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Chegamos, mais uma vez, ao dia 21 de setembro: Dia Internacional Contra os Monocultivos de Árvores. Você sabe o que significa o monocultivo e quais são as implicações socioambientais dessa prática? A monocultura é uma prática industrial, ou seja, não tem como finalidade abastecer diretamente à população – eu e você –, mas às grandes indústrias. Isso faz com que as monoculturas cresçam exponencialmente, uma vez que as indústrias – as quais demandam matéria prima em grande escala – também crescem em uma velocidade absolutamente insustentável com o objetivo de “dar conta” de uma demanda descontrolada, criada pelas próprias corporações para “escoar” seus produtos. No centro desse círculo vicioso, está o modo de produção e consumo, criado e mantido com a intenção de não deixar a roda da produção parar. Por exemplo, 59% da celulose produzida no Brasil é exportada[1], 49,4% do papel produzido no Brasil é destinado para embalagens. Além disso, no mundo, 20% das correspondências[2] é publicidade impressa, e, como sabemos, vai direto para o lixo. Toda publicidade em pilhas e pilhas de papel reflete pilhas e pilhas de produtos devidamente embalados. Ao passo que esses produtos são desenvolvidos a partir da lógica da obsolescência programada – ou seja, com um tempo limite de durabilidade que garanta a substituição em um tempo longo o suficiente para que o consumidor não se sinta prejudicado pela compra, porém curto o bastante para garantir o resgate do investimento feito pela indústria na produção desses produtos –, é impossível sustentar o atual modo de produção e consumo sem inviabilizar a própria vida no planeta.

Neste 21 de setembro, no bioma Pampa, aqui no Rio Grande do Sul,  cresce a extensão de terras cultivadas  com eucalipto para celulose, destinados a suprir as “necessidades” de grandes corporações extrativas. Ao defenderem seus interesses, essas empresas fazem uso da força – principal razão de episódios de extrema violência no campo. A truculência na defesa do interesse econômico expõe a urgência de se fazer um alerta: o desrespeito crescente e, cada vez mais legitimado política e socialmente, aos direitos fundamentais dos cidadãos. Seja através do uso da força não institucional como as seguranças privadas, seja com o uso do poder institucional como a polícia, as corporações conseguem legitimar suas ações ao inserirem seus interesses privados e específicos na pauta dos interesses públicos. Dessa forma, a população é induzida a crer que a consumação dos interesses das corporações – tidos como públicos – significa um avanço para a sociedade como um todo. O resultado disso é termos as pessoas que defendem uma outra forma de lidar com essa situação – observando o princípio de igual consideração de interesses de todos os sujeitos afetados por essas ações – serem criminalizados ou invisibilizados e vistos como entraves ao “desenvolvimento social”, porém, na realidade, pela perspectiva das corporações, não se está falando em desenvolvimento social, mas sim, em desenvolvimento puramente econômico. A aprovação do novo Código Florestal é um exemplo emblemático dessa lógica perversa, afinal não são as leis ambientais que querem prejudicar as corporações como é alegado; mas as leis são feitas com a intenção de proteger a sociedade. Isso quer dizer que, quando as corporações defendem que a legislação ambiental é um “entrave” ao “desenvolvimento”, na verdade, estão indo contra a proteção que essas leis dão à sociedade na tentativa de dirimir danos ambientais e assegurar o direito ao meio ambiente saudável.

Mais do que isso, as corporações, compradoras de imensos territórios, além de degradarem o meio ambiente, impactarem fauna e flora desses lugares em função do uso intensivo de agrotóxicos e outras práticas predatórias, também acabam gerando graves conflitos com as populações que, historicamente, residem nessas áreas. No Chile, por exemplo, o Povo Mapuche (etnia ancestral chilena) trava uma guerra sangrenta pelo direito de permanecer em suas terras, as quais, infelizmente, entraram na rota dos interesses da CMPC – aqui, Celulose Riograndense. Você até pode se questionar sobre o que a Celulose RIOGRANDENSE faz se envolvendo em conflitos com populações ancestrais no Chile; mas, o correto seria perguntar o que uma corporação de capital chileno faz se envolvendo na degradação do Pampa sul riograndense. Se os limites à ganância não são dados pelas fronteiras dos territórios, muito menos o seriam pela limitação de um bioma como o Pampa, que, afinal, seria só mais um dos tantos biomas que a CMPC e outras transnacionais da celulose impactam pela América Latina e outras partes do mundo.  Os limites são tão frágeis que a CMPC, não contente com a selvageria posta em curso no Chile, este mês, [às vésperas do Dia Internacional Contra os Monocultivos de Árvores] adquiriu 100 mil hectares do Pampa gaúcho de outra gigante da celulose, a Fíbria (união entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel). O certo é que nossos governos parecem não pensar nos efeitos presentes e futuros dessa incorporação de territórios, ou, se pensam, as conclusões a que chegam são diferentes das nossas; ou, talvez, o pensar dos nossos governos não esteja alinhado com os reais interesses públicos.

