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Os mesmos que apoiam o uso indiscriminado de agrotóxicos, também apoiam o uso dos transgênicos….

Occupy Monsanto, saiba mais aqui

Na próxima segunda-feira, dia 17, uma onda de manifestações vai se espalhar por vários países do globo para dizer um sonoro ‘não’ aos produtos da transnacional estadunidense Monsanto, maior produtora de transgênicos do mundo. A ação está sendo organizada pelo Movimento Ocupa Monsanto e tem como principal intenção fazer com que os organismos geneticamente modificados (OGM) “voltem para os laboratórios”. A ação principal vai acontecer na cidade de San Luis, em Missouri, nos Estados Unidos, onde está localizada a sede da Monsanto.

“Quer você goste ou não, as chances são grandes de a Monsanto ter contaminado com produtos químicos e organismos geneticamente modificados a comida que você comeu hoje. Monsanto controla grande parte do suprimento mundial de alimentos à custa da democracia no mundo de alimentos”, alerta o Movimento Ocupa Monsanto.

As manifestações começam no dia do aniversário do movimento social Ocupa Wall Street, que nasceu ano passado, nos Estados Unidos, para se contrapor ao modelo político – econômico dominante. Até o momento, mais de 65 atividades já estão confirmadas em países como Alemanha, Canadá, EUA, Índia, Paraguai, Filipinas, Polônia, Argentina, Austrália, Espanha, Rússia, Japão, entre outros.

Em Oxnard, na Califórnia, as manifestações já começaram. Na quarta-feira (12), ativistas que se autodenominavam da Unidade de Crimes Genéticos fecharam os pontos de acesso às instalações onde estão guardadas sementes da Monsanto para serem distribuídas. A ação fez com que a sede da transnacional passasse ao menos um dia sem distribuir os organismos geneticamente modificados.

Depois das atividades teatrais e da apresentação de alegorias como o “peixe-milho” nove ativistas ‘anti-OGM’ foram levados/as pelas forças de segurança e presos sob a acusação de invasão de propriedade.

Dia 17, também é importante que grupos, organizações, coletivos e comunidades possam colaborar organizando atividades presenciais ou mesmo virtuais, criando eventos nas redes sociais e publicando fotos e vídeos para lembrar que o momento que os produtos da Monsanto não são bem vindos na mesa de milhares de pessoas.

Monsanto

A transnacional produz 90% dos transgênicos consumidos e é líder no mercado de sementes. Seu nome está constantemente ligado a polêmicas quando o assunto é organismos geneticamente modificados. A empresa é acusada de biopirataria, contrabando de sementes, manipulação de dados científicos e de ser responsável pelo suicídio de agricultores indianos, que se endividaram por conta dos altos custos de sementes transgênicas e de insumos químicos necessários às plantações de transgênicos, entre outros crimes.

Para mais informações, acesse: http://occupy-monsanto.com/

FOnte: Adital

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Ao ler o título e o subtítulo da notícia até nos parece que possa ser algo positivo, ainda mais em tempo de eleições municipais. No entanto, não precisamos muito para destrinchar a notícia e ver a enganação, greenwashing que é a mesma. Não querem enfrentar o real problema, mas sim criar soluções dentro do sistema (a tal economia verde) para os que poluem possam seguir poluindo sem tanta “culpa”e aquele que polui pouco, algo que deveria ser a regra, possa lucrar com isso. Enfrentar a problemática da queima de combustíveis fósseis, da grande quantidade de carros nas ruas, não implementar taxas de inspeção veicular, das empresas que não cumprem licenciamento e regulamentos ambientais para operarem, dentre outros, isso não farão. Por fim, destacamos que no  site da SMAM até que foi possível encontrar dados sobre o Monitoramento da Qualidade do Ar, mas nada de 2012.

RS terá inventário sobre emissão de gases

Informações servirão para plano de redução das emissões de gases de efeito estufa

Porto Alegre vai realizar, em parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro, um levantamento sobre a quantidade de gases de efeito estufa – conhecidos como GEE – emitida na capital. O inventário servirá de base para a elaboração de um plano de redução das emissões e, num segundo momento, para a criação de uma Bolsa Verde, onde empresas poderão comercializar ativos ambientais entre si para o cumprimento das metas de redução.

O projeto foi discutido ontem durante o I Fórum Internacional de Mudanças Climáticas das Cidades de Baixo Carbono, realizado em Porto Alegre.O Rio de Janeiro foi a primeira cidade latino-americana a fazer o inventário, em 2003. Com base nos dados, a prefeitura local estabeleceu uma meta de 8% de redução dos GEE para 2012 e de 16% para 2016. Os principais problemas identificados no Rio foram relacionados ao transporte de lixo urbano.

Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Luiz Fernando Záchia, a minuta de parceria com a prefeitura do Rio deve ser assinada nos próximos dias. “A cidade tem uma experiência concreta e inventários de emissão de gases do efeito estufa muito bem estruturados. Vamos compartilhar desta experiência”, disse Záchia. As formas de redução de emissão estão na coleta seletiva, nas compensações ambientais, nos plantios, na reciclagem de resíduos, no estímulo ao uso da bicicleta e na adaptação às mudanças climáticas, destacou Nelson Moreira Franco, coordenados do plano carioca.

A política nacional de redução prevê metas de redução entre 36% e 38,9% até 2020. “Há instrumentos para ajudar as cidades a avançar na adaptação às mudanças climáticas”, garantiu o secretário de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Klink. 

Fonte: METRO

A 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) condenou, na última semana, a empresa Monsanto do Brasil a pagar indenização de R$ 500 mil por danos morais causados aos consumidores ao veicular, em 2004, propaganda em que relacionava o uso de semente de soja transgênica e de herbicida à base de glifosato usado no seu plantio como benéficos à conservação do meio ambiente.

A empresa de biotecnologia, que vende produtos e serviços agrícolas, também foi condenada a divulgar uma contrapropaganda esclarecendo as consequências negativas que a utilização de qualquer agrotóxico causa à saúde dos homens e dos animais.

Segundo o Ministério Público Federal, que ajuizou a ação civil pública contra a Monsanto, o comercial era enganoso e o objetivo da publicidade era preparar o mercado para a aquisição de sementes geneticamente modificadas e do herbicida usado nestas, isso no momento em que se discutia no país a aprovação da Lei de Biossegurança, promulgada em 2005.

