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Murilo Ferreira, presidente da Vale, recebeu, em mãos, nesta manhã (31), pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale o prêmio Public Eye Awards, concedido a empresa, no início do ano, pela suas numerosas violações dos direitos socioambientais, bem como acusações de evasão fiscal e dívidas bilionárias.
Ao receber o prêmio, Murilo Ferreira disse que não considera prêmios desse tipo, por envolver organizações estrangeiras, que, na sua opinião, “querem bloquear o desenvolvimento do Brasil”.
A reunião foi o primeiro encontro entre o presidente da Vale e a Articulação dos Atingidos. Na ocasião, as organizações relataram os casos nacionais e internacionais de violações de direitos cometidos pela empresa. Foram solicitados a Murilo Ferreira um posicionamento formal das denúncias apresentadas, o detalhamento das ações concretas para a solução dos problemas e as perspectivas de mudança da postura empresarial.
Ao ser questionado sobre a participação da Vale nas violações cometidas por Belo Monte e TKCSA, Murilo Ferreira se desresponsabilizou das acusações, alegando que embora as reconheça – as violações – a Vale não teria controle sobre esses projetos. “TKCSA e Belo Monte estão fora do meu controle. Somos sócios minoritários. Dentro da TKCSA só podemos ir ao banheiro, quando podemos”.
No caso da Serra da Gandarela, o presidente da Vale informou que o projeto Apolo está parado por falta de recursos, mas sua assessora confirmou que a Companhia continua realizando prospecções e pesquisa na última serra intacta de Minas Gerais.
Murilo Ferreira se omitiu diante as questões levantadas sobre a duplicação da estrada de ferro Carajás, violação dos direitos trabalhistas e sobre a preservação dos recursos hídricos.
E ainda disse que são infundadas as acusações de envolvimento da Vale nos assassinatos de trabalhadores, na Guiné. Quanto a Moçambique, o presidente se limitou a reconhecer que haveria problemas com os assentamentos de Moatize e não especificou que medidas a empresa vem tomando para solucioná-los.
Denúncias
Em Piquiá, no município de Açailândia, no Maranhão, a população sofre com vínculo ambíguo e predatório da Vale com as guseiras, envolvidas em trabalho escravo, desmatamento e poluição. Há indícios de um aumento significativo no número de mortes devido a câncer nos pulmões na região.
Em Minas Gerais, no quadrilátero ferrífero, a Vale já destruiu a maior parte das áreas de cangas ferruginosas que, associadas à formação geomorfológica, protegem os mananciais de água. A atividade predatória põe em risco a segurança do abastecimento público de água, no Estado.
Foram apresentadas também denúncias de práticas antissindicais da Vale e o descumprimento do Termo de Acordo de Conduta (TAC), junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT), na unidade de Araucária, no Paraná.
Reivindicações
Dentre as reivindicações da Articulação estavam a solicitação de que as obras de duplicação da ferrovia Carajás aconteçam, como previsto em lei, somente após a realização de audiências públicas em todos os municípios afetados pela construção, e com a consulta prévia das comunidades tradicionais diretamente impactadas.
Também foi solicitado que a empresa se retirasse do consócio de Belo Monte. Em Altamira e na região do Xingu, as populações indígenas e ribeirinhas têm sofrido diversas violações de direitos por conta da construção da hidrelétrica. Além disso, a região sofre com a intensificação do tráfico e exploração sexual e violência de mulheres, crianças e adolescentes.
Vale e TKCSA
A Vale é sócia da TKCSA e fornecedora exclusiva do minério de ferro. Desde 2010, os moradores do entorno da TKCSA são obrigadas a conviver e respirar partículas derivados do funcionamento da empresa que até hoje funciona sem licença de operação. São muitos os relatos de problemas dermatológicos e respiratórios (constatados em relatório da Fiocruz.).
Esses mesmos moradores convivem com o barulho frequente dos trens, rachaduras nas casas pela trepidação e a poeira de minério deixada pelos trens. Além disso, os pescadores estão proibidos de pescar desde 2006, por conta das áreas de exclusão de pesca criadas com o funcionamento do porto.
Internacional
Em âmbito internacional, a Vale é responsável no processo de expropriação e deslocamento compulsório de mais de 1300 famílias, em Moçambique. Recentemente, seis pessoas foram assassinados em uma mobilização de operários que reclamavam a falta de cumprimento da Companhia de acordo trabalhistas. Lideranças locais acusam a Vale de ter fornecido veículos usados para reprimir os manifestantes.