 

Porto Alegre, 21 de setembro de 2012

ASSINAM ESTA CARTA:

Amigos da Terra Brasil

Centro de Estudos Ambientais (CEA)

Casatierra

Catarse

Econsciência

Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas


[2] Environmental Paper Network – www.environmentalpaper.org.

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A plantação de eucaliptos para a produção de celulose é uma das atividades mais agressivas para o meio-ambiente e para a sociedade. Assoreamento dos rios, dizimação das espécies nativas, concentração de terra, violência no campo, decadência da atividade pesqueira, trabalho semi-escravo, são apenas algumas das consequências desse grande negócio para exportação. Baixe em Torrent ou assista os demais AQUI
Apesar da qualidade de imagem não ser muito boa, trata-se de um dos filmes mais abrangentes sobre o assunto.

Fonte: DocVerdade

Um panorama das plantações industriais  de árvores no Sul global : Conflitos, tendências e lutas de resistência.

Contribuições de  Winfridus Overbeek, Markus Kröger e Julien-François Gerber

A humanidade enfrenta uma crise ambiental, econômica e climática que representa uma ameaça à sua sobrevivência. A destruição dos ecossistemas coloca em risco não apenas comunidades que dependem diretamente deles, mas também o planeta como um todo. Os centros de poder não têm questionado os imperativos de produção e consumo que são responsáveis por essa situação. Em vez disso, estão promovendo falsas soluções que possibilitam que os mesmos atores que criaram a crise continuem acumulando riqueza enquanto a maioria da população mundial vê seu padrão de vida se deteriorar.

Hoje em dia, assistimos à confluência de dois processos: a incorporação de novos aspectos da vida à economia de mercado e a financeirização da própria economia, incluindo a especulação com novas mercadorias “verdes”.

As sociedades capitalistas sempre se apropriaram da natureza, humana e não humana. Atualmente, está sendo desenvolvida uma série de produtos radicalmente novos para a venda: carbono, biodiversidade, água e assim por diante. Ao mesmo tempo, os mercados financeiros especulativos têm adquirido cada vez mais poder sobre o resto da economia e da vida, em resposta à crise capitalista que começou na década de 1970. Surge a Economia Verde, estimulada pela ONU e racionalizada pela alegação de que a única forma de garantir que a natureza seja preservada é lhe atribuir um preço. Como novos objetos de comércio e especulação, as chamadas mercadorias dos “serviços ambientais” são recrutadas como salvadoras de uma economia que continua centrada na pilhagem e na exploração.

Para atores que enriquecem por meio da financeirização da natureza – bancos, fundos de investimento, fundos de pensão, transnacionais – a Economia Verde significa nada mais do que novas oportunidades de negócios. Agindo em sintonia com grandes organizações conservacionistas, apropriam-se de processos da ONU, como as Convenções sobre Mudança Climática e Biodiversidade, usando-os para legitimar suas ações.

Preservar a natureza se torna um negócio, restringindo o acesso de comunidades locais a zonas e bens que são essenciais à sua sobrevivência. Os projetos de REDD e proto-REDD são um exemplo claro, como foi enfatizado em reuniões dos participantes na recente Cúpula Mundial da Rio+20.

Em muitos casos, os mesmos atores estão especulando com o “negócio da natureza” e enriquecendo com sua destruição. Ao mesmo tempo em que explora “serviços ambientais”, o capital financeiro também continua expandindo seus interesses em atividades destrutivas. Por exemplo, é cada vez mais comum que fundos de pensão ou de investimento de países do Norte invistam e especulem em grandes plantações monocultoras de árvores nos países do Sul. Os impactos negativos sobre os ecossistemas, a biodiversidade, as fontes de água e os meios de sobrevivência das comunidades locais têm sido amplamente demonstrados.

