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… mas esse discurso enganoso não é só para Brasil, não!!

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Ao ler o título e o subtítulo da notícia até nos parece que possa ser algo positivo, ainda mais em tempo de eleições municipais. No entanto, não precisamos muito para destrinchar a notícia e ver a enganação, greenwashing que é a mesma. Não querem enfrentar o real problema, mas sim criar soluções dentro do sistema (a tal economia verde) para os que poluem possam seguir poluindo sem tanta “culpa”e aquele que polui pouco, algo que deveria ser a regra, possa lucrar com isso. Enfrentar a problemática da queima de combustíveis fósseis, da grande quantidade de carros nas ruas, não implementar taxas de inspeção veicular, das empresas que não cumprem licenciamento e regulamentos ambientais para operarem, dentre outros, isso não farão. Por fim, destacamos que no  site da SMAM até que foi possível encontrar dados sobre o Monitoramento da Qualidade do Ar, mas nada de 2012.

RS terá inventário sobre emissão de gases

Informações servirão para plano de redução das emissões de gases de efeito estufa

Porto Alegre vai realizar, em parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro, um levantamento sobre a quantidade de gases de efeito estufa – conhecidos como GEE – emitida na capital. O inventário servirá de base para a elaboração de um plano de redução das emissões e, num segundo momento, para a criação de uma Bolsa Verde, onde empresas poderão comercializar ativos ambientais entre si para o cumprimento das metas de redução.

O projeto foi discutido ontem durante o I Fórum Internacional de Mudanças Climáticas das Cidades de Baixo Carbono, realizado em Porto Alegre.O Rio de Janeiro foi a primeira cidade latino-americana a fazer o inventário, em 2003. Com base nos dados, a prefeitura local estabeleceu uma meta de 8% de redução dos GEE para 2012 e de 16% para 2016. Os principais problemas identificados no Rio foram relacionados ao transporte de lixo urbano.

Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Luiz Fernando Záchia, a minuta de parceria com a prefeitura do Rio deve ser assinada nos próximos dias. “A cidade tem uma experiência concreta e inventários de emissão de gases do efeito estufa muito bem estruturados. Vamos compartilhar desta experiência”, disse Záchia. As formas de redução de emissão estão na coleta seletiva, nas compensações ambientais, nos plantios, na reciclagem de resíduos, no estímulo ao uso da bicicleta e na adaptação às mudanças climáticas, destacou Nelson Moreira Franco, coordenados do plano carioca.

A política nacional de redução prevê metas de redução entre 36% e 38,9% até 2020. “Há instrumentos para ajudar as cidades a avançar na adaptação às mudanças climáticas”, garantiu o secretário de mudanças climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Klink. 

Fonte: METRO

McDonalds, Coca-Cola, Walmart, o banco Wells Fargo, o plano de saúde United Health e a empresa de alimentos ConAgra, dentre muitas, tentam associar suas imagens com organizações de cunho social que praticam exatamente o oposto a elas.

Patrocínio hipócrita.

Um recente artigo de Alyssa Figueroa “The Top 5 Most Hypocritical Corporate Sponsors” publicado na revistaAlterNet traz casos gritantes de conflito de interesses entre organizações que promovem ações de grande alcance social e corporações que, de fato, remam no sentido contrário e que as patrocinam.

O caso é grave por envolver o argumento de que as entidades da sociedade civil precisam de recursos. Mas, a que preço? Bem, vamos aos 5 casos.

1) McDonalds e Coca-Cola patrocinaram as Olimpíadas de 2012 em Londres.

Este caso provocou grande polemica pela evidente contradição entre uma das missões das olimpíadas, “a promoção da saúde e da atividade física”, e os efeitos nocivos da “fast food” e de bebidas com ciclamato de sódio e/ou açúcar. Isto ocorreu num país onde 60.8% dos adultos e 31.1 das crianças estão acima do peso.

E não é que o prefeito de Londres declarou que: “Trata-se de esnobismo burguês, uma histeria liberal clássica contra alimentos nutritivos, deliciosos e muito bons para as pessoas, fui informado – não que eu os consuma”.