A campanha foi veiculada na TV, nas rádios e na imprensa escrita. Tratava-se de um diálogo entre pai e filho, no qual o primeiro explicava o que significava a palavra “orgulho”, ligando esta ao sentimento resultante de seu trabalho com sementes transgênicas, com o seguinte texto:

– Pai, o que é o orgulho?
– O orgulho: orgulho é o que eu sinto quando olho essa lavoura. Quando eu vejo a importância dessa soja transgênica para a agricultura e a economia do Brasil. O orgulho é saber que a gente está protegendo o meio ambiente, usando o plantio direto com menos herbicida. O orgulho é poder ajudar o país a produzir mais alimentos e de qualidade. Entendeu o que é orgulho, filho?
– Entendi, é o que sinto de você, pai.

A empresa defendeu-se argumentando que a campanha tinha fins institucionais e não comerciais. Que o comercial dirigia-se aos agricultores gaúchos de Passo Fundo com o objetivo de homenagear o pioneirismo no plantio de soja transgênica, utilizando menos herbicida e preservando mais o meio ambiente.

A Justiça Federal de Passo Fundo considerou a ação improcedente e a sentença absolveu a Monsanto. A decisão levou o MPF a recorrer ao tribunal. Segundo a Procuradoria, a empresa foi oportunista ao veicular em campanha publicitária assunto polêmico como o plantio de transgênicos e a quantidade de herbicida usada nesse tipo de lavoura. “Não existe certeza científica acerca de que a soja comercializada pela Monsanto usa menos herbicida”, salientou o MPF.

O relator do voto vencedor no tribunal, desembargador federal Jorge Antônio Maurique, reformou a sentença. “Tratando-se a ré de empresa de biotecnologia, parece óbvio não ter pretendido gastar recursos financeiros com comercial para divulgar benefícios do plantio direto para o meio ambiente, mas sim a soja transgênica que produz e comercializa”, afirmou Maurique.

O desembargador analisou os estudos constantes nos autos apresentados pelo MPF e chegou à conclusão de que não procede a afirmação publicitária da Monsanto de que o plantio de sementes transgênicas demanda menor uso de agrotóxicos. Também apontou que agricultores em várias partes do mundo relatam que o herbicida à base de glifosato já encontra resistência de plantas daninhas.

Segundo Maurique, “a propaganda deveria, no mínimo, advertir que os benefícios nela apregoados não são unânimes no meio científico e advertir expressamente sobre os malefícios da utilização de agrotóxicos de qualquer espécie”.

O desembargador lembrou ainda em seu voto que, quando veiculada a propaganda, a soja transgênica não estava legalizada no país e era oriunda de contrabando, sendo o comercial um incentivo à atividade criminosa, que deveria ser coibida. “A ré realizou propaganda abusiva e enganosa, pois enalteceu produto cuja venda era proibida no Brasil e não esclareceu que seus pretensos benefícios são muito contestados no meio científico, inclusive com estudos sérios em sentido contrário ao apregoado pela Monsanto”, concluiu.

O valor da indenização deverá ser revertido para o Fundo de Recuperação de Bens Lesados, instituído pela Lei Estadual 10.913/97. A contrapropaganda deverá ser veiculada com a mesma frequência e preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário do comercial contestado, no prazo de 30 dias após a publicação da decisão do TRF4, devendo a empresa pagar multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento. Ainda cabe recurso contra a decisão .

Fonte: Portal da Justiça Federal da 4ª Região

Marcha dos Povos 20.06.12

A Marcha dos Povos por Justiça Social e Ambiental reuniu nas ruas do Rio de Janeiro mais de 80 mil pessoas. Foto: Cíntia Barenho/CEA

Hoje tem Assembleia dos Povos, onde serão apresentados os resultados das 5 plenárias acerca das Soluções reais e novos paradigmas dos povos. As plenárias foram Plenária 1: Direitos, por justiça social e ambiental, Plenária 2: Defesa dos bens comuns contra a mercantilização, Plenária 3: Soberania alimentar, Plenária 4: energia e indústrias extrativas, Plenária 5: Trabalho — por uma outra economia e novos paradigmas de sociedade.

Cíntia Barenho do CEA, estará apresentando os resultados dos debates realizados na plenárias em defesa dos bens comuns e contra a mercantilização

Entre no site da Cúpula dos Povos e acompanhe os debates ao vivo. Veja a programação AQUI

Apresentação do trabalho desenvolvido na Plenária 2: defesa dos bens comuns contra a mercantilização, no qual Cintia Barenho (CEA) foi uma das sistematizadoras. Foto Cíntia Barenho/CEA

Dia 19/06 aconteceu a primeira Assembleia dos Povos, onde foram apresentadas as sínteses das cinco plenárias de convergência realizadas nos dias 17 e 18 de junho. Na Assembleia, foram apontadas as causas estruturais para as crises que o mundo enfrenta e as falsas soluções propostas pelos governos e corporações para resolver questões como aquecimento global, pobreza, fome, desigualdade social e direitos humanos.

Para ler os documentos na íntegra, que servirão de base para a construção do documento final da Cúpula dos Povos, basta clicar sobre os ícones de cada plenária.

Plenária 1: Direitos, por justiça social e ambiental 

Plenária 2: Defesa dos bens comuns contra a mercantilização

Plenária 3: Soberania alimentar

Plenária 4: Energia e indústrias extrativas

Plenária 5: Trabalho — por uma outra economia e novos paradigmas de sociedade

Você pode ler a matéria sobre a primeira Assembleia dos povos, realizada ontem, aqui.

Fonte: Cúpula dos Povos

A quem interessar acompanhar o mundo fantasioso, no qual os Chefes de Estados (nos quais muitos escolhidos para no representar conforme o mundo “democrático”em vivemos, por exemplo, no Brasil)  estão acordando a mercantilização da vida, consequentemente de todos os seres, pode acessar clicando na imagem abaixo.

Mais de 100 chefes de Estado estão reunidos no Riocentro para dar continuidade às negociações da Conferência da ONU.

Ocupa BNDES Feministas e Indígenas

No Rio de Janeiro, Marcha Mundial das Mulheres e Movimento Indígena ocupam, por protesto, o BNDES, pelos seu negócios insustentáveis. Foto: Cintia Barenho/CEA

#OcupaBNDES – Banco Nacional Da Exploração Sexual 

Nesta segunda-feira – 18 de junho, a Marcha Mundial das Mulheres realizou uma ação de resistência, denominada Rosa Luxemburgo, em frente ao Banco Nacional do Desenvolvimento, o BNDES, na sede do Rio de Janeiro.

