You are currently browsing the tag archive for the ‘Consumismo’ tag.
por Esther Vivas
São as festas de Natal, o momento de nos juntarmos, comer, celebrar e, sobretudo, comprar. O Natal é, também, a “festa” do consumo, já que em nenhum outro momento do ano, para beneplácito dos mercadores do capital, compramos tanto como agora. Comprar para presentear, para vestir, para esquecer ou, simplesmente, comprar por comprar.
O sistema capitalista precisa da sociedade de consumo para sobreviver, que alguém compre em massa e compulsivamente aquilo que se produz e, assim, o círculo “virtuoso”, ou “vicioso” conforme se olhe, do capital continue em movimento. Que o que compras seja útil ou necessário? Pouco importa. A questão é gastar, quanto mais melhor, para que uns poucos ganhem. E, assim, nos prometem que consumir nos vai fazer mais felizes, mas a felicidade nunca chega por aí.
Vendem-nos o trivial como imprescindível, o fútil como indispensável e criam-nos necessidades artificiais em permanência. Poderiam vocês viver sem um telefone móvel de última geração ou sem um televisor de plasma? E, sem mudar-se de roupa a cada temporada? Seguramente já não. A sociedade de consumo assim o impôs. Aliás, pouco importa a qualidade daquilo que compramos. Vendem-nos marcas, sonhos, sensações… da mão de desportistas famosos ou estrelas de Hollywood. E por alguns euros compramos ficticiamente a fama, o glamour ou a atração sexual que a publicidade se encarrega de nos servir diariamente em bandeja.
E se resisto a comprar, o que acontece? Os produtos fabricam-se para morrer sempre antes d tempo, para se estragarem, deixarem de funcionar, o que se conhece como obsolescência programada, para que assim tenhas que adquirir outros novo. De que serviriam umas meias sem buracos, umas lâmpadas que nunca se fundissem ou uma impressora que não se avariasse? Para nós e para o meio ambiente seria bom; para as empresas do capital, seria mau, muito mau. E é que a sociedade de consumo está pensada, como magnificamente retrata Cosima Dannoritzer no seu documentário, para ‘Comprar, deitar fora, comprar’, o título de seu último trabalho. Aqui só ganha quem vende.
Pouco importam as milhares de toneladas de resíduos que gera a cultura do “usar e deitar fora”, desperdícios tecnológicos, roupa, alimentos… que desaparecem depois da nossa porta, no lixo, ou que passam a engrossar as pilhas de lixo que se acumulam nos países do Sul, contaminando águas, terra e ameaçando a saúde de suas comunidades, enquanto nós assobiamos para o lado. Acostumámos-nos a viver sem ter em conta que habitamos um planeta finito, e o capitalismo se encarregou muito bem de nos habituar assim.
Associa-se progresso a sociedade de consumo, mas temos de nos perguntar para quê e para quem é este progresso, e às custas de quem. Se todo mundo consumisse como um/a cidadão/ã médio/a do Estado espanhol, precisaríamos de três planetas Terra para colmar a nossa voracidade, mas só temos um, enquanto noutros muitos países africanos apenas se consome o necessário para sobreviver. É também necessário recordar que, também, existe um Sul no Norte e um Norte no Sul.
Alguém dirá: “Se deixamos de comprar, a economia estancar-se-à e gerar-se-à mais desemprego”. A realidade é muito diferente da que nos contam. E é, precisamente, este sistema o que fomenta o desemprego, a pobreza e a precariedade, o que deslocaliza a indústria e a agricultura, o que explora a mão de obra, o que contamina o ecossistema e o que nos mergulhou numa crise económica, social e climática com enormes proporções. Se queremos trabalhar com dignidade, cuidar do nosso planeta, e garantir um bem-estar… faz falta outra economia, social e solidária. Satisfazer as nossas necessidades, tendo em conta que vivemos num mundo cheio, saturado, a ponto de explodir. Apostar na agricultura ecológica, nos serviços públicos, nas tarefas de cuidados… Trabalhar para viver e não viver para trabalhar. Porque ou mudamos, ou não sairemos desta crise “consumindo”, como nos querem fazer crer, muito pelo contrário, continuarão “nos consumindo”.
Outros também dirão “Há sociedade de consumo porque a gente quer consumir”. Mas, para além de nossa responsabilidade individual, ninguém, que eu saiba, tem escolhido neste tipo de sociedade onde nos calhou viver, pelo a mim não me perguntaram. É assim que nos têm educado na sociedade do “quanto mais melhor”. E não só nos têm impingido valores e práticas de um sistema que antepõe interesses particulares a necessidades colectivas, como o individualismo e a concorrência e competição que nos impõem desde muito pequenos/as, em determinados papeis em função de nosso género, na reprodução não só de uma estrutura capitalista mas também patriarcal.
Querem que compremos até morrer, como no filme ‘Dancem, dancem, malditos’ (1969) de Sidney Pollack, onde os participantes a um concurso de dança dançavam sem parar até a exaustão para o beneplácito de uns poucos abastados. Como dizia o apresentador da competição em frente aos últimos concorrentes a ponto de desfalecerem no final do filme: “Estes rapazes maravilhosos, estupendos… que continuam resistindo, continuam esperando, enquanto o relógio fatal continua o seu tic tac. Continua a dança do destino, a alucinante maratona segue e segue e segue. Até quando aguentarão? Vamos, um aplauso. Há que os animar. Aplaudam, aplaudam, aplaudam”. Viva o circo.