Este é um chamamento à unificação de nossas lutas para exigir que os governos deem início a um processo de desmantelamento da especulação e mercantilização da vida, de modo a ajudar a proteger as paisagens e os modos de subsistência da destruição e da desigualdade exacerbadas pela financeirização da vida.

É por isso que, como parte do Dia Internacional de Luta contra os Monocultivos de Árvores, em 21 de setembro, e às vésperas da Décima-Primeira Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, que será realizada na Índia, de 1º a 19 de outubro, estamos lançando esta carta aberta, exigindo que nossos governos interrompam a expansão das plantações de árvores em nossos territórios e assumam uma postura firme na Convenção, contra a crescente financeirização da natureza.

O que os povos indígenas costumam chamar de “o sagrado” não pode ter preço; deve ser defendido!

Para assinar esta carta, envie uma mensagem a letter-21-09-2012@wrm.org.uy incluindo seu nome, organização e país. A carta com assinaturas (atualizada periodicamente) estará disponível no http://www.wrm.org.uy/plantaciones/21_set/2012/inicio.html

O dia 21 de setembro está chegando! Gostaríamos de compartilhar três ações que requerem apoio internacional.
A primeira vem do Gabão. Como muitos países da África, o Gabão está enfrentando uma alarmante taxa de expansão das plantações de dendê e seringueiras. O governo deu à empresa Olam, sediada em Cingapura, 300.000 hectares de terra para estabelecer plantações monocultoras de árvores.
As comunidades locais não foram consultadas com relação ao processo e têm exigido do governo que respeite seus direitos à terra. As comunidades enviaram uma carta ao governo, na qual levantam suas preocupações. As demandas dessas comunidades precisam de apoio internacional!  A ação pode ser apoiada acessando AQUI
A segunda vem das Filipinas. Os povos indígenas (higaonons) e camponeses de Misamis Oriental, sul da Filipinas, estão lutando atualmente contra a concentração de terras causada pelas plantações industriais monocultoras de árvores, promovidas pela A Brown Company, Inc (ABCI). Desde o início das operações da plantação, os higaonons e outros moradores locais sofreram graves violações de direitos humanos, como expulsões, prisões ilegais, ataques aéreos e assédio.
Eles precisam de apoio internacional. As aldeias afetadas exigem que o governo filipino interrompa a concentração de terras e respeite os direitos humanos.  A ação pode ser apoiada acessando o link .
A terceira vem do Brasil. Organizações da sociedade civil estão denunciando a certificação FSC concedida pelo IMAFLORA, um organismo certificador brasileiro, às plantações monocultoras de árvores da Fibria Celulose SA. As demandas da organização são voltadas a apoiar a batalha social a ambiental levada a cabo pelas populações que sofrem os efeitos de projetos de plantação para produção de celulose, neste caso específico, os da empresa Fibria (ex-Aracruz Celulose).
A ação pode ser apoiada acessando AQUI
Por fim, se você ainda não aderiu à carta denunciando a financeirização da natureza, ainda pode fazê-lo aqui

por Cíntia Barenho

Hoje um tal 20 de setembro onde gauchit@s saem as ruas para comemorar uma dita revolução farroupilha (sugiro ler “A invenção do ‘gaúcho’ e a maldição conservadora no RS”), cabe lembrar que o RS está sendo sistematicamente tomado pelas multinacionais que pouco querem valorizar o Rio Grande (seja a cultura, seja a nossa ecologia).

O Bioma Pampa desde 2003 vem sofrendo, não uma valorização – apenas 39% de sua área total ainda é constituída por remanescentes de campos naturais e apenas 0,46% protegido em Unidades de Conservação – mas sim uma apropriação por empresas transnacionais, de capital estrangeiro.

A vastidão do Pampa, seu relevo, suas características tão cantada em canções gauchescas, devido a ofensiva das papeleiras/pasteiras,  está dando lugar a imensas monoculturas de eucaliptos, a grandes desertos verdes.

Até que tal ofensiva havia sido reduzida, fruto da luta e resistência local, mas também devido a crise do capitalismo. Por conta da crise e de estripulias no mercado financeiro, a fábrica da Aracruz foi incorporada a Votorantim, transformando-se em Fibria, mas que logo em seguida foi comprada pela empresa Chilena CMPC (Companhia Manufatureira de Papeis e Cartões). Assim a grande “promessa” do desenvolvimento do RS foi para a CMPC.