2) Walmart patrocina a “American Cancer Society”.

Por mais que tente limpar sua reputação a empresa é especialmente não sustentável em suas práticas, financia candidatos “anti-ambientais”, oferece e estimula o consumo de alimentos de baixo preço mas prejudiciais à saúde e não tem plano de saúde para a maioria de seus empregados.

3) O banco Wells Fargo patrocina a “Habitat for Humanity”.

Um dos campeões, nos EUA, da retomada de cerca de 4 milhões de imóveis hipotecados em processos em muitos casos fraudulentos e resultado da crise de 2007 provocada pelos próprios bancos.

4) Os planos de saúde da United Health WellPoint patrocinam a “American Red Cross”.

As duas maiores corporações de seguro saúde dos EUA em conluio com outras do setor fazem lobby, ao mesmo tempo, contra o “Affordable Care Act” que garante acesso à saúde a toda a população e acabam de doar, com o mesmo propósito, USD 100 milhões para a Câmara de Comércio.

5) A empresa de alimentos ConAgra patrocina a “Feeding America”.

A “Feeding America” é a organização americana líder na ajuda aos que precisam de alimentos e tem entre suas prioridades “aumentar o acesso à comida nutritiva e saudável pelos americanos carentes”. E isto nada tem a ver com a ConAgra. A empresa já foi flagrada com salmonela em suas instalações e produtos, etiquetas fraudulentas, e faz lobby para preservar a batata frita e pizzas no almoço escolar e cortar a ajuda federal para alimentos.

Bem, termino pedindo ao leitor que, se os souber, me envie exemplos brasileiros de patrocínio indevido para divulgação em um próximo post. Desde já, incluo os casos da Vale, Santander e Petrobrás, dentre outros, que procuram, oportunisticamente, mostrarem-se como defensores do meio ambiente e que são sérios candidatos aos cinco mais.

E, sugerindo que você participe da pesquisa relacionada ao tema, no post que se segue, e que utilize preferencialmente a central de comentários para as suas críticas, sugestões e observações.

Fonte: http://anovaeconomia.wordpress.com/

Wilfried Huismann, autor do ‘Livro negro do WWF’

Em livro e documentário, Wilfried Huismann acusa a organização ambientalista de cooperar com alguns dos maiores destruidores do meio ambiente no mundo, dando a eles uma imagem verde. O WWF refuta as acusações.

O urso panda é a marca registrada da organização ambientalista WWF e significa sustentabilidade e proteção ambiental. Na Europa, ele também estampa diversos produtos, desde iogurtes até peixe congelado, e é considerado uma das “marcas mais confiáveis do mundo”, como escreve o jornalista e documentarista alemão Wilfried Huismann em seu novo livro Schwarzbuch WWF – Dunkle Geschäfte im Zeichen der Panda (O livro negro do WWF – Negócios obscuros em nome do panda, em tradução livre).

Justamente por isso, diz o autor, ele se irritou ao ver a marca do WWF na embalagem de um salmão de uma empresa norueguesa. Segundo suas pesquisas, ela seria responsável por uma gigantesca imundície ambiental. Em entrevista à Deutsche Welle, Huismann afirma ter descoberto isso em 2009, quando estava no Chile para rodar um filme sobre a criação de salmão.

“Toneladas de antibióticos e substâncias químicas foram lançadas ao mar e populações de peixes foram dizimadas para transformá-las em alimentos para os salmões em cativeiro”, afirma Huismann. Os princípios de preservação ambiental são deixados de lado quando o panda do WWF aparece em produtos de firmas que agem dessa maneira, conclui. Desde então, o autor está em pé de guerra com a organização ambientalista.

Cooperação com os principais destruidores?

No ano passado, Huismann provocou uma grande polêmica com o documentário Pakt mit dem Panda (Pacto com o panda). Neste ano, renovou suas acusações em forma de livro. Segundo o autor, o WWF coopera com os grandes destruidores do meio ambiente no mundo, como a Monsanto (maior empresa de biotecnologia do planeta) e as petrolíferas BP e Shell, dando a elas uma imagem verde.