A ação consistiu em uma batucada feminista e colagem de lambe lambe que dialogavam com a justiça social e ambiental e com a exploração e mercantilização da vida e do corpo das mulheres. Contou com a participação de 40 militantes da MMM. Segundo Bruna Provazi, militante da MMM em São Paulo, o ato conseguiu “mostrar que nós mulheres não aceitamos esse modelo econômico que transforma em mercadoria nossos corpos, nossas vidas e também a natureza. Estamos organizadas e em constante luta”.

Ainda durante a ação, indígenas de diversas etnias do Brasil, ocuparam o espaço do BNDES. Eles exigiram se reunir com algum representante do banco. Em solidariedade e reafirmando que são nas lutas coletivas que existe a possibilidade de conquistas, as militantes da MMM mantiveram-se no BNDES batucando e chamando palavras de ordem como “Ó Belo Monte tem que parar a sociedade não vai mais aguentar”.

Contra a exploração sexual e o desenvolvimento insustentável
O BNDES é uma instituição que empresta dinheiro para que grandes corporações tenham capital financeiro, sendo assim, é responsável pelo financiamento de grandes obras do desenvolvimento brasileiro. Essas por sua vez contribuem para a exploração sexual e a mercantilização da vida das mulheres. É característico que nas regiões onde grandes obras estão sendo construídas, a prostituição e os estupros aumentem. Por exemplo, em Estreito, no Maranhão, existem 240 casas de prostituição e os operários que trabalham na construção da usina utilizam um cartão que eles chamam de cartão dos prazeres, como informado na CPI contra a violência contra a mulher, obteve informações.

Fonte: SOF

A Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento,

Tendo-se reunido no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992,

Reafirmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, adotada em Estocolmo em 16 de junho de 1972, e buscando avançar a partir dela,

Com o objetivo de estabelecer uma nova e justa parceria global por meio do estabelecimento de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chave da sociedade e os indivíduos,

Trabalhando com vistas à conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global de meio ambiente e desenvolvimento,

Reconhecendo a natureza interdependente e integral da Terra, nosso lar,

Proclama que:

Princípio 1

Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.

Princípio 2

Os Estados, de conformidade com a Carta das Nações Unidas e com os Princípios de Direito Internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.

Princípio 3

O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades ambientais e de desenvolvimento de gerações presentes e futuras.

Princípio 4

Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento, e não pode ser considerada isoladamente deste.

Princípio 5

Todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, devem cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza de forma a reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do mundo.

Princípio 6

A situação e necessidades especiais dos países em desenvolvimento, em particular dos países menos desenvolvidos relativo e daqueles ambientalmente mais vulneráveis, devem receber prioridade especial. Ações internacionais no campo do meio ambiente e do desenvolvimento devem, também, atender aos interesses e necessidades de todos os países.

Princípio 7

Os Estados devem cooperar, em um espírito de parceria global, para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre. Considerando as distintas contribuições para a degradação ambiental global, os Estados tem responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que tem na busca internacional do desenvolvimento sustentável, cm vista das pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente global e das tecnologias e recursos financeiros que controlam.

Princípio 8

Para atingir o desenvolvimento sustentável e mais alta qualidade de vida para todos, os Estados devem reduzir e eliminar padrões insustentáveis de produção e consumo e promover políticas demográficas adequadas.

Princípio 9

Os Estados devem cooperar com vistas ao fortalecimento da capacitação endógena para o desenvolvimento sustentável, pelo aprimoramento da compreensão científica por meio do intercâmbio de conhecimento científico e tecnológico, e pela intensificação do desenvolvimento, adaptação, difusão, e transferência de tecnologias, inclusive tecnologias novas e inovadoras.

Princípio 10

A melhor maneira de tratar questões ambientais e assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo deve ter acesso adequado a informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações sobre materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar de processos de tomada de decisões. Os Estados devem facilitar e estimular a conscientização e a participação pública, colocando a informação à disposição de todos.

Deve ser propiciado acesso efetivo a procedimentos judiciais e administrativos, inclusive no que diz respeito à compensação e reparação de danos.

Princípio 11

Os Estados devem adotar legislação ambiental eficaz. Padrões ambientais e objetivos c prioridades em matéria de ordenação do meio ambiente devem refletir o contexto ambiental e de desenvolvimento a que se aplicam. Padrões utilizados por alguns países podem resultar inadequados para outros, em especial países em desenvolvimento, acarretando custos sociais e econômicos injustificados.

Princípio 12

Os Estados devem cooperar para o estabelecimento de um sistema econômico internacional aberto e favorável, propício ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável em todos os países, de modo a possibilitar o tratamento mais adequado dos problemas da degradação ambiental. Medidas de política comercial para propósitos ambientais não devem constituir-se em meios para a imposição de discriminações arbitrárias ou injustificáveis ou em barreiras disfarçadas ao comércio internacional. Devem ser evitadas ações unilaterais para o tratamento de questões ambientais fora da jurisdição do país importador. Medidas destinadas a tratar de problemas ambientais transfronteiriços ou globais devem, na medida do possível, basear-se em um consenso internacional.

Princípio 13

Os Estados devem desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos ambientais. Os Estados devem, ainda, cooperar de forma expedita e determinada para o desenvolvimento de normas de direito internacional ambiental relativas à responsabilidade e indenização por efeitos adversos de danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle.

Princípio 14

Os Estados devem cooperar de modo efetivo para desestimular ou prevenir a mudança ou transferência para outros Estados de quaisquer atividades ou substâncias que causem degradação ambiental grave ou que sejam prejudiciais à saúde humana.

Princípio 15

De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com as suas capacidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.

Princípio 16

Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades nacionais devem promover a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público, sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.

Princípio 17

A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependam de uma decisão de autoridade nacional competente.

Princípio 18

Os Estados devem notificar imediatamente outros Estados de quaisquer desastres naturais ou outras emergências que possam gerar efeitos nocivos súbitos sobre o meio ambiente destes últimos. Todos os esforços devem ser empreendidos pela comunidade internacional para auxiliar os Estados afetados.

