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por Rachel Duarte

Faltando pouco mais de uma semana para o início dos eventos oficiais da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou o papel dos brasileiros na promoção da sustentabilidade, principalmente nas iniciativas realizadas nas escolas. A declaração ocorreu na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no dia 5 de julho e que traz como tema “Economia Verde: Ela Te inclui?”.

O apelo da ministra se encontra com o tema do evento global a ser realizado no Brasil este mês, mas ao mesmo tempo apresenta possíveis contradições criticadas por ambientalistas. Enquanto se educa para mudar a cultura do consumo e da poluição, se discutirá em âmbito internacional como desenvolver uma nação sem ferir o ecossistema. A defesa dos especialistas é que não há como conciliar o interesse do capital na exploração dos recursos naturais. Diante de tantas concessões feitas pelo governo brasileiro nos últimos tempos, o Dia Mundial do Meio Ambiente não traz motivos de grandes comemorações, defendem.

Para a integrante do Centro de Estudos Ambientais (CEA) do Rio Grande do Sul, Cíntia Barenho, a problemática do meio ambiente e dos riscos à natureza é algo evidente há décadas e não pode ser tratado com uma visão econômica. “A Rio+20 traz até no próprio slogan a máxima do ‘crescimento’. É a visão da gestão brasileira que aposta no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que é destrutivo ao meio ambiente em alguns aspectos”, defende. Cíntia diz que o desenvolvimento não consegue conciliar os interesses macroeconômicos aos cuidados necessários para uma verdadeira preservação do ecossistema. “E já tivemos uma mostra na reforma do Código Florestal. O mote principal da Rio+20 será a visão mercantil de como os povos poderão explorar a natureza e ‘compensar a degradação’”, fala.

Cíntia organizou, junto a Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e um coletivo de chargistas gaúchos, uma forma diferente de sensibilizar a população sobre o debate da Rio +20 durante a Semana Estadual do Meio Ambiente. De 4 a 6 de junho, ocorre a exposição “Natureza em risco: A questão ambiental segundo os Cartunistas Gaúchos” em parceria com a Grafar – Grafistas Associados do RS. “Pensamos em unir ao trabalho de denúncia e conscientização que eles fazem com humor nas charges a possibilidade de alcançar a sociedade sobre a necessidade da consciência ecológica”, explica.

Crítica com humor

O chargista Santiago, conhecido pelo traço crítico, fala que o Meio Ambiente é um bom tema para ser explorado com desenhos. “É um tema bem presente no humor gráfico. Torna o desenho fácil. É bom desenhar a natureza, árvores, bichos, são símbolos que tocam as pessoas. Principalmente a falta destes elementos. Impacta”, falou o proprietário de um acervo de décadas nesta temática.

A possibilidade de criticar de forma mordaz os temas torna a charge um meio de comunicação ideal para veículos de imprensa. “O tema está até batido, porque aparece em todos os salões internacionais de desenho. Mas nossa vocação é a grande imprensa. O problema é que aqui (RS) é complicado porque não podemos falar das grandes plantações de eucaliptos, por exemplo, que estão aliadas às empresas de comunicação”, critica.

Na visão de Santiago, o tema da mobilidade urbana é outro que poderia ser constantemente abordado nos jornais e acaba restrito a notícias factuais devido à relação comercial. “Atrapalha o negócio das grandes montadoras. É um tema caro para todos. Porque na sociedade, o carro se tornou um vilão do meio ambiente. Mas, no mundo, o domínio das montadoras na publicidade é intransponível”, analisa.

Se por um lado sente-se a falta da crítica por parte dos formadores de opinião de modo geral, o ambientalista Darci Bergmann avalia como positiva a abordagem da mídia sobre o meio ambiente no século 21. “Houve um avanço sobre a importância do tema. Não há quem não aborde o assunto. E percebo matérias aprofundadas. Creio que o trabalho dos ecojornalistas se popularizou e contribuiu para isso”, acredita.

“Maquiagem verde” na Rio+20?

Ativista antigo na causa, Bergmann não ignora que a ‘maquiagem verde’ ainda existe nas coberturas jornalísticas ou mesmo em alguns comentários nos meios de comunicações. “O Novo Código Florestal nunca foi apresentado em sua íntegra. A versão de que as mudanças na legislação afetariam a produção de alimentos é descabida e foi reproduzida por alguns jornalistas. Porém, cana de açúcar não é comida, assim como o fumo. Além do que, o verdadeiro vilão da agricultura é as mudanças climáticas. E o que causa isso?”, indaga.

Sobre a Rio+20, o ambientalista de São Borja, interior do Rio Grande do Sul, é do grupo dos céticos. “Eu estive na Rio 92 e foi superficial, com muita retórica. Tivemos pouco avanço em nível global. Serviu, assim como servirá a Rio+20, para troca de experiências e um pouco mais de proximidade entre os povos sobre o tema. Mas, o controle de natalidade, por exemplo, que se discutiu na agenda 21, anos atrás, não se aplicou. Ainda vemos um família sem ter o que beber tendo uma penca de filhos. Sabemos o impacto ambiental de cada ser vivo no planeta e temos que regular isso”, defende.

