You are currently browsing the category archive for the ‘Agricultura Ecológica’ category.
Electrotango Rural Caxiense, filmado em São Francisco de Paula
Saiba mais sobre o Projeto CComa Aqui
Agrotóxicos na Berlinda
A busca por uma alimentação saudável faz com que aumente cada vez mais o consumo de produtos orgânicos no país. Números do Projeto Organics Brasil apontam que o consumo no setor cresceu 40% no último ano. Resultado de uma produção sem uso de agrotóxicos e que respeita os aspectos ambientais, sociais e culturais, os orgânicos ganham espaço na mesa dos brasileiros. Hoje já são frutas, verduras, mel, cereais, cosméticos e tecidos produzidos a partir de matérias-primas sem o uso de produtos químicos.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) apoia a prática, por meio da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), instituída pelo governo federal no último mês de agosto. “Estamos também apoiando a formação da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na elaboração de um edital para assistência técnica e extensão rural, a partir de 2013, para atender a 50 mil famílias para a produção de bases agroecológicas”, detalha o coordenador da Gerência de Agroextrativismo da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA João D’Angelis.
Resíduos – E destaca, ainda, os benefícios do consumo de orgânicos: “Esse tipo de alimento faz bem para a saúde, para a natureza e para a economia local, o que garante a sustentabilidade da produção”. Segundo D’Angelis, são alarmantes os dados de contaminação de alimentos por resíduos de agrotóxicos. “Estudos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostram que, em 2010, 75% das amostras de 18 alimentos apresentaram resíduos de agrotóxicos”.
Um dos objetivos da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, lançada no último mês de agosto, é ampliar o número atual de 200 mil para 300 mil famílias envolvidas com produção orgânica e em bases agroecológicas até 2014. Além disso, o governo busca incentivar o consumo desses produtos pela população.
A PNAPO pretende, ainda, integrar, articular e adequar políticas públicas, programas e ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos saudáveis.
Dessa forma, com essas ações, o Ministério do Meio Ambiente espera reduzir o uso de agrotóxicos e aumentar os índices de conservação da agrobiodiversidade, além de tratar-se de mais um instrumento público que busca construir agenda sustentável para a sociedade brasileira.
Em domicílio – Reginaldo Silva, produtor de orgânicos no assentamento Monte Alto (localizado no município de Padre Bernardo, em Goiás), vive da atividade. “Há anos trabalhamos na produção de alimentos puros, sem agrotóxicos, nas quatro chácaras que constituem a nossa produção”, afirma. Além de participar de feiras específicas de produtos orgânicos, a pequena empresa do produtor, que trabalha com o pai, também faz entregas em domicílio da região de Brasília e entorno.
Questionado quanto à qualidade das frutas e verduras que ele vende, Silva mostra-se bastante firme no conceito de sustentabilidade e bem-estar. “São produtos mais saudáveis, sabemos isso, só de tirar os agrotóxicos e os produtos químicos que são um veneno para a saúde do homem, vemos a diferença”, diz o produtor. Ele acrescenta, ainda, que o consumo vem crescendo visivelmente nos últimos anos, o que fez com que a família aumentasse o número da produção para atender À nova e crescente demanda.