*Artigo publicado a 24/12/12 em blogs.publico.es
**Traduzido por Cassilda Pascoal.
Fonte: http://esthervivas.com/portugues/comprar-comprar-malditos/
… mas esse discurso enganoso não é só para Brasil, não!!
Com outras palavras, mesmo distribuído, o consumo é demasiado alto para um único Planeta dar conta. Com isso estamos querendo chamar a atenção para o fato de que há um imperativo de mexer realmente na lógica econômica vigente. Sem isso não há saída. É nesse sentido que, novamente, apontam vários dos entrevistados pela Revista. Latouche prossegue propondo o que ele chama de “decrescimento”, o que não é “crescimento negativo”. O termo esconde uma realidade muito mais complexa do que o termo possa, à primeira vista, oferecer.
“O projeto de uma sociedade de decrescimento é radicalmente diferente do crescimento negativo, aquele que agora já conhecemos”, insiste Latouche. E prossegue: “O decrescimento só é viável numa ‘sociedade de decrescimento’, isto é, no quadro de um sistema que se situa sobre outra lógica. A alternativa é, por conseguinte, esta: decrescimento ou barbárie!”. A sociedade de decrescimento não se confunde com o capitalismo reformado ou esverdeado. “Uma economia capitalista ainda poderia funcionar com uma grande escassez dos recursos naturais, um desregramento climático, o desmoronamento da biodiversidade etc. É a parte de verdade dos defensores do desenvolvimento sustentável, do crescimento verde e do capitalismo do imaterial. As empresas (pelo menos algumas) podem continuar a crescer, a ver sua cifra de negócios aumentar, bem como seus lucros, enquanto as fomes, as pandemias, as guerras exterminariam nove décimos da humanidade. Os recursos, sempre mais raros, aumentariam mais que proporcionalmente de valor”, cutuca Latouche.
Segundo Dowbor, “temos uma economia que é destrutiva em termos ambientais e é injusta em termos sociais”. Na mesma direção vai Henrique Cortez: “Na realidade, precisamos construir uma nova sociedade, com um novo modelo econômico. Voltando ao tema central, não teremos um futuro minimamente aceitável sem uma profunda revisão dos conceitos, fundamentos e modelo da economia. E não faremos esta revisão sem uma clara compreensão de nossa responsabilidade em termos de cidadania planetária”. E finaliza dizendo que está em questão “o que realmente deve ser entendido como desenvolvimento, como deve ser medido e incentivado”.
Segundo Paulo Durval Branco, a economia ecológica se apresenta como alternativa “porque ela parte de premissas corretas. Uma delas é a impossibilidade do crescimento como um retorno exclusivo do processo econômico. Então, a ecoeconomia supõe o sistema econômico como parte de um sistema maior, que é a biosfera”.
Assim, uma possível leitura desse rico material consiste em perceber que a questão de fundo é a busca de um modo alternativo de economia, capaz de integrar os limites da natureza e a lógica social do consumismo. E isso porque até o chamado “consumo ético” deve ser problematizado, como sugere Henrique Cortez.
De forma enfática e até inusitada, Cortez afirma que “o que hoje se convenciona chamar de consumo ético deve ser encarado como conservador em relação à manutenção do modelo consumista. Assim posso consumir irrestritamente, porque me justifico através do consumo ético. É uma forma de ‘indulgência’ ao ‘pecado’ do consumo. O consumo ético só será transformador se ele questionar o modelo consumista, assumindo sua dimensão coletiva e política em relação ao modelo econômico, às formas de produção e ao sistema político de sustentação. É necessário questionar a quem serve este modelo e a quem beneficia”.
Cortez chama a atenção para uma nova compreensão do ato de consumo, de modo geral sempre mais relacionado à liberdade pessoal e menos referenciado econômica e politicamente. “Comumente, associamos o consumo ético a um ato individual de consciência, uma opção pessoal, mas ele também deve ser considerado em suas dimensões econômicas e políticas”. Em outro momento da entrevista , Cortez reforça essa ideia: “O consumo é um ato político e econômico e, neste sentido, deve ser ético, responsável e sustentável. O consumo só é ético se for sustentável e isto só ocorrerá com uma gigantesca redução do consumo global”.
Paralelamente à emergência da problemática ambiental, foi se cristalizando também a ideia da reciclagem, como forma de remediar os impactos ambientais. Produz-se, consome-se, mas se recicla. Dessa maneira, não se questiona ou mesmo se interrompe a lógica subjacente, que é o que Cortez tenta fazer. Por isso, Latouche dirá que o “melhor lixo é aquele não produzido”.
Pelo acento posto no consumidor, joga-se toda a responsabilidade pelo consumo sobre este e não se questiona o resto. Atribui-se, ideologicamente ou não, a responsabilidade ao consumo e não à produção e à lógica produtiva subjacente.
Para iluminar este aspecto vale recuperar uma reflexão feita por Robert Tomás, professor de Economia Aplicada da Universidade Autônoma de Barcelona e reproduzida no Boletim CEPAT Informa n. 101, de setembro de 2003, p. 5-7. Em artigo intitulado ‘A cultura do desperdício’, o professor adianta que o problema do desperdício em se apresenta sob as vertentes econômica e ecológica. Mas o mais relevante da sua reflexão, no âmbito desta análise, consiste na falácia de que o problema ecológico seria solucionado pela eficiência técnica e pela ênfase na conduta responsável do consumidor.
