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A plantação de eucaliptos para a produção de celulose é uma das atividades mais agressivas para o meio-ambiente e para a sociedade. Assoreamento dos rios, dizimação das espécies nativas, concentração de terra, violência no campo, decadência da atividade pesqueira, trabalho semi-escravo, são apenas algumas das consequências desse grande negócio para exportação. Baixe em Torrent ou assista os demais AQUI
Apesar da qualidade de imagem não ser muito boa, trata-se de um dos filmes mais abrangentes sobre o assunto.

Fonte: DocVerdade
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Um panorama das plantações industriais  de árvores no Sul global : Conflitos, tendências e lutas de resistência.

Contribuições de  Winfridus Overbeek, Markus Kröger e Julien-François Gerber

A humanidade enfrenta uma crise ambiental, econômica e climática que representa uma ameaça à sua sobrevivência. A destruição dos ecossistemas coloca em risco não apenas comunidades que dependem diretamente deles, mas também o planeta como um todo. Os centros de poder não têm questionado os imperativos de produção e consumo que são responsáveis por essa situação. Em vez disso, estão promovendo falsas soluções que possibilitam que os mesmos atores que criaram a crise continuem acumulando riqueza enquanto a maioria da população mundial vê seu padrão de vida se deteriorar.

Hoje em dia, assistimos à confluência de dois processos: a incorporação de novos aspectos da vida à economia de mercado e a financeirização da própria economia, incluindo a especulação com novas mercadorias “verdes”.

As sociedades capitalistas sempre se apropriaram da natureza, humana e não humana. Atualmente, está sendo desenvolvida uma série de produtos radicalmente novos para a venda: carbono, biodiversidade, água e assim por diante. Ao mesmo tempo, os mercados financeiros especulativos têm adquirido cada vez mais poder sobre o resto da economia e da vida, em resposta à crise capitalista que começou na década de 1970. Surge a Economia Verde, estimulada pela ONU e racionalizada pela alegação de que a única forma de garantir que a natureza seja preservada é lhe atribuir um preço. Como novos objetos de comércio e especulação, as chamadas mercadorias dos “serviços ambientais” são recrutadas como salvadoras de uma economia que continua centrada na pilhagem e na exploração.

Para atores que enriquecem por meio da financeirização da natureza – bancos, fundos de investimento, fundos de pensão, transnacionais – a Economia Verde significa nada mais do que novas oportunidades de negócios. Agindo em sintonia com grandes organizações conservacionistas, apropriam-se de processos da ONU, como as Convenções sobre Mudança Climática e Biodiversidade, usando-os para legitimar suas ações.

Preservar a natureza se torna um negócio, restringindo o acesso de comunidades locais a zonas e bens que são essenciais à sua sobrevivência. Os projetos de REDD e proto-REDD são um exemplo claro, como foi enfatizado em reuniões dos participantes na recente Cúpula Mundial da Rio+20.

Em muitos casos, os mesmos atores estão especulando com o “negócio da natureza” e enriquecendo com sua destruição. Ao mesmo tempo em que explora “serviços ambientais”, o capital financeiro também continua expandindo seus interesses em atividades destrutivas. Por exemplo, é cada vez mais comum que fundos de pensão ou de investimento de países do Norte invistam e especulem em grandes plantações monocultoras de árvores nos países do Sul. Os impactos negativos sobre os ecossistemas, a biodiversidade, as fontes de água e os meios de sobrevivência das comunidades locais têm sido amplamente demonstrados.

Este é um chamamento à unificação de nossas lutas para exigir que os governos deem início a um processo de desmantelamento da especulação e mercantilização da vida, de modo a ajudar a proteger as paisagens e os modos de subsistência da destruição e da desigualdade exacerbadas pela financeirização da vida.