No mês do consumo consciente, o Ministério do Meio Ambiente, que fomenta a prática, destaca alguns pontos para incentivar o consumo de orgânicos. Confira dez motivos para consumir produtos orgânicos (fonte: Portal Ambiente Brasil):
1. Evitam problemas de saúde causados pela ingestão de substâncias químicas tóxicas;
2. São mais nutritivos. Solos ricos e balanceados com adubos naturais produzem alimentos com maior valor nutritivo;
3. São mais saborosos. Sabor e aroma são mais intensos – em sua produção não há agrotóxicos ou produtos químicos que possam alterá-los;
4. Protegem futuras gerações de contaminação química. A agricultura orgânica exclui o uso de fertilizantes, agrotóxicos ou qualquer produto químico e tem como base de seu trabalho a preservação dos recursos naturais;
5. Evitam a erosão do solo. Através das técnicas orgânicas tais como rotação de culturas, plantio consorciado, compostagem, etc., o solo se mantém fértil e permanece produtivo ano após ano;
6. Protegem a qualidade da água. Os agrotóxicos utilizados nas plantações atravessam o solo, alcançam os lençóis d’água e poluem rios e lagos;
7. Restauram a biodiversidade, protegendo a vida animal e vegetal. A agricultura orgânica respeita o equilíbrio da natureza, criando ecossistemas saudáveis;
8. Ajudam os pequenos agricultores. Em sua maioria, a produção orgânica provém de pequenos núcleos familiares que tem na terra a sua única forma de sustento. Mantendo o solo fértil por muitos anos, o cultivo orgânico prende o homem à terra e revitaliza as comunidades rurais;
9. Economizam energia. O cultivo orgânico dispensa os agrotóxicos e adubos químicos, utilizando intensamente a cobertura morta, a incorporação de matéria orgânica ao solo e o trato manual dos canteiros. É o procedimento contrário da agricultura convencional que se apoia no petróleo como insumo de agrotóxicos e fertilizantes e é a base para a intensa mecanização que a caracteriza;
10. O produto orgânico é certificado. A qualidade do produto orgânico é assegurada por um Selo de Certificação emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e garante ao consumidor estar adquirindo produtos mais saudáveis e isentos de qualquer resíduo tóxico.
Fonte: AmbienteBrasil/MMA
Saiba como adquirir seu ingresso, no facebook do Templo das Águas
Inflação dos alimentos medida pelo IPCA já subiu quase 10% em dozes meses, impulsionada por produtos como grãos e legumes. É sinal de que os formuladores da política econômica precisam reforçar o apoio às políticas para a agricultura familiar, principal origem de nossos alimentos. Quanto mais batata e arroz nas gôndolas dos supermercados, menos a inflação corroerá o bolso dos brasileiros.
por Marcel Gomes
Ir ao supermercado virou motivo de chateação. Prova disso é que, mês após mês, quando saem os índices de preços, as pessoas se assustam com a alta dos alimentos.
Em setembro não foi diferente. O IBGE divulgou nesta sexta-feira (5) que o IPCA, o índice de inflação mais importante do país, que guia a política monetária, subiu 0,57% no mês passado e ficou 0,16 ponto percentual acima da taxa registrada em agosto.
Ainda que setores como habitação tenham pressionado o índice, mais uma vez a alimentação foi campeã, respondendo por 52% da alta. É quase o mesmo impacto apurado no mês anterior, quando os alimentos foram responsáveis por 51% da elevação do índice.
Um primeiro comentário é que não há nenhum motivo para alarde, como fazem crer alguns. O IPCA segue distante do centro da meta, que é de 4,5% no ano, mas, aos 5,28% no acumulado de 12 meses, está “dentríssimo” da margem de tolerância, de dois pontos percentuais.
Um segundo, e mais importante comentário, é que a principal razão para a alta é sazonal e/ou climática, e, portanto, tem data para acabar. Logo mais, é quase certo que alimentos que subiram muito agora, como a batata (+21%), despenquem de preço. Foi o que ocorreu em setembro com o tomate, cuja cotação caiu 13% no mês.
Mas isso também não significa que não se possa fazer nada para aliviar a chateação do consumidor. E ela não deve ser pequena. A alta dos alimentos já alcança 6,43% entre janeiro e setembro, próximo aos 7,18% verificados em todo o ano de 2011. Nos 12 meses anteriores de setembro, os alimentos já subiram 9,51%.
Uma estratégia que pouco se comenta em nosso país, pelo menos no caso dos alimentos, é atacar essa inflação pelo lado da oferta. Mais produção de batata ajudaria a segurar o IPCA em níveis suportáveis.
E quem poderia fazer isso?
