O Coletivo da Biodiversidade, presente na Feira da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, evidencia as cores, sabores e cheiros da diversidade botânica.
Estive conversando com o pessoal do coletivo, agriultores agroecológicos, permacultores, ambientalistas do Ingá. Durante esse tempo, foi possível vivenciar muitas trocas de saberes entre visitantes e expositores.
O que chamava mais atenção de todos que passavam era o Porongo Africano. Um porongo conseguido por Amilton (de Maquiné) com um amigo do Uruguai. Tal porongo lembra uma concha marinha e por conta disso muitos paravam para ver tal desconhecido. Amilton contou que plantou 3 sementes e conseguiu 15 porongos.
Algumas pessoas solicitaram sementes, que foram trocadas por contribuições financeiras expontâneas. Uma das pessoas que levou as sementes, disse que queria “só para ver crescer” tal porongo. Haviam também outros porongos, como o porongo “cobra”, a gajeta (vinda do Uruguai)
Muitas variedades de milho também estavam sendo expostas. Um milho da amazônia andina, completamente roxo, também chamava atenção. Segundo Amilton este tem pelo menos, uns 2mil anos de domesticação. Mesmo com pouco tempo de acesso a tal milho, ele já tem conseguido fazê-lo cruzar com o milho milenar dos Guaranis. Além disso, para Amilton as possibilidades de produção de variedades de milhos são infinitas, certamente há mais que 4 mil variedades de milhos (o que já foi possível de catalogar).
Um dos visitantes, um peruano, ofereceu outras variedades ao agricultor, bem como ensinou como fazer um suco de milho com tal variedade.
Também foi interesante ver a surpresa de um menino ao descobrir de onde vem o milho de pipoca. Certamente não era direto do saco. A família ficou surpresa, mas qual é o ensinamento que nossas crianças têm sobre a vida no campo, a vida junto à agricultura familiar, agroecológica e camponesa?
Também foi possível conhecer o Quino, espécie de pepino de origem africana e semelhante ao maxixe que é nativo da Mata Atlântica.
Marcelino, agricultor agroecológico e permacultor que está desenvolvendo um sistema agroflorestal em Osório-RS, contou um pouco sobre as diferenças e semelhanças entre a cúrcuma, gengibre, araruta e o caité ou lírio-do-brejo. Os três primeiros são de origem asiáticas, mas perfeitamente adaptados ao nosso ambiente; já o Lírio-do-brejo é nativo da Mata Atlântica. Ambos tem propriedades medicinais semelhantes.
Marcelino também mostrou o girassol de 4 cores (amarelo, branco, vermelho e roxo) e que pode ser planta a partir de setembro.
Uma certa surpresa de sabor, foi degustar uma folha de cravo-da-índia, com seu sabor marcante, de certa forma anestesiante.
Muitas outras sementes, grãos, legumes/raízes estão sendo expostas pelo coletivo.
A nossa agrobiodiversidade é riquíssima e precisa ser defendida.
Não podemos conceber a apropriação destes conhecimentos ecológicos tradicionais por empresas transnacionais das sementes, que querem padronizar tudo, mercantilizar todas as formas de vida, inclusive tentando mercantilizar a vida e morte das sementes (como é o caso da tecnologia Terminator).

Batata Yacon, nova “descoberta” quando voltei à banca para fotografar a nossa agrobiodiversidade. Tal batata tem propriedades medicinais contra a diabetes. Foto: Cíntia Barenho
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