O WWF rejeita com veemência essas acusações. À Deutsche Welle, o porta-voz da organização na Alemanha, Jörn Ehlers, disse que o autor tem todo o direito de expressar suas opiniões sobre o WWF. “Mas quando ele ultrapassa esse limite e espalha falsas suposições pelo mundo, é claro que reagimos de forma enérgica.”

A organização ambientalista entrou com um pedido de liminar contra o Livro negro do WWF no Tribunal Regional de Colônia. O tribunal demonstrou compreensão com algumas objeções apresentadas, mas ao mesmo tempo assinalou que a ONG deve saber aceitar críticas. Agora as partes conflitantes tentam encontrar uma solução extrajudicial. Ehlers admite ser complicado fornecer provas que refutem cada uma das acusações feitas por Huismann.

Como exemplo, menciona as declarações de Huismann sobre o trabalho do WWF na Indonésia. Lá florestas estão sendo derrubadas para dar lugar a plantações de palmas para a produção de azeite de dendê. Segundo a crítica de Huismann, o WWF dá-se por satisfeito com a proteção de uma pequena parte da floresta e “fecha os olhos” para o resto. Essa situação acaba afetando o habitat dos orangotangos – animais que o WWF usa para arrecadar doações.

O WWF apresentou imagens de satélite para refutar a acusação, mas Ehlers diz que é muito difícil comprovar isso detalhadamente. Fica, então, “uma palavra contra a outra”.

Imagem verde para a indústria?

Outro ponto de discórdia é a presença do WWF em mesas redondas com representantes da indústria, por exemplo a Round Table Palm Oil (mesa redonda do óleo de dendê). Esses debates têm por função elaborar critérios e padrões para a certificação da produção de óleo de dendê sustentável. “Puro engodo”, afirmou Huismann. Segundo ele, não existe produção de óleo de dendê sem desmatamento. Outras organizações ambientalistas se recusam a participar de tais mesas redondas com a indústria.

O porta-voz do WWF alemão não aceita a acusação de que se trata de uma “cooperação com destruidores da natureza, como alegado por Huismann”. Segundo ele, o objetivo em tais debates é estabelecer padrões mínimos para poupar a natureza e não dar “algum tipo de carta-branca para o desmatamento”. O mesmo vale para as negociações com a indústria da soja na América Latina, mesmo que tal indústria aposte na tecnologia genética, acresceu.

Ehlers reconhece, porém, que há o perigo de que a participação de uma organização ambientalista como o WWF em tais mesas-redondas sirva apenas para dar uma imagem verde para a indústria. “Estamos cientes desse risco. Discutimos intensamente se isso nos traz algum benefício. Mas achamos que, dessa forma, alcançaremos muito mais do que se nos retirássemos”, afirmou o porta-voz.

Outras organizações têm todo o direito de pensar diferente, diz Ehlers. “Temos que esperar para ver qual a estratégia será, em última análise, a mais bem-sucedida”, acresceu.

Frente à pergunta se a criação de um plano global de uso da terra pelo WWF não representaria uma “prestação de serviços para a indústria”, o porta-voz responde: “Bobagem, isso é típico de Huismann”. Segundo ele, o jornalista distorce os fatos, “como se o WWF fosse o responsável por toda a destruição ambiental no planeta.”

Diferentes abordagens sobre a proteção ambiental

Apesar das diferenças, as partes conflitantes quase chegaram a um acordo nos últimos dias – até o WWF liberar uma nota para a imprensa, que não havia sido acertada com o grupo editorial Random House, sobre o acordo. Nela, o WWF afirma que também a nova edição do livro apresenta uma “caricatura” baseada em declarações falsas. Em consequência, a editora encerrou as conversações.

Se o livro de fato contivesse difamações e declarações falsas, como afirmou o WWF, as respectivas passagens teriam sido proibidas pela Justiça, argumentou a editora.

O acirramento do conflito mostra que a “maior e mais influente organização ambientalista na Alemanha”, como o WWF se define, leva as denúncias a sério. A credibilidade e a imagem da ONG do panda estão em jogo e, com isso, também sua receita. Mas na disputa entre WWF e Huismann trata-se também de diferentes abordagens sobre a proteção ambiental.