 Agora a ofensiva papeleira volta a ser notícia, quando é anunciado que o grupo chileno, que aqui no RS usa o nome fantasia de Celulose RioGrandense, comprou  de cerca de 100 mil hectares monocultura de eucalipto por 302 milhões de dólares. Infelizmente o Pampa foi posto a venda sem conhecimento dos gaúchos e gaúchas.

Notícia na “rua”, aparece gente saudando tal ação, como se o tal progresso advindo dos desertos verdes tivesse de fato chegado. Veja link1, link2

Para quem não sabe, o Pampa agora pode ser vendido (não podia), infelizmente, porque o Congresso Nacional aprovou a compra de terra por estrangeiros (empresas brasileiras controladas por estrangeiros).  Vibra a empresa chilena e empresa sueco-finlandesa Stora Enso, que se utilizou de laranjas para comprar terras no RS, mas terras em faixa de fronteira.  A Stora Enso já havia obtido aval para legalizar o que adquiriu ilegalmente na faixa de fronteira. No entanto, cabe destacar que tais faixas, também em discussão, no congresso nacional,  capitaneados por deputados gaúchos, que querem reduzi-lá e beneficiar empresas estrangeiras.

Como se não bastasse, além de encher o Pampa de eucalipto, querem seguir envenenando o RS com agrotóxicos!

Há uma ofensiva das empresas multinacionais de agrotóxicos sobre o RS, afim de reverter a vanguardista lei dos Agrotóxicos, criada em 1982. Tal vanguarda está beirando o retrocesso já que entrará a qualquer momento na ordem do dia de votações da Assembleia Legislativa, o PL 78/2012, de autoria do deputado Ronaldo Santini (PTB) que pretende autorizar o uso de agrotóxicos banidos aqui no RS.  Sobre a pretensa desculpa de que nossa lei prejudica os agricultores gaúchos, deputados do PTB, PMDB, PP, PC do B, PSDB, PSB deram o aval ao PL que quer nos envenenar ainda mais. Será que os tais 5,2 litros de agrotóxicos, média consumida por cada brasileiro, já não é suficiente? Será que progresso e o desenvolvimento da agricultura precisa manter-se fomentando o oligopólio das empresas transnacionais de agrotóxicos e sementes e a submissão dos agricultores às vontades empresariais?

Quantos 20 de setembro mais teremos que seguir cultuando um tradicionalismo calcado na monocultura, no latifúndio e no uso indiscriminado dos agrotóxicos? Prefiro um 21 de setembro, dia internacional de luta e resistência aos desertos verdes, e 3 de dezembro, dia internacional do não uso de agrotóxicos.

Quando será que teremos o tal Rio Grande do Sul onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor?

Se aproxima do dia 21 de setembro, , e somos supreendidos com tal notícia. Na verdade começa a ficar um pouco mais esclarecido o destino dos desertos verdes no Pampa. Felizmente tal Bioma não é o mais o local de excelência para a ampliação dos desertos verdes, seja por conta da crise, seja por conta de toda luta e resistência feita por nós. 

No entanto, a luta e resistência segue, uma vez que o governo estadual não tem cumprido o Zoneamento Ambiental da Silvicultura (ZAS), bem como exigido prazos para regularização das áreas com plantios de eucaliptos  junto à FEPAM. Pelo jeito a CMPC está pouco preocupada com tal situação, até porque recentemente, foi noticiado que o governo do Estado vai apoiar ampliação da Celulose Riograndense

Para quem não lembra,  a CMPC Celulose Riograndense (empresa chilena apesar da pinta gaúcha), adquiriu, em dez/2012, a fábrica de celulose que pertencia à Fibria – união entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel – em Guaíba (RS).

Para quem pouco conhece a tal CMPC, seu dono, o bilionário Eliodoro Matte, acumula sua fortuna às custas do expansão dos desertos verdes sobre o território ancestral do Povo Mapuche (maior etnia originária chilena). No Chile a luta e resistência é forte, apesar do governo chileno invocar lei antiterrorista (lei 18.314), promulgada durante a ditadura militar de Pinochet, para reprimir tal luta.  Sistematicamente tem ocorrido uma onda de incêndios “florestais” (Chile: incêndios e repressão, o legado do modelo florestal), nos quais os Mapuches estão sendo acusados de serem os criminosos, mas ja há indícios da empresa querer recorrer ao seguro (aguardando material para publicação), por causa da atual crise.