Public Eye Awards
Em 2012, a Vale venceu o prêmio internacional Public Eye Awards, conhecido como o Nobel da vergonha corporativa mundial e concedido a empresas com graves passivos sociais e ambientais por voto popular. O prêmio foi anunciado durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A Vale foi a vencedora com 25.041 votos, ficando à frente da japonesa TEPCO, responsável acidente nuclear de Fukushima.
Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale
A Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale é composta por populações e comunidades atingidas, movimentos sociais, organizações e centrais sindicais de diversos países que sofrem violações de direitos cometidos pela Vale.
Estiveram presentes: a Sociedade Paraense de Direitos Humanos, o Sind-Química-PR, Pacs, Justiça nos Trilhos, Movimentos pelas Serras e Águas de Minas e Justiça Global.
Em reunião preparatória para a Rio + 20, no Itamaraty, ministros discutem a participação dos movimentos sociais na Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável marcada para junho, no Brasil. Foto: Valter Campanato/ABr
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou hoje (9) que o governo vai assegurar a participação dos movimentos sociais na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada no Brasil de 20 a 22 de junho. A ministra participou de reunião no Itamaraty com o secretário-geral das Nações Unidas para a Rio+20, Sha Zukang.
“Foi destacada a participação social e o reconhecimento de todo o papel do governo brasileiro em apoiar as organizações sociais e seu espaços. Estamos trabalhando conjuntamente com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e em uma interlocução ampla com outros ministérios, de tal maneira que possamos assegurar a participação dos movimentos sociais, do movimento indígena, com todos os espaços definidos e inclusive com apoio financeiro”, disse a ministra ao final do encontro.
Segundo Izabella Teixeira, a participação na conferência deve ser expressiva, tanto de chefes de Estados e delegações, quanto da sociedade.
“O nível de engajamento já é bastante alto, de delegações e de chefes de Estado, superando a expectativa. Esperamos em torno de 50 mil pessoas credenciadas para participar da conferência e dos debates”, disse a ministra.
O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, que também participou da reunião, disse que o secretário da Rio+20 Sha Zukang, elogiou a organização do evento.
“Ele reconheceu a mobilização sem precedentes de recursos políticos, humanos e materiais pelo país anfitrião, ou seja, Brasil, para a organização desta conferência, que deve ser uma das maiores realizadas sobre desenvolvimento sustentável”, afirmou Patriota.
Ele disse ainda que o Brasil se posiciona de uma maneira “cada vez melhor sintonizada para apresentarmos nos trabalhos preparatórios uma posição de vanguarda, de liderança, para a preparação do documento final da Rio+20″.
Além de Patriota e Izabella Teixeira, mais sete ministros participaram da reunião. Também estiveram presentes 12 secretários-executivos e sete paramentares.

Em viagem de cinco dias ao Brasil para acertar os detalhes logísticos da Conferência Rio+20, o Secretário-Geral da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), Sha Zukang, afirmou ontem que é hora de agir, e não de produzir documentos de intenções: “Nosso trabalho não é falar, mas agir. Não percamos mais tempo em conversas, em apenas produzir papéis. É claro que temos de produzir documentos, mas é preciso implementá-los”, afirmou durante coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.
O secretário-geral Sha Zukang veio ao Brasil junto com sua comitiva acompanhar os detalhes da organização do evento, como segurança, transporte e acomodação. Ele elogiou a organização dos anfitriões: “Meus colegas brasileiros estão fazendo um trabalho excelente”.
A ONU espera cerca de 50 mil pessoas para a conferência Rio+20, cujo eixo de discussões gira em torno de sete áreas prioritárias: energia, alimentação e agricultura, emprego e sociedade inclusiva, cidades sustentáveis, água, oceanos e desastres naturais.
Até sábado, o chinês Sha Zukang irá cumprir agenda no Rio e em São Paulo. Participará de encontros com o Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e a do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Fonte: O Eco
Imagens dos E.U.A. em crise na década de 1970
Com a década de 1960 chegando ao fim, o rápido desenvolvimento das décadas do pós-guerra começaram a cobrar um pedágio do ambiente. Em novembro de 1971, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) recém-criada anunciou um projeto de documentário com fotos, chamada DOCUMERICA, para demonstrar estas alterações. Mais de 100 fotógrafos foram contratados, não só para documentar questões ambientais específicas, mas para capturar imagens da vida cotidiana, mostrando como nós interagimos com o ambiente. Em 1974, mais de 80.000 fotografias tinham sido produzidas.