Sobre a ênfase na conduta do consumidor, escreve: “Supõe-se que é preciso procurar que os consumidores estejam conscientes da irracionalidade de seu modo de vida e adotem uma conduta presidida pela austeridade, pela eficiência e pela consciência cívica e ecológica. Assim, é preciso convencer os cidadãos” para que reorientem seu consumo (…) “Da pressão do consumidor se há de derivar que as empresas compitam entre si para oferecer os melhores produtos do ponto de vista da eficiência energética e do impacto ambiental. Assim, de forma paulatina, se irá eliminando o esbanjamento e a sociedade se fará mais racional, austera e eficiente”.
Mas, o verdadeiro problema deste tipo de argumentação, alerta Robert Tomás, está na “assunção ilusória da capacidade do consumidor para determinar as decisões produtivas das empresas. Basta fixar-se nos poderosos condicionantes a que está submetido o consumo para dar-se conta do irreal desta proposta. É preciso dar um passo a mais e examinar o significado do consumo no contexto das pautas culturais de nossa modernidade”.
A análise da Conjuntura da Semana é uma (re)leitura das Notícias do Dia publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, parceiro estratégico do IHU, com sede em Curitiba-PR, e por Cesar Sanson, professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, parceiro do IHU na elaboração das Notícias do Dia.
Fonte: Ecodebate
A população mundial está consumindo 50% mais recursos naturais do que o planeta pode oferecer. Segundo o Relatório Planeta Vivo, divulgado hoje (15), pela rede ambiental WWF, o crescimento da população e o consumo excessivo são os maiores responsáveis pela pressão sobre o meio ambiente. O Brasil está acima da média mundial na relação entre a demanda e a capacidade de regeneração do ambiente.
Segundo o documento, todas as economias emergentes do Brics – grupo que compreende o Brasil, a Rússia, Índia, China e África do Sul – aumentaram o consumo per capita de recursos naturais. A elevação ficou em 65% nos últimos 50 anos. No caso brasileiro, a agricultura e a pecuária foram as atividades que responderam por dois terços do consumo medido, seguidas pela pesca, emissão de carbono, uso florestal e áreas construídas em cidades.
“Temos a maior área para pecuária e uma das menos produtivas. Enquanto a pegada ecológica [índice de consumo] da atividade no Brasil tem taxa de 0,95, na Argentina, o índice é 0,62 e a média mundial, 0,21. Na agricultura, o problema está voltado para outras questões, como o grande volume de consumo de água nas lavouras”, explicou a secretária-geral da WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.
Para ela, o Brasil precisa se posicionar sobre questões polêmicas, como o Código Florestal, para continuar exercendo papel importante na reversão desses cenários e ser visto como modelo durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
“O Brasil pode perder credibilidade no debate sobre conservação se a presidenta Dilma [Rousseff] vetar parcialmente ou aprovar o texto. A presidenta precisa identificar que a pegada ecológica no país está na agropecuária e o debate é em torno de uma visão retrógrada, diante de tudo que já sabemos”, observou Maria Cecília.
Para a WWF, o veto total, considerado “uma ação de responsabilidade”, terá melhor impacto para o Brasil na conferência internacional, do que os resultados sobre redução do desmatamento. “O que fica mal para o Brasil [na Rio+20] é não dar garantia de leis. Você vai investir em um país que não cumpre suas regras e dá anistia a quem cometeu crimes ambientais?”.
O Relatório Planeta Vivo, divulgado hoje (15.05.12) em vários países, mediu as mudanças dos ecossistemas em 9 mil populações. Segundo o documento, a biodiversidade continua apresentando declínio, principalmente nas regiões tropicais. Os países de maior renda, como o Catar, Kwait, os Emirados Árabes e Estados Unidos, consomem, em média, três vezes mais recursos naturais do que os países de menor renda. Apesar disso, foi nos países de renda mais baixa que o declínio da biodiversidade foi maior. “O que demonstra como as nações mais pobres e mais vulneráveis subsidiam o estilo de vida dos mais ricos”, destacou a WWF no relatório.
Edição: Lana Cristina
Paula Adamo Idoeta
Da BBC Brasil em Londres
‘Decrescimento’ em países que ‘se desenvolveram demais’ frearia consumismo
Enquanto países afetados pela crise se esforçam para voltar a crescer e emergentes, como o Brasil, fomentam seu mercado de consumo interno, existe um movimento defendendo o “decrescimento” como a única forma de garantir a sustentabilidade do planeta a longo prazo.
O decrescimento (“degrowth”, em inglês) significaria tirar as economias globais da “perpétua busca pelo crescimento” do Produto Interno Bruto (PIB), reduzindo a escala de produção e consumo, distribuindo melhor recursos e trabalho, com a meta de criar uma economia mais sustentável e frear o uso de recursos naturais.
A proposta não é exatamente nova – já vem sendo defendida há alguns anos por correntes ambientalistas -, mas ganha repercussão com uma conferência sobre o tema em Montreal, em maio, e com o encontro Rio+20, em junho, que reunirá delegações de todo o planeta para discutir sustentabilidade.
Em relatório recém-lançado, o instituto de pesquisas ambientais WorldWatch Institute, dos EUA, dedica um capítulo para defender o decrescimento “nos países que se desenvolveram demais”, ou seja, onde o consumismo e a dívida tomaram proporções excessivas.
O autor do capítulo, Eric Assadourian, um dos diretores do WorldWatch Institute, defende que, “países e populações superdesenvolvidos terão que proativamente buscar o decrescimento, ou seguir no caminho atual até que o litoral se inunde (por conta do aquecimento global) e outras grandes mudanças ecológicas os forcem a não crescer”.