Não há outra resposta que não a agricultura familiar.
Esse setor da economia, formado por propriedades de até quatro módulos fiscais e gerido pelas próprias famílias, é responsável pela maior parte dos alimentos consumidos pelos brasileiros. Segundo o Censo Agropecuário de 2006, o último disponível, vieram de propriedades familiares 87% da mandioca do país, 70% do feijão, 59% dos suínos, 58% do leite, 50% das aves, 46% do milho, 38% do café e 34% do arroz.
O surpreendente é que os agricultores e as agricultoras familiares fazem tudo isso ocupando apenas 24% da área agrícola do país, e empregando mais, 74% total de trabalhadores e trabalhadoras do campo. São 12,2 milhões de pessoas.
Diante desse cenário, resta pouca dúvida de que uma maneira de combater a inflação no país é investir na agricultura familiar – com crédito, seguro agrícola, tecnologia e infraestrutura de escoamento – para que esse setor aumente sua produção e reduza os períodos de gargalo dos produtos.
É preciso que se reconheça que a gestão que comanda o governo federal há dez anos tem o que mostrar. Quem diz isso não é só o próprio governo, mas pesquisadores do Observatório de Políticas Públicas para a Agricultura (Oppa) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Eles lembram que foi apenas em 2012 que completou uma década de Plano Safra da Agricultura Familiar. Só a linha de crédito do Pronaf aportará R$ 18 bilhões neste ano no setor, três vezes mais do que em 2003.
Mas é preciso mais. O grande agronegócio, por exemplo, receberá R$ 115 bilhões na atual safra, seis vezes mais do que o destinado aos agricultores familiares.
A amplitude das variações dos preços dos alimentos no IPCA indica que os formuladores da política econômica precisam reforçar seu apoio às políticas para a agricultura familiar. Afinal, se houvesse mais batata no supermercado em setembro, a inflação não teria chateado tanto os brasileiros.
Fonte: CartaMaior
Dia 16 de outubro, terça-feira, acontece a II Mesa Redonda da Feira dos Agricultores Ecologistas, às 9h na Casa de Cultura Mário Quintana
por Claudia Dreier
A Feira dos Agricultores Ecologistas, FAE, faz aniversário no próximo 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação. “23 anos promovendo saúde” é tema inspirador das várias atividades que marcam a comemoração. O IV Festival de Sacolas abre as festividades no próximo sábado, dia 06 de outubro. Para promover a saúde do meio ambiente, reduzindo o consumo de embalagens descartadas, a FAE convidou escolas de Porto Alegre para produzirem com seus alunos sacolas de algodão que retratassem o cuidado com o ambiente e o tema do aniversário. Aceitaram participar da quarta edição do Festival de Sacolas o Colégio ACM, a Forum Kids School e a Escola Municipal Neusa Goulart Brizola.
Como resultado da atividade proposta, mais de 60 sacolas serão expostas na área central da FAE, ao lado do caldo-de-cana, para serem apreciadas pelos frequentadores da feira que podem escolher uma sacola por escola. As três mais votadas de cada instituição recebem vale-compras de R$40,00 (quarenta reais) para os artistas levarem para casa produtos da FAE no dia 20 de outubro, durante a festa de aniversário.
Além do Festival, outras atividades culturais integram a comemoração. No dia 16 de outubro, terça-feira, acontece a II Mesa Redonda da Feira dos Agricultores Ecologistas, às 9h na Casa de Cultura Mário Quintana. Na sexta, dia 19, será exibida a I Mostra de Curtas Ecologia na Feira, às 19h30min na Sala Eduardo Hirtz. Para a festa de aniversário do dia 20 está programado, rádio-feira, presença de convidados especiais, abraço da feira e bolo orgânico. A atração do domingo, dia 21, é um Curso de Alimentação Saudável com a nutricionista Herta Karp Wiener, das 14 às 16h, na Associação Cristã Feminina, rua Santo Antônio 259, cujas inscrições devem ser feitas até o dia 14 de outubro.