Clark Avenue, obscurecida pela poluição industrial, em Cleveland, Ohio, em julho de 1973. (Frank J. Aleksandrowicz / NARA)

Resultado de metil mercúrio presente na água: coluna severamente deformado de um peixe Jordanella. Laboratório Nacional de Qualidade da Água, Junho de 1973 (Donald Emmerich / NARA)

Resultado da greve de ônibus em Washington, DC, em maio de 1974. Cerca de 250.000 pessoas foram forçadas a encontrar formas alternativas de transporte. (Jim Pickerell / NARA)
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A UNISINOS trouxe Serge Latouche para uma semana de palestras-aulas. Dia 21.11 ele esteve presente na UNISINOS campus POA, onde pude conferir sua palestra entitulada “Desenvolvimento Humano, Decrescimento e a Sociedade Convivial“. Gravei a palestra de forma precária, no qual com um gravador consegui colocá-lo junto ao aparelho de tradução simultânea, para, obviamente, gravar em português. Infelizmente a gravação não ficou tão boa quanto imaginava, mas é possível acompanhar as palavras proferidas pelo francês do decrescimento. Gravei toda a palestra, inclusive com a parte dispensável de Plinio Alexandre Zalewski Vargas, secretário de Governança, uma da pessoas-chave da movimentação para a venda do Morro Santa Tereza para a especulação imobiliária. Fiquei me perguntando se o Latouche sequer desconfiava quem era a pessoa que dividia a palestra com ele… (Cíntia Barenho)
Mais fotos podem ser acessadas AQUI
O que realmente conta na vida não é mensurável, por isso vivemos uma “falência da felicidade quantificável”. Por outro lado, “um crescimento infinito é incompatível com um mundo finito. Quem acredita nisso ou é louco ou é economista”.
A crítica radical à economia de Serge Latouche, ele mesmo economista, além de sociólogo e antropólogo, visa a descolonizar o imaginário das “ideologias da sociedade moderna”, como indicadores a exemplo do PIB per capita.
Na noite desta segunda-feira, 21 de novembro, no câmpus de Porto Alegre da Unisinos, Latouche fez a sua primeira conferência dentro do Ciclo de Palestras: Economia de Baixo Carbono. Limites e Possibilidades, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Sua fala, intitulada Desenvolvimento Humano, Decrescimento e a Sociedade Convivial, foi comentada posteriormente por Plinio Alexandre Zalewski Vargas, diretor da Secretaria de Governança da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Nela, o professor de economia da Universidade de Paris XI – Sceaux/Orsay retomou o histórico do seu conceito mais importante: o decrescimento. Seu principal interesse no encontro era apresentar como é possível encontrar, por meio do decrescimento, a “felicidade na frugalidade convivial”.
Latouche começou retomando o histórico do “dispositivo” do PIB (produto interno bruto) per capita, que reduziu a felicidade a um indicador econômico. Historicamente, segundo ele, na passagem da felicidade ao PIB, ocorreu uma tripla redução: 1) a felicidade terrestre passou a ser assimilada ao bem-estar material, em sentido físico, palpável; 2) o bem-estar material foi reduzido ao que pode ser avaliado quantitativamente, estatisticamente, aos bens e serviços comercializáveis e consumíveis; 3) a variação da soma dos bens e serviços caracterizaria a diferença entre o PIB e PIL (produto interno líquido ).
Porém, criticou, o PIB só mede a riqueza comercializável, excluindo-se as transações fora do mercado, como os serviços domésticos, o voluntariado, o mercado negro etc. No caso brasileiro, exemplificou Latouche, a destruição da floresta amazônica não é contada no PIB. “O PIB mede os outputs, ou a produção, e não os outcomes, ou os resultados”, resumindo. Retomando o ex-presidente dos EUA, Kennedy, Latouche afirmou que o PIB também não inclui a saúde das crianças, a beleza da poesia, a solidez do casamento, a integridade, a inteligência e a sabedoria de um povo. “Mede tudo, menos o que faz com que a vida valha a pena de ser vivida”, resumiu.