É por isso que, como parte do Dia Internacional de Luta contra os Monocultivos de Árvores, em 21 de setembro, e às vésperas da Décima-Primeira Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, que será realizada na Índia, de 1º a 19 de outubro, estamos lançando esta carta aberta, exigindo que nossos governos interrompam a expansão das plantações de árvores em nossos territórios e assumam uma postura firme na Convenção, contra a crescente financeirização da natureza.

O que os povos indígenas costumam chamar de “o sagrado” não pode ter preço; deve ser defendido!

Para assinar esta carta, envie uma mensagem a letter-21-09-2012@wrm.org.uy incluindo seu nome, organização e país. A carta com assinaturas (atualizada periodicamente) estará disponível no http://www.wrm.org.uy/plantaciones/21_set/2012/inicio.html

O dia 21 de setembro está chegando! Gostaríamos de compartilhar três ações que requerem apoio internacional.
A primeira vem do Gabão. Como muitos países da África, o Gabão está enfrentando uma alarmante taxa de expansão das plantações de dendê e seringueiras. O governo deu à empresa Olam, sediada em Cingapura, 300.000 hectares de terra para estabelecer plantações monocultoras de árvores.
As comunidades locais não foram consultadas com relação ao processo e têm exigido do governo que respeite seus direitos à terra. As comunidades enviaram uma carta ao governo, na qual levantam suas preocupações. As demandas dessas comunidades precisam de apoio internacional!  A ação pode ser apoiada acessando AQUI
A segunda vem das Filipinas. Os povos indígenas (higaonons) e camponeses de Misamis Oriental, sul da Filipinas, estão lutando atualmente contra a concentração de terras causada pelas plantações industriais monocultoras de árvores, promovidas pela A Brown Company, Inc (ABCI). Desde o início das operações da plantação, os higaonons e outros moradores locais sofreram graves violações de direitos humanos, como expulsões, prisões ilegais, ataques aéreos e assédio.
Eles precisam de apoio internacional. As aldeias afetadas exigem que o governo filipino interrompa a concentração de terras e respeite os direitos humanos.  A ação pode ser apoiada acessando o link .
A terceira vem do Brasil. Organizações da sociedade civil estão denunciando a certificação FSC concedida pelo IMAFLORA, um organismo certificador brasileiro, às plantações monocultoras de árvores da Fibria Celulose SA. As demandas da organização são voltadas a apoiar a batalha social a ambiental levada a cabo pelas populações que sofrem os efeitos de projetos de plantação para produção de celulose, neste caso específico, os da empresa Fibria (ex-Aracruz Celulose).
A ação pode ser apoiada acessando AQUI
Por fim, se você ainda não aderiu à carta denunciando a financeirização da natureza, ainda pode fazê-lo aqui

por Cíntia Barenho

Hoje um tal 20 de setembro onde gauchit@s saem as ruas para comemorar uma dita revolução farroupilha (sugiro ler “A invenção do ‘gaúcho’ e a maldição conservadora no RS”), cabe lembrar que o RS está sendo sistematicamente tomado pelas multinacionais que pouco querem valorizar o Rio Grande (seja a cultura, seja a nossa ecologia).

O Bioma Pampa desde 2003 vem sofrendo, não uma valorização – apenas 39% de sua área total ainda é constituída por remanescentes de campos naturais e apenas 0,46% protegido em Unidades de Conservação – mas sim uma apropriação por empresas transnacionais, de capital estrangeiro.

A vastidão do Pampa, seu relevo, suas características tão cantada em canções gauchescas, devido a ofensiva das papeleiras/pasteiras,  está dando lugar a imensas monoculturas de eucaliptos, a grandes desertos verdes.

Até que tal ofensiva havia sido reduzida, fruto da luta e resistência local, mas também devido a crise do capitalismo. Por conta da crise e de estripulias no mercado financeiro, a fábrica da Aracruz foi incorporada a Votorantim, transformando-se em Fibria, mas que logo em seguida foi comprada pela empresa Chilena CMPC (Companhia Manufatureira de Papeis e Cartões). Assim a grande “promessa” do desenvolvimento do RS foi para a CMPC.