Princípio 19

Os Estados devem prover oportunamente, a Estados que possam ser afetados, notificação prévia e informações relevantes sobre atividades potencialmente causadoras de considerável impacto transfronteiriço negativo sobre o meio ambiente, e devem consultar-se com estes tão logo quanto possível e de boa fé.

Princípio 20

As mulheres desempenham papel fundamental na gestão do meio ambiente e no desenvolvimento. Sua participação plena e, portanto, essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável.

Princípio 21

A criatividade, os ideais e a coragem dos jovens do mundo devem ser mobilizados para forjar uma parceria global com vistas a alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar um futuro melhor para todos.

Princípio 22

As populações indígenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais, têm papel fundamental na gestão do meio ambiente e no desenvolvimento, em virtude de seus conhecimentos e práticas tradicionais. Os Estados devem reconhecer c apoiar de forma apropriada a identidade, cultura e interesses dessas populações e comunidades, bem como habilitá-las a participar efetivamente da promoção do desenvolvimento sustentável.

Princípio 23

O meio ambiente e os recursos naturais dos povos submetidos à opressão, dominação e ocupação devem ser protegidos.

Princípio 24

A guerra é, por sua natureza, contrária ao desenvolvimento sustentável. Os Estados devem, por conseguinte, respeitar o direito internacional aplicável à proteção do meio ambiente em tempos de conflito armado, e cooperar para seu desenvolvimento progressivo, quando necessário.

Princípio 25

A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são interdependentes indivisíveis.

Princípio 26

Os Estados devem solucionar todas as suas controvérsias ambientais de forma pacífica, utilizando-se dos meios apropriados, de conformidade com a Carta das Nações Unidas.

Princípio 27

Os Estados e os povos devem cooperar de boa fé e imbuídos de um espírito de parceria para a realização dos princípios consubstanciados nesta Declaração, e para o desenvolvimento progressivo; do direito internacional no campo do desenvolvimento sustentável.

As Fazendas Eólicas vem ocupando mais espaços pelo planeta. Palm Springs, E.U.A., 1999. Foto: Antonio Soler/CEA

À primeira vista, uma planície com fortes rajadas de vento no norte do Oregon pode não parecer o mais óbvio dos locais para o Google investir US$ 100 milhões.

Mas é ali que vem tomando forma uma das maiores fazendas eólicas do mundo, e o dinheiro que a empresa destinou ao empreendimento é apenas uma parte dos US$ 915 milhões que o Google investiu em projetos de fontes de energia renováveis nos últimos dois anos.

A empresa não é a única: do outro lado do mundo, a controladora da fabricante dinamarquesa de brinquedos Lego está investindo 3 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 500 milhões) em uma fazenda eólica ao largo da costa da Alemanha. A Ikea, da Suécia, tem uma série de fazendas eólicas em países como a Escócia, França e Alemanha.

Muitas empresas usam credenciais ecológicas como marketing, mas outras vão além da “maquiagem verde”

“Não desejamos nos tornar uma empresa geradora de energia”, diz Rick Needham, diretor da área de energia e sustentabilidade do Google. Essa é também a posição da Ikea ou da Lego, mas o que as três desejam, efetivamente, é promover o uso da eletricidade “verde”.

“E daí?”, poderiam perguntar alguns. Empresas vêm brandindo suas credenciais ambientais desde pelo menos os anos 80, década em que Ed Woolard, então executivo-chefe do grupo químico DuPont, disse que em sua companhia a letra “e” da sigla CEO, de “chief executive officer”, representava “ambiente” (Environment). A empresa, na época, encontrava-se sob fogo cruzado de críticos que a consideravam uma das piores poluidoras do mundo.

Mas algo distinto está acontecendo agora. Um pequeno, mas importante, grupo de empresas começou a adotar estratégias verdes muito mais ambiciosas, que exigem grandes recursos e uma mudança na forma como operam seus negócios.

Essa versão mais proativa de sustentabilidade empresarial poderá revelar-se insustentável. E é fácil descartar a ideia de que seria apenas mais uma tática de relações públicas para os tempos atuais, em que o termo “maquiagem verde” (usar a ecologia em relações públicas como forma de maquiar comportamento empresarial incorreto) tornou-se parte da linguagem cotidiana.

Embora algumas empresas certamente estejam desfilando com suas credenciais verdes como estratégia de marketing para atrair os consumidores, cada vez mais receptivos a questões ambientais, muitas outras parecem na verdade estar avançando muito além da maquiagem verde. Alguns observadores acreditam que estamos no início de uma mudança crucial no comportamento das empresas, que se intensificará à medida que se deparem com problemas cada vez mais profundos decorrentes do aumento populacional e da limitação de recursos.

Essa será a mensagem neste mês no Rio de Janeiro, onde mais de cem líderes mundiais se reunirão para a Rio+20, conferência sobre sustentabilidade organizada pela ONU, que tem esse nome por acontecer 20 anos depois da Eco-92, também realizada na cidade.

Os líderes empresariais terão maior papel neste ano do que em encontros anteriores. Muitos dizem que as empresas agora estão na vanguarda das iniciativas, enquanto os governos, repetidamente, não conseguem chegar a um consenso em torno de políticas policiáveis de crescimento mundial sustentável.

O envolvimento empresarial no encontro de 1992 foi insignificante, diz Rachel Kyte, vice-presidente de desenvolvimento sustentável do Banco Mundial. “Foi uma era diferente”.

Neste ano, em contraste, os executivos constituirão um dos grupos não governamentais mais numerosos no Rio. Pretendem reunir-se durante vários dias, antes do evento formal. Vão elaborar suas próprias estratégias de sustentabilidade e as apresentarão às autoridades.

“O objetivo é criar insumos para as políticas governamentais em escala grande e bastante ambiciosa, e é a primeira vez em que isso acontece”, diz Georg Kell, diretor executivo do Global Compact, da ONU

O que vai resultar efetivamente disso ainda não está claro. De qualquer forma, o encontro no Rio evidenciará que atualmente é mais complicado para uma empresa tentar passar-se por defensora ecológica plantando um punhado de árvores numa floresta tropical da Indonésia ou publicando um relatório de sustentabilidade.

