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por Celeuma
A Feira Nacional de Produtos da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário no Cais de Porto Alegre trouxe consigo a força a produção de quem está na terra para produzir comida para a população brasileira. A nossa comida. A concepção da Feira: “Brasil Rural Contemporâneo” foi cuidadosa e sensivelmente organizada.
Deu conta de demonstrar como um setor da sociedade que era tido como atrasado se transformou em potência nacional. Um belíssimo contraponto às monoculturas do agronegócio, que produzem commodities no mercado financeiro e não materializam bem-estar para o conjunto da sociedade, além de serem nocivas ao meio ambiente.
Foi possível se perguntar, caminhando nos decks de madeira reciclada da praça de alimentação, ouvindo onde Porto Alegre e o povo gaucho esteviram metidos nesses últimos anos. No Rio Grande do Sul as políticas públicas para a produção e o campo incentivam mais ao agronegócio do que a agricultura familiar.
Nós somos o estado dos transgênicos e dos eucaliptos. Outros estados como Mato Grosso, Rondônia, Paraná, Pará, Rio Grande do Norte e ate o Rio de Janeiro exibiam a produção agrofamiliar. Todas caracterizadas pelo aproveitamento de recursos e riqueza locais, ou resultado de apostas pioneiras. {segue}

A primeira imagem é de quinta-feira, quando recém tinham sido abertos os portões da Feira, antes da abertura oficial.
por Cris Rodrigues
Continuando a discussão*…
Se forem construídos prédios no Cais do Porto, como quer o governo Yeda (com o aval da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, que já ampliou os limites de altura das construções na área), muda toda a paisagem do Centro, elitiza, afasta a população, isola ainda mais o Guaíba. Qual é a moral, afinal de contas, de construir prédios comerciais, centro de convenções e shopping – tudo fechado – na beira do lago que é o rio mais bonito que Porto Alegre poderia querer? E que sempre se orgulhou de ter.
O Marco Weissheimer disse que “a política pode ser feita para causar bem estar e felicidade”. Eu vou além, acho que ela deve ser feita para causar bem estar e felicidade. Infelizmente, no Rio Grande do Sul, ela é feita apenas para satisfazer interesses privados. Ela se desvirtua.
Fiquei muito impressionada com o espaço usado para fazer os shows que aconteceram durante a Feira Nacional da Agricultura Familiar | BRASIL RURAL CONTEMPORÂNEO. Entre os armazéns do Cais e o Gasômetro, uma área enorme, vazia. Se houvesse interesse, vontade política, aquele espaço poderia abrigar outros tantos eventos, todo o tempo, a preço de custo ou com lucro pequeno que servisse para reinvestir e cada vez melhorar mais, podendo oferecer mais cultura e lazer para os cidadãos. Afinal, o lugar é público, não precisa dar lucro para quem gere. A primeira definição de “público” encontrada no Houaiss diz: “relativo ou pertencente a um povo, a uma coletividade”. Não é justo, pois, que fique restrito a poucas pessoas. Mais do que de todos, público deve ser para todos.
Conheci Puerto Madero, em Buenos Aires, apontado por muitos como exemplo de bom aproveitamento de orla. O projeto de revitalização de 1989, em parceria com a iniciativa privada, transformou a região no bairro mais caro da cidade. Nos restaurantes, quase se paga só de olhar. Hotéis de luxo, centros de convenções, discotecas. Puerto Madero é também um lugar de negócios, coisa típica da burguesia.
O espaço está visualmente bonito, sim. Tem espaços públicos, áreas verdes, bastante até. Mas que não são frequentados por toda a população da cidade. Imagina um Parcão: quando eu olho pro lado e vejo meninas passeando de salto alto, dondocas ostentando seus abrigos de marca, fico constrangida e prefiro frequentar outros espaços. A elitização não é só cercamento. A elitização envolve todo o ambiente, o perfil do lugar. Não me senti à vontade em Puerto Madero, como imagino que não me sentiria no projeto que está sendo proposto para o Cais do Porto.
