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Bici vintage Fish Eye

Massa Crítica no Forum Mundial das Bicicletas. Três horas de muito pedalar. Mais adrenalina, menos gasolina. Mais amor, menos motor. Foto Cíntia Barenho/CEA

“Até mesmo a forma de transporte que nos libertou era barata, pois nós, ou nossos pais, seguimos o conselho dos anúncios na traseira dos ônibus londrinos de dois andares: “Desça desse ônibus. Ele jamais será seu. Compre uma bicicleta por dois pence por dia”. Com efeito, com poucas prestações semanais podia-se comprar a bicicleta – no meu caso uma brilhante Rudge-Whitworth, que custava mais ou menos cinco ou seis libras. Se a mobilidade física é condição essencial da liberdade, a bicicleta talvez tenha sido o instrumento singular mais importante, desde Gutenberg, para atingir o que Marx chamou de plena realização das possibilidades de ser humano, e o único sem desvantagens óbvias. Como os ciclistas se deslocam à velocidade das reações humanas e não estão isolados da luz, do ar, dos sons e aromas naturais por trás de pára-brisas de vidro, na década de 30, antes da explosão do tráfego motorizado, não havia melhor maneira de explorar um país de dimensões médias com paisagens tão surpreendentemente variadas e belas. Com a bicicleta, uma tenda, um fogareiro a gás e a novidade da barra de chocolate Mars, explorei com meu primo Ronnie (que a pronunciava “Marr”, como se fosse em francês) grande parte das belezas civilizadas do sul da Inglaterra, e, numa memorável excursão de inverno, também as mais selvagens do norte do País de Gales.”

(HOBSBAWM, E. “Tempos interessantes: uma vida no século XX”. ISBN 85-359-0300- 3. S.Paulo: Companhia das Letras, 2002. pp. 107-108)

Fonte: Pedalante

Colaboração Lucio Uberdan

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O professor Sirio López Velasco

O Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental (PPGEA), Sírio Lopez Velasco, lançou mais uma publicação intitulada Ideias para o socialismo do século XXI com visão marxiana-ecomunitarista, pela Editora da FURG, Rio Grande/RS.

A obra contém os seguintes ensaios, conforme o autor:

1) Ética ecomunitarista, pessoa e formação política (onde se expõem os fundamentos da ética e do ecomunitarismo, se explicita a noção de pessoa e se aborda a educação ambiental como formadora política, em sentido amplo);

2) A crítica da alienação no “Capital” à luz da ética argumentativa ecomunitarista (onde mostra-se que Marx permaneceu fiel na sua obra máxima à crítica que fez da alienação capitalista na sua juventude, e interpreta-se/aplica-se essa crítica desde as três normas básicas da ética);

3) Ucronia mínima (apresenta os relatos em português da primeira parte de um livro de Lopez Velasco antes editado em espanhol, que descrevem o dia-a-dia de uma sociedade ecomunitarista, nas áreas da economia ecológica e sem patrões, da educação, da erótica, da política, e da comunicação);

4) La ética ecomunitarista y las necesidades legítimas en la perspectiva del socialismo del siglo XXI en A. Latina;

5) Fundamento filosófico y legitimación ética de la libertad de expresión en el socialismo del siglo XXI (onde se faz a crítica da imprensa no capitalismo e são traçadas algumas diretrizes para seu funcionamento no socialismo do século XXI que floresce na A. Latina); e

6) El ecomunitarismo y el Tao Te King: primera aproximación (leitura ecomunitarista desse clássico do pensamento chinês e mundial).

Podem ser feitos pedidos do livro na Editora da FURG ( editfurg@mikrus.com.br).

Sírio, autor de várias obras atinentes a temática ambiental e o marxismo, tem sido um parceiro e apoiador do CEA em diversas oportunidades, como no movimento que envolveu outras instituições na luta pela proteção das dunas, no Balneário do Cassino, em Rio Grande, a qual resultou num marco legal próprio, a partir de uma proposta elaborada pelo CEA, norma ambiental que ainda carece de aplicação plena.