Em entrevista à BBC Brasil, Assadourian explica como esse “decrescimento” poderia ser aplicado na prática, reconhecendo que seria necessária uma significativa mudança na forma como pensamos a economia e o consumo.
BBC Brasil – O que o senhor quer dizer com o “decrescimento em países superdesenvolvidos”?
Eric Assadourian – Países com altos índices de desenvolvimento, como os EUA, abraçam demais o consumismo, apresentam altas taxas de obesidade, excessivo uso de automóveis, tudo isso às custas do meio ambiente.
BBC Brasil – Como esse decrescimento ocorreria, considerando que vemos o consumo como sinônimo de prosperidade?
Eric Assadourian – São quatro pontos-chave: 1. Transformar a indústria do consumo, tornando a ideia da vida sustentável tão natural quanto a ideia de consumir. Por exemplo, a noção de que cada um de nós tem que ter um carro próprio é antiquada;
2. Redistribuir os impostos, cobrando mais de indústrias que poluem, da publicidade (que fortalece o consumismo) e de quem ganha além do necessário para a sobrevivência básica;
3. Reduzir as jornadas de trabalho, dando às pessoas mais tempo, redistribuindo riquezas e gerando mais empregos;
4. Fortalecer a chamada “economia da plenitude”, em que as pessoas plantam mais para prover para sua própria alimentação, cuidar de sua família, aprender novas habilidades, e os recursos são melhores usados. Se podemos produzir um livro da série “Jogos Vorazes”, para ser usado por milhares pessoas em uma biblioteca, porque produzir 10 mil para serem comprados por milhares de pessoas? Teríamos um uso mais eficiente, com a mesma qualidade.
BBC Brasil – Mas haveria uma perda econômica, não? A autora deixaria de vender milhões de livros.
Eric Assadourian – Sim, mas teríamos milhares de árvores de pé. E as pessoas confundem consumo com prosperidade, mesmo que a maioria não esteja próspera. Acumulamos sacrifícios escondidos – por exemplo, na questão da mobilidade. Em vez de andar 400 metros, muitos preferem usar um carro, objeto que custará dois meses de seu trabalho, provocará poluição e ficará parado no trânsito.
Acho que o decrescimento nos deixaria mais ricos. Ganharíamos em tempo e qualidade de vida.
BBC Brasil – Ao mesmo tempo, Barack Obama recentemente comemorou indícios de retomada da indústria automobilística dos EUA, o que reforçaria o crescimento da economia americana em geral. Isso não mostra o quanto a política econômica vai na contramão do que você falou?
Eric Assadourian – Estamos presos num mito de que o crescimento econômico é essencial; a imprensa fica horrizada se não há crescimento. Se eu fosse um líder lidando com uma recessão, não buscaria o crescimento.
“Decrescimento não é o mesmo que recessão. O decrescimento é como uma dieta controlada, em que o objetivo é ficar mais saudável. A recessão é como passar fome. Agora, para fugir da recessão, estamos (os EUA) comendo loucamente de novo”
Eric Assadourian
Veja, por exemplo, que com a crise dos EUA cresceu o número de casas multigeneracionais (filhos morando com pais e avós, por exemplo). Isso estreita os laços e promove economia de gastos com creche e cuidados médicos, porque um ajuda o outro. Assim, temos menos hipotecas e menos gastos, o que pode ser visto como algo ruim para o crescimento econômico. Mas também temos menos pobreza e estamos fazendo mais com menos dinheiro.
BBC BRASIL – Esse seria o lado bom da recessão?
Eric Assadourian – Decrescimento não é o mesmo que recessão. O decrescimento é como uma dieta controlada, em que o objetivo é ficar mais saudável. A recessão é como passar fome. Agora, para fugir da recessão, estamos (os EUA) comendo loucamente de novo, com uma grande parcela da população trabalhando demais e outra sem emprego.
Os países emergentes estão estimulando o consumo interno – algo que, no caso do Brasil, ajudou o país a não ter sido tão afetado pela crise mundial. O decrescimento vale para emergentes?
Para eles, a questão não é apenas decrescer, mas sim combinar isso com crescimento verde – num mix de políticas públicas, que desestimulem a posse individual de carros para desafogar as cidades, melhoras no transporte público e desenvolvimento que não prejudique o meio ambiente. Talvez sua busca tenha de ser por progresso, em vez de crescimento econômico.
BBC Brasil – Os países emergentes estão estimulando o consumo interno – algo que, no caso do Brasil, ajudou o país a não ter sido tão afetado pela crise mundial. O decrescimento vale para emergentes?
Para emergentes como o Brasil, sugestão é apostar em crescimento verde
Eric Assadourian – Para eles, a questão não é apenas decrescer, mas sim combinar isso com crescimento verde – num mix de políticas públicas, que desestimulem a posse individual de carros para desafogar as cidades, melhoras no transporte público e desenvolvimento que não prejudique o meio ambiente. Talvez sua busca tenha de ser por progresso, em vez de crescimento econômico.
BBC Brasil – Dá para convencer um consumidor normal a pensar em termos de decrescimento?
Eu iria pelo caminho do “choice editing” (direcionar as escolhas das pessoas por meio da ação do marketing, políticas públicas, etc). É fascinante como temos pouco controle sobre nossas escolhas, como elas são determinadas inconscientemente. Atualmente, elas são direcionadas para estimular o consumo. Temos que quebrar esse processo, direcionando-o para (promover um estilo de vida) de baixo consumismo.
Você tem as expectativas de que alguma decisão nessa direção seja tomada na Rio+20?