Grupo chileno anuncia compra de parte de floresta (monocultura de eucalipto) no Rio Grande do Sul

O valor da negociação, firmada entre a CMPC com a a Fibria Celulose, será de 302 milhões de dólares

O grupo florestal e industrial chileno CMPC (Companhia Manufatureira de Papeis e Cartões) anunciou nesta segunda-feira (10/09) a compra de cerca de 100 mil hectares de floresta (monocultura de eucalipto) brasileira por 302 milhões de dólares.

A área adquirida pela CMPC fica localizada no Rio Grande do Sul e tem 38 mil hectares de plantação de eucaliptos.

Os termos da negociação, realizada com a carioca Fibria Celulose, permitem que a empresa administre e explore a região como achar melhor. Cerca de 1.300 hectares também foram arrendados de pequenos proprietários locais.

Em nota enviada à Superintendência de Valores e Seguros chilena, a companhia destacou que a concretização do negócio ainda depende da aprovação de autoridades competentes do governo brasileiro, no caso o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Para emitir sua decisão sobre vendas de terras a empresas estrangeiras, a entidade avalia a porcentagem de capital nacional da companhia e o tamanho do terreno em relação ao município.

“A CMPC Riograndense [um dos braços da companhia] assinou este acordo com o objetivo de completar as necessidades de madeira para a sua indústria de celulose e especialmente para o projeto Guaíba Linha II, atualmente em estudo e que se refere à construção de uma nova linha de produção de celulose.”

Dessa maneira, a companhia investe em seu plano de expansão no Brasil, um dos sete países onde atua na América Latina, além do Chile.

A Fibria Celulose, por sua vez, também emitiu comunicado sobre o assunto por meio da BM&FBov. Fonte: OperaMundi

Saiba mais sobre os Desertos Verdes no Pampa AQUI

Da série (des)informadno o leitor

por Cíntia Barenho

Já se vão uns sete anos desde que, o grande projeto para superar as décadas de estagnação econômica da Metade Sul – a plantação de monoculturas de eucaliptos – surgiu para tomar “conta do Pampa”. Projeto esse que não era somente voltado à produção de eucaliptos, mas também à produção de celulose (derivado do mesmo).

Eram três grandes projetos – da Aracruz, da Stora Enzo (Finlândia) e da Votorantim Celulose e Papel (VCP) – que pretendiam investir cerca de US$ 3,5 bilhões de dólares em sete anos, de forma socialmente responsável e ecológica (até áreas degradadas pretendiam recuperar).

Nos jornais gaúchos imperava a (des)informação comemorando os investimentos, nos quais as  manchetes destacavam: “A origem do Ouro Verde”, “O futuro à sombra das florestas”, “A metade sul depois das florestas”, “A polêmica Verde”. Num destes, considerado de maior circulação no RS, uma parágrafo fazia a seguinte menção:

“em tempos idos entre 2003 e 2006 nas discussões sobre o futuro da humanidade no Café Aquário, em Pelotas, ou à boca pequena entre as autoridades do Palácio Piratini, se tornou corriqueiro dizer que a metade sul iria virar floresta. Sabia-se que se tratava de uma metáfora, mas ainda havia dúvida sobre seu tamanho. O quanto os investimentos das gigantes da celulose Aracruz, Stora Enso e Votorantim seriam capazes de transformar em investimento ondulante e ralo do pampa gaúcho? Pois agora se sabe: é 4,5%” (ZH,2008)

Já se passaram esses sete anos, os jornais emudeceram, juntamente com os políticos locais, mas nós,  ecologistas, questionamos os porquês de tal silêncio. Onde está o progresso trazido pelo deserto verde? Onde está o desenvolvimento, os empregos, as mudanças sociais, a recuperação das áreas degradadas, a preservação e conservação da pampa em unidades de conservação?