Enquanto o Greenpeace e outras organizações ambientais apostam no protesto, o WWF está convencido de que somente através do diálogo com a indústria pode-se proteger o meio ambiente. Até agora, isso foi pouco comunicado ao público pela organização, afirma Ehlers.

Essa é a grande lição da controvérsia com o Livro negro, diz. “Nós decidimos seguir esse caminho porque acreditamos que assim podemos alcançar mais. Talvez devêssemos explicar melhor por que fazemos essas coisas, para que as pessoas possam entender.”

Com o Livro negro do WWF, Huismann queria desencadear um amplo debate sobre o movimento ambientalista. Esse objetivo parece ter sido alcançado – tanto dentro quanto fora do WWF. Ao menos nesse ponto, organização ambientalista e autor estão de acordo.

Os doadores do WWF e os consumidores que confiavam no símbolo do panda continuam inseguros. E enquanto as conversas entre o WWF e a editora permanecem suspensas, as vendas do livro – já em segunda edição – prosseguem.

Autora: Irene Quaile (ca)
Revisão: Alexandre Schossler

Matéria da Agência Deutsche Welle, DW, publicada pelo EcoDebate.

Marcha dos Povos 20.06.12

Marcha dos Povos durante a Cúpula dos Povos, nas ruas do Rio de Janeiro. Foto: Cíntia Barenho/CEA

por Cíntia Barenho*

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 – consolidou resultados que saíram do nada para lugar algum, para nós povos e entidades em luta contra a mercantilização da vida. Claro que essa é uma afirmação genérica, uma vez que em resultados mercantis e para as grandes corporações houve bons avanças, apesar destas terem esperado mais.

Claro que também para a diplomacia brasileira, para ONU a Rio+20 foi um sucesso, apesar do “boi na linha” afirmado pelo secretário-geral da ONU, no qual se retratou após “puxão de orelha” do Brasil. Nesse sentido Ban Ki-moon afirmou que “o documento final da Rio+20 fornece uma base sólida para promoção do desenvolvimento sustentável”. Algo tão sólido, mas tão sólido que se desmancha no ar, reafirmaria Marx.

O que prevaleceu foi a captura corporativa do sistema ONU. Tanto que se verificarmos quais eram, especialmente, os parceiros oficiais e os fornecedores oficiais entende-se essa captura da ONU pelas corporações. Dentre as empresas destacamos: a Vale que recebeu prêmio internacional de pior corporação do mundo no Public Eye Awards, conhecido como o “Nobel” da vergonha corporativa mundial; e a Petrobrás a grande empresa pública brasileira de exploração dos combustíveis fósseis e que se acha “dona” do pré-sal e, para tanto, só tem uma visão explorá-lo e esgotá-lo sem, sequer, avaliar o que poderia se deixar para as futuras gerações (humanas e não humanas), fora que patrocina diversos projetos ambientais, para fingir uma responsabilidade socioambiental, que não encobre seus passivos ecológicos e sociais, especialmente lá no Rio de Janeiro. Importante também destacar os fornecedores oficiais como Braskem, Coca-Cola, Foz (privatização da água), Suzano papel e celulose, BMW Group, Michelin (Pneus), dentre outras.

De fato as corporações seguiram avançando sobre convenções, regimes internacionais. Por exemplo, na Rio+20 as grandes multinacionais firmaram 24 compromissos em prol do “capital natural”, vulgo mercantilização da natureza. O que significa mais de 500 bilhões de dólares em negócios. Já algumas empresas brasileiras que integram o Pacto Global das Nações Unidas anunciaram metas relacionadas à Economia Verde.

A Rio+20 ratificou o que, nós ecologistas afirmamos há muito tempo, os países industrializados não querem abdicar de sua confortável posição (e que não é para todos); os países emergentes querem alcançar os industrializados (vide o Brasil com o PAC), e os países pobres querem ser emergentes num falso juízo que tais economias são mais justas, democráticas etc e tal.