Aqui, o site oficial de Puerto Madero.
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* Para ler mais acesse AQUI
Fonte: Somos Andando
Brasil Rural Contemporâneo
Durante quatro dias Porto Alegre foi palco de uma grande festa. A festa dos trabalhadores e trabalhadoras que produzem o alimento nosso de cada dia. Uma festa que representa uma realidade que ninguém viu, ninguém vê e ninguém verá nos meios de comunicação monopolizados.Quem têm alguma dúvida disso é só reler as edições de Zero Hora durante os quatro dias da feira Brasil Rural Contemporâneo, realizado no Cais do Porto. Isso porque esse Brasil Rural Contemporâneo- titulo que reflete de forma inequívoca a realidade do Brasil que produz- não representa aquele “Brasil Rural Atrasado” baseado no grande latifúndio na monocultura exportadora, no deserto verde, das fumajeiras, da soja, do trabalho escravo e infantil. Modelo promovido como “moderno” pelos defensores dos monopólios privados de qualquer setor econômico, principalmente das comunicações.
Um mundo que ninguém viu e nem verá jamais, na RBS…
por Paulo Marques
O Brasil Rural Contemporâneo apresentou e representa o que existe de concreto, de real, de humano , de vivo no país. Um rural que é, ao mesmo tempo urbano, pois significa essa “Outra Economia” de essência não-capitalista de que nos fala Paul Singer, Boaventura Santos. Um modo de produção que nos interstícios do sistema capitalista semeia práticas contra-hegemonicas como o trabalho e a produção familiar, cooperativa, solidária e autogestionária. Uma outra economia que reflete uma cultura de solidariedade entre os pequenos produtores e os trabalhadores urbanos, que é ignorada pela ideologia dominante. Pois essa ideologia hegemônica do capital, tenta impor, em especial nos referimos ao povo de Porto Alegre, um modo de vida artificial, que pode ser identificado na feliz definição do CATARSE sobre o constructo ideológica da oligarquia guasca basedo no trinômio- RBS-Zaffari-Grenal, que busca moldar a sociedade conforme sua ideologia liberal-conservadora, definindo uma pseudo-cultura “porto-alegrense” senão gaúcha no qual inclui a retrógrada ideologia do gauchismo dos latifundiários.
O Brasil Rural Contemporâneo mostrou que a realidade é mais concreta que o “Galpão Crioulo” e a “Expointer” fazem crer. A riqueza e pujança da produção da agricultura familiar, agroecológica, cooperativada, associativa e solidária e a cultura livre confirmam isso. A liberdade que nos referimos não é aquela dos pseudo-liberais, que querem ser livres para excravizar.
Falamos de Livre também no sentido de liberdade da jaula de ferro dos monopólios que controlam o que se deve ser, fazer e “consumir”. A cultura no capitalismo, por exemplo, é mais uma mercadoria e como tal deve ser fetichizada, massificada para obtenção de lucros rápidos. Assim temos os “Planeta Atlantidas” com as figuras carimbadas de uma “pseudo-cultura fast-food”.
No Brasil Rural Contemporâneo encontramos o espaço, sempre negado pela RBS, ao nosso “rock de raiz” do Wander Wildner, Frank Jorge e Julio Reny, aquele que o Wander homenageou na canção que diz “ Julio Reny continua, nas ruas da cidade, com seu violão modelo Elvis Presley…” Representam uma geração de músicos que foi históricamente marginalizada pela mídia guasca, muito porque nunca deixaram de expressar em sua arte o pensamento contra-hegemônico e subversivo dos que não têm medo. O mesmo pensamento radical e rebelde que inspira o cantador Pedro Munhoz, poeta das lutas sociais. Pedro poderia fazer o que o bardo Woody Gutrhie fez ao escrever em seu violão na depressão americana da década de 30 quando cantava para os desempregados “ esta é uma máquina de matar fascistas”. Por isso tanto Pedro como os “irredutíveis gauleses” do rock gaúcho, parafraseando Wander, “ nunca tocarão no Planeta Atlantida…”
Por fim, temos que destacar a excelente cobertura “guerrilheira” do evento, realizada por um conjunto de blogs alternativos que concretamente furou o bloqueio da cada dia mais desacreditada mídia oligárquica. A guerra midiática está cada dia mais parecida com a guerra do Vietnã e como aquela têm tudo para derrotar o Império, pois conta com algo que só os revolucionários têm, ousadia e utopia.