Gostaria de dizer que sim, mas não espero esse nível de decisão política da reunião. Se conseguirmos retomar algum tipo de acordo para o clima, já será muito.
Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/04/120412_decrescimento_ping_pai.shtml
Propostas para políticas ambientais baseadas em ajustes de mercado, cujo alcance não passa de um novo fôlego para o capitalismo e, dessa forma, em nada colaboram para efetivamente enfrentar e frear a crise ecológica, estão ganhando força com a proximidade da Rio + 20 e a defesa, por parte da Organização das Nações Unidas (ONU), da chamada Economia Verde ou Economia de Baixo Carbono, a qual sob o pretexto de fomentar empreendimentos e um mercado baseados em princípios de sustentabilidade, não enfrenta questões centrais da crise ecológicas como a exigente aumento da produção e consumo, o que exige mais e mais da limitada natureza, seja para extração seja para deposição dos resíduos dessa produção/consumo.
Nessa lógica se encontra o badalado Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que recebe dura criticas do movimento ecológico porque não questiona as estruturas capitalistas, as quais são, na essência, anti-ecológicas. O PSA acaba por fortalecer a lógica do capital (e não da natureza ou da solidariedade), pois cria um novo mercado, cuja mercadoria é própria natureza, essencialmente através de suas funções ecológicas como a polinização e a purificação da água e do ar.
Alguns parlamentares gaúchos vem tentando,há alguns anos, aprovar um PL que regulamente a matéria. O PL foi apresentando em 2007 e reapresentado em 2011 e visa instituir a Política Estadual de Serviços Ambientais, a qual pretende “recompensar pessoas físicas ou jurídicas que, de forma voluntária ou por força de lei, ajudem a recuperar, conservar ou produzir serviços ambientais.”
No inicio desse mês a matéria ganhou força com a posse dos parlamentares integrantes da Comissão Especial sobre o PSA.
Segundo o deputado Pedro Pereira (PSDB), presidente da Comissão o “objetivo é mudar o princípio do poluidor pagador para o protetor recebedor. Nada mais justo que pessoas que cuidam de áreas preservadas receberem do governo por este trabalho. Faremos audiências nesses 90 dias para ouvir as entidades e profissionais ligados à preservação ambiental para propormos as devidas alterações no Código Florestal do Rio Grande do Sul”, afirmou.
Além da critica mencionada baseada na qual o PSA, na prática, possibilita um novo fôlego ao capitalismo, ao criar mercados sobre funções ecológicas, tal mecanismo da Economia Verde pode ser também questionado em outras dimensões, especialmente a jurídica, já que defender e preservar o ambiente é obrigação constitucional e, portanto, deve ser observada por todos e todas as atividades econômicas no Brasil, independentemente de eventuais benefícios financeiros que possam receber, tendo em vista que o que se pretende é a tutela do maior bem jurídico, a vida, preferencialmente em todas as suas manifestações.
Fonte: AL/RS e CEA
O planeta Terra entrou ontem, dia 27 de setembro, em déficit ecológico, entendendo como tal a diferença entre os recursos naturais disponíveis anualmente e aqueles destruídos pela humanidade. Segundo os últimos dados da Global Footprint Network (Rede da Pegada Ecológica Global) e do centro de estudos londrinense NEF (sigla em inglês da Fundação para uma Nova Economia), criadores do Dia da Pegada Ecológica, no atual ritmo de consumo dos recursos produzidos pelo planeta permite satisfazer a demanda desses recursos apenas até o dia 27 de setembro: tudo o mais que consumimos até o final do ano é a conta de recursos que o Planeta não pode produzir e de contaminantes que a terra não é capaz de absorver.
A reportagem é de Walter Oppenheimer e está publicada no jornal espanhol El País, 27-09-2011. A tradução é do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores ( CEPAT).
“Vivemos acima das possibilidades ecológicas do Planeta, degradando os fundamentos que sustentam a nossa própria existência sobre a Terra”, denuncia Aniol Esteban, chefe de Economia Ambiental da NEF. Na sua opinião, isso se deve ao fato de que o sistema econômico mundial se baseia em um crescimento infinito do consumo em um planeta finito. “É preciso efetuar uma transição para um modelo econômico que não dependa desse crescimento (consumo), mas que seja capaz de gerar emprego e nos prover de serviços sociais, pensões, etc.”, aponta Esteban.
Mas as soluções que oferece para resolver esse problema parecem mais uma lista de bons desejos do que propostas concretas: “Medir e avaliar aquilo que importa às pessoas; corrigir preços para que refletim o valor (custo) real; desenvolver novos indicadores econômicos e de progresso para complementar o PIB; criar um contexto que favoreça a atividade empresarial responsável (social e ambientalmente); repartir o trabalho entre a população; investimentos em atividades que criam valor positivo para a sociedade”.
Uns contaminam mais que outros. A população do globo necessitaria de cinco planetas para viver no ritmo de consumo de recursos de um cidadão dos Estados Unidos e três planetas para viver como um espanhol. Mas apenas um planeta para viver como um cidadão da Índia. A Espanha consome 3,35 vezes mais que sua biocapacidade: se os espanhóis tivessem que subsistir com seus próprios recursos, ao ritmo atual estes teriam se esgotado no dia 19 de abril. “Bem geridos, os recursos naturais renováveis podem ser uma fonte infinita de alimentos, emprego e benefícios econômicos. Mal administrados, colocamos em risco sua capacidade de gerar benefícios para sempre”, adverte Aniol Esteban.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=47845
No domingo do dia 05 de junho convidamos você para o Picnic pelo Decrescimento.