 Agora a ofensiva papeleira volta a ser notícia, quando é anunciado que o grupo chileno, que aqui no RS usa o nome fantasia de Celulose RioGrandense, comprou  de cerca de 100 mil hectares monocultura de eucalipto por 302 milhões de dólares. Infelizmente o Pampa foi posto a venda sem conhecimento dos gaúchos e gaúchas.

Notícia na “rua”, aparece gente saudando tal ação, como se o tal progresso advindo dos desertos verdes tivesse de fato chegado. Veja link1, link2

Para quem não sabe, o Pampa agora pode ser vendido (não podia), infelizmente, porque o Congresso Nacional aprovou a compra de terra por estrangeiros (empresas brasileiras controladas por estrangeiros).  Vibra a empresa chilena e empresa sueco-finlandesa Stora Enso, que se utilizou de laranjas para comprar terras no RS, mas terras em faixa de fronteira.  A Stora Enso já havia obtido aval para legalizar o que adquiriu ilegalmente na faixa de fronteira. No entanto, cabe destacar que tais faixas, também em discussão, no congresso nacional,  capitaneados por deputados gaúchos, que querem reduzi-lá e beneficiar empresas estrangeiras.

Como se não bastasse, além de encher o Pampa de eucalipto, querem seguir envenenando o RS com agrotóxicos!

Há uma ofensiva das empresas multinacionais de agrotóxicos sobre o RS, afim de reverter a vanguardista lei dos Agrotóxicos, criada em 1982. Tal vanguarda está beirando o retrocesso já que entrará a qualquer momento na ordem do dia de votações da Assembleia Legislativa, o PL 78/2012, de autoria do deputado Ronaldo Santini (PTB) que pretende autorizar o uso de agrotóxicos banidos aqui no RS.  Sobre a pretensa desculpa de que nossa lei prejudica os agricultores gaúchos, deputados do PTB, PMDB, PP, PC do B, PSDB, PSB deram o aval ao PL que quer nos envenenar ainda mais. Será que os tais 5,2 litros de agrotóxicos, média consumida por cada brasileiro, já não é suficiente? Será que progresso e o desenvolvimento da agricultura precisa manter-se fomentando o oligopólio das empresas transnacionais de agrotóxicos e sementes e a submissão dos agricultores às vontades empresariais?

Quantos 20 de setembro mais teremos que seguir cultuando um tradicionalismo calcado na monocultura, no latifúndio e no uso indiscriminado dos agrotóxicos? Prefiro um 21 de setembro, dia internacional de luta e resistência aos desertos verdes, e 3 de dezembro, dia internacional do não uso de agrotóxicos.

Quando será que teremos o tal Rio Grande do Sul onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor?

Se aproxima do dia 21 de setembro, , e somos supreendidos com tal notícia. Na verdade começa a ficar um pouco mais esclarecido o destino dos desertos verdes no Pampa. Felizmente tal Bioma não é o mais o local de excelência para a ampliação dos desertos verdes, seja por conta da crise, seja por conta de toda luta e resistência feita por nós. 

No entanto, a luta e resistência segue, uma vez que o governo estadual não tem cumprido o Zoneamento Ambiental da Silvicultura (ZAS), bem como exigido prazos para regularização das áreas com plantios de eucaliptos  junto à FEPAM. Pelo jeito a CMPC está pouco preocupada com tal situação, até porque recentemente, foi noticiado que o governo do Estado vai apoiar ampliação da Celulose Riograndense

Para quem não lembra,  a CMPC Celulose Riograndense (empresa chilena apesar da pinta gaúcha), adquiriu, em dez/2012, a fábrica de celulose que pertencia à Fibria – união entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel – em Guaíba (RS).

