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Nesse dia eleito para chamar a atenção para aspectos da crise ecológica decorrentes do uso (e abuso) de veículos automotores, notadamente o carro, cujos os gases gerados envenenam o ar e colaboram com as mudanças climáticas e num tempo em que os fabricantes de agrotóxicos e sua bancada (ruralista) “trabalham” para acabar com a legislação ambiental e envenenar ainda mais a Terra e a vida que nela há, recordamos o logo do CEA, elaborado no inicio da década de 90, quando foi desenvolvida uma campanha de Educação Ambiental, pioneira (como é característica do CEA), no Balneário do Cassino, promovendo o uso da bicicleta como ato compatível com a preservação ambiental, tendo destaque a praia e suas dunas.
E a política de redução de IPI de carros?Enfim…
Ministro vê relação direta entre aumento da frota e mortes no trânsito
O crescimento da frota de veículos – em especial a de motocicletas – está contribuindo para o aumento no número de mortes no trânsito do Brasil, que subiu 21% em quatro anos, diz o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Segundo dados do ministério e da OMS (Organização Mundial da Saúde), foram 42.844 mortes no trânsito brasileiro em 2010, contra 35.155 em 2006 – número consolidado mais recente.
“Pela primeira vez o Brasil supera a marca de 40 mil óbitos no trânsito”, disse Padilha à BBC Brasil. “O número de mortes aumentou principalmente no Norte e no Nordeste e em cidades do interior. Isso está relacionado ao aumento na frota de veículos, especialmente o de motocicletas.”
A frota de motos subiu de 5 milhões para 16 milhões nos últimos dez anos; a de carros passou de 23 milhões para 41 milhões. Em agosto, a venda de veículos no país bateu o recorde de 400 mil unidades, incentivada pela oferta de crédito e a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Também segundo o Ministério da Saúde, houve em 2011 mais de 153 mil internações de vítimas de acidentes de trânsito em hospitais da rede pública, sendo que praticamente a metade (48%) envolveu motociclistas.
“Isso caracteriza uma situação epidêmica, e as causas mais comuns (dos acidentes) são a direção perigosa e a condução de motos por pessoas alcoolizadas”, disse à Agência Brasil a coordenadora Marta Maria Alves, também do ministério.
Padilha afirmou que as mortes violentas (incluindo acidentes e crimes) são a terceira maior causa de óbitos registrados no sistema de saúde brasileiro – atrás apenas de doenças cardíacas e câncer.
“Uma das ações fundamentais é apertar a fiscalização dos estados e da lei seca, impedindo que a pessoa que bebeu venha a dirigir e reduzindo em até 30% o número de acidentes”, afirmou o ministro.
País ‘motorizado’
Para Jorge Tiago Bastos, responsável por uma pesquisa da USP sobre o tema, o crescente aumento da frota não vem acompanhado de mais educação dos motoristas. “Os países desenvolvidos investem mais recursos em segurança do trânsito. Países em desenvolvimento estão mais interessados em aumentar suas economias e incentivar a motorização da população.”
A pesquisa de Bastos comparou o número de mortos no trânsito do Brasil com índices de países desenvolvidos, levando em conta o número de veículos do país e o total de quilômetros rodados pela frota.
O Brasil tem uma taxa de 54,8 vítimas fatais para cada bilhão de quilômetros rodados por veículos. No Reino Unido, esse índice é de 3,7 e na Suécia, 3,2.
Esses números colocam o Brasil em 8º no ranking da OMS de países onde o trânsito mata mais.
Primeiros socorros
Do lado do governo federal, Padilha explicou à BBC Brasil que a principal aposta para reduzir o número de mortes no trânsito é investir em resgate e primeiros socorros.
O governo Dilma Rousseff lançou em agosto um plano de ação que atualmente está em fase de consultas públicas. Ele inclui, num primeiro estágio, investimentos da ordem de R$ 720 milhões nos próximos dois anos para levar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) – que hoje opera apenas em grandes cidades – também para as cidades menores do interior do país.
A ideia, segundo Padilha, é treinar socorristas e fornecer equipamentos para que mais procedimentos emergenciais sejam feitos ainda nas ambulâncias – antes da chegada ao hospital.