De 2009 até os atuais dias, uma tal crise do capitalismo, confirmou o pensamento de Karl Marx, no qual afirmava “…tudo o que é sólido desmancha no ar…” . Sendo assim, a toda poderosa Aracruz foi a incorporada pela VCP, na qual transformou-se em Fibria. Logo após a Borregaard, que virou Riocel, que virou Aracruz, que virou Fibria, foi vendida pra um grupo chileno e tornou-se a Celulose Riograndense da Compañía Manufacturera de Papeles y Cartones (CMPC). Na Metade Sul a Fibria anunciou que pode vender Projeto Losango para reduzir dívida, como afirma a notícia “

A Fibria está estudando a venda de dois ativos considerados não-estratégicos: “…estamos tentando verificar se (o projeto) Losango tem atratividade para outros usos, como energia e cavaco para exportação”. A faixa de fronteira até agora não foi mudada, inclusive teve PEC arquivada, para tristeza da empresa finlandesa que buscava cumprir a lei, desde que essa, mudasse a seu favor.

Assim, nesse dia 21 de setembro – de Luta contra as Monoculturas de Árvores Exóticas- a luta ecológica segue, pois esses investimentos predatórios saíram do Pampa, e encontraram condições favoráveis no Mato Grosso do Sul, Maranhão, na Bahia. O Sul da Bahia segue sendo devastado pelo empresa Veracel Celulose no qual já é detentora de vastas áreas sobre comunidades quilombolas e indígenas. Inclusive as entidades locais estão com abaixo-assinado pedindo a anulação do processo de licenciamento da ampliação da Fábrica e da base florestal daquela empresa. E em outras áreas do mundo, povos e comunidades seguem também mobilizados e denunciando a degradação ecológica advindo da expansão das monoculturas de árvores, como o caso de Moçambique

Enfim, lutar contra essas monoculturas de árvores, no Ano Internacional das Florestas pela Organização das Nações Unidas (ONU), significa lutar pela biodiversidade dos ecossistemas, nos quais as florestas são entendidas como um sistema complexo, na qual as árvores são um dos elementos. Infelizmente a definição de “floresta” usada pela Food and Agriculture Organization (FAO) e o debate acerca do Código Florestal, agora no Senado Federal, nos  fazem seguir mobilizados lutando contra um monofuturo.

Cíntia Barenho é Mestre em Educação Ambiental, Bióloga e integrante da coordenação do Centro de Estudos Ambientais (CEA-Pelotas/RioGrande RS)

No Ano Internacional das Florestas
Vamos definir a floresta por seu verdadeiro significado
Este é um urso polar, mas isso não é o Polo Norte
Isso é água e peixes, mas não é o oceano
Estas são muitas árvores, mas não é uma floresta.
Você pode imaginar substituir o Polo Norte  /  com isso?
e substituir os oceanos / com isso?
A definição da FAO de “florestas”
permite que florestas sejam substitituidas / por estas árvores…
Plantações de árvores não são florestas.
Vamos definir florestas segundo seu verdadeiro significado
Diga ao mundo o que florestas significam para você

Convocatória urgente para acabar com o financiamento do estabelecimento de plantações de eucaliptos e pinheiros em Moçambique

A todos os interessados,

Em anos anteriores, a Diocese de Västerás, a Igreja Luterana da Suécia e a Igreja Luterana da Noruega têm estado investindo grandes quantias na expansão das plantações de monoculturas de pinheiros e eucaliptos no centro e no norte de Moçambique a través das empresas Chikweti Forests de Niassa, Tectona Forests de Zambezia, Ntacua Florestas de Zambezia e Florestas de Messangulo

Para financiar tais projetos em grande escala, a Diocese de Västerás na Suécia, a Igreja Luterana da Suécia e a Igreja Luterana da Noruega fundaram o “Global Solidarity Forest Fund – GSFF” (Fundo Florestal de Solidariedade Global). Esse fundo de capital privado com sede na Suécia é supostamente um fundo de investimento ético focalizado no estabelecimento de plantações madeireiras industriais no sul da África. O Fundo de Pensões holandês ABP e outras instituições também investiram nesse Fundo.

Contrariamente às declarações oficiais do GSFF, gostaríamos de chamar sua atenção para o fato de que muitas das plantações de monoculturas de árvores em questão são plantadas em terras agricultáveis férteis em áreas rurais, que é terra usada principalmente pelas comunidades locais -que têm o direito consuetudinário sobre estas terras- para agricultura de subsistência em pequena escala. Portanto, o uso dessa terra para agricultura é vital para a segurança alimentar dessas pessoas.