Para quem pouco conhece a tal CMPC, seu dono, o bilionário Eliodoro Matte, acumula sua fortuna às custas do expansão dos desertos verdes sobre o território ancestral do Povo Mapuche (maior etnia originária chilena). No Chile a luta e resistência é forte, apesar do governo chileno invocar lei antiterrorista (lei 18.314), promulgada durante a ditadura militar de Pinochet, para reprimir tal luta.  Sistematicamente tem ocorrido uma onda de incêndios “florestais” (Chile: incêndios e repressão, o legado do modelo florestal), nos quais os Mapuches estão sendo acusados de serem os criminosos, mas ja há indícios da empresa querer recorrer ao seguro (aguardando material para publicação), por causa da atual crise.

Grupo chileno anuncia compra de parte de floresta (monocultura de eucalipto) no Rio Grande do Sul

O valor da negociação, firmada entre a CMPC com a a Fibria Celulose, será de 302 milhões de dólares

O grupo florestal e industrial chileno CMPC (Companhia Manufatureira de Papeis e Cartões) anunciou nesta segunda-feira (10/09) a compra de cerca de 100 mil hectares de floresta (monocultura de eucalipto) brasileira por 302 milhões de dólares.

A área adquirida pela CMPC fica localizada no Rio Grande do Sul e tem 38 mil hectares de plantação de eucaliptos.

Os termos da negociação, realizada com a carioca Fibria Celulose, permitem que a empresa administre e explore a região como achar melhor. Cerca de 1.300 hectares também foram arrendados de pequenos proprietários locais.

Em nota enviada à Superintendência de Valores e Seguros chilena, a companhia destacou que a concretização do negócio ainda depende da aprovação de autoridades competentes do governo brasileiro, no caso o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Para emitir sua decisão sobre vendas de terras a empresas estrangeiras, a entidade avalia a porcentagem de capital nacional da companhia e o tamanho do terreno em relação ao município.

“A CMPC Riograndense [um dos braços da companhia] assinou este acordo com o objetivo de completar as necessidades de madeira para a sua indústria de celulose e especialmente para o projeto Guaíba Linha II, atualmente em estudo e que se refere à construção de uma nova linha de produção de celulose.”

Dessa maneira, a companhia investe em seu plano de expansão no Brasil, um dos sete países onde atua na América Latina, além do Chile.

A Fibria Celulose, por sua vez, também emitiu comunicado sobre o assunto por meio da BM&FBov. Fonte: OperaMundi

Saiba mais sobre os Desertos Verdes no Pampa AQUI

Pampeana por Eduardo Amorin

Pampeana por Eduardo Amorin

Ontem, sábado, 17 de dezembro, foi escolhido como o dia do Bioma Pampa, por decreto presidencial, em 2007, como forma de homenagear o nascimento de José Lutzenberger que em 2011 completaria 85 anos.

O decreto não é numerado e contem apenas dois artigos, sendo previsto que o Ministério do Meio Ambiente (MMA) será responsável por promover “comemorações”, as quais o Centro de Estudos Ambientais (CEA) desconhece.

Segundo a doutora em zoologia, Georgina Bond-Buckup, integrante da ONG Igré, filiada a Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do RS (APEDeMA/RS), “o Bioma Pampa foi reconhecido como Bioma em 2004 e teve seu dia criado em 2007”.

Dados sobre o Bioma Pampa

Segundo Georgina o pampa está ameaçado pelas monoculturas e pela destruição de seu habitat natural.

Entre os biomas brasileiros, o Pampa é exclusivo da metade sul do Rio Grande do Sul, ocupando uma área de 178.243 km2, correspondendo a 2,07% do território nacional e a 63% do território gaúcho.

Embora tenha grande extensão territorial, somente 41,32% da área do bioma Pampa ainda tem cobertura vegetal nativa, os restantes 58,68% foram modificados pelo uso do homem – principalmente pelo mau manejo dos campos com o sobrepastejo animal, com aplicação de herbicidas e pela introdução da silvicultura com espécies exóticas.

