
Jacarandá-mimoso, em 03.10.11, em frente ao casarão 8, anunciado como futura Reitoria da UFPel. Foto: CEA.
Pela lei municipal, “as árvores de domínio público são imunes ao corte, não podendo ser derrubadas, podadas, removidas ou danificadas, salvo nos casos expressos em lei.”
E quais são esses casos? “Quando seu estado fitossanitário justificar; quando a árvore constitua, em especial na via pública, obstáculo fisicamente incontornável ao acesso de veículos e não seja possível tecnicamente outra alternativa ou; quando causar danos irreparáveis ao patrimônio público ou privado e não seja possível tecnicamente outra alternativa”. Todos com prévia anuência do órgão ambiental municipal, no caso a Secretaria Municipal de Qualidade Ambiental (SQA). Claro, também nos casos de “calamidade pública e emergência”, esses sem prévia anuência, por certo.
Então as árvores nas praças e calçadas, entre outros espaços públicos, estão protegidas pela lei e a SQA deve atuar nessa direção. É o caso do chamado Jacarandá-mimoso, uma das árvores mais belas, dizem muitos!!!!
Considerada de porte pequeno a médio, com uma floração propriamente dita exuberante, que pode ser apreciada por durante toda a primavera, perde suas folhas no inverno, e suas raízes não são agressivas.
É uma árvore de crescimento rápido e rústica, resistente à poluição urbana moderada e à maioria das enfermidades, não necessitando de manutenção (sem custo) e menos ainda de poda, aliás, como maioria absoluta das árvores, nesse último aspecto.
Assim, por todas essas características, o Jacarandá, de excelente madeira, é uma também é uma adequada opção para a arborização urbana, inclusive em calçadas!!!!
Em Pelotas/RS alguns poucos embelezam a paisagem urbana, como na Av. Brasil, no Bairro Simões Lopes e no Centro.
Contudo, apesar de belos e poucos, agora existem menos ainda. É que vários foram cortados na zona central. Alguns, no início desse mês, em frente a uma instituição de ensino, por “conflito com a calçada” (Foto abaixo). Outros, na última terça (11.10), por conflito o patrimônio histórico (Foto acima).
O patrimônio histórico que pode ser escondido por um prédio novo qualquer, ou até ser derrubado para se transformar em garagem a céu aberto, não pode (ora bolas!) ser embelezado pelo jacarandá, que, no caso já era parte integrante da paisagem, ou seja, o patrimônio histórico e o patrimônio ambiental já formavam um conjunto harmônico, não só pelo tempo que estavam juntos (décadas), mas também pelo cenário que formavam.
Não é a primeira vez, em Pelotas, que derrubam-se árvores em nome do patrimônio histórico. Recentemente a Praça central da cidade, a qual se localiza em frente ao prédio em questão, teve várias árvores arrancadas “em nome do patrimônio histórico”, bem como as árvores da calçada em frente ao prédio do imponente Grande Hotel, também defronte a Praça em questão e também um prédio tombado.
É verdade que já faz alguns anos que vozes ligadas a “cultura” defendiam a derrubada dos mimosos. Pois conseguiram. Os Jacarandás não fazem mais parte da paisagem, que, não há como negar, perdeu grande parte de sua beleza.
Veja fotos do testemunho da harmonia entre jacarandás e a cidade em: http://www.flickr.com/photos/manhattan104/sets/72157622728821732/detail/
2 comentários
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outubro 13, 2011 às 7:31 am
Geraldo A. Lobato Franco
Isso me parece uma pena pois descaracteriza a cidade por vezes coberta de flores, como são as da África do Sul. Quem sabe? Não querem comparações?
Ora, esses idiotas deveriam mais é se preocupar com a reabertura da via expressa Pelotas-Campinas: pra exportar pra civilização os seus humanos em excesso.
Os que cortam aqui são os mesmos que destroem na Amazônia; parece mesmo uma coisa freudiana aquilo de baixar o pau ou de incendiar e depois fazer pipi encima (vejam a longa nota de pé de página d’ “A civilização e os seus descontentes”). . . de não haver quem os imite mesmo se noutro reino, ou algo assemelhado . . .
É o que digo, não acabaram de crescer (intelectualmente, isto é!)
outubro 13, 2011 às 11:42 am
Juliana
Lamentável mesmo. Isso vindo de uma classe que se diz estudada, que frequentou anos de banco de escola e universidades e acompanha, mesmo que de longe, o desenvolvimento do discurso ambientalista.
Entender que a caracterização de um patrimônio histórico se dá pelos limites dados pelo cimento é de uma ignorância sem tamanho.
Vendo assim, podiamos também entender que o jardim do Museu da Independência em Sp é mero detalhe e não compõe o que a obra significa, além de dar custos de manutenção.
Isso sem falar nos benefícios estéticos e de qualidade ambiental que proporcionam para a cidade…
Mantenho um blog: na-beirada.blogspot.com, onde discussões e reflexõe como estas são postadas. Visitem.