Brasil Rural Contemporâneo
Durante quatro dias Porto Alegre foi palco de uma grande festa. A festa dos trabalhadores e trabalhadoras que produzem o alimento nosso de cada dia. Uma festa que representa uma realidade que ninguém viu, ninguém vê e ninguém verá nos meios de comunicação monopolizados.Quem têm alguma dúvida disso é só reler as edições de Zero Hora durante os quatro dias da feira Brasil Rural Contemporâneo, realizado no Cais do Porto. Isso porque esse Brasil Rural Contemporâneo- titulo que reflete de forma inequívoca a realidade do Brasil que produz- não representa aquele “Brasil Rural Atrasado” baseado no grande latifúndio na monocultura exportadora, no deserto verde, das fumajeiras, da soja, do trabalho escravo e infantil. Modelo promovido como “moderno” pelos defensores dos monopólios privados de qualquer setor econômico, principalmente das comunicações.

Um mundo que ninguém viu e nem verá jamais, na RBS…

por Paulo Marques

O Brasil Rural Contemporâneo apresentou e representa o que existe de concreto, de real, de humano , de vivo no país. Um rural que é, ao mesmo tempo urbano, pois significa essa “Outra Economia” de essência não-capitalista de que nos fala Paul Singer, Boaventura Santos. Um modo de produção que nos interstícios do sistema capitalista semeia práticas contra-hegemonicas como o trabalho e a produção familiar, cooperativa, solidária e autogestionária. Uma outra economia que reflete uma cultura de solidariedade entre os pequenos produtores e os trabalhadores urbanos, que é ignorada pela ideologia dominante. Pois essa ideologia hegemônica do capital, tenta impor, em especial nos referimos ao povo de Porto Alegre, um modo de vida artificial, que pode ser identificado na feliz definição do CATARSE sobre o constructo ideológica da oligarquia guasca basedo no trinômio- RBS-Zaffari-Grenal, que busca moldar a sociedade conforme sua ideologia liberal-conservadora, definindo uma pseudo-cultura “porto-alegrense” senão gaúcha no qual inclui a retrógrada ideologia do gauchismo dos latifundiários.

O Brasil Rural Contemporâneo mostrou que a realidade é mais concreta que o “Galpão Crioulo” e a “Expointer” fazem crer. A riqueza e pujança da produção da agricultura familiar, agroecológica, cooperativada, associativa e solidária e a cultura livre confirmam isso. A liberdade que nos referimos não é aquela dos pseudo-liberais, que querem ser livres para excravizar.

Falamos de Livre também no sentido de liberdade da jaula de ferro dos monopólios que controlam o que se deve ser, fazer e “consumir”. A cultura no capitalismo, por exemplo, é mais uma mercadoria e como tal deve ser fetichizada, massificada para obtenção de lucros rápidos. Assim temos os “Planeta Atlantidas” com as figuras carimbadas de uma “pseudo-cultura fast-food”.

No Brasil Rural Contemporâneo encontramos o espaço, sempre negado pela RBS, ao nosso “rock de raiz” do Wander Wildner, Frank Jorge e Julio Reny, aquele que o Wander homenageou na canção que diz “ Julio Reny continua, nas ruas da cidade, com seu violão modelo Elvis Presley…” Representam uma geração de músicos que foi históricamente marginalizada pela mídia guasca, muito porque nunca deixaram de expressar em sua arte o pensamento contra-hegemônico e subversivo dos que não têm medo. O mesmo pensamento radical e rebelde que inspira o cantador Pedro Munhoz, poeta das lutas sociais. Pedro poderia fazer o que o bardo Woody Gutrhie fez ao escrever em seu violão na depressão americana da década de 30 quando cantava para os desempregados “ esta é uma máquina de matar fascistas”. Por isso tanto Pedro como os “irredutíveis gauleses” do rock gaúcho, parafraseando Wander, “ nunca tocarão no Planeta Atlantida…”

Por fim, temos que destacar a excelente cobertura “guerrilheira” do evento, realizada por um conjunto de blogs alternativos que concretamente furou o bloqueio da cada dia mais desacreditada mídia oligárquica. A guerra midiática está cada dia mais parecida com a guerra do Vietnã e como aquela têm tudo para derrotar o Império, pois conta com algo que só os revolucionários têm, ousadia e utopia.

Fonte: Brasil Autogestionário

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