Por isso, com o passar do tempo, ao experimentarmos que o consumo não faz a felicidade, vivemos uma crise de valores. Algumas tentativas de superar essa mensurabilidade econômica foram, por exemplo, o Genuine Progress Indicator (Indicador de Progresso Autêntico), proposto pelo economista norte-americano Herman Daly, levando em consideração as perdas causadas, por exemplo, pela poluição e pela degradação do meio ambiente. Outra proposta foi a da ONG New Economics Foundation, que, cruzando os resultados das enquetes das organizações da ONU sobre o que os anglo-saxões chamam de sentimento do bem-estar vivido (satisfação subjetiva, esperança média de vida e pegada ecológica per capita), chegaram a um Happy Planet Index (Índice do Planeta Feliz).
Segundo Latouche, também emergiu novamente uma ideia de economia civil da felicidade, desenvolvida a partir dos EUA e que tomou um novo curso na Itália. Para o pensador francês, os teóricos dessa corrente reabilitam uma certa forma de sobriedade, unindo-se a outros movimentos, como o do decrescimento. Mas – e essa é também a sua crítica – veiculam uma certa ambiguidade, deixando sobreviver o “corpo moribundo” daquilo que pretendem destruir: ou seja, uma mentalidade que tudo calcula. Abolindo a fronteira entre o econômico e o não econômico, afirmou Latouche, a teoria da economia civil deixa o caminho aberto a uma forma de pane da economização de tudo, que já estava na ideia de Malthus, tentando incluir dentro dos cálculos o que é incalculável.
Crise de valores
Em síntese, o que essas tentativas demonstram, afirmou Latouche, é que “a sociedade dita desenvolvida, da opulência, se baseia em uma produção massiva, mas também em uma perda de valores”. Assim, retomando um conceito caro a um teólogo amigo seu, Raimon Panikkar, é necessária uma metanoia, ou seja, questionar profundamente o mito do progresso indefinido. É preciso “resistir ao imperialismo da economia para reencontrar o social”. “O que realmente conta na vida não se mede”, sintetiza Latouche.
Portanto, como encontrar a felicidade dentro da frugalidade convivial? Para isso, Latouche reatualiza a intuição do teólogo Ivan Illich, ainda dos anos 1970, do termo convivialidade, que, de certa forma, encontra-se em sintonia com a proposta andina do bem-viver (sumak kawsay), que, afirma, “tem mais coerência do que os economistas, que tentam medir o que não é mensurável”.
Felicidade, para Latouche, é a “abundância frugal em uma sociedade solidária”. Uma prosperidade sem objetivo, uma sobriedade voluntária, segundo Illich. “O projeto de decrescimento que queremos – slogan para marcar uma ruptura com essa lógica do “sempre mais”, do crescimento indefinido – é uma saída do ciclo infernal da criação de necessidades e produtos”.
Esse conceito – decrescimento – nasceu em março de 2002, a partir do colóquio da Unesco“Desfazer o desenvolvimento, refazer o mundo”. Foi a última aparição pública de Ivan Illich. Em síntese, contou Latouche, chegou-se à conclusão de que é preciso combater odesenvolvimento sustentável, que é uma contradição em termos, porque o desenvolvimento “nada mais é do que uma transformação qualitativa do crescimento, e um crescimento infinito é incompatível com um mundo finito”, afirmou. “Quem acredita nisso ou é louco ou é economista”.
Futuro sustentável
Se o desenvolvimento é uma “palavra tóxica”, Latouche prefere falar de um “futuro sustentável da vida”. E esse, sim, é possível. Por isso, a proposta do decrescimento é a da autolimitação e simplicidade voluntárias, da abundância frugal, da reabilitação do espírito da doação e da promoção da convivialidade. Se na década de 1960 se falava de círculos virtuosos do crescimento, é necessário um círculo virtuoso do decrescimento. Uma “mudança de software”, ilustra Latouche, uma mudança “daquilo que os marxistas chamavam de superestrutura, que leva a uma mudança da infraestrutura”.
E ele propõe, para isso, oito passos:
- reavaliar
- reconceitualizar
- reestruturar
- realocar
- redistribuir
- reduzir
- reutilizar
- reciclar
Assim, será possível sair do paradigma que nos dominou há dois séculos, o “paradigma da economia”. “Tendemos a ver tudo sob o prisma da economia, que, no entanto, é muito recente e limitado a uma única cultura, uma dentre outras: o Ocidente”. Por isso, para ele, outra contradição em termos é a economia solidária. Em nível teórico, explicou, “é um oximoro, assim como o desenvolvimento sustentável. A economia existente não é solidária, é baseada na avidez, no lucro máximo. Caso contrário, estamos no social, no político, na solidariedade, baseada na lógica da troca, da doação”.