Fonte: Brasil Autogestionário
O Coletivo da Biodiversidade, presente na Feira da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, evidencia as cores, sabores e cheiros da diversidade botânica.
Estive conversando com o pessoal do coletivo, agriultores agroecológicos, permacultores, ambientalistas do Ingá. Durante esse tempo, foi possível vivenciar muitas trocas de saberes entre visitantes e expositores.
O que chamava mais atenção de todos que passavam era o Porongo Africano. Um porongo conseguido por Amilton (de Maquiné) com um amigo do Uruguai. Tal porongo lembra uma concha marinha e por conta disso muitos paravam para ver tal desconhecido. Amilton contou que plantou 3 sementes e conseguiu 15 porongos.
Algumas pessoas solicitaram sementes, que foram trocadas por contribuições financeiras expontâneas. Uma das pessoas que levou as sementes, disse que queria “só para ver crescer” tal porongo. Haviam também outros porongos, como o porongo “cobra”, a gajeta (vinda do Uruguai)
Muitas variedades de milho também estavam sendo expostas. Um milho da amazônia andina, completamente roxo, também chamava atenção. Segundo Amilton este tem pelo menos, uns 2mil anos de domesticação. Mesmo com pouco tempo de acesso a tal milho, ele já tem conseguido fazê-lo cruzar com o milho milenar dos Guaranis. Além disso, para Amilton as possibilidades de produção de variedades de milhos são infinitas, certamente há mais que 4 mil variedades de milhos (o que já foi possível de catalogar).
Um dos visitantes, um peruano, ofereceu outras variedades ao agricultor, bem como ensinou como fazer um suco de milho com tal variedade.
Também foi interesante ver a surpresa de um menino ao descobrir de onde vem o milho de pipoca. Certamente não era direto do saco. A família ficou surpresa, mas qual é o ensinamento que nossas crianças têm sobre a vida no campo, a vida junto à agricultura familiar, agroecológica e camponesa?
Também foi possível conhecer o Quino, espécie de pepino de origem africana e semelhante ao maxixe que é nativo da Mata Atlântica.
Marcelino, agricultor agroecológico e permacultor que está desenvolvendo um sistema agroflorestal em Osório-RS, contou um pouco sobre as diferenças e semelhanças entre a cúrcuma, gengibre, araruta e o caité ou lírio-do-brejo. Os três primeiros são de origem asiáticas, mas perfeitamente adaptados ao nosso ambiente; já o Lírio-do-brejo é nativo da Mata Atlântica. Ambos tem propriedades medicinais semelhantes.
Marcelino também mostrou o girassol de 4 cores (amarelo, branco, vermelho e roxo) e que pode ser planta a partir de setembro.
Uma certa surpresa de sabor, foi degustar uma folha de cravo-da-índia, com seu sabor marcante, de certa forma anestesiante.
Muitas outras sementes, grãos, legumes/raízes estão sendo expostas pelo coletivo.
A nossa agrobiodiversidade é riquíssima e precisa ser defendida.
Não podemos conceber a apropriação destes conhecimentos ecológicos tradicionais por empresas transnacionais das sementes, que querem padronizar tudo, mercantilizar todas as formas de vida, inclusive tentando mercantilizar a vida e morte das sementes (como é o caso da tecnologia Terminator).