A Feira dos Agricultores Ecologistas realiza-se há vinte e dois anos na primeira quadra da avenida José Bonifácio, em Porto Alegre, aos sábados das 7h às 13h. Desde 2006, ela está sob a responsabilidade da Associação Agroecológica, que agrega os produtores da feira e trabalha pela garantia de conformidade na produção orgânica.
Fonte: FAE/Ecoagencia
Em 2001, a FAO previu que demoraria 60 anos, seguindo o ritmo atual, para acabar com a fome no mundo. O poder dominante do agronegócio vende a ideia de que está matando a fome do mundo, como se a distribuição de alimentos fosse gratuita e generalizada. O que é uma mentira histórica. As culturas de exportações, como soja, cana, café sempre acabaram com as comunidades tradicionais de agricultores familiares, parceiros, ou trabalhadores rurais. O artigo é de Najar Tubino.
por Najar Tubino (*)
Esta é a história da luta dos novos guerreiros e guerreiras da humanidade. Não, tradicionais guerreiros armados. No caso, as armas são alimentos produzidos sem veneno, respeitando os princípios fundamentais dos sistemas naturais, não degradando o solo, aniquilando matas na beira dos rios ou no interior das terras, conservando as diversas formas de vida e, principalmente, conseguindo sobreviver. Mesmo sendo considerados os pobres do mundo. As estatísticas da ONU sempre apontam o um bilhão de pessoas que passam fome, concentradas basicamente em sete países – Bangladesch, Indonésia, Etiópia, Índia e China, os principais. Também registra as populações que não tem saneamento básico, atinge um número superior a 2,5 bilhões. Em 1974, uma comissão de pesquisadores e autoridades mundiais previa que era possível acabar com a miséria em uma década.
Em 1996, a ONU decidiu estabelecer uma meta menos ambiciosa: reduzir o número pela metade até 2015. Faltam três anos, e a percentagem dos famintos não caiu dos quase 15% da população mundial. Em 2001, a FAO, organismos da ONU para agricultura e alimentação, previu que demoraria 60 anos, seguindo o ritmo atual, para acabar com a fome no mundo. É também conhecida a política expansionista do modelo agroindustrial mundial, que prevê necessidade de aumentar a produção em até 60%, em face do aumento populacional – para nove bilhões em 2050.
Significaria, seguindo o mesmo raciocínio, um aumento de mais 120 milhões de hectares, uma área equivalente ao dobro do que os Estados Unidos plantam hoje – 64 milhões de hectares. A pergunta é óbvia: como será a expansão? No modelo industrial, seguindo o coquetel de químicos (fertilizantes), conforme a previsão dos cartéis do agronegócio a venda de fertilizantes aumentará de 120 milhões de toneladas para 180, em 2020.
Mais os agrotóxicos, conforme previsão da Syngenta, maior fabricante mundial, o mercado deverá crescer de US$70 para US$200 bilhões até 2025. O faturamento do próprio grupo deverá saltar de US$11,6 bilhões para US$17 bilhões, crescimento de 46%. Inclui semente e agrotóxico, na verdade é quase a mesma coisa. A planta já contém o veneno, não sobrevive, nem cresce, sem o outro.
Portanto, no manual das sete irmãs agroquímicas – Basf, Bayer, Dupont, Syngenta, Monsanto, entre elas-, não há nenhuma previsão de mudança em suas posturas. Muito pelo contrário, a Monsanto, líder mundial em venda de sementes transgênicas, tem comprado empresas na área de hortaliças, desde 2005. Muito menos o cartel dos processadores e compradores de grãos, reduzidos a quatro grandes grupos – ADM, Cargill, Bunge e Dreyfus, duas delas, Cargill e Dreyfus ainda sob controle dos herdeiros dos fundadores.