Portanto, sair dessa economicização, para Latouche, é uma conversão ao contrário. “Temos uma relação religiosa com a economia. É preciso nos tornarmos ateus e agnósticos do crescimento. É preciso reencontrar a abundância perdida”. Descolonizar e deseconomizar o imaginário é “redimensionar o papel do econômico no social”, limitar a avidez, limitar o “greed is good” das escolas de administração. É, em suma, reapropriar-se, enquanto sociedade, das três bases do capitalismo: o trabalho, a terra e o dinheiro. “Não é abolir o capitalismo – esclarece Latouche –, é mudar o nosso software, a nossa educação, é possibilitar regulações, hibridações e proposições concretas para chegar à abundância frugal”.
Para ajudar nessa “reformatação”, não basta seguir a “via” do decrescimento. Latouche prefere falar do “tao do decrescimento”, palavra chinesa que, além da dimensão de caminho, percurso, remete também à ética. “Não é possível encontrar a felicidade sem restringir e limitar os nossos desejos – a autolimitação que se encontra nos ameríndios, na África, no passado do Ocidente, no epicurismo. Todas as sabedorias do mundo têm essa ideia fundamental”, explica. É necessário, hoje, dominar o que os gregos consideravam como o perigo por excelência: a hybris, a desmedida.
Aceleração do decrescimento?
Em pleno andamento de um “plano de aceleração do crescimento”, Latouche tem esperança no Brasil. Para ele, o país foi um “precursor do decrescimento”, a partir das propostas nascidas em Porto Alegre, de um outro mundo possível, ou em figuras como Chico Mendes, ou no Manifesto Ecossocialista de Belém, que, segundo Latouche, está bastante próximo das ideias do decrescimento. “O Brasil tem todas as condições favoráveis para uma transição para uma sociedade da abundância frugal”. Para isso, basta superar as condições psicológicas limitadas à colonização do imaginário em torno da economia e do crescimento.
No fim do debate, para os interessados em aprofundar a reflexão, Latouche indicou o site da revista acadêmica Entropia (www.entropia-la-revue.org), dedicada ao estudo do decrescimento, que contém contribuições em francês, inglês, espanhol, italiano e também em português.
A programação do com a presença de Serge Latouche continua nesta terça-feira com a palestra Por outro modo de consumir: Descrição de algumas experiências alternativas, das 16h às 18h, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. O restante da programação, que vai até a próxima sexta-feira, dia 25, pode ser conferido aqui.
Fonte Ecodebate e IHU On-line
Esta aberto oficialmente o processo de eleição para a composição do Comitê de Gerenciamento das Bacias Hidrográficas da Lagoa Mirim e do Canal São Gonçalo.
As instituições interessadas devem preencher previamente uma Ficha de Inscrição e enviá-la até dia 14.12 a Secretaria Executiva do Comitê ou a do Conselho de Recursos Hídricos (CRH), junto Secretaria do Meio Ambiente (SEMA) RS.
A eleição será dia 19.12, a partir das 14h, na Agência da Lagoa Mirim (ALM) em Pelotas/RS.
Segundo a SEMA a “Bacia Hidrográfica Mirim-São Gonçalo situa-se no sudeste do Estado do Rio Grande do Sul entre as coordenadas geográficas 31º30′ a 34º35′ de latitude Sul e 53º31’a 55º15’de longitude Oeste. Abrange as Províncias Geomorfológicas Planície Costeira e Escudo Uruguaio-Sul-Rio-Grandense. Possui área de 25.961,04 Km², abrangendo municípios como Arroio Grande, Candiota, Canguçu, Capão do Leão, Chuí, Jaguarão, Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, com população estimada em 744.021 habitantes. Os principais cursos de água são os arroios Pelotas, Passo das Pedras, Basílio, Chasqueiro, Grande, Juncal, Chuí, do Vime, Seival, Minuano, Lageado, Taquara, Candiota, Butiá, Telho, do Quilombo e os rios Piratini e Jaguarão, além do Canal São Gonçalo, que faz ligação entre a Lagoa Mirim e a Laguna dos Patos. Os principais usos da água se destinam a irrigação, abastecimento humano e dessedentação animal.”