Nosso Pampa apresenta uma elevada biodiversidade campestre, compartilhando com gramíneas e leguminosas forrageiras a cobertura vegetal característica que determina a economia e a cultura da região.

A riqueza da vegetação do Pampa está composta por 2.600 espécies campestres representando em torno de 2/3 da diversidade da flora do RS. Mais de 300 espécies vivem exclusivamente neste bioma.

A riqueza da fauna, ainda não conhecida em sua totalidade, mostra espécies que ocorrem somente neste bioma (endêmicas), raras, migratórias, ameaçadas de extinção e aquelas de interesse econômico.

Mais de 90 espécies de mamíferos terrestres só conseguem viver no campo, como o graxaim, o veado-campeiro, o preá e o tatu, entre outros, constituindo 30% de espécies endêmicas. Cerca de 400 espécies de aves e mais de 50 espécies de peixes são conhecidas para a região.

Entre os biomas brasileiros é o que apresenta o menor número de áreas formalmente protegidas, representando somente 0,36% de sua área de ocorrência.

O Pampa vem sofrendo uma progressiva descaracterização do seu território pelas crescentes ameaças como o cultivo de árvores exóticas que não pertencem ao bioma nativo, no qual a vegetação original é composta por plantas herbáceas e arbustos. O campo é a expressão adequada para o perfil climático e o tipo de solo da região.

Plantar extensos conjuntos de árvores na região representa uma grande sobrecarga para os recursos disponíveis, especialmente a água do solo e os nutrientes realmente existentes, causando prejuízos irreversíveis ao meio ambiente e, consequentemente ao ser humano.

No RS são registradas 250 espécies da fauna ameaçadas de extinção e 10% dessas estão diretamente ameaçadas pela expansão das monoculturas de árvores.

Em 2010 o CEA promoveu uma exposição virtual sobre fotos do Pampa, para vê-la acesse AQUI 

Fonte CEA e Ecoagência.

A proposta permite e “legaliza” a degradação de APP ocorrida até 2008.

Após cerca de cinco horas de debate, a Comissão de Meio Ambiente (CMA) aprovou nesta quarta-feira (23) o texto base do substitutivo de Jorge Viana (PT-AC) do projeto de reforma do  Código Florestal   (PLC 30/2011). O relator acolheu emenda resultante de entendimento firmado entre senadores, representantes do governo e do setor rural, o que viabilizou a aprovação do texto. A comissão, no entanto, transferiu para quinta-feira (24) a decisão de 77 destaques apresentados pelos parlamentares. Outras dezenas de emendas foram rejeitadas por Jorge Viana.

emenda que resultou do entendimento foi apresentada à CMA pelo senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) e altera pelo menos onze artigos do substitutivo. Uma das principais mudanças trata das regras de recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APP) desmatadas de forma ilegal. O texto aprovado assegura a todas as propriedades rurais a manutenção de atividades em margens de rios, consolidadas até 2008, sendo obrigatória, para rios de até dez metros de largura, a recomposição de faixas de vegetação de no mínimo 15 metros, a contar do leito regular. Isso representa a metade do exigido para APPs em margem de rio.

Para rios mais largos, a emenda estabelece que pequenas propriedades, com até quatro módulos fiscais, devem recompor faixas de matas correspondentes à metade da largura do rio, podendo variar de 30 metros a, no máximo, 100 metros. Essa recomposição obrigatória, ainda para pequena propriedade, não poderá exceder os percentuais definidos para áreas de reserva legal (20% da área da propriedade, exceto para a Amazônia, que tem regras variáveis).

Para as propriedades maiores que quatro módulos fiscais que tenham áreas consolidadas nas margens de rios, a emenda estabelece que os conselhos estaduais de meio ambiente fixarão as dimensões mínimas obrigatórias de matas ciliares, também respeitando o limite correspondente à metade da largura do rio, observando o mínimo de 30 metros e máximo de 100 metros.