Diante disso, acorda-se um documento que em nenhum momento reconhece que vivemos num planeta limitado e em processo de esgotamento; mantém-se o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambientes sem nenhum poder de decisão, como por exemplo, é a Organização Mundial do Comércio (OMC); retirada da expressão “direitos sexuais e reprodutivos”, por pressão da Santa-Sé (mera observadora); os objetivos não foram definidos, apenas o processo de elaboração foi anunciado, onde as metas deverão estar prontas até 2013, para entrarem em vigor em 2015.

Pode-se dizer que o mais avançado foi a proposta do presidente Rafael Correa (Equador) no qual apresentou a iniciativa Yasuní-ITT proposta pelo governo evitaria a exploração de 800 milhões de barris de petróleo no Parque Nacional Yasuní. Porém a proposta está atrelada ao compromisso internacional de que o país receba o equivalente a no mínimo metade da quantia que apuraria caso explorasse a reserva.

Diante desses 40 anos de conferências da ONU, fica evidente que a crise é de implementação e não de ausência de um marco decente para mudar o modelo de desenvolvimento. A tensão política e econômica seguirá tergiversando que tal conferência não era ecológica/ambiental, mas sim de desenvolvimento sustentável, como se pudesse existir crescimento-desenvolvimento econômico ilimitado num planeta com bens limitados.

Sempre é interessante relembrar que Ecologia e Economia têm origem no grego: ecologia “oikos”, que significa casa, e “logos”, estudo; já economia é a junção do “oikos”, com “nomos” ‘gerir, administrar’.

Assim, a ONU e seus respectivos países, seguirão que há salvação para o capitalismo, dentro do próprio capitalismo. E para tanto seguira apostando num futuro privado onde são as corporações aquelas que podem “salvaguardar” a natureza seguiremos em profunda crise. Só será preciso ajustar um pouco a tal Economia Verde, uma vez que não houve consensos nessa contradição.

Na Cúpula dos Povos – por Justiça Social e Ambiental – as milhares de pessoas reunidas, reafirmaram a não confiança no processo ONU captaneado por Corporações que se aproveitam dos países e de seus governos para reforçar sua lógica privada mercantil que não visa à democracia, à solidariedade ou à mudança radical de padrões de produção e consumo.

A mobilização dos povos, através dos movimentos sociais, ecológicos, religiosos, campesinos, indígenas, sindicais, se consolidou em defesa da vida e dos bens comuns, justiça social e ambiental, contra a mercantilização da natureza e a “economia verde”. Houve avanços na consolidação da luta ecológica como de fato uma luta política e não uma luta burguesa, mas sim uma luta dos povos contra o capitalismo que tem na sua essência o antropocentrismo, o racismo, o machismo, a homofobia, a xenofobia e outras subjugações.

Ou futuro será dos povos contra a mercantilização de todas as formas de vida ou não será.

*Bióloga e Mestre em Educação Ambiental do Centro de Estudos Ambientais. Texto publicado na versão impressa do Jornalismo B

Cúpula dos Povos/Rio+20 06.12

Boaventura na Cúpula dos Povos em debate com Paul Singer (Secretário Economia Solidária). Foto Cíntia Barenho/CEA

Para Boaventura de Sousa Santos, a RIO + 20 demonstra que a sociedade não tem razões para ter esperanças nos governos e que o momento é de união de agendas entre as esquerdas.

Cumprindo uma extensa agenda de compromissos na Cúpula dos Povos desde o dia 14 de junho, quando participou da oficina ‘Saúde, sustentabilidade e bien vivir’ promovida pela Universidade Popular de Movimentos Sociais em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos participou de duas atividades de conversa com os participantes do evento no Aterro do Flamengo nesta terça-feira (19). Quem foi ao Clube Boqueirão, na mesa organizada pela ONG italiana A SUD, e em seguida à tenda da Economia Solidária pôde ouvir um balanço antecipado da conferência oficial e seus (fracos) resultados, assim como uma reflexão sobre as esquerdas no cenário político atual. Para Boaventura, os movimentos sociais e organizações que atuam em defesa da justiça ambiental e social precisam, mais do que nunca, se unir em agendas agregadoras expressadas por meio de campanhas únicas.