Para essa Bacia, a SEMA mantinha o Programa Mar de Dentro (PMD), hoje inoperante. Leia mais sobre o PMD em: https://centrodeestudosambientais.wordpress.com/publicacoes/.
Conforme a lei estadual, cabe ao Comitê de Bacia “coordenação programática das atividades dos agentes públicos e privados, relacionados aos recursos hídricos, compatibilizando, no âmbito espacial da sua respectiva bacia, as metas do Plano Estadual de Recursos Hídricos com a crescente melhoria da qualidade dos corpos de água”.
Mais informações sobre a referida eleição juntamente com a Secretaria Executiva do mencionado Comitê, advogada Monica Anselmi: comitemirimsaogoncalo@yahoo.com.br.
O CEA acompanha o referido comitê desde as primeiras reuniões visando sua constituição e hoje é representado pelo cientista social Anderson Alexis.
Fonte: http://www.sema.rs.gov.br/
A reportagem é da revista New Scientist, 22-10-2011 e reproduzida pelo sítio Inovação Tecnológica.
Além das ideologias
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas – sobretudo bancos – tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.
A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.
Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.
“A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado,” afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. “Nossa análise é baseada na realidade.”
Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.
O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.
Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial – tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.
O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.
A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.
Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas – na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.
Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo – as chamadas blue chips nos mercados de ações.
Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.
E isso não é tudo.
Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma “super-entidade” de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.
“Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira,” diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.
Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.
Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.
Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração – 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum – e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.
As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas:
Barclays plc
Capital Group Companies Inc
FMR Corporation
AXA
State Street Corporation
JP Morgan Chase & Co
Legal & General Group plc
Vanguard Group Inc
UBS AG
Merrill Lynch & Co Inc
Wellington Management Co LLP
Deutsche Bank AG
Franklin Resources Inc
Credit Suisse Group
Walton Enterprises LLC
Bank of New York Mellon Corp
Natixis
Goldman Sachs Group Inc
T Rowe Price Group Inc
Legg Mason Inc
Morgan Stanley
Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
Northern Trust Corporation
Société Générale
Bank of America Corporation
Lloyds TSB Group plc
Invesco plc
Allianz SE 29. TIAA
Old Mutual Public Limited Company
Aviva plc
Schroders plc
Dodge & Cox
Lehman Brothers Holdings Inc*
Sun Life Financial Inc
Standard Life plc
CNCE
Nomura Holdings Inc
The Depository Trust Company
Massachusetts Mutual Life Insurance
ING Groep NV
Brandes Investment Partners LP
Unicredito Italiano SPA
Deposit Insurance Corporation of Japan
Vereniging Aegon
BNP Paribas
Affiliated Managers Group Inc
Resona Holdings Inc
Capital Group International Inc
China Petrochemical Group Company
Bibliografia:
The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.5728
Fonte: IHU
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou no dia 29/08 a publicação “Mudança do clima no Brasil: aspectos econômicos, sociais e regulatórios”.
No evento os capítulos do livro foram apresentados: Aspectos regulatórios e sociais das mudanças climáticas no Brasil, As mudanças climáticas nos diversos setores da economia brasileira, e O Brasil e as negociações internacionais sobre mudanças climáticas.
Em 437 páginas, o livro traz um debate amplo e extremamente atual sobre as mudanças climáticas e as políticas públicas e ações brasileiras correspondentes a esse fenômeno.
Acesse a íntegra do livro Mudança do Clima no Brasil: aspectos econômicos, sociais e Regulatórios
Saiba mais no site do IPEA

Chip instalado en una impresora diseñado para registrar el número de impresiones y enviar una señal de error al usuario al llegar a un número determinado
Interessante documentário sobre a obsolescência programada, uma das espertas invenções do capitalismo para vender mais. O detalhe é para onde vai todo esse lixo, em geral lixo eletrônico, que não mais funciona? Será que volta ao “capitalista” que o fabricou?
Além do que há outras formas de obsolescência em curso como a perceptiva ou estética, onde novos produtos, com inovações ou design inovador surgem para substituir os produtos, mesmo que estes ainda estejam perfeitamente funcionais e úteis. Mais consumo é estimulado. Vide o caso dos celulares…
TVE emite “Comprar, tirar, comprar”, documental sobre caducidad programada
Desde los años 20 se fabrican productos para que tengan una duración
http://www.rtve.es/swf/v2/embed/983391_es_videos/RTVEPlayer.swf
Para saber mais acesse AQUI
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