Multas

A emenda acolhida também modifica parágrafo que autoriza o governo a implantar programa para conversão de multas decorrentes de desmatamentos feitos sem autorização ou licenciamento, até 22 de julho de 2008. A mudança visa ampliar os beneficiários de tal programa.

No substitutivo, Jorge Viana previa que a conversão de multas poderia alcançar os agricultores familiares e donos de terras até quatro módulos fiscais autuados até 2008. Com a emenda, a conversão passa a alcançar todas as propriedades rurais, independentemente do tamanho, que desmataram até essa data sem autorização ou licenciamento.

Encostas

O relator também acolheu modificação no capítulo que trata das áreas de uso restrito. Inicialmente, o texto permitia apenas o manejo florestal sustentável em áreas de inclinação entre 25 e 45 graus. Com a mudança, também serão permitidas nessas áreas atividades agrossilvopastoris, bem como a manutenção de infraestrutura associada a essas atividades.

Nascentes

Também foi incluída no substitutivo regra permitindo a manutenção de atividades agrossilvopastoris, de ecoturismo e de turismo rural no entorno das nascentes e olhos d’água, sendo obrigatória, no entanto, a recomposição de vegetação em um raio mínimo de 30 metros.

Debates

O acordo entre o relator e representantes do governo e dos ruralistas o foi elogiado por diversos senadores, em especial aqueles envolvidos nas negociações, mas foi criticado duramente por parlamentares que o rejeitaram, como Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Ele pediu vistas, mas teve o pedido rejeitado pelo presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Também participaram dos debates senadores como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Marinor Brito (PSOL-PA), que apesar de não integrarem a CMA, manifestaram oposição ao texto de Jorge Viana.

Para a maioria dos senadores da CMA, o texto não é o ideal, mas “o acordo possível”. Essa, inclusive, foi a posição assumida por Jorge Viana e Luiz Henrique logo no início da reunião. Eles se disseram confiantes de que a comissão encontraria “o equilíbrio entre as demandas dos representantes do agronegócio e os ambientalistas”.

– Acho que podemos chegar a um meio termo – declarou Luiz Henrique, que foi relator da matéria nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA).

Para Jorge Viana, o novo Código Florestal, com as mudanças feitas no Senado, será um instrumento de consolidação do país como um grande produtor de alimentos e de proteção ao meio ambiente, pondo fim aos desmatamentos ilegais.

– Ninguém produz bem sem ter o meio ambiente como aliado e o setor produtivo sabe disso – disse Jorge Viana.

Fonte: Iara Guimarães Altafin / Agência Senado e CEA

Da série (des)informadno o leitor

por Cíntia Barenho

Já se vão uns sete anos desde que, o grande projeto para superar as décadas de estagnação econômica da Metade Sul – a plantação de monoculturas de eucaliptos – surgiu para tomar “conta do Pampa”. Projeto esse que não era somente voltado à produção de eucaliptos, mas também à produção de celulose (derivado do mesmo).

Eram três grandes projetos – da Aracruz, da Stora Enzo (Finlândia) e da Votorantim Celulose e Papel (VCP) – que pretendiam investir cerca de US$ 3,5 bilhões de dólares em sete anos, de forma socialmente responsável e ecológica (até áreas degradadas pretendiam recuperar).