Rio + 20

Para Boaventura, a conferência oficial das Nações Unidas foi capturada por interesses privados, que travam a discussão e pode ser comparada ao Fórum Econômico Mundial, baseado em Davos na Suíça, que reúne todos os anos chefes de Estado e grandes empresários. “A novidade de 2012 em relação à 2001 é que naquele ano, o Fórum Econômico Mundial se realizou em Davos, enquanto que Porto Alegre sediava a primeira edição do Fórum Social Mundial. Hoje, o Fórum Econômico está acontecendo no Riocentro e o Fórum Social no Aterro do Flamengo. Entre nós, um oceano de morros e táxis, um oceano de apartheid social que o Rio turístico esconde”, criticou.

O sociólogo comparou a principal proposta da ONU para a Rio + 20 – que prevê mecanismos de financeirização da natureza e é conhecida como economia verde  – ao presente de gregos a troianos. “É um Cavalo de Tróia instalado na praia, é invisível e enorme. A economia verde é a cortina de fumaça que estão estabelecendo a nossa volta, porque é a melhor maneira para o capital global, financeiro, sobretudo, ter acesso à gestão dos recursos globais”.

Seguindo a conturbada negociação do documento da Rio + 20, intitulado ‘O futuro que queremos’, Boaventura acredita que o texto sai esvaziado. “Nem as propostas do G77 [bloco formado pelos países em desenvolvimento] mais China vão poder ser aprovadas. O grande Fundo do Desenvolvimento Sustentável foi recusado. O acesso universal à saúde foi recusado pelos Estados Unidos. A alteração dos sistemas de governo do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional, do Conselho de Segurança obviamente nem a Europa nem os Estados Unidos querem ouvir falar”, enumerou, completando: “Penso que é um retrocesso em relação à 1992, que produziu compromissos obrigatórios, se seguiram as convenções e por outro lado as responsabilidades comuns diferenciadas, isto é, os países ricos têm que pagar mais porque poluem mais e há mais tempo, nada disso é neste momento pacífico.

Por todas essas razões, o sociólogo português sustenta que não temos muitas razões para ter esperanças no plano intergovernamental e destaca o papel que a Cúpula dos Povos desempenha para dar voz às demandas e críticas da sociedade civil mundial. “O que mudou de positivo em relação à 92 é o que se passa na Cúpula dos Povos. Nós temos hoje consciência socioambiental, existem organizações, movimentos mais fortes do que antes. Por exemplo, a agenda socioambiental começa a ser transversal e entra em movimentos como o Sintagma na Grécia, dos indignados em Madrid, dos jovens urbanos da Inglaterra e também no Ocuppy Wall Street. Em todos eles, a questão ecológica aparece de maneira profunda, como o Bem Viver. A maneira como se organiza a vida cotidiana nos acampamentos é um testemunho de outra maneira de viver e estar com a natureza, um modelo que tem como horizonte a justiça social e ambiental”, destacou.

Leia completo em: http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Noticia&Num=663

Maíra Mathias – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)

Em entrevista à EcoAgência, ambientalista Luiz Jacques Saldanha revela a prática do greenwashing e alerta contra os perigos à saúde a partir do uso de substâncias artificiais

Por Ilza Girardi – especial para a EcoAgência
No dia 24 de setembro foi inaugurada, no Pólo Petroquímico de Triunfo, a primeira fábrica de “plástico verde” do mundo. O evento contou com a presença do Presidente da República, ganhou holofotes na mídia e um espaço na novela Passione, da Rede Globo. Para falar sobre o assunto convidamos o engenheiro agrônomo, advogado e ambientalista Luiz Jacques Saldanha. Ele tem sido um crítico da geração, manufatura e uso indiscriminado e onipresente de substâncias artificiais que vão dos agrotóxicos, produtos de limpeza e de cuidado pessoal aos fármacos e plásticos em nosso dia-a-dia, destacando, principalmente, seus efeitos sobre a saúde de todos os seres vivos do planeta. Confira a seguir a entrevista concedida à jornalista do NEJ-RS, Ilza Girardi.