 

Foto : feelgoodstyle

 

Lei completo: http://www.ecodebate.com.br/2012/06/11/o-capitalismo-verde-na-rio20/

Convocatória Plenária

Em meio à mais grave crise da economia capitalista em escala mundial, a deterioração ambiental foi relegada a um segundo plano. É verdade que se diz alguma coisa sobre a perda da biodiversidade ou a mudança climática. Mas, de fato, o meio ambiente não é prioridade.

A reportagem é de Alejandro Nadal e está publicada no jornal mexicano La Jornada, 11-01-2012. A tradução é do Cepat.

Os termos do debate sobre a crise foram impostos pela direita e em sua tela do radar o problema ambiental sempre ocupou um lugar subsidiário. Por isso, não surpreende que agora que os centros de poder castigam com austeridade fiscal e promovem a destruição de qualquer vestígio do estado de bem-estar, o meio ambiente brilhe por sua ausência. E quando se pretende tratá-lo como tema prioritário, a realidade é que é apenas para manter o projeto neoliberal em escala global.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) promove nos últimos três anos uma série de projetos que se enquadram no que vem chamando de Iniciativa de Economia Verde (IEV). Este projeto define uma economia verde como o resultado de melhorias no bem-estar humano e equidade social, ao mesmo tempo que se reduzem os riscos ambientais e a escassez ecológica. O Pnuma sustenta que o manejo eficiente dos recursos ambientais oferece oportunidades econômicas importantes. Finalmente, afirma que uma economia verde deve ser baixa no uso de combustíveis fósseis e socialmente includente.

Esta retórica pode dar uma boa impressão. Mas a realidade é que a iniciativa do Pnuma sofre de grandes defeitos que, ao final das contas, anulam o que poderia aparecer como bons desejos. O que fica é um disfarce mal armado para dar uma cara amável ao neoliberalismo do ponto de vista ambiental.

O primeiro grande problema da IEV é a incapacidade de examinar as causas da destruição ambiental. Nenhuma das forças econômicas que provocam a deterioração ambiental é objeto de uma análise cuidadosa. Nem a concentração do poder econômico em centros corporativos, nem os processos de acumulação de terras em grandes regiões da África e América Latina, nem o efeito da especulação financeira sobre produtos básicos, nem o peso enorme da dívida dos países mais pobres do mundo são temas importantes para o Pnuma. Em contraste, abunda a retórica sobre instrumentos de política baseados no mecanismo de mercado e a necessidade de estimular os investimentos privados.

O Pnuma também ignora as causas da feroz desigualdade, que é o traço dominante na economia mundial. Parece que esta caiu do céu, como se se tratasse de um fenômeno meteorológico. Assim, a IEV fala da necessidade de aliviar e, inclusive, de eliminar a pobreza. Mas sempre que o faz em referência ao potencial que oferece o bom manejo dos recursos. Nunca se menciona a necessidade de corrigir a marcada tendência contra os salários reais. Sabe-se de sobra que em quase todo o mundo os salários reais experimentam um declínio importante a partir dos anos 1970. Entre as causas mais visíveis desse resultado está a repressão salarial imposta para controlar a demanda agregada e, desse modo, levar adiante a luta contra a inflação (o principal inimigo do capital financeiro). Apesar da importância desta variável da distribuição, a palavra salários não consta no dicionário da IEV.

A desigualdade também está fortemente ancorada em uma política fiscal regressiva. Contudo, quando se trata de recomendações em matéria de política fiscal, o documento do Pnuma sugere que o melhor marco fiscal para o crescimento deve descansar nos impostos indiretos e nas baixas taxas impositivas para o setor corporativo. Isto deve ir acompanhado de maior eficiência no gasto público, o que no jargão neoliberal se traduz em maiores ajustes e geração de um superávit primário para pagar cargos financeiros. Claro, as referências do Pnuma são a OCDE, o Banco Mundial e a consultora PriceWaterhouseCoopers. Isso sim, alerta-se sobre os riscos de impor cargas ao capital financeiro.

Embora a iniciativa do Pnuma se baseie na ideia de que a crise oferece a oportunidade para reencaminhar a economia mundial pelo caminho do desenvolvimento sustentável, nenhum documento do organismo contém uma análise séria sobre as origens e a natureza da crise. Os leitores podem corroborar o que foi dito anteriormente na página da IEV (www.unep.org/greeneconomy). Por extraordinário que pareça, uma análise séria sobre a crise e suas ramificações não é relevante para falar da transição para uma economia verde.

A iniciativa do Pnuma procura alongar a vida do modelo neoliberal. É também um bom exemplo da sentença de Keynes: não apenas fracassamos na tentativa de compreender a ordem econômica na qual vivemos, como também a interpretamos mal a ponto de adotar medidas que operam duramente contra nós.

FOnte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/505827-economia-verde-novo-disfarce-do-n

“Com o discurso que a crise climática e ambiental é urgente e que os Estados são lentos, corruptos e obsoletos, o capital busca enganar o mundo e consolidar esse novo flanco de sua expansão”

Por Luiz Zarref e Marcelo Durão, do MST

Breve análise política da movimentação do capital
A atual crise estrutural do capital está produzindo impactos profundos nas economias centrais (EUA, Europa e Japão). Entretanto, essa crise não inviabilizará automaticamente o sistema capitalista, que vem reconfigurando seus mecanismos de acumulação. Um dos eixos dessa reconfiguração é o espraiamento do capital para as economias periféricas emergentes, com foco principalmente nos países conhecidos como Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Grandes projetos de estruturação desse capital estão em curso nesses países, e definirão também as formas que a acumulação capitalista se dará nos outros países periféricos.

Os antigos mecanismos de industrialização, exploração da mais valia urbana e avanço do agronegócio estarão no centro dessa expansão do capital nesses países. Entretanto, há um elemento comum a esses países que não será descartado nesse novo período: as áreas naturais e territórios dos povos do campo. A leitura da Via Campesina sobre a Rio+20 e as últimas disputadas nas convenções de diversidade biológica (CDB) e mudanças climáticas (UNFCCC) é que o capital está se organizando para se apropriar desses territórios e transformar a natureza em uma série de mercadorias.

No Brasil, por exemplo, temos cerca de 220 milhões de hectares em Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Somando-se aí as áreas das comunidades tradicionais, quilombolas e camponesas, que possuem expressivas áreas conservadas, chegamos a mais de ¼ de todo o território nacional onde o capital ainda não possui mecanismos de acumulação. Essa realidade se repete na imensa maioria dos países do Sul e da Ásia, o que se apresenta como um potencial flanco de expansão do capital em crise.