Nos jornais gaúchos imperava a (des)informação comemorando os investimentos, nos quais as  manchetes destacavam: “A origem do Ouro Verde”, “O futuro à sombra das florestas”, “A metade sul depois das florestas”, “A polêmica Verde”. Num destes, considerado de maior circulação no RS, uma parágrafo fazia a seguinte menção:

“em tempos idos entre 2003 e 2006 nas discussões sobre o futuro da humanidade no Café Aquário, em Pelotas, ou à boca pequena entre as autoridades do Palácio Piratini, se tornou corriqueiro dizer que a metade sul iria virar floresta. Sabia-se que se tratava de uma metáfora, mas ainda havia dúvida sobre seu tamanho. O quanto os investimentos das gigantes da celulose Aracruz, Stora Enso e Votorantim seriam capazes de transformar em investimento ondulante e ralo do pampa gaúcho? Pois agora se sabe: é 4,5%” (ZH,2008)

Já se passaram esses sete anos, os jornais emudeceram, juntamente com os políticos locais, mas nós,  ecologistas, questionamos os porquês de tal silêncio. Onde está o progresso trazido pelo deserto verde? Onde está o desenvolvimento, os empregos, as mudanças sociais, a recuperação das áreas degradadas, a preservação e conservação da pampa em unidades de conservação?

De 2009 até os atuais dias, uma tal crise do capitalismo, confirmou o pensamento de Karl Marx, no qual afirmava “…tudo o que é sólido desmancha no ar…” . Sendo assim, a toda poderosa Aracruz foi a incorporada pela VCP, na qual transformou-se em Fibria. Logo após a Borregaard, que virou Riocel, que virou Aracruz, que virou Fibria, foi vendida pra um grupo chileno e tornou-se a Celulose Riograndense da Compañía Manufacturera de Papeles y Cartones (CMPC). Na Metade Sul a Fibria anunciou que pode vender Projeto Losango para reduzir dívida, como afirma a notícia “

A Fibria está estudando a venda de dois ativos considerados não-estratégicos: “…estamos tentando verificar se (o projeto) Losango tem atratividade para outros usos, como energia e cavaco para exportação”. A faixa de fronteira até agora não foi mudada, inclusive teve PEC arquivada, para tristeza da empresa finlandesa que buscava cumprir a lei, desde que essa, mudasse a seu favor.

Assim, nesse dia 21 de setembro – de Luta contra as Monoculturas de Árvores Exóticas- a luta ecológica segue, pois esses investimentos predatórios saíram do Pampa, e encontraram condições favoráveis no Mato Grosso do Sul, Maranhão, na Bahia. O Sul da Bahia segue sendo devastado pelo empresa Veracel Celulose no qual já é detentora de vastas áreas sobre comunidades quilombolas e indígenas. Inclusive as entidades locais estão com abaixo-assinado pedindo a anulação do processo de licenciamento da ampliação da Fábrica e da base florestal daquela empresa. E em outras áreas do mundo, povos e comunidades seguem também mobilizados e denunciando a degradação ecológica advindo da expansão das monoculturas de árvores, como o caso de Moçambique

Enfim, lutar contra essas monoculturas de árvores, no Ano Internacional das Florestas pela Organização das Nações Unidas (ONU), significa lutar pela biodiversidade dos ecossistemas, nos quais as florestas são entendidas como um sistema complexo, na qual as árvores são um dos elementos. Infelizmente a definição de “floresta” usada pela Food and Agriculture Organization (FAO) e o debate acerca do Código Florestal, agora no Senado Federal, nos  fazem seguir mobilizados lutando contra um monofuturo.

Cíntia Barenho é Mestre em Educação Ambiental, Bióloga e integrante da coordenação do Centro de Estudos Ambientais (CEA-Pelotas/RioGrande RS)

No Ano Internacional das Florestas
Vamos definir a floresta por seu verdadeiro significado
Este é um urso polar, mas isso não é o Polo Norte
Isso é água e peixes, mas não é o oceano
Estas são muitas árvores, mas não é uma floresta.
Você pode imaginar substituir o Polo Norte  /  com isso?
e substituir os oceanos / com isso?
A definição da FAO de “florestas”
permite que florestas sejam substitituidas / por estas árvores…
Plantações de árvores não são florestas.
Vamos definir florestas segundo seu verdadeiro significado
Diga ao mundo o que florestas significam para você

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Frase

“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

Apresentação

O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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