Ilza – Jacques, o que é o “plástico verde”? Será que ele resolverá todos os problemas que os plásticos têm causado em termos de poluição do ar, da água e da terra?
Jacques – Bem, este é o mais novo engodo que o sistema nos presenteia. E é um engodo da pior espécie porque está, pela primeira vez, fazendo um dos maiores greenwashing dos últimos tempos em nosso meio, no que se refere a resinas plásticas!

I – O que o greenwashing tem a ver com esse plástico?
J – É uma expressão empregada pelos ecologistas no mundo inteiro para desmascarar estas jogadas de marketing que as grandes poluidoras mundiais têm procurado fazer com a boa vontade e a boa fé dos cidadãos planetários. Na verdade, essa é uma forma de se relacionar com um termo semelhante como o que se emprega no mundo do crime. A mídia criou a expressão “lavagem do dinheiro” quando denuncia o que os criminosos tentam fazer para “limpar” um dinheiro de sua origem ilícita. Aqui é a mesma coisa. A diferença é que o crime aqui se relaciona com a questão ambiental e a saúde pública. E nesse caso, toda essa construção deste plástico ser “verde” demonstra a mesma maracutaia.

I – Mas e por que eles não são “verdes”?
J – Nem todas as pessoas sabem que o petróleo em si é um produto natural. Muitas pessoas acham que o próprio petróleo já é um problema. Mas não. O petróleo é um bem natural e biodegradável por ser metabolizável pelos seres vivos. Apesar de ter em sua composição de petróleo bruto a presença dos cancerígenos PAHs – aromáticos policíclicos. Assim é fundamental nos darmos conta de que é esse permanente jogo da desinformação que faz com que o sistema se mantenha vivo. E tem sido esse jogo que tem levado a muitos de nós, cidadãos comuns, nos sentirmos tão desamparados e impotentes que ficamos zonzos e faz com que nas situações da vida passamos a ser contra tudo ou aceitarmos tudo. Fazemos isso por absoluta falta de chão! Assim, quando afirmamos que eles não são verdes é porque o produto que eles vão produzir é exatamente igual ao outro! Sem tirar nem por! Tão poluidor e problemático como quaisquer dos outros plásticos que não são “verdes”.

I – Como assim?
J – Como disse antes, o petróleo é natural e por si só é biodegradável. O problema do petróleo não está nele mesmo, está em como a indústria petroquímica tem utilizado aquilo que lhe dá condições de fornecer a essência que mais lhe interessa: o carbono. O petróleo assim como outras fontes de carbono é o grande foco da indústria petroquímica. Ou seja, ela toma o carbono dessas fontes e daí para frente é que começa o seu grande drama. Esse elemento é utilizado para gerar substâncias que nunca existiram na vida da Terra. Essa artificialização do carbono nestas moléculas sintetizadas em laboratório é que vêm causando todo o drama dos últimos sessenta anos no planeta. E vão além das resinas plásticas aos venenos agrícolas, aos detergentes sintéticos, aos fármacos e a muitos outros.  E todas essas moléculas são sintetizadas nos pólos petroquímicos. Pode-se ver essa pretensão na reportagem do Estadão de 25 de setembro último. Ali o executivo da corporação afirma que querem implantar essas fábricas por vários continentes (ver link).

I – Mas há pouco tempo, ocorreu o derramamento de petróleo no Golfo do México gerando poluição e problemas ambientais, impensáveis e incalculáveis, e que vão perdurar por muito tempo.
J – Sim, tu tens razão. Esse caso é dramático. Lembro das palavras do Lutzenberger que dizia que “poluição é a coisa certa no lugar errado”. E o petróleo do Golfo do México foi bem esse caso.