Em uma segunda fase, o ministro diz que pretende integrar e aumentar a capacidade de UPAs (instalações médicas) e de grandes hospitais para tratar pacientes que sofrem traumas.
Fonte: BBC
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizará na quinta-feira (20) audiência pública para debater o “uso abusivo” do transporte particular, o tráfego intenso, a poluição urbana e o aquecimento global.
O debate faz parte das comemorações do Dia Mundial sem Carro, celebrado em 22 de setembro.
O debate foi proposto pelo deputado Márcio Macêdo (PT-SE). Segundo ele, inserir a data no calendário oficial brasileiro é formalizar o movimento crescente na sociedade brasileira contra a falta de políticas eficientes para o transporte público.
O parlamentar manifestou também preocupação com o aumento da produção de automóveis nos últimos anos. “A disponibilidade de financiamento a juros baixos e de longo prazo tem estimulado a aquisição do veículo particular, ao mesmo tempo em que os investimentos em transporte coletivo não têm a mesma prioridade”, afirmou o parlamentar.
Ele afirmou ainda que a celebração da data busca chamar atenção da sociedade e das autoridades para os danos da crescente emissão de carbono de veículos ao meio ambiente e à saúde da população, e para a falta de uma política pública que respeite o pedestre e os portadores de deficiência e que estimule o uso de transportes alternativos, como a bicicleta.
Foram convidados a participar do debate:
– o secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato e Silva;
– a diretora-geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice Nascimento Souza;
– a diretora do Departamento de Análise de Situação de Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Carvalho Neto;
– a assessora da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Maria Alice Barbosa Fortunato;
– o diretor do Centro de Experimentação em Segurança Viária (Cesvi Brasil), Almir Fernandes;
– o chefe da Seção de Acessibilidade e Planejamento Sustentável da Câmara dos Deputados, Fabiano Sobreira;
– o secretário-executivo da Frente Parlamentar Mista em Defesa das Ciclovias, Renato Zerbinato.
Às 8h30, a Frente Parlamentar das Ciclovias vai promover uma “bicicletada” saindo do Museu da República até a Câmara. O evento tem o apoio do Comitê de Gestão Socioambiental da Câmara (EcoCâmara).
Não é necessariamente ecologico, mas é divertido
Ainda em tempo de falar do Dia Mundial sem Carro
Quatro mil paulistanos morrem por ano por causa da poluição do ar, diz o patologista Paulo Saldiva
Pneumonia, infarto e câncer de pulmão são as principais doenças. Para Saldiva, é melhor reduzir poluição que fumo ao pensar no coletivo.
O patologista Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP e do Instituto do Coração (Incor), respondeu a mais perguntas sobre poluição na sequência do Bem Estar desta segunda-feira (12). Reportagem no Portal G1.
A qualidade do ar costuma piorar ainda mais no inverno, pela dificuldade de dispersão dos poluentes e pela sobrecarga do organismo (e das vias aéreas, mais especificamente) em decorrência das condições climáticas.
Processos inflamatórios de origem alérgica, como rinite, sinusite, bronquite, asma, conjuntivite e otite, podem ser agravados pela poluição, ressaltou o especialista. Respirar pela boca pode piorar ainda mais a situação, já que dessa forma o ar passa sem filtro, cuja função é do nariz.
As crises alérgicas podem ser amenizadas quando a pessoa vai para cidades com ar mais puro. De acordo com Saldiva, o envelhecimento pulmonar pode se acentuar em regiões muito secas, com queimadas, como o Centro-Oeste.
Esses extremos climáticos também podem causar sangramentos no nariz, secura na garganta e congestão nasal. E não se deve deixar de praticar esportes mesmo em cidades poluídas, já que o ganho cardiovascular do indivíduo é maior que os malefícios provocados nas vias respiratórias. A única dica é evitar períodos entre as 10h e 16h e locais onde há muita concentração de poluentes, como corredores de tráfego.
Saldiva explicou também que os efeitos da poluição a longo prazo podem ser – além de quadros alérgicos – pneumonia, infarto e câncer de pulmão. Segundo ele, 4 mil pessoas morrem a mais por ano com essas doenças só na cidade de São Paulo, por causa da poluição. De todos os casos de câncer de pulmão na capital, 80% são motivados por poluentes, e os outros 20% pelo cigarro, comparou o patologista.