Ecossistema de dunas tem marco legal próprio, resultado da mobilização do movimento ambiental/ecológico, a partir de uma proposta elaborada pelo CEA. Balneário do Cassino. Foto: Antonio Soler/CEA

 Enrique Leff
Leff: a transição de uma lógica econômica e tecnológica para outra, com princípios ambientais

Enrique Leff não é um velho hippie ou um ecologista fanático. Mas para o economista mexicano, é impossível discutir economia hoje sem levar em conta a crise ambiental e as mudanças climáticas.
Um dos maiores expoentes da corrente “ecomarxista”, Leff é doutor em Desenvolvimento pela Universidade de Sorbonne, leciona Ecologia Política na Universidade Autônoma do México e coordena a Rede de Formação Ambiental para a América Latina e Caribe do programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUD). Ele conversou com o Opera Mundi em Manaus durante o TEDx Amazônia, conferência independente realizada em Manaus.

Opera Mundi: O senhor costuma dizer que a humanidade errou. Como esse erro gerou a atual situação, em sua opinião, uma “insustentabilidade da vida”?
Enrique Leff: A civilização ocidental gerou uma forma de compreensão que transforma o mundo em objeto, não respeitando a essência da natureza e do ser humano. As religiões judaico-cristãs pensavam o ser humano como criação divina, mas com direito de intervir sobre todos os seres vivos, com quase uma obrigação de subjugar a natureza. Depois houve muitos momentos de construção desse pensamento, como a fundação da metafisica, da filosofia grega. Ali se começa a pensar o mundo não como um ser complexo, mas como entes, coisas. É também o começo da fragmentação do mundo – não se via mais a vida em termos de processos complexos, interatuantes, interdependentes. E começava também uma obsessão de unidade do mundo, de ideias universais. Isso permanece ao longo de todo esse trajeto que vai desde a concepção originária da metafísica até a ciência moderna.

Opera Mundi: No fundamento da ciência moderna essa lógica se perpetua?
Enrique Leff: Sim. A ciência não é o conhecimento universal. É um modo de produção de conhecimento. Mas foi idealizada pela modernidade como a forma suprema de criação de conhecimento. E pretende gerar um controle; é a ideia de controlar a natureza. A ciência pretendeu e pretende ainda chegar a um conhecimento objetivo da vida. Com isso, gerou também uma ideia de progresso, de que o destino dos seres humanos teria que ser um processo sempre crescente. Com todas essas ideias de fundo, vem o mito da ciência capaz de gerar conhecimentos sem a intervenção das paixões, dos interesses dos cientistas ou de grupos sociais.

Opera Mundi: Quando essa lógica passa da ciência para a economia?
Enrique Leff: No período da revolução industrial, dois fatos foram determinantes. O primeiro, a construção do novo modo de produção com a máquina de vapor, transformou a lógica do trabalho, surgindo o trabalhador desumanizado, destinado a produzir. Ao mesmo tempo, ciência econômica imaginada estava sendo estabelecida. Karl Marx fez uma crítica de uma lucidez maravilhosa e profunda para desentranhar onde que estava a relação social de dominação no modo de produção, que se pensava neutra…

Opera Mundi: Como uma lei natural.
Enrique Leff: Sim, como algo natural. Não se pensou que era uma relação de dominação, mas que o capital era mais forte que a força de trabalho, e assim se equilibravam as forças de produção para gerar uma produção de bem-estar. Uma falácia. A partir disso, a ciência e a tecnologia foram usadas para manter o capital produtivo, para salvar as crises cíclicas do capital. E finalmente a força de trabalho começou a ser substituída por uma aplicação direta da ciência convertida em tecnologia. Ou seja, não tem nem o humano. Hoje, o grande suporte do capital não é mais a força de trabalho. Isso gerou uma artificialidade, que é a economia completamente isolada da natureza. Não quer dizer que ela não utiliza a natureza, mas que utiliza a natureza já tratada como objeto, retirada dessa trama complexa que faz com que a biosfera continue a funcionar como um planeta vivo.