Claro, o mundo precisa de 2,3 bilhões de toneladas de grãos, contando milho, trigo e arroz, as três mais produzidas, e depois soja, em menor escala, usada, no modelo industrial, como ração para o gado europeu, galinhas e porcos na China. Também no Brasil, que é o segundo maior produtor mundial, e deve chegar a 80 milhões de toneladas, no próximo ano. Mas não são para a boca do bilhão de famintos, 75% vivendo na zona rural. O índice de “insegurança alimentar”, usando o termo do momento, é 9,3% no nordeste, enquanto a média no Brasil rural é 7%e a urbana 4,3%.
Na América Latina e Caribe atinge 35%, conforme o estudo recente da FAO. Não é uma coincidência: a América Latina produz metade da soja mundial, Brasil e Argentina são especialistas na produção de alimentos, mas o povo que não come, mora ao lado. Acontece que o poder dominante do agronegócio vende a ideia de que está matando a fome do mundo, como se a distribuição de alimentos fosse gratuita e generalizada. O que é uma mentira histórica. As culturas de exportações, como soja, cana, café sempre acabaram com as comunidades tradicionais de agricultores familiares, parceiros, ou trabalhadores rurais que pelo menos mantinham um quintal para plantar o feijão, milho, mandioca e algumas verduras, além da criação de pequenos animais, para o sustento da família.
O planeta tem uma área de 8,7 bilhões de hectares. Dois bilhões já foram detonados desde a segunda guerra mundial. Estão degradados por erosão, perda de solo, perda de nutrientes, perda da vegetação e, por último, perda de espécies naturais dos ecossistemas. Um hectare de terra do cerrado, por exemplo, tem 150 toneladas de micro-organismos, que se proliferam na mesma quantidade em que morrem. Não existe solo sem vida microbiana. As leguminosas, inclusive a soja, que fixam nitrogênio no solo, fazem por intermédio de microrrizas, que são associações de fungos e bactérias. O nitrogênio faz parte da atmosfera, mas a agricultura usa o nitrogênio processado do petróleo, ou do gás metano (CH4). Continue lendo »
Hoje tem celebração da primavera na Feira dos Agricultores Ecologistas da José Bonifácio, em Porto Alegre. Para celebrar uma agricultura livre dos agrotóxicos e das multinacionais das sementes e insumos, segue um belo vídeo produzido, pelo coletivo Aura, sobre a feirinha ecológica.
Nós queremos um RS livre dos agrotóxicos, e você?
Você prefere ir ao supermercado ou saber/conhecer de onde vem e como são produzidos os alimentos que tu e tua família ingerem?
A agroecologia é um sistema de produção agrícola alternativa que busca a sustentabilidade da agricultura familiar resgatando práticas que permitam ao agricultor pobre produzir sem depender de insumos industriais como agrotóxicos, por exemplo.
Esperada por diversos movimentos sociais, a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) foi instituída pelo decreto 7.794 no dia 21 de agosto. Prevista para sair em junho, durante a Cúpula dos Povos, sua publicação foi adiada por quase três meses e avaliada como tímida.
Com o objetivo de integrar, articular e adequar políticas, programas e ações da produção agroecológica e orgânica, a política tem como diretrizes a promoção da soberania e segurança alimentar e nutricional, do uso sustentável dos recursos naturais, a conservação dos ecossistemas naturais e recomposição dos ecossistemas modificados, a valorização da agrobiodiversidade e dos produtos da sociobiodiversidade e estímulo às experiências locais, além das questões da participação da juventude e da redução das desigualdades de gênero.
No entanto, questões consideradas fundamentais para a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) foram deixados de lado como, por exemplo, o plano de redução de uso de agrotóxico no Brasil com banimento das substâncias já proibidas em diversos países, a definição de áreas contínuas de produção agroecológica, além de apoio à pesquisa e assistência técnica deste modelo. “Propomos um programa específico para as mulheres, uma vez que elas têm um papel fundamental na transição agroecológica, mas a política trouxe uma abordagem muito sutil. É preciso reconhecer o papel das mulheres que hoje ainda são vistas apenas como apoio nestas atividades”, acrescenta a presidente do Consea, Maria Emilia Pacheco.
