste  bioma, e cenário da mais rica biodiversidade brasileira e uma das mais significativas do planeta.

Atualmente, a Veracel abrange os municípios de Eunápolis, Canavieiras, Belmonte, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Mascote, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália. A proposta da empresa, pendente de licenciamento dos órgãos ambientais estaduais e federais, é expandir as plantações a Encruzilhada, Itapetinga, Itarantim, Macarani, Maiquinique, Potiraguá e Santa Luzia.

O município de Santa Luzia não autorizou o plantio de eucaliptos no seu território, e por tanto a empresa propõe dividir entre os municípios restantes o que estava previsto  plantar, segundo informaram a  esta reportagem fontes da Veracel.

Outra polêmica foi criada pela decisão do INEMA (Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da BA) de organizar audiências publicas somente em quatro municípios. A Prefeitura de Santa Cruz Cabrália, através da sua Secretaria de Meio Ambiente, solicitou que as audiências se realizassem em todos os municípios envolvidos no projeto.  O pedido foi encaminhado ao INEMA pelo promotor Marcio, do NUMA /Núcleo da Mata Atlântica)  do MP, no dia 2 de agosto passado.

PERGUNTAS SEM RESPOSTA
O órgão que tem a potestade de licenciar ou não a duplicação é o INEMA, que em junho passado organizou nos municípios envolvidos pelo empreendimento a chamada I Oficina Preparatória para a Audiência Publica, comprometendo-se na ocasião a realizar uma segunda oficina previa as audiências.

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“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

Apresentação

O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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