Opera Mundi: Onde Marx errou?
Enrique Leff: Marx foi o maior pensador crítico, mas nenhum pensamento é um pensamento final. Não conseguiu chegar nisso que agora chamamos de ecomarxismo, ou a segunda contradição: o capital estava se construindo sobre a destruição de suas bases ecológicas de sustentação. Estava objetivando, fragmentando a natureza, rompendo ciclos ecológicos necessários para manter a oferta de natureza de que a economia precisa. O que a economia fez foi explorar em demasia o trabalho, mas ao mesmo tempo, exauriu a natureza. Podemos dizer que Marx estava inserido no seu tempo. Em 1860 se acreditava que a natureza conseguiria se recuperar sempre. Não é o caso hoje. Mais de 100 anos depois, podemos fazer a crítica e avançar em uma conceitualização ainda mais complexa do que esse modo de produção gera. É por isso que precisamos de um socialismo ecológico, com foco na mudança dessa racionalidade econômica. Não é só uma questão do protelariado tomar os meios de produção, não é uma mudança de mãos do mesmo processo, é uma transformação profunda dessa racionalidade econômica.

Opera Mundi: Então, um marxista hoje tem que considerar a questão ambiental?
Enrique Leff: Sem dúvida. Hoje não se pode continuar a ser marxista sem pensar nessa contradição entre capital e natureza. O aquecimento global é gerado pela economia, não é uma coisa natural. É isso que ninguém compreende. Nem mesmo os cientistas, os políticos que discutem o aquecimento global. Precisamos entender que não é só uma questão da economia estar produzindo escassez da água, de recursos naturais, mas que está gerando a morte entrópica do mundo.

Opera Mundi: Como mudar essa racionalidade?
Enrique Leff: O primeiro passo é baixar a ciência do pedestal. A ciência construiu coisas maravilhosas, mas é só um modo de produção de conhecimentos. Não é o único, a vida humana gerou outros modos de compreensão do mundo. A academia não somente tem que ir para a interdisciplinaridade dentro da academia, mas debater os princípios científicos com outros princípios, como os saberes tradicionais. Hoje em dia há um grande debate se devemos seguir construindo pelas potencialidades da ciência e da tecnologia, ou se deve haver uma ética para normalizar essas potencialidades, porque a ciência gera grandes possibilidades, construiu a bomba atômica, o genoma humano que pode agora produzir seres vivos… É disso que estamos falando, é uma questão ética.

Opera Mundi: Outro conceito que você aponta nesse novo paradigma é o da alteridade…
Enrique Leff: A ciência gerou uma unificação do mundo através da dominação do sistema de mercado, a globalização econômica. Cria hábitos e formas de viver unificadas. A desconstrução desse modelo de produção deve pensar a produção a partir de potenciais ecológicos de cada território. A articulação entre a conformação de um território natural e uma cultura gera um mapa de modos diferenciados de produção que não podem ser unificados pela lei do mercado. Devemos conviver nessas diferenças. Mas a alteridade é um conceito ainda mais forte. A ciência diz que vamos construindo sobre as certezas que ela descobre, o que é errado. A verdade, se aceitarmos nossa condição de seres humanos, de seres simbólicos, é que nós não vamos nunca atingir um momento de totalidade, de sapiência absoluta.

Fonte: Vermelho/Opera Mundi

Ainda sobre Karl Marx e suas leituras “ambientalistas”, indicamos a leitura do artigo de Michael Lowy acerca do Ecossocialismo.

Meu ponto de partida será o fenômeno da racionalização analisado por Max Weber. Segundo Weber, proponho distinguir três aspectos – estreitamente ligados entre si – do processo de racionalização que caracteriza, desde a revolução Industrial, as sociedades capitalistas modernas [a mesma coisa poderá ser afirmada, em larga medida, a respeito das defuntas burocráticas do Leste Europeu].