Alguns movimentos sociais também apresentaram seu ponto de vista sobre a PNAPO. Em moção publicada durante o I Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas: por Terra, Território e Dignidade realizado em agosto, a função social da terra e a promoção do acesso à água como um bem de domínio público são lembradas como reivindicações não contempladas pela política. Segundo o documento, a participação da sociedade também foi restringida. “Tivemos duas grandes decepções em relação à questão da participação da sociedade civil, a primeira delas é que a política define a criação de uma comissão e não a de um conselho, como nós havíamos solicitado. Além disso, na sua composição, ela foi definida como paritária, enquanto apostávamos na composição de 2/3, assim como é constituído o Consea e que temos experiências muito positivas”, explica Maria Emilia.
Ganhos
A Parte 1 do Dossiê da Abrasco – Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Saúde lançado em abril no World Nutrition Rio 2012 indicava para a criação de uma política de agroecologia como uma forma de promoção da saúde. “Pelo olhar da saúde coletiva, a gente percebe que o nosso modelo agroecológico pode evitar algumas causas dos problemas de contaminação por agrotóxico, por exemplo, que está associado ao modelo de agricultura quimificado, baseado na revolução verde. A agroecologia é uma proposta de alteração do modelo, então, pela primeira vez, a gente começa a ver aparecer políticas que sinalizam e apontam nesta direção”, comentou Fernando Carneiro, da Abrasco.
Maria Emilia lembra ainda que as diretrizes da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional também apontavam para a implantação de sistemas sustentáveis de base agroecológica. “A produção da agroecologia inclui também a produção de hábitos alimentares com características mais regionais, portanto, mais saudáveis, permitindo a sustentabilidade dos sistemas alimentares”, explicou.
Ela ainda ressalta que uma dos destaques positivos desta política é encontrado no artigo 12, no qual propõe alterações sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas – SNSM, aprovado pelo Decreto nº 5.153, em relação à dispensa de inscrição no Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM), facilitando assim a multiplicação de sementes ou mudas para distribuição, troca e comercialização em diferentes estados. “É fundamental ter um programa de conservação da biodiversidade, e podemos ver pouco deste reconhecimento nesta parte da política, que reconhece existência da semente crioula e nativa. Antes víamos um restrição do direito dos agricultores, que, agora, está tendo mais flexibilidade, incentivando assim esta produção e comercialização”, analisa.
Próximos passos
De acordo com Fernando Carneiro, da Abrasco, é preciso agora criar a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO) para que os objetivos da política passem a se concretizar. “Sem dúvida esta política é uma conquista dos movimentos que, ao longo de anos, vêm pensando e propondo questões, mas ela precisa da criação de Comissão urgente para que a política não se reduza a apenas uma carta de intenções”, analisa. Caberá à Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO), dentre outras competências, a elaboração e o acompanhamento da PNAPO e do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO), além de propor diretrizes, objetivos e prioridades do plano ao Poder Executivo Federal.
A definição das prioridades também é apontada pela representante do Consea como um dos primeiros passos a serem tomados. “Quando nós fizemos e encaminhamos sugestões à política, estas vinham acompanhadas de medidas prioritárias que não foram acatadas. Agora essas prioridades devem ser definidas o quanto antes para que possamos negociar com o governo e começar a concretizar a elaboração do PLANAPO que o decreto prevê”, aponta a representante do Consea. Ela explica ainda que para instituir a Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica é preciso pressionar o governo para a criação de uma portaria que a regulamente. Para tal, a ANA e o CONSEA já estão em articulação e com audiências previstas com o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas e com ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil, Gilberto de Carvalho para as próximas semanas.
Matéria de Viviane Tavares, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio(EPSJV/Fiocruz), publicada pelo EcoDebate, 12/09/2012
Fonte: Ecodebate
Comentários