Batata Yacon, nova “descoberta” quando voltei à banca para fotografar a nossa agrobiodiversidade. Tal batata tem propriedades medicinais contra a diabetes. Foto: Cíntia Barenho

Seu Dodô, agricultor agroecológico do Lami, oferece aos visitantes frutos de Hibiscos. Foto: Cíntia Barenho
por Cíntia Barenho
Andando pelo Brasil Rural Contemporâneo encontrei uma banca que chama atenção não só pelo que oferece, mas também pela simpatia de seus expositores.
Na banca do Salvador (mais conhecido como seu Dodô) e esposa, que são agricultores ecológicos do Lami (Porto Alegre/RS) há frutos de hibiscos comestíveis sendo vendidos e oferecidos para degustação. Uma planta que pode ser usada tanto como ornamental, como comestível.
Obviamente que experimentei tal iguaria, que tem gosto bem citríco/azedinho.
Segundo seu Dodô, dependendo do uso o nome desse fruto varia. Se for usado no chá é hibisco; se for usado na salada, chama-se azedinho; se fizermos suco, torna-se groselha e se transformarmos em conserva, vira vinagreira.
Semanalmente eles vendem na feira da José do Bonifácio, uma das feiras ecológicas de POA.
Segundo seu Dodô a planta veio da Ásia e segundo contam as sementes vieram escondidas no cabelo de uma escrava. A produção mais expressiva ocorre no Nordeste Brasileiro.
A planta produz durante a Primavera-Verão, apenas em áreas secas e ensolaradas.
No Lami, eles já plantam hibisco há 4 anos e segundo o agricultor a planta se encaixou perfeitamente ao sistema agroecológico de plantio que fazem. Seu Dodô
contou que os hibiscos rendem mais que 100% de sua produção, porque além de vender como ornamental ou embaladas para o consumo direto, a família também transforma os hibiscos em sucos, geléias, pastas salgadas. Como a plantação-produção só acontece nos meses quentes do ano, tais beneficiamentos são imprescindíveis para eles.
A família está muito satisfeita com a produção agroecológica. “Vivemos em equilíbrio, perdemos todo aquele desespero de trabalhar ontem pra pagar as contas de hoje. Vivemos em equilíbrio dentro de casa, com a plantação”, afirmou seu Dodô.
Um dos únicos problemas relatados é a dificuldade de terem uma certificação.Atualmente só podem fazer venda direta ao consumidor, não podem revender a terceiros. No entanto, diz que estão se organizando com outros produtores agroecológicos para mudar tal situação.
Caso você esteja precisando de algo digestivo, diurético, laxante e até mesmo anti-depressivo (isso só é uma parte das propriedades medicinais) quem sabe o Hibiscus sabdariffa, o hibisco comestível, do seu Dodô possa lhe ajudar (contato 51-32586556)
Leia mais em: Hibisco: do uso ornamental ao medicinal

Sacolas de pano são distribuídas a todos e todas que chegam ao Brasil Rural Contemporâneo. Foto: Cíntia Barenho
Algo que me chamou atenção desde o primeiro dia do Brasil Rural Contemporâneo é a distribuição de sacolas de pano, aquelas de algodão, também conhecidas por sacolas ecológicas.
Já na entrada da feira, os visitantes recebem as sacolas para transportar as suas compras.
Praticamente não há circulação de sacolas plásticas na feira.
Todas as pessoas que vi, dos mais diferentes estilos e padrões sociais, aderiram ao uso das sacolas
A proposta da organização da feira é muito positiva e deve ser mais que copiada.