Se a capital paulista virasse Curitiba, por exemplo, ganharia uma média de expectativa de vida de 3,5 anos. Como política de saúde pública, ele acredita que é melhor reduzir a poluição do que o fumo. Mas as pessoas, em geral, preferem ter carro e não fumar.
O médico falou, ainda, sobre queima de folhas e lixo, que é proibida, mas não há fiscalização no país. Na sequência, ele destacou que a maioria das capitais brasileiras ainda não tem estações de monitoramento de qualidade do ar.
O principal desafio do homem hoje, segundo Saldiva, é regular o que come, bebe e inala. Em seguida, ele mencionou a importância de beber água regularmente, principalmente entre idosos e crianças.
Toalhas e baldes com água devem ficar nos ambientes em períodos de maior secura, que vão das 10h às 17h. Escritórios, quartos de idosos, crianças, creches e escolas são os locais que mais precisam de umidade.
Por fim, Saldiva disse que a poluição também prejudica a qualidade da lágrima nos olhos, além de dar mais conjuntivite química. A consequência é uma vermelhidão ou inflamação ocular. Usar soro, colírio sem medicamento ou lágrima artificial é uma boa opção.
O especialista também afirmou que os pelos do nariz funcionam como um filtro de poeira de terra e areia, que são maiores. Já as nanopartículas da poluição urbana, que não é vista a olho nu, não são detidas por essa barreira natural.
Fonte: EcoDebate
Para o antropólogo Roberto Da Matta, os carros levam a um pensamento que uns podem mais que outros.
Quanto você gasta por mês com o seu carro? Seja nas parcelas do financiamento, IPVA, seguro, combustível e manutenção, ou ainda nas horas parado no congestionamento, procurando vagas no estacionamento ou calibrando os pneus, o fato é que destinamos boa parte do nosso tempo e dinheiro no que deveria ser apenas um meio de deslocamento entre um local e outro.
Diversos fatores históricos, sociais e econômicos fizeram com que o carro deixasse de ser apenas um veículo para se tornar um símbolo da sociedade atual, onde a valorização dos bens materiais é mais importante que o respeito ao próximo e as questões individuais se sobrepõe ao bem coletivo.
Essa inversão de valores é uma das grandes responsáveis pelos problemas encontrados no trânsito das grandes cidades, afirma a professora Gislene Macedo, do curso de psicologia da UFC/Sobral, doutora em psicologia do trânsito e ex-membro titular da Câmara Temática de Educação e Cidadania do Contran.
“Invertemos o valor do coletivo para o individual, o que causa um problema para todos já que, à medida que você investe mais em um, você deixa de investir no outro”, diz. Esse é apenas um dos fatores que transformou um simples meio de transporte em objeto de desejo e símbolo de valores mais profundos que a mera mobilidade.
Quem reforça essa perspectiva é o antropólogo Roberto Da Matta. Em entrevista à Revista Trip, ele justificou o comportamento dos brasileiros no trânsito com a incapacidade de sermos uma sociedade igualitária. Para ele, as pessoas não instituem a igualdade como um guia para as suas condutas, o que leva a um pensamento aristocrático de que uns podem mais do que outros.
“É doentio, desumano e vergonhoso notar que 40 mil pessoas morrem por ano no trânsito de um país que se acredita cordial, hospitaleiro e carnavalesco. No Brasil, você se sente superior ao pedestre porque tem um carro. Ou superior a outro motorista porque tem um carro mais moderno ou mais caro” – Roberto Da Matta.
A conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Andréa Nascimento, lembra ainda que o modelo de vida e de mobilidade existente hoje inclui o carro na rotina das pessoas, que o levam como parte essencial do dia a dia. “Nele deixo livros, roupas, sapatos, escolho a quem dou carona, coloco som no volume que eu quiser, disputo o espaço público, pois quero fluidez”, afirma em entrevista concedida a Perkons.
Segundo especialista, a ascensão da indústria automotiva nos anos 50 levou à ideia de que ter um carro era sinônimo de sucesso individual
A raiz do problema, segundo Da Matta, está na ascensão da indústria automobilística nos anos 50. “Isso criou o delírio de que ser dono de um carro é o coroamento do sucesso individual. E até hoje, mesmo com o mundo em colapso, não conseguimos nos livrar dessa mentalidade. Quando nós adotamos o transporte individual, estamos retomando a ideia da cadeirinha carregada por escravos do Brasil colonial”, relembra o antropólogo.