Não é possível pensar que no atual nível de voracidade e de crise do capital essa imensidão de território seja desprezada. Muitas são as possibilidades de exploração dessas áreas naturais conservadas. Em um primeiro momento, poderão realimentar o capital financeiro, por meio de papéis de carbono ou de biodiversidade, negociados e especulados em bolsas de valores. Mas em um passo posterior, poderão adentrar sobre esses territórios (uma vez que eles já estarão comercializados) para realizarem a acumulação primitiva sobre várias formas: roubo do conhecimento tradicional associado à biodiversidade dessas áreas, roubo de minérios e madeiras etc.

É a esse novo flanco de expansão do capital que se convencionou a chamar de Capitalismo Verde. Para a Via Campesina, apesar da qualificação “verde”, estamos falando do mesmo capitalismo de sempre, com a mesma necessidade de geração de lucro a partir da mais valia e da acumulação primitiva. É o mesmo capital que explora o petróleo, os minérios, que expande as industrias automobilísticas, farmacêuticas e tantas outras. Mas é uma face do capital que busca enganar o planeta, em um momento que a crise ambiental pode colocar em cheque a sua hegemonia. É uma face que se apresenta como ética, preocupada com o planeta, mas que no fim é apenas uma fachada para o mesmo de sempre.

Ao observarmos as convenções ambientais da ONU, é possível identificar uma estratégia bem definida de regulamentação desse novo flanco de expansão do capital. É possível identificar claramente os alicerces da tese capitalista que será defendida na Rio+20.

As convenções da ONU e seu atrelamento ao projeto político do capital
As convenções ambientais jamais chegaram a consensos consistentes. Entretanto, a Rio 92 possibilitou alguns importantes avanços, colocando a questão ambiental no âmbito da relação sociedade-Estado. Definiu-se questões importantes como o Princípio da Precaução e a criação das três convenções que ocorrem até os dias atuais: Desertificação, Diversidade Biológica (CDB) e Mudanças Climáticas (UNFCCC). Todas as três deveriam criar uma governança global sobre o meio ambiente, ao mesmo tempo que responderiam às alterações ambientais que ocorressem ao longo dos anos.

Convenção das Mudanças Climáticas
A principal pauta desta convenção foi a definição, por parte dos países, de metas de redução de emissões de gases efeito estufa (GEE). Apesar da pressão dos movimentos e de várias organizações, os instrumentos para essa redução foram propositalmente vagos e com um progressivo atrelamento ao mercado. A partir do Protocolo de Quioto (1997) criaram-se mecanismos importantes para a entrada do mercado neste espaço, como os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e o Sequestro de Carbono.

Apesar do fracasso dessas falsas soluções, o interesse do capital se consolidou cada vez mais nas convenções seguintes. Nas duas últimas convenções (Copenhagen e Cancun), o que se viu foi o império das propostas do capital e a derrota de toda a agenda popular, que estava sintetizada na proposta boliviana dos direitos da Mãe-Terra. Ambas as convenções não debateram sobre mudanças climáticas, mas sim serviram como grandes feiras internacionais do capitalismo esverdeado.

Muitos são os instrumentos do capital para transformar as mudanças climáticas em um flanco de maior acumulação. O investimento massivo em novas fontes de energia, como eólica, geotérmica, hidrelétrica, fortalece transnacionais como Siemens e General Eletrics e abandona o debate sobre a destinação dos atuais 15 Tera Watts produzidos anualmente, que na realidade alimentam indústrias predatórias de commodities. O desenvolvimento de espécies transgênicas resistentes às alterações do clima, como seca ou maior intensidade de chuva. A criação de um fundo internacional para o clima, atrelado ao Banco Mundial, que endividará os países a partir da obrigação de implementarem as falsas soluções.

Entretanto, o principal instrumento que vem sendo trabalhado é a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD). Esse mecanismo pretende transformar as florestas em áreas de compensação das poluições de outros países, pagando valores por toneladas de carbono que supostamente seriam “seqüestradas” pelas florestas. Apenas essa intenção já deve ser rechaçada, uma vez que é absurdo permitir que as florestas limpem a sujeira feita pelo Norte, além de sabermos que essas toneladas apenas legitimarão um aumento velado das emissões. Porém o principal problema deste instrumento reside na possibilidade de apropriação dos territórios dos povos da floresta e do campo, uma vez que as empresas que pagarem pelo REDD passam a ter direitos contratuais sobre o “carbono seqüestrado”, que nada mais são que toda a biomassa que ali está.

Convenção da Diversidade Biológica
Essa convenção historicamente foi um espaço voltado às pautas da sociedade. Importantes regulações e proibições a tecnologias transgênicas (como o Terminator e Árvores transgênicas) foram conquistadas na CDB. Entretanto, nos últimos quatro anos ocorreu um forte atrelamento da CDB às empresas, que teve seu ponto mais forte na última convenção, ano passado, em Nagoya, Japão.

A pedido do G7, um economista da diretoria de mercados futuros do Deutsche Bank defendeu um estudo chamado The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) (“A economia dos ecossistemas e biodiversidade”). De forma resumida, esse instrumento quantifica monetariamente todas as relações ecossistêmicas, desde a beleza cênica até a polinização das abelhas. A partir de uma padronização dessa metodologia, será possível transformar em mercadoria toda a natureza, indo muito além do sequestro de carbono.

Diversas reuniões vêm ocorrendo em vários países do mundo para se criar as regulamentações nacionais para a consolidação desse mecanismo. Aproveita-se da tradicional pauta dos povos do campo e da floresta, que historicamente exigiram o pagamento pelo uso sustentável que fazem da biodiversidade, e colocam uma cortina de fumaça chamada Pagamento de Serviços Ambientais, que não responde à pauta popular, mas sim à mercantilização da natureza.

Rio+20: a tese capitalista avançando sobre a natureza dos povos
Diante do avanço orquestrado do capitalismo dentro da CDB e da UNFCCC (e o descaso com a convenção sobre desertificação, de onde não foi possível, ainda, extrair mecanismos para acumulação capitalista), há uma clara intencionalidade na Rio+20, conferência que vai celebrar os 20 anos da Rio 92 e que reunirá todas as convenções sobre meio ambiente. A proposta é unir os caminhos trilhados em cada uma das convenções paralelas e lançar para o mundo a síntese das falsas soluções: a economia verde.