I – Mas voltando ao caso da Braskem e ao plástico “verde” …
J – Por isso é importantíssimo termos condições de entender um pouco mais tudo o que envolve o petróleo e a petroquímica. A começar por esta confusão geral em que mídia se mostra ignorante ou tendenciosa, demonstrando uma manipulação dos fatos quanto a esse “verde”. Ah! Inclusive foram tão fundo nesse processo que até alguns prédios foram pintados de verde como se vê em algumas fotos! Ficamos nos perguntando se esse pessoal não está sendo debochado ao

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Dow Chemical, Jorge Benjor, WWF e Live Earth preservando o planeta?

por Cíntia Barenho

Não tinhamos conseguindo publicar tal famigerada notícia, mas hoje ao chegar em casa, vejo um certo programa, num certo canal propagandeando tal aberração do mundo do ambientalismo de mercado.

Isso mesmo, a Dow Chemical – aquela que criou o agente laranja, que adquiriu a Union Carbide, a (ir)responsável pelo acidente de Bhopal (Índia) – é a grande patrocinadora do megaevento mundial promovido pela LiveEarth. O Run For Water – Corra pela Água – é uma corrida de 6km, pois é a média que crianças e mulheres percorrem para buscar água (explicou um empresário entrevistado. Bonito, não?). E no Brasil, a corrida no Rio de Janeiro contou com um show de Jorge BenJor, que se declarou (nesse programa de TV) “preocupado com o planeta onde vive” (ainda bem!!). Além deste, outros artistas, celebridades e atletas também davam entrevistas ao programa, propagandeando a sua grande preocupação com o planeta, ou melhor, com a água.

Além da Dow Chemical (agente laranja), o Bradesco (grande corporação bancária) também patrocinou (muito pouco pelo nome do evento) e a ambientalista de mercado, WWF (aquela que tem um mimoso panda como mascote) também apoiou expressivamente a corrida, pelo menos no Brasil.

Sem dúvida que a questão da água deve ser amplamente trabalhada e divulgada. Já se faz real a escassez de água em vários países do mundo e inclusive o Brasil. Mesmo que nosso país detenha 12% da agua doce do mundo, a mesma se encontra mal distribuída (LEia em “O Brasil tem 12% da água doce do planeta, mal distribuída porém”).

No entanto, de boas intenções o mundo já está cheio! Esse tal greenwashing (marketing dito “verde”, mas nesse caso com cara de agente laranja) evidencia o que entidades ambientalistas/ecologistas sérias e comprometidas com a luta ecológica, com uma educação ambiental crítica e transformadora, vem denunciando os passivos socioambientais que tais corporações deixam nas regiões por onde degradam, o marketing verde que tais empresas fazem buscando marcarar suas (ir)responsabilidades, as entidades apenas comprometidas com o mercado do adestramento ambiental, o descomprometimento da grande mídia (PIG) e artistas que promovem tais descalabros, bem como, denunciando parte dessas entidades ambientalistas, geralmente big ONGs, que se aliciam, se dizendo neutras, a estas empresas degradadoras.

Enfim, em caso de dúvidas, corra (em direção contrária) para não se comprometer…
Nós do CEA não nos comprometemos!

Saiba mais:
* Agente Laranja: O Agente laranja é uma mistura de dois herbicidas: o 2,4-D e o 2,4,5-T. Foi usado como desfolhante pelo exército norte-americano na Guerra do Vietnã. Ambos os constituintes do Agente Laranja tiveram uso na agricultura, principalmente o 2,4-D vendido até hoje em produtos como o Tordon. Fonte: Wikipedia

The Vietnam Agent Orange Relief and Responsibility Campaign aqui

* Acidente (crime) Bhopal: Na madrugada de 03/12/1984, uma nuvem tóxica de isocianato de metila causou a morte de milhares de pessoas na cidade de Bhopal, a capital de Madya-Pradesh, na Índia central. A emissão foi causada por uma planta do complexo industrial da Union Carbide situada nos arredores da cidade, onde existiam vários bairros marginais. Fonte: CETESB

The International Campaign for Justice in Bhopal (ICJB) aqui

*LiveEarth: empresa fundada pelo ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore. Aquele do documentário “Uma verdade inconveniente”

Um grupo americano, o The Yes Men, promoveu um protesto interessante na corrida de Nova York. Confira aqui

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“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

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O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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