Além disso, as florestas estão sendo cortadas a uma taxa alarmante para deixar o caminho livre para as plantações de árvores, ocasionando um sério impacto na segurança alimentar e na biodiversidade dessas áreas.

Adicionalmente, os problemas com a água aumentaram após o estabelecimento das plantações de eucaliptos da Ntacua Florestas em 2008 devido ao consumo excessivo de água por parte dessas espécies exóticas- cada eucalipto consome no mínimo 50 litros de água ao dia. A disponibilidade de água na área rural de Moçambique, onde apenas um 42% da população tem acesso a fontes de água potável, é um recurso muito valioso e escasso que está piorando, conforme denunciado por vários membros de uma comunidade da província de Zambezia.

As plantações da Ntacua Florestas de Zambezia, contrariamente às promessas da companhia, não aumentam a segurança de trabalho nas áreas atingidas. Depois de desmatar a terra e plantar as árvores, há pouca necessidade de trabalhadores nas plantações, salvo para uns poucos guardas de segurança.

As poucas pessoas que são empregadas nas plantações- como no caso de Zambezia e Niassa- estão em péssimas condições de trabalho, por exemplo, recebem salários inumanos que estão geralmente por baixo do salário mínimo em Moçambique, carecem de meios de transporte adequados e existem enormes diferenças nas rendas e nas condições trabalhistas entre empregados “brancos” e “negros”. Quando são empregados, não têm tempo disponível para praticar a agricultura para suas famílias, o que afeta a segurança alimentar. É irresponsável que uma instituição religiosa, que deveria colocar especial ênfase em fatores sociais em todas suas operações, explore propositadamente as comunidades empobrecidas para obter lucros.

Com o estabelecimento dessas plantações madeireiras industriais em grande escala, as igrejas destroem a futura possibilidade da agricultura em pequena escala, devido à destruição de campos, os machambas, e à degradação maciça do solo causada pelas plantações de monoculturas. Isso é devastador para as comunidades afetadas, porque 80% da população economicamente ativa trabalha na agricultura e depende diretamente da lavoura de subsistência para sua alimentação e a de suas famílias. A falta de solução para esses problemas tem levado a situações extremas tais como os graves conflitos que ocorreram na província de Niassa onde agricultores irritados e desesperados destruíram as plantações de árvores.

Não houve a devida consulta com as comunidades locais. Na maioria dos casos, o processo de consulta pública tem sido apenas uma simulação. Em vez de informar as comunidades sobre as vantagens e a desvantagens das plantações madeireiras industriais, apenas disseram mentiras para as comunidades a respeito de que sua implementação levaria à segurança alimentar e à mitigação da pobreza. Em alguns casos, nem sequer foi pedida autorização às pessoas antes da plantação de árvores nas terras que elas utilizavam.

Em resumo, o estabelecimento de plantações nessas áreas terá terríveis conseqüências no longo prazo para a população local, tal como já ocorreu em outros países do Sul onde essas plantações foram estabelecidas, e como também ocorreu na vizinha África do Sul -devido à degradação de solo fértil, à seca dos recursos hídricos, à invasão das árvores de eucaliptos e pinheiros em campos adjacentes às plantações e à perda de meios de vida sustentáveis. A destruição em grande escala da vegetação indígena continuará tendo um grande impacto sobre a biodiversidade vital e o ecossistema integrado, e as comunidades já não se beneficiarão dos serviços naturais fornecidos pelas florestas indígenas.

Por essas razões, os objetivos estabelecidos das organizações financiadoras, que incluem reflorestamento, restabelecimento e manejo responsável não serão atingidos! Muito pelo contrário, as pessoas estão sendo privadas de sua terra com promessas vazias de geração de empregos e mitigação da pobreza. Enquanto isso, a frustração, a irritação e o desespero aumentam nas comunidades que já vêm sofrendo muito há décadas.

Não vemos o motivo que leva a instituições religiosas e outros fundos de investimento a investir o dinheiro de seus membros em projetos que exploram os mais pobres entre os pobres.

Portanto, exigimos uma finalização imediata ao apoio de mais estabelecimento e expansão de plantações de monoculturas de árvores em Moçambique. E solicitamos que as instituições responsáveis promovam o restabelecimento e a reabilitação da já afetada terra agricultável.

Atenciosamente,

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“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

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O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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