Com o discurso que a crise climática e ambiental é urgente e que os Estados são lentos, corruptos e obsoletos, o capital busca enganar o mundo e consolidar esse novo flanco de sua expansão. O último documento apresentado pelo PNUMA para a Rio+20 chega a ser escandaloso. Considera que “o caminho do desenvolvimento deve manter, aprimorar e, quando possível, reconstruir capital natural como um bem econômico crítico”. E vai além: “Uma economia verde, com o passar do tempo, cresce mais rapidamente do que a economia marrom, enquanto mantém e restabelece o capital natural […]. Um cenário de investimento verde de 2% do PIB mundial proporciona um crescimento a longo prazo, entre 2011-2050”. Ou seja, além de defender que a tal economia verde deve servir para a continuidade da acumulação capitalista, defende que 98% do PIB continue atrelado ao tradicional sistema de acumulação capitalista que vem levando nosso planeta ao colapso. Corrobora, portanto, nossa leitura que são falsas soluções para os povos e para o planeta, mas reais soluções para um capitalismo em crise.

Por último, o atrelamento da Rio+20 aos interesses do mercado fica mais claro ainda quando o texto defende a relação dessa Conferência com a OMC: “As negociações atuais da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio oferecem a oportunidade de promover uma economia verde. Uma conclusão bem sucedida destas negociações poderia contribuir para a transição para uma economia verde”. Ou seja, as propostas a serem defendidas no próximo ano, na Rio+20, estão em clara oposição às reais e necessárias mudanças que devem ocorrer nas relações de produção, bem como confrontam a idéia de soberania dos povos. Ao mercado, tudo.

A importância da articulação da sociedade civil organizada
A partir dessa leitura política, a Via Campesina tem buscado se organizar com os grupos políticos que possuem uma visão anti-capitalista e contrária à mercantilização da natureza. É importante uma frente ampla, que articule organizações do campo e da cidade e que demonstre que as verdadeiras soluções para o colapso ambiental estão juntos à agricultura camponesa, à reforma agrária e urbana e à justiça social.

Não será tarefa simples questionar o esverdeamento do capitalismo durante a Rio+20. Sendo uma modalidade dos megaeventos, a Rio+20 contará com um aparato repressivo muito forte, que estará em treinamento na cidade do Rio de Janeiro para se prepararem para a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016). Contará também com uma massiva propaganda, que buscará associar a economia verde ao combate da fome e da miséria. Portanto, utilizará diversos aparelhos do Estado para avançar na construção da hegemonia desse novo flanco.

Por isso, os movimentos e organizações populares devem buscar uma estratégia comum de: i) denunciar a maquiagem verde do capitalismo e seus novos instrumentos, como REDD, Biologia Sintética e outros; ii) debater com a sociedade as reais causas da crise ambiental, atrelando às outras facetas da crise estrutural do capital (financeira, alimentar, energética etc); iii) reafirmar as verdadeiras soluções à crise: agricultura camponesa, agroecologia, economia solidária, soberania energética.

A partir desta análise de que o capitalismo verde irá avançar justamente sobre os países onde os povos do campo e da floresta ainda estão em seus territórios, temos a clareza que é fundamental bloquearmos esse flanco do capital imediatamente. Contra a globalização do capitalismo, que quer devorar nossa natureza e roubar nossos territórios, devemos globalizar a nossa luta. Devemos dar uma mensagem clara ao mundo contra as falsas soluções, defendendo a Mãe Terra, a agricultura camponesa e a soberania dos povos.

GLOBALIZEMOS A LUTA, GLOBALIZEMOS A ESPERANÇA!

Fonte: http://cupuladospovos.org.br/2011/11/soberania-dos-povos-contra-o-esverdeamento-do-capital/

pelos movimentos sociais na Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental contra a mercantilização da vida e da natureza e em defesa dos bens comuns

Mobilizemos-nos junt@s a caminho da Rio+20 e mais além

Por nossos direitos e pelos direitos da natureza contra a mercantilização da vida e o esverdeamento do capitalismo.

Nós, organizações, redes e movimentos sociais, estamos envolvidos na construção da Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, contra a mercantilização da vida e da natureza e em defesa dos bens comuns, que se realizará no Rio de Janeiro, Brasil, entre 15 e 23 de junho de 2012, simultaneamente e na mesma cidade, da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Fazemos um chamado à mobilização e coordenação das lutas por todo o planeta, para garantir que se cumpra com o direito de todos os povos, especialmente aqueles mais vulneráveis, de acesso à água, alimentos, energia, terra, sementes, território e meios de vida dignos, e para reivindicar os Direitos da Mãe Terra. Estamos construindo juntos, como atividade deste processo de articulação, a Assembléia Permanente dos Povos, a realizar-se no Rio.

Essa assembléia terá como desafio fazer ouvir a voz das mulheres e dos homens, dos jovens e das pessoas idosas, que no dia-a-dia resistem ao avanço de um modelo de desenvolvimento por definição não sustentável, cuja desumanidade depredadora busca submeter cada aspecto da vida à ação do mercado, antepondo sempre a ganância de poucos ao bem viver do conjunto, forjando simultaneamente um rosto cada vez mais “verde” atrás do qual se esconde.

Foi durante a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio em 1992 – a chamada Cúpula da Terra, ou Rio 92 – que uma mobilização social quase sem precedentes frente à conferência oficial viu nascer, entre outras coisas, a Convenção sobre a Diversidade Biológica e a Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

São os princípios fundadores dessa Convenção sobre a Mudança Climática: a responsabilidade histórica dos países industrializados pela mudança climática, dívida ecológica e climática, e, portanto, as responsabilidades comuns, porém diferenciadas para seu tratamento –  que sofrem hoje como nunca os embates do capital mais concentrado em sua tentativa de converter a vida em um mercado a serviço de seus lucros. Depois dos marcantes retrocessos nas negociações climáticas de Copenhague (2009) e Cancun (2010), não há motivo para esperar resultados menos decepcionantes da COP17 em Durban (de 28 de novembro a 9 de dezembro de 2011). Também em seguida à COP-10 da Convenção da Diversidade Biológica em Nagoya (2010), a mercantilização da natureza passou a ter lugar central ante a proposição dos chamados mecanismos financeiros inovadores que copiam a mesma lógica dos falidos mercados de carbono.