Venha se reunir com amigos, com futuros amigos, parentes e viznhos para fazer uma deliciosa refeição e conhecer e difundir o Decrescimento.
A edição de 2010 foi organizada em 70 cidades em mais de 20 paises. Neste ano de 2011 o Brasil terá seu primeiro Picnic pelo Decrescimento.
Como criar um Picnic na sua cidade?
Basta entrar na página Picnic 4 degrowth! e se não houver um picnic na sua cidade, crie um cicando no botão embaixo do mapa. Se já hover, entre em contato com o “animador” do picnic.
Depois disto é só divulgar, juntar os amigos, preparar a comida, a música, as brincadeiras etc. Os materiais para divulgação do decrescimento para serem distribuídos nos picnics estão sendo elaborados por um grupo de pessoas, com a participação do Decrescimento-Brasil. Caso queiram os materiais entre em contato em decrescimentobrasil@gmail.com.
Participe!!! Saiba mais em: http://picnic4degrowth.net/
“O decrescimento é um slogan político (…) que visa acabar com o jargão do produtivismo (…). A palavra de ordem ‘decrescimento’ tem como principal meta enfatizar fortemente o abandono do obejtivo do crescimento ilimitado (…) com consequências desastrosas para o meio ambiente e portanto para a humanidade.
Para nós, o decrescimento não é o crescimento negativo (…). Sabe-se que a mera diminuição da velocidade de crescimento mergulha nossas sociedades na incerteza, aumenta as taxas de desemprego e acelera o abandono dos programas sociais, sanitários, educativos, culturais e ambientais que garantem o mínimo indispensável de qualidade de vida (…).
Assim como não existe nada pior que uma sociedade trabalhista sem trabalho, não há nada pior que uma sociedade de crescimento na qual não há crescimento. Essa regressão social e civilizacional é precisamente o que nos espreita se não mudarmos de trajetória. Por todas essas razões, o decrescimento só pode ser considerado numa “sociedade de
decrescimento”, ou seja, no âmbito de um sistema baseado em outra lógica (…).
É uma proposta necessária para que volte a se abrir o espaço da inventividade e da criatividade do imaginário bloqueado pelo totalitarismo economicista, desenvolvimentista e progressista (…).
Sua meta é uma sociedade em que se viverá melhor trabalhando e consumindo menos (…).”
(Serge Latouche, Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno)
Fonte: http://decrescimentobrasil.blogspot.com/2011/05/picnic-global-pelo-decrescimento.html
Veja mais sobre o descrescimento em: https://centrodeestudosambientais.wordpress.com/2010/01/05/descrescimento-sustentavel-ja-ouviu-falar/
Esther Vivas
Ano após ano se repete o mesmo ritual: chega o Natal e com ele os cânticos ao consumo e e compra sem limites. Nos dizem que necessitamos mais para ser mais felizes. Mas, isso é certo? Na realidade, e em um contexto de crise ecológica e climática global, de transbordamento dos limites do planeta, de desperdício coletivo…, deveríamos repensar nosso modelo de consumo e avançar no sentido de uma cultura de “ melhor com menos”, combatendo um consumo excessivo, antiecológico, supérfluo e injusto, promovido pelo mesmo sistema capitalista.
Entretanto, mais além da ação individual, que tem um valor demostrativo importante e que aporta coerência a nossa prática cotidiana, é fundamental a ação política coletiva, rompendo o mito de que nossas ações individuais por si mesmas geram mudanças estruturais. No ambito do consumo, por exemplo, podemos participar em grupos e cooperativas de consumo agroecológico, que a partir de um trabalho autogestionado, estabelecem relações diretas entre consumidores e trabalhadores rurais, evitando intermediários, promovendo relações de confiança e levando a cabo um consumo ecológico, solidário e de apoio ao mundo rural.
Mas é fundamental que esta ação política transcenda o âmbito do consumo, ir mais além, e estabelecer alianças entre diferentes setores afetados pela globalização capitalista e atuar politicamente. A situação de crise sistêmica do capitalismo, com suas distintas facetas: ecológica, financeira, alimentar, de cuidados, energética… faz mais necessário que nunca esta ação política coletiva. A criação de alianças entre trabalhadores rurais e urbanos, mulheres, imigrantes, jovens… é uma condição indispensável para avançar para esse “ outro mundo possível” que preconizam os movimentos sociais.
Com este objetivo diferentes organizações estão convocando uma greve de consumo para o próximo 21 de dezembro. Se trata de não adquirir nenhum produto ou serviço durante esse dia para expressar um rechaço claro a um sistema capitalista que nos têm conduzido a uma crise global sem precedentes, e que conta com o apoyo explícito de governos e instituições, mais interessadas em privatizar os serviços públicos, cortar salários e ajudar os bancos e as empresas privadas, que em apoiar quem mais necessita.
Motivos para sair as ruas não faltam, mas sobram.
*Esther Vivas é co-autora d Del campo al plato (Icaria ed., 2009).
**Artígo publicado en El Punt, 18/12/2010.
Traduzido por Paulo Marques para o blog http://www.brasilautogestionario.org

Estamos na Semana da Alimentação e parece que o artista Banksy consegue sintetizar bem esse mundo fast food globalizado
O big negócio da comida. A ‘macdonaldização’ da comida
por Raquel Ribeiro
O supermercado tem muita coisa para comprar. Mas pouca coisa para comer… E não estamos falando dos produtos da seção de limpeza ou de cosméticos. Trata-se do que está dentro de embalagens caras e sedutoras, que sugerem alimentos “frescos”, “vindos direto da fazenda”, “sustentáveis” ou “saudáveis”. Um disfarce pretensamente pastoril, a mascarar uma realidade nada bucólica: as engrenagens cruéis e antiéticas de grandes conglomerados empresariais.