A natureza agradece…

Fotógrafo: Eduardo Aigner/MDA
Os apreciadores de produtos orgânicos têm um Brasil inteiro a descobrir na Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária – Brasil Rural Contemporâneo, que ocorre no Cais do Porto, em Porto Alegre, até este domingo (16). Lá estão desde as castanhas do Brasil vindas do Estado do Amazonas até arroz, feijão e milho pipoca da Cooperativa de Produtos dos Assentados de Santa Rita (Coopat), do Rio Grande do Sul.
Estão, também, os ovos orgânicos de galinhas alimentadas com pó de rocha. E os chás e temperos orgânicos trazidos do Paraná, produzidos pela organização Magia das Plantas, que trabalha em parceria com aldeias indígenas.
A lista inclui ainda uma infinidade de geleias, sucos, pães, bolos, biscoitos e até um espumante orgânico trazido pela Cooperativa Coopeg, de Garibaldi (RS). O espumante, um demi-sec obtido pelo método champenoise, é um dos únicos do mercado, de acordo com a presidente da cooperativa, Salete Arruda da Silva. O produto é requintado, mas o preço é acessível: R$ 20,00. Inovação é algo que está no DNA da Coopeg. Salete é a primeira mulher a presidir a cooperativa e, por este fato, foi inclusive homenageada em seu município.
A coopeg também comercializa vinhos branco e tinto, além de sucos e geleias. A Coopernatural, de Picada Café (RS), também trouxe seus vinhos bordô, merlot e Cabernet Sauvignon orgânicos (que custam de R$ entre 10,00 e R$ 18,00)
Erva-mate, banana passa, geleia de kiwi, feijão azuki, pão integral, cucas, bolos, barras de cerais, nata, requeijão e granola são mais alguns dos orgânicos que podem ser encontrados nos estandes do Sítio Pé na Terra, da Ecocitrus e da Aecia, entre outros.
A Aecia comercializa mais de dez produtos diferentes, produzidos por um grupo de agricultores de Antônio Prado, na Serra Gaúcha, organizados em cooperativa. Mas os mais procurados são o molho e o extrato de tomate, alem dos néctares de uva, amora e maçã, entre outros. De acordo com a secretária da cooperativa, Luciani de Boni, os músicos que se apresentam na feira sempre pedem os sucos e néctares no camarim. “O Gilberto Gil é fã de carteirinha”, diz.
Fonte: MDA

Brasil Rural Contemporâneo, Cais do Porto, Porto Alegre, Maio 2010. Foto Lucio Uberdan
O Guaíba é lagoa ou rio?
por Cíntia Barenho
Essa foi a primeira pergunta que me fizeram quando cheguei ontem na Feira Brasil Rural Contemporâneo.
Um expositor do Amazonas, veio questionar ao ver essa beleza que é o Guaíba.
Tentei não fazer “juízo de valor” e minimamente falei de algumas características desse corpo d’água. Mas obviamente disse a ele que, dependendo do interesse “escolhe-se” o que é o Guaíba
O amazonense me perguntou: se ele levava a outro país?se desembocava no mar. Respondida às suas perguntas ele prontamente disse: “Então é um rio!”.
Sorri. O conhecimento popular, o conhecimento tradicional, não titubeia ao se referir aos elementos da natureza.
Enfim, parece que não haveria melhor lugar para acontecer a Feira Brasil Rural Contemporâneo. Um local que está em disputa pela especulação imobiliária, pelos interesses econômicos e políticos que não primam pelos critérios socioambientais. O Cais do Porto está sendo um excelente palco para evidenciar e fazer a junção da vida do campo (do rural) com a vida da cidade (urbana). A capital dos gaúchos e gaúchas está podendo experimentar que não há vida na cidade sem o suporte do campo. Mas que vida é esse que queremos? Para nós do CEA passa por uma vida com preservação e conservação de fato dos elementos naturais, com respeito à diversidade, com respeito a legislação ambiental, com uma agricultura com bases ecológicas, consequentemente orgânicas, e com respeito às diferentes formas de vida.