Porém, foi também na Rio 92 que o mundo corporativo começou a levantar a bandeira do “Desenvolvimento Sustentável”,  pois sabia da possibilidade de convertê-lo em um bom negócio. Esse mesmo conceito, complementado na Rio+10 por “responsabilidade social corporativa” e subvertido até o núcleo simultaneamente pela abertura neoliberal e desregulamentação e pela economia capitalista hegemônica do financiamento global, provoca hoje estragos na vida dos povos do planeta, e ameaça causar impactos ainda piores. E é essa agenda que se aprofunda por meio de mecanismos e políticas de ajuste estrutural da chamada “economia verde”. Tal como a agenda neoliberal de privatizações de serviços públicos nos anos 1990, vem a liberalizar a Natureza e seu acesso por parte dos mercados, dividindo em componentes – como o carbono, a biodiversidade ou os serviços ambientais – para gerar ao mesmo tempo títulos de especulação financeira, controle corporativo, perda da soberania alimentar e esvaziamento dos territórios.

Frente a essa realidade, precisamos converter a Rio+20 em um processo mundial de forte mobilização, que confronte a realidade de um sistema de morte que busca perpetuar-se a qualquer custo e fortalecer as lutas e resistências por nossa sobrevivência através da construção de alternativas não-capitalistas como a soberania alimentar. A continuidade e a profundidade das atuais crises, seu caráter sistêmico e cada vez mais militarizado e violento, a falta de respostas adequadas dos governos e o sequestro dos processos de negociação multilateral por parte dos interesses geopolíticos e corporativos, vão marcando de maneira urgente a necessidade de construção desse espaço próprio, plural, democrático e autônomo, com uma mensagem contundente e realizações concretas capazes de reverberar não só nossas denúncias e demandas, mas também ser um multiplicador de nossa criatividade e solidariedade, força e esperança.

Frente a enorme festa das falsas soluções que grandes corporações, bancos, entidades financeiras internacionais e os governos cúmplices estão preparando para a Rio+20 com o fim de consolidar um capitalismo reverdecido como única resposta ante as múltiplas crises por eles mesmos desatados – crise econômica, ecológica, alimentar, energética, democrática, climática, de direitos, de gênero, enfim, crises civilizatórias –, a Cúpula dos Povos terá o desafio de articular e desenhar as verdadeiras soluções que estão sendo construídas pelos povos, no campo, nos bosques, nas fábricas, nas comunidades, nos bairros, nas escolas e outros lugares de trabalho e de convivência.

Convocamos, então, para o envolvimento neste processo e para nos mobilizarmos em todo lugar a caminho da Rio+20, impulsionando campanhas e iniciativas de debate e formação, de ampliação de plataformas de estratégia e ação conjunta, de coordenação e apoio solidário entre as lutas concretas e as demandas aglutinadoras.

Convocamos os povos e movimentos em luta contra todas as formas de exploração, depredação e dominação, a se unirem a nós em uma Assembléia Permanente dos Povos, onde afirmaremos nossos direitos e os da Natureza frente à mercantilização da vida e o “esverdeamento” do capitalismo, baixo a retórica da “economia verde”.

Por meio dos testemunhos e das análises, dos intercâmbios e da solidariedade, da mobilização e das ações concretas, o desafio será ainda de fortalecer as lutas presentes e convocar a novas ações e iniciativas, geradoras de novas plataformas de unidade. Nesse sentido, na Assembleia Permanente dos Povos, os afetados e afetadas, os verdadeiros credores das dívidas sociais e financeiras, ecológicas e climáticas, democráticas e de gênero – que, ao longo de seu desenvolvimento, vêm acumulando o capitalismo, o patriarcado, o imperialismo, o racismo, e o antropocentrismo – terão o desafio de contribuir significativamente na coordenação dos nossos diversos esforços por construir economias e sociedades não capitalistas, justas e equalitárias, em harmonia entre tod@s e com a Natureza, superando a fome, o empobrecimento, a exploração e a opressão, acumulando sobre a base de múltiplas lutas em curso e ajudando a nos prepararmos para confrontar os desafios estratégicos dos próximos tempos.

Serão realizadas, ainda, atividades autogestionadas em torno de aspectos vitais do processo de transformação sistêmica e civilizatória, nas quais buscaremos conhecer e apoiar diretamente as lutas da população do Rio de Janeiro e de todos os lugares em seus esforços de sobrevivência contra a investida do capitalismo e seu marketing verde, incluindo os megaeventos, açambarcamento de terras, os mega-projetos, os mecanismos chamados de desenvolvimento limpo e outras tantas siglas e nomes enganosos como REDD, REDD+, biocombustíveis; denunciaremos os responsáveis; organizaremos ações diretas; e também, como corresponde, celebraremos a vida e a esperança que nascem e se nutrem de nossas lutas e conquistas.

Chamamos para mobilização na construção da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns, e da Assembleia Permanente dos Povos, com base nas múltiplas lutas em curso, em defesa da vida, da soberania – alimentar, energética, financeira, territorial, política –, da autodeterminação, da igualdade e da defesa dos direitos humanos e da natureza, anallisando as origens da presente crise e das novas organizações e redes sociais para assegurar que o Rio+20 se converta em uma grande mobilização popular que fortaleça as bases locais, regionais e mundiais necessárias para enfrentar a avançada verde do capitalismo. A Rio+20 deve ser um ponto de partida para uma sociedade mais justa e mais solidária.

04 de dezembro de 2011

Esperamos vocês para construir juntos e juntas!

A vida não se vende, se defende!

Somos os povos os credores!

Globalizemos a luta, globalizemos a esperança!

Seguiremos em marcha até que todos sejamos livres!

Aliança dos Povos do Sul Credores da Dívida Ecológica – Amigos da Terra América Latina e do Caribe – Convergência de Movimentosdos Povos das Américas – Coordenadora Andina de Organizações Indígenas – Grassroots Global Justice – Grito Continental dos Excluídos – Jubileu Sul/Américas – Marcha Mundial das Mulheres – Movimento Mundial pelos Bosques – Oilwatch – Via Campesina

Para se unir a esta convocatória, envie um e-mail para: movilizacion.rio20@gmail.com

Fonte: http://cupuladospovos.org.br/2012/01/a-caminho-da-rio20-e-mais-alem/

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“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

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O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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