Consequências
Segundo levantamento do Ministério das Cidades e do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), em abril de 2010 o país já contava com uma frota de mais de 60 milhões de veículo automotores, sendo 35 milhões automóveis (57% do total) e 12 milhões de motocicletas (21%), enquanto que a frota de ônibus era de pouco mais de 430 mil unidades (0,7%).
Para Gislene, essa vitória dos carros e motos sobre os transportes coletivos deve ser comemorada apenas pelo setor automotivo. “Existe uma manutenção da indústria automotiva para manter essa cultura na sociedade. Eles comemoram e enquanto alguém ganha muito dinheiro, muitos perdem suas vidas”, diz.
Outras consequências deste fenômeno são vistas no aumento dos engarrafamentos, na maior poluição do ar, na desvalorização do transporte coletivo, na dificuldade em organizar o trânsito e no avanço do número e da gravidade dos acidentes, “o que é ainda pior”, garante a psicóloga.
Ela lembra que a média de ocupação dos veículos em cidades como São Paulo é de 1,5 passageiros por carro. Além dos problemas já citados, esse fenômeno leva a outras consequências sociais, como a solidão e o distanciamento. “Fecha-se o vidro, coloca-se o fumê, cria-se um isolamento e sua relação com o que esta fora daquele universo é cada vez menor. É uma pena que as pessoas estejam escolhendo essa opção”, opina.
Em busca de um trânsito mais humano
Na contramão desse pensamento estão os conceitos de mobilidade humana e cidades saudáveis, que buscam substituir os veículos individuais motorizados por transportes públicos não motorizados. Segundo Gislene Macedo, a razão, acima de tudo, é a defesa da vida.
“Quem sofre todo o impacto dos problemas gerados pela mobilidade motorizada e individualizada é o setor de saúde, e por tabela nós que pagamos os impostos”. Ela lembra ainda que é por conta disso que esse setor tem se engajado e mobilizado em prol da causa “até mais que os órgãos responsáveis pelo trânsito”.
Mas para atingir esse objetivo será preciso passar por cima de muitos desafios, lembram os especialistas. E mais do que pequenas atitudes individuais, será preciso tornar esse tema um assunto político. “Essa questão precisa ser defendida e respaldada pelos políticos, precisa fazer parte das suas propostas e agendas. Aos poucos vamos diminuir essa diferença até chegar o momento em que seremos obrigados a isso e talvez com mais ônus”, alerta Gislene.
Andréa faz coro e lembra que cada vez mais o governo opta pelo comércio de carros individuais, em vez de investir em outros modais que levariam a uma mudança de comportamento para outras formas de transporte.
“A redução de IPI, por exemplo, gerou nas pessoas uma demanda por carro novo para quem não tinha e para quem já tinha, que em alguns casos, nem era necessária a troca. Enquanto nosso modelo de mobilidade, de transporte, estiver sobrepujado ao modelo individualista, será muito difícil que o espaço público seja realmente público”, defende a conselheira do CFP.
“É preciso inverter a lógica existente hoje de que andar a pé, de ônibus ou de bicicleta é coisa de pobre. Precisamos de lugares seguros onde guardar nossas bicicletas, ciclovias, respeito dos outros transportes, e, acima de tudo, mudar a lógica de investimento que gasta milhões por ano para manter um sistema de trânsito totalmente voltado para o individual motorizado” – Gislene Macedo
Mas apesar de vislumbrar um futuro livre dos carros, Gislene sabe que essa é uma realidade pouco provável. “Acho dificílimo, em alguns casos acho até que é utopia”, lamenta. Ainda assim, ela acredita que é necessário seguir lutando por um trânsito mais sustentável – e não por capricho ou opção. Segundo a especialista, no futuro “não teremos saída”.
“É difícil, mas precisamos continuar demarcando isso não só no Dia Mundial sem Carro, mas todos os dias. Isso deve ser uma prática no nosso cotidiano. Deve ser incorporado como parte do nosso valor pessoal”, diz a professora que não tem carro, só usa a bicicleta para se locomover pela cidade “e queria morar mais longe do trabalho para poder pedalar um pouquinho mais”.
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Fonte: Adital
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