Palco Tablado de Raiz. Foto de Fabrício Barreto
No sábado e no domingo, 15 e 16, as atividades culturais da Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária – Brasil Rural Contemporâneo, no Cais do Porto, em Porto Alegre (RS), começam mais cedo. No espaço do Palco Multicultural, às 19h, acontece a apresentação do Rock de Raiz – Frank Jorge, Julio Reny e Wander Wildner (RS) e, às 20h30min, Certa manhã acordei de sonhos intranquilos, com Otto, que convida Lirinha (PE). Já no espaço Tablado de Raiz (dentro do evento) acontecem, às 15h, as apresentações de Xaxados & Perdidos, com Simone Raslan; às 16h, Gilberto Monteiro (RS); às 17h, Giba Giba (RS); e, às 18h, Coco Raízes de Arco Verde (PE)
O show também se espalha pela cidade, com apresentações no Mercado Público, Praça da Encol, Cidade Baixa e Feira Ecológica, nos Cortejos Nacionais.
Atrações do fim-de-semana AQUI
No sábado e no domingo, 15 e 16, as atividades culturais da Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária – Brasil Rural Contemporâneo, no Cais do Porto, em Porto Alegre (RS), começam mais cedo. No espaço do Palco Multicultural, às 19h, acontece a apresentação do Rock de Raiz – Frank Jorge, Julio Reny e Wander Wildner (RS) e, às 20h30min, Certa manhã acordei de sonhos intranquilos, com Otto, que convida Lirinha (PE). Já no espaço Tablado de Raiz (dentro do evento) acontecem, às 15h, as apresentações de Xaxados & Perdidos, com Simone Raslan; às 16h, Gilberto Monteiro (RS); às 17h, Giba Giba (RS); e, às 18h, Coco Raízes de Arco Verde (PE)
O show também se espalha pela cidade, com apresentações no Mercado Público, Praça da Encol, Cidade Baixa e Feira Ecológica, nos Cortejos Nacionais.
Atrações do fim-de-semana AQUI

Pedro Munhoz e Fernando Anitelli durante o show do "O Teatro Mágico" na Feira do Brasil Rural Contemporâneo, Porto Alegre. Foto de Fabrício Barreto
por Cris Rodrigues
Às vezes a gente liga no automático e só vai. Pra mim, defender a agricultura familiar e a reforma agrária é uma coisa óbvia. Claro, por causa dos benefícios sociais que trazem, que os números do último post comprovam e coisa e tal. Mas qual o sentido disso? O que faz esses números, esses benefícios, deixarem de ser apenas informações e se tornarem de fato relevantes?
Durante o show do Teatro Mágico – especialmente quando o palco foi dividido com Pedro Munhoz e que uma faixa produzida por diversos movimentos foi levada ao palco -, a vibração, as palavras, a sensação… Era tudo tão forte, a emoção tão grande e veio uma luz, uma coisa que dizia que a palavra por trás disso tudo é solidariedade. Tá, não foi a primeira vez que cheguei a essa conclusão, mas é que a rotina é tão cruel que às vezes nos impede de sentir o tanto que deveríamos.
Agricultura familiar faz sentido porque as pessoas vivem melhor. Reforma agrária é boa porque é justa. Porque não tem um motivo racional, uma razão lógica que explique que uma pessoa tenha milhares de hectares de terra pra plantar produtos pra vender e nem ver o dinheiro enquanto outra batalha a vida inteira e não consegue ir longe. Não porque não é capaz, mas porque não nasceu no mesmo lugar, não veio da mesma barriga, não teve as mesmas chances.
Por isso, o Movimento dos Sem Terra defende terra para todos. O Teatro Mágico defende cultura para todos. Mulheres lutam para ter as mesmas condições que os homens. Tantas lutas. Luta. Palavra que lembra briga, guerra. Por que devemos lutar para conseguir o que seria tão natural?