A despeito do poder e da grana envolvida, muito deste drama tem sido paulatinamente discutido por uma série de audazes ativistas, escritores, cineastas e jornalistas. Estratégias, segredos e mentiras da multimilionária indústria alimentar são revelados em Food,Inc, concorrente ao Oscar de melhor documentário. Dirigido por Robert Kenner e narrado por Michael Pollan e Eric Schlosser -autores de O Dilema do Onívoro e País Fast Food, respectivamente-, o filme mostra que “um véu é deliberadamente colocado e mantido, pela indústria alimentar, entre nós e a fonte de nossa comida”. O roteiro se prende exclusivamente ao que acontece nos Estados Unidos, mas a realidade brasileira (e global) é praticamente e mesma: as terras e a produção agrícola se concentram nas mãos de poucos, a imprensa é expulsa de granjas e abatedouros, multinacionais dominam o processamento e a venda dos alimentos. E o governo tem as mãos igualmente atadas – ou no Brasil não é relevante a bancada ruralista e o lobby da agroindústria, assim como a defesa dos transgenicos e de interesses de empresas como Cargill, Monsanto e Friboi?
Pois bem, vamos aos fatos. O filme aponta que:
– Em 40 anos o modo de produção de alimentos mudou mais do que em 2000 anos de história.
– No inicio do século, um agricultor produzia o suficiente para alimentar de 6 a 8 indivíduos. Hoje, um único trabalhador rural gera “comida” para até 126 pessoas.
– O Mac Donalds é o maior comprador de carne bovina dos EUA. E um dos maiores compradores de carne de frango e de porco, batatas, tomates e até maçãs…
– Herdeiro do fast food, esse sistema alimentar industrial tem por objetivo produzir de forma rápida, barata e em grande escala. Cada trabalhador é treinado a exercer uma única tarefa (como descascar batatas ou separar a coxa da sobrecoxa). Isso permite pagar pouquíssimo e substituir a mão de obra com facilidade.
– A industria alimentar é movida apenas pelo lucro. Danem-se custos ambientais e sociais, os danos à saúde pública e os direitos dos trabalhadores e dos animais.
– Nos EUA, um pequeno grupo de grandes corporações controla quase toda a comida que circula no mundo, da semente até o supermercado. Hoje, quatro corporações controlam 80% do mercado de alimentos.
– Uma única fazendeira autorizou a entrada de Robert Kenner em sua granja. As câmeras mostraram frangos morrendo antes e durante o transporte. Conseqüência, segundo ela, da engorda rápida promovida por antibióticos colocados nas rações. A coragem da fazendeira teve um alto preço: a Pardue encerrou o contrato que tinha com ela.
– Naturalmente, o gado vive solto no pasto, comendo capim e engordando de forma gradual. Porém, o milho e a soja são subsidiados pelo governo norte-americano, alcançando preços tão ínfimos que são irresistíveis ao criador de gado. Os animais foram confinados e obrigados a se alimentar basicamente desses grãos, passando a engordar muito mais depressa. Com o tempo, sobrecarregados pelo esforço imenso para digerir o milho (sem uma moela como a das aves), os estômagos dos bovinos desenvolveram uma cepa potencialmente letal da bactéria Escherichia Coli. Quando se constatou que a superbactéria ameaçava contaminar toda a carne bovina dos EUA, em vez de mudar a dieta do gado, a indústria encontrou uma solução química: lavar toneladas de carne com milhões de litros de cloro e amoníaco.
Boa parte do que comemos hoje é geneticamente modificado (quando não é transgênico ou clonado), traz resquícios de antibióticos, pesticidas e outros venenos. E esse alimento – em especial as carnes – tem maior risco de impregnação por bactérias muitas vezes fatais. A indústria alimentícia está nos matando. O curioso é que a palavra vegetarianismo não é mencionada uma única vez nesse documentário. Nem a mãe de um menino que morreu após comer um hambúrguer de carne contaminada por E. coli pôde contar, publicamente, o que mudou na sua dieta após a desgraça. O motivo? Nos EUA dá processo! Caso da apresentadora de TV Oprah Winfrey que afirmou no ar, na época da doença da vaca louca, que nunca mais colocaria um hambúrguer na boca. Influente, corajosa e rica, respondeu ao processo e ganhou a causa, mas teve que gastar mais de um milhão de dólares com os custos judiciais do processo. E quem não tem esse poder e essa fortuna, o que fazer diante de um cenário onde aparentemente somos reféns? Seja um consumidor consciente! Somos nós que estamos no final dessa cadeia, bancando todo o processo (com ajuda dos incentivos governamentais, claro). FOOD, Inc. nos lembra de como a indústria do tabaco entrou em declínio por conta da pressão dos consumidores. Na hora das compras, devemos escolher o que é produzido localmente, vegetais e frutas da época e alimentos orgânicos. Consumir é uma forma contundente de votar. Literalmente, todos nós votamos, no mínimo três vezes por dia. E nosso voto pode ser contra ou a favor dessa indústria maligna, dependendo do que escolhemos consumir.