O debate proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) para este Dia Mundial do Meio Ambiente, a ‘economia verde’, é, para o coordenador do Ingá Estudos Ambientais, Vicente Medaglia, um jogo de palavras. “Há um marketing das corporações e do governo para afirmar que as políticas empresariais estão no caminho da sustentabilidade. Este termo já se esgotou. Já se ultrapassou todos os limites de convivência harmoniosa entre o capital e o meio ambiente”, aponta.

Ele argumenta que o poder público não prioriza a preservação do meio ambiente e atua de forma despreparada no enfrentamento da questão. “Há uma precarização brutal dos órgãos ambientais. Técnicos mal valorizados no setor privado ou com falta de condições de trabalho no serviço público. Burocracia e falta de prioridade é comum. Por outro lado, há uma falta de informação no sentido ecológico mesmo. Aqui no Rio Grande do Sul temos o exemplo de Cascata, em que há um projeto para oito pequenas hidrelétricas onde o poder público não sabe dizer os limites da vazão do rio de formar a preservar os impactos”, acusa.

Cintia Barenho. Foto: CEA

Leia completo em: http://sul21.com.br/jornal/2012/06/dia-mundial-do-meio-ambiente-mais-desafios-do-que-comemoracao

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Por Darci Bergmann


O presidente Luís Inácio Lula da Silva parece incomodado com os pequenos bichos que atrapalhariam as suas grandes obras. Ao se referir às obras do seu governo, Lula afirmou que algumas delas sofrem atrasos devido à burocracia das leis ambientais. Ao discursar em Porto Alegre, no dia 29 de julho do ano corrente, o presidente voltou a se referir a um episódio que teria ocorrido aqui no Estado. Uma obra não saía do papel porque o estudo de impacto ambiental teria identificado uma espécie de perereca em risco de extinção.
Depois de seis meses, pela interferência presidencial, a obra finalmente teria sido licenciada. Eu assisti pela televisão o discurso do presidente e me chamou atenção esse detalhe da perereca. Mas o jeito descontraído do presidente, ao contar o fato como uma espécie de anedota, esconde algo muito mais sério. Parece que os governos não gostam de cumprir as leis ambientais. Especialmente em anos eleitorais quando certas obras devem ser anunciadas e iniciadas rapidamente porque podem gerar dividendos. A qualidade de tais obras e os impactos ambientais delas decorrentes parecem não preocupar muito os governantes desde há muitos anos. Em outros tempos, incontáveis obras foram iniciadas por pura demagogia eleitoreira e depois abandonadas por falta de verbas e viabilidade econômica. Outras causaram grandes estragos ambientais, tudo porque foram implantadas às pressas. Agora, prefeitos, governadores e até presidentes usam o pretexto da legislação ambiental como responsável pelo atraso de obras.
O leitor atento verá que enquanto o presidente fica invocado com as pererecas, grupos verbívoros estão sempre atentos para devorar recursos públicos em obras faraônicas por esse Brasil afora. Algumas dessas obras são questionadas não só por questões ambientais, mas também pelos impactos sociais negativos que podem causar às populações. No atual momento, obras previstas de usinas hidrelétricas estão sob forte análise de vários órgãos e inclusive da sociedade civil. Num caso assim pode acontecer que alguma outra espécie de perereca seja acusada de atrapalhar algum licenciamento.
Lembro-me de um fato ocorrido no Fórum Global, em 1992, no Rio de Janeiro. Eu estava num estande de ONG ligada à defesa dos animais, chamada SOZED – Sociedade Zoófila Educativa. Esta e outras organizações promoviam um abaixo-assinado pela proibição da caça esportiva, aquela em que o caçador mata simplesmente pelo prazer. Assinei pela proibição da caça e recolhi outras assinaturas no entorno.
Próximo vi o então líder sindical Lula e o deputado Roberto Freire. Cumprimentei-os e disse que Lula estava predestinado a ser um dia o presidente deste País e o meu voto ajudaria para tal, como de fato ocorreu. Depois de rápidas conversas, apresentei-lhes o documento contra a caça rotulada de esportiva. Lula e Freire assinaram e se mostraram adeptos da causa. Mostraram-se preocupados com as questões ambientais e ali no Fórum Global poderiam recolher subsídios. Voltei ao estande da SOZED e disse ao grupo: o futuro presidente da república assinou a favor dos animais.
Hoje, decorridos dezoito anos daquele episódio no Fórum Global do Rio de Janeiro, percebo que o poder parece influenciar as pessoas. As palavras parecem que tem outro significado com o passar dos tempos.
Talvez a pressão dos compromissos assumidos em campanhas influencie os mandatários eleitos. Ou quem sabe o tempo vai minando o interesse por certas questões. Não sei se esse é o caso do meu presidente. Mas não escondo que me causa certa estranheza vê-lo incomodado com a perereca.

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Frase

“De tanto postergar o essencial em nome da urgência, termina-se por esquecer a urgência do essencial.” Hadj Garm'Orin

Apresentação

O Centro de Estudos Ambientais (CEA) é a primeira ONG ecológica da região sul, constituída em Rio Grande/RS/Brasil, em julho de 1983.

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