Foi nesse espírito que um dia disseram que todos somos iguais. E isso não significa que a lei vale da mesma forma para todos, mas que temos todos o mesmo valor, devemos ter os mesmos direitos e oportunidades e a mesma condição de manter uma vida digna. E feliz.
Mais do que solidariedade, do que compaixão, do que amor ao próximo – todos esses lemas que a igreja roubou mas que são muito mais transcendentes, muito mais profundos e verdadeiros quando pensados por eles mesmos, sem deus nenhum por trás -, o sentido de tudo isso é a felicidade. Que todos tenham o mesmo direito a ela.
Fonte: Somos Andando

CEA e outros sobem ao palco, no show do "O Teatro Magico" com Pedro Munhoz durante a Feira Brasil Rural Contemporâneo = Música Livre do Jabá, Pampa Livre do Eucalipto e Mulher Livre do Machismo! Foto de Lucio Uberdan
por Cíntia Barenho
O CEA juntamente com outras organizações ambientalistas, feministas e militantes da cultura/música livre, conseguiram concretizar um bom momento durante o Show do “O Teatro Mágico”. Durante a participação do companheiro músico, Pedro Munhoz, nosso parceiro antigo, uma militante do CEA e outras duas feministas subiram ao palco com a Faixa: Música Livre do Jabá, Pampa Livre do Eucalipto e Mulher Livre do Machismo! Pedro Munhoz cantava a canção da Terra, uma música de sua autoria, mas que para ele já transpôs as barreiras da autoria, e ganhou o mundo.
Mas, apesar de tudo isso
O latifúndio é feito um inço
Que precisa acabar
Romper as cercas da ignorância
Que produz a intolerância
Terra é de quem plantar
A Terra, Terra,
Terra, Terra…
Quando subimos ao palco, na metade da música, a emoção foi muito forte. Houve uma recepção extremamente positiva da nossa presença com aquela faixa, denunciando as diferentes formas de opressão, de apropriação privada, que tem transformado tudo em mercadoria: a natureza, as mulheres, a cultura/música, a vida…
Música Livre do Jabá, Pampa Livre do Eucalipto e Mulher Livre do Machismo!
Mais fotos AQUI ou no Flickr do CEA ou de CíntiaBarenho

CEA e outros sobrem ao palco, no show do "O Teatro Magico" com Pedro Munhoz durante a Feira Brasil Rural Contemporâneo = Música Livre do Jabá, Pampa Livre do Eucalipto e Mulher Livre do Machismo!

Na cozinha da COOPESI no Brasil Rural Contemporâneo - as delícias da Lagoa Mirim sendo produzidas. Foto de Cíntia Barenho
Cooperativa de Pescadores de Santa Isabel – Arroio Grandre/RS
por Cíntia Barenho
Passeando na praça de alimentação é possível encontrarmos a banca dos Pescadores de Santa Isabel. Desde 2002, eles se organizam através da Cooperativa de Pescadores de Santa Isabel (COOPESI-Arroio Grandre/RS). A conversa foi motivada, especialmente porque em tal área a ex-VCP (até o momento) cotava instalar uma Fábrica de Celulose.
Conversei com várias pessoas da cooperativa, que estão pela primeira vez participando de uma feira e oferecendo algumas das Delícias da Lagoa Mirim.
Na cooperativa estão associdadas cerca de 40 pessoas. Silvia Marisa Colvara, atual secretária da Colônia Z-24, conta que estarem cooperativados potencializou o trabalho deles, hoje estão fazendo feiras em Arroio Grande e Santa Isabel. Também participam de um convênio com a CONAB (Fome Zero) fornecendo diretamente filés e peixes inteiros para Companhia. Mensalmente entregam 1307kg, afirmou Iramar Kerchine também integrante da COOPESI. Para ele ainda há perspectivas de aumentar a quantidade fornecida, mas dependem da quantidade de chuva que pode vir a banhar a lagoa.
Na Lagoa a variedade de peixes é grande, tem Peixe-Rei, Traíra, Pintado, Jundiá, Dourado, Viola, Trairão, Corvina, Cascuda, Tainha. Silvia Marisa afirma que a variedade é grande e que eles precisam descrever todas para o IBAMA, pois se forem pegos com um tipo de peixe não descrito eles podem ser multados. Iramar comentou que antigamente tinha muito mais, mas com a Barragem Eclusa reduziu muito, prejudicando o trabalho deles.
Outro pescador, Jorge Alexande Teixeira, pescador desde os 10 anos, contou que existem pelo menos 2 tipos de peixe-rei: o bananinha e o bicudo. O que varia é o o tamanho deste.

Delícias da Lagoa Mirim da COOPESI = Pintado Assado. Foto de Cíntia Barenho
Mas e a Fábrica de Celulose?
Quando questionados sobre a Fábrica de celulose o descontentamento foi geral. Silvia Marisa disse que “é 100% ruim pra gente”. Ela contou que chegaram lá cheios de promessas de empregos, que iriam buscar o povo para trabalhar. Sobre tais empregos ela disse que dependiam do grau de escolaridade, certamente a população local não estaria na condição exigida ou seja, “imaginam que por seremos de campanha não conhecemos o que acontece lá fora”.
Para o pescador Jorge Alexandre “Barulho de prato não é comida”, se referindo aos empregos que prometeram gerar com a fábrica. Ele disse que já há comentários na região que a empresa devolverá a terra comprada. Já para Iramar, a Fábrica e os Eucaliptos são ruins para a natureza: “a terra onde são plantados os eucaliptos demora muitos anos para se recuperar; o sustento da terra é tirado com os eucaliptos”.
Para todos que moram na Vila Isabel, uma fábrica de celulose só traria prejuízo para o trabalho que desenvolve a sua comunidade: a pesca.
Enfim, parece que as alternativas econômicas para a metade sul passam longe por um único e exclusivo modelo de “desenvolvimento”.
Para quem for na Feira da Agricultura Familiar – Brasil Rural Contemporâneo – confira as Delícias da Lagoa Mirim da COOPESI – Strogonoff de bochecha (de traíra), Moqueca Santa Isabel, Pintado Assado
O Centro de Estudos Ambientais, através de Cíntia Barenho, também está na cobertura da feira, buscando mostrar a biodiversidade presente, evidenciando que o desenvolvimento do campo, do rural, poder e deve acontecer através da sociobiodiversidade existente e não das soluções capitalistas e degradadoras do agronegócio…
O Brasil Rural por diversos olhos
“Ainda há no imaginário das pessoas a ideia de que o meio rural é o lugar de atraso. Mas o que se vê aqui é exatamente o contrário: o campo é rico e diverso, com produção forte e moderna”, afirmou o ministro Guilherme Cassel, na tarde desta quinta-feira durante a abertura da Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, em Porto Alegre.
Este Brasil Rural de tantas diversidades está às margens do Guaíba, e atrai a atenção pela sua potencialidade. Em uma linguagem discontraída, ou mais voltada a segmentos específicos a mídia alternativa conta, a seu modo, o que acontece no cais do porto da capital gaúcha.
Já no primeiro dia de Feira, um grupo de seis blogueiros acompanharam toda a programação oficial, sem se descuidar de estandes atraentes e histórias de bastidores. “O novo rural está aqui. Hoje o campo não é só plantar e colher, e sim agregação de serviços. Uma prova são os roteiros turísticos da agricultura familiar, apresentados aqui na Feira”, explica Lúcio Uberdan, que escreve para um blog voltado à economia solidária e à auto-gestão. Ele é um dos blogueiros que está na Feira colhendo informações e curiosidades para levar aos seus leitores.
Fonte MDA
Veja também: As cores do dia no Brasil Rural Contemporâneo AQUI
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