Baixe o artigo AQUI

KARL MARX, PRESENTE!

Em 5 de maio de 1818 nascia Karl Heinrich Marx, intelectual e revolucionário alemão, que, juntamente com Engels, desenvolveu sistemática crítica radical às sociedades capitalistas.

Marx também apontou, em vários de seus escritos e livros, a forma predatória e degradadora, no qual o sistema capitalista tratava a vida, extraindo a mais valia não só do trabalhador (a), mas também da natureza. Abaixo seguem alguns fragmentos escritos por ele:

[…] cada progresso da agricultura capitalista não é só um progresso da arte de saquear o solo, pois cada progresso no aumento da fertilidade por certo período é simultaneamente um progresso na ruína das fontes permanentes dessa fertilidade […] a produção capitalista só desenvolve a técnica e a combinação do processo de produção social ao minar simultaneamente as fontes de toda a riqueza: a terra e o trabalhador (Marx apud Lowy, 2005).

O trabalhador nada pode criar sem a natureza, sem o mundo exterior sensível. Ela é a matéria pela qual o seu trabalho se efetiva, na qual [o trabalho] é ativo, [e] a partir da qual e por meio da qual [o trabalho] produz. Mas como a natureza oferece os meios de vida, no sentido de que o trabalho não pode viver sem objetos nos quais se exerça, assim também oferece, por outro lado, os meios de vida no sentido mais estrito, isto é, o meio de subsistência física do trabalhador mesmo (Marx, 2004).

Ainda no mestrado, Cíntia Pereira Barenho, juntamente com o prof. Carlos RS Machado, desenvolveram o artigo “Contribuições do Marxismo e da Etnoecologia para o estudo das relações socioambientaisque foi apresentado no Colóquio Marx e Engels (CEMARX/2007) da Unicamp:

Resumo
Este artigo busca nas idéias de natureza, postas em Marx e Engels, relacionar dois campos de estudo: a Etnociência, via Etnoecologia e o Marxismo, via Ecossocialismo. Para tanto destaca dois aspectos presentes nestes campos de investigação: a exploração do campo e/ou da agricultura, e a natureza como mercadoria. Mesmo que tais teóricos não tenham aprofundado a análise das questões socioambientais, já apresentavam o quão prejudicial estava sendo a expansão do capitalismo. Prejudicial no sentido de utilização indiscriminada dos recursos (elementos) naturais, e principalmente pela apropriação privada da natureza.
Palavras-chaves: Etnociência, Ecossocialismo, Natureza.

Baixe AQUI o artigo

Também interessante é conferir O discurso de Engels no funeral de Marx AQUI

A propósito da temática anterior, encontramos trecho do “O Manifesto Comunista” em cordel.

O economista, filósofo e socialista alemão Karl Marx tem, pela primeira vez, suas idéias lançadas em poemas de cordel pelo poeta popular cearense Antônio Queiroz de França.

Literatura de cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome que vem lá de Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. É um gênero literário especialmente encontrado no Nordeste brasileiro

Trechos de “O Manifesto Comunista em Cordel”:

Pensadores, sociólogos,
Cientistas sociaisi
Preocupem-se com o Homem
Este “rei dos animais”
Que cultiva o egoísmo,
Da ética não lembra mais.

Devido à desigualdade
Estudam a economia
E chegaram à conclusão
Que a poucos privilegia
Sem o mínimo pra ter vida
Sofre a grande maioria.

Fizeram a divisão
Após “estudos profundos”:
“Primeiro mundo” dos ricos,
“Terceiro” dos moribundos.
Os pobres escravizados
Por burgueses dos dois mundos.

Um grande gênio alemão
E um outro camarada
Prepararam uma tese
Da humanidade estudada
E descobriram a causa
Da fome verificada.
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Frase

“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

Apresentação

O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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