Verde? Onde?Não ficou tão clara, digo, verde tal conclusão..

Rio+20 deve promover economia verde, conclui debate

A conferência Rio+20, que acontece no ano que vem, será uma oportunidade para que o Brasil e os demais países se convençam de que a economia verde, além de contribuir para a preservação do planeta, pode ser um motor de recuperação da economia mundial, em vez de entrave ao crescimento, e tomem medidas para promovê-la.

Foi esse o consenso expresso no debate sobre o tema, que encerrou a atual edição do Fórum Nacional, organizado pelo economista João Paulo dos Reis Velloso, na manhã desta sexta-feira, no Rio.

“O Brasil tem um potencial imenso de ser um país paradigmático no desenvolvimento sustentável. Já temos hoje uma condição na produção de energia que é o sonho dos países ricos em 30 anos. Precisamos da aceitação pela área econômica da importância do desenvolvimento sustentável. Os ministros da Fazenda, do Meio Ambiente e de Minas e Energia devem defender a importância desse conceito tanto quanto o Ministério do Meio Ambiente”, disse o embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Ministério das Relações Exteriores para a conferência.

Lago afirmou que o Brasil já está hoje numa posição privilegiada, mas que deve aproveitar a oportunidade de melhorar ainda mais essa condição. “Nós estamos muito mais próximos de uma economia verde do que qualquer um dos outros Brics [Brasil, Rússia, Índia e China]. O Brasil já é o melhor entre os países em desenvolvimento, mas pode ser muito melhor.”

O economista Claudio Frischtak apresentou números que endossam a visão do diplomata. “O Brasil é uma potência em recursos naturais, tem 13% da biodiversidade do planeta, 20% dos recursos hídricos. Mas só vamos realizar esse potencial se transitarmos para a economia verde.”

Estudos do economista indicam que, em 2010, o Brasil investiu apenas 2,64% dos seus gastos em pesquisa e desenvolvimento (tanto públicos quanto privados) em questões da economia verde. O país também lidera de longe as pesquisas sobre cana de açúcar, por exemplo, mas tem participação marginal no registro de patentes de novas tecnologias para o setor.

“Tem alguma coisa profundamente errada no nosso sistema de inovação. Estamos distantes de usar os recursos naturais do país de uma forma inteligente e sustentável. É preciso ter o entendimento estratégico de que nossos recursos naturais são o nosso maior ativo. Eles vão ser em breve a base da nossa economia e, se nós não compreendermos isso, vamos dar um tiro no pé”, afirmou Frischtak.

A deputada estadual Aspásia Camargo (PV-RJ), que integra a comissão responsável por formular as propostas que o Brasil apresentará na conferência, disse que a pouca mobilização da sociedade brasileira antes da conferência mostra que “há uma falta de visão estratégica das elites brasileiras de que estamos diante de uma oportunidade gigantesca”.

Para Aspásia, a crise global é uma oportunidade para que os países acordem um “New Deal verde”, em referência ao programa adotado pelo presidente americano Franklin Roosevelt (1933-1945) para reativar a economia dos EUA após a Grande Repressão.

“O ‘New Deal’ original foi muito movido pela infraestrutura, e é a infraestrutura que pode mover a economia verde. Aquilo que não é visto como verde pode se tornar verde, como é o caso dos investimentos em transporte de massa e saneamento, que podem reduzir dramaticamente a emissão de dióxido de carbono. [O ex-presidente americano] Bill Clinton disse que, se a questão do saneamento nos países em desenvolvimento for equacionada, a crise ambiental global pode ser adiada em 20 anos”, afirmou.

Aspásia ressaltou que setores como a reciclagem, se bem desenvolvidos, podem levar a uma grande produção de empregos que alavancaria a economia.

A Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), tem esse nome em referência a Rio-92, que aconteceu em 1992 no Rio, e deve reunir governantes de até 192 países em junho do ano que vem.

“Essa conferência tem um aspecto de ser rara e excepcional que nós não podemos desprezar. É uma conferência de provocação, inovação, que deve questionar e não estar atrelada a documentos e estruturas já existentes”, resumiu Lago.

Fonte: AmbienteBrasil/ Folha.co