Falta agora um documentário que exponha as perigosas relações entre a indústria alimentícia e a farmacêutica…
Contra-ataque
Uma reportagem de Christine Kearney, da Agência Reuters, diz que após o lançamento de FOOD, Inc, associações comerciais representativas da indústria de carne nos EUA, que movimenta 142 bilhões de dólares por ano, se uniram para refutar as alegações feitas no filme. Lideradas pelo Instituto Americano da Carne, criaram sites, incluindo o Alimentos Seguros.com. “A campanha delas afirma que os alimentos norte-americanos são seguros, abundantes e de preços acessíveis”.
Para saber mais: takepart.com/foodinc
Para fazer o download do vídeo AQUI
fonte: Adital
Nutricionista guarda Mc Lanche Feliz por um ano
Uma reportagem publicada no final de março deste ano pelo jornal britânico Daily Mail deixou seus leitores de boca aberta. Uma nutricionista americana resolveu fazer um teste para constatar se a comida do McDonald’s possui conservantes em excesso. O resultado foi assustador.
Durante um ano, Joann Bruso guardou um “Mc Lanche Feliz”, um kit composto por sanduíche, refrigerante e batata frita, que acompanham um brinquedo e é vendido para as crianças. “A comida normal tem que se decompor, cheirar mal… Entretanto, o lanche e as batatas não estragaram e isso mostra que as crianças não estão comendo de forma saudável”, declarou.
De acordo com a reportagem, Joann deixou o lanche e as batatas descobertos, em cima de uma prateleira em sua casa, no estado americano de Colorado, para checar o que aconteceria. Durante um ano, nenhuma mosca sequer chegou perto do sanduíche. “Eu deixava a janela aberta mas as moscas e outros insetos simplesmente ignoravam o ‘Mc Lanche Feliz'”.
“A comida é decomposta dentro do nosso organismo, que se aproveita dos nutrientes dela para transformá-los em combustível”, explica Joann. “Nossas crianças crescem de forma saudável quando comem comida de verdade”.
A nutricionista ainda explica que se o “Mc Lanche Feliz” foi ignorado por bactérias e micróbios que não fizeram a decomposição, isso significa que o corpo da criança também não consegue digerir esse tipo de comida de forma adequada.
Segundo dados apresentados pelo Daily Mail, pesquisas recentes afirmam que o pão da McDonald’s possui uma série de conservantes como propionato de sódio. Já o pickles utilizado pela rede de fast-food leva benzoato de sódio.
As batatas fritas, que Joann descreveu como estando “douradas mesmo um ano depois”, contém conservantes como ácido cítrico e pirofosfato de ácido de sódio, que mantém sua coloração.
http://www.vidavegetariana.com/site/noticias.php?page=noticias/309
Hoje Dia das Crianças, já havia pensado colocar no blog documentário “Criança, a alma do negócio”. Como o blog Ciclorgânico pensou algo parecido, segue abaixo o que foi publicado por estes.
Criança, a alma do negócio – Um documentário sobre publicidade, consumo e infância.
Sinopse: “Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para minha filha se ela só tem cinco anos? Por que meu filho sofre tanto se ele não tem o último modelo de um celular? Por que eu não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e mesmo assim meu filho sempre quer mais. De onde vem este desejo constante de consumo?”Produtora: Maria Farinha Produções – Direção: Estela Renner – Produção Executiva: Marcos Nisti
Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas. O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumes. Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real, este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.
Para ver as demais partes do documentário acesse o canal do CEA no Youtube
Confesso que já tive a tentação de comprar o tal “engana-trouxa”, mas sei lá porque, ou melhor devido ao preço, sempre desisti. Ainda não pude ir ao mercado para confirmar tal desrespeito ao consumidor. De qualquer forma, definitivamente fiquei sem vontade de tomar (Cíntia Barenho)
Guerra judicial no mercado de alimentos industrializados
por Cristóvão Feil
A Nestlé entrou com ação judicial ontem (19) contra decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proibiu propaganda do Alpino Fast, versão para beber do chocolate Alpino.
Anteontem (18), a Anvisa havia determinado a suspensão da propaganda do Alpino Fast que induzisse os consumidores a erro. Ao menos em seu site, a empresa ainda não cumpriu a medida.
Também ontem, o Ministério Público do Rio de Janeiro entrou com ação pedindo a suspensão da venda e da publicidade do Alpino Fast e que a empresa mude o nome do produto.
A polêmica começou porque a Nestlé lançou o Alpino Fast usando o nome do conhecido chocolate. O produto, porém, não leva chocolate Alpino, diz uma mensagem no rótulo. Dezenas de consumidores reclamaram.
O Ministério da Justiça, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), o Ministério Público da Paraíba e os Procons de Rio e de SP também apuram o caso.
Após a polêmica, a Nestlé decidiu tirar a inscrição “Este produto não contém chocolate Alpino” do rótulo. Informação do portal jurídico Espaço Vital.
………………………..
Este blog DG alertou para a vigarice dessa indústria internacional de alimentos-lixo, aqui, no último 12 de maio.
Como se pode observar, de lá para cá, a indústria agravou o ato delituoso de ludibriar o consumidor. Quando manda retirar a advertência de que o produto achocolatado não contém o tal Alpino, está não só reincidindo na má-fé quanto ocultando mesmo a trapaça perpetrada.
Se antes, o consumidor era apenas induzido ao erro, através da propaganda sedutora, agora, com a omissão de que a bebida não é feita de Alpino, o desavisado cai de qualquer jeito, sendo ou não distraído para ler todas as inscrições da embalagem da bebida-lixo.
Fonte